O território mudou de mãos várias vezes, até a frente de batalha estabilizar:
Forças da Coreia do Norte e China
Forças da Coreia do Sul, USA e Nações Unidas
A
Coreia foi
governada pelo Japão desde 1910 até ao final da
Segunda Guerra Mundial. Em agosto de 1945, os soviéticos declararam guerra contra os
japoneses, como resultado de um acordo feito com os Estados Unidos e libertaram o norte do
Paralelo 38. Tropas norte-americanas, logo em seguida, moveram-se para ocupar o sul da
península. Em 1948, como resultado do início da
Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, a Coreia foi dividida em duas regiões, com governos separados. Representantes da zona sul (
capitalista, de influência americana) e da zona norte (
comunista, de influência soviética) afirmavam, cada um, ser o legítimo governo da Coreia, e nenhum lado aceitava as fronteiras da época como permanentes. O conflito escalou para uma guerra aberta total quando os norte-coreanos, apoiados belicamente pelos soviéticos e chineses, invadiram o sul, em 25 de junho de 1950. Naquele período, o
Conselho de Segurança das Nações Unidas reconheceu isto como uma invasão ilegal e exigiu um
cessar-fogo. A 27 de junho, o Conselho da ONU aprovou a
Resolução 83, condenando a invasão e despachando uma tropa sob a bandeira das Nações Unidas para restabelecer a paz na península coreana. Cerca de vinte e um países comprometeram forças militares para a missão da ONU, sendo que 88% desses soldados eram, na verdade,
americanos.
Após dois meses de guerra, parecia que a Coreia do Sul iria ser sobrepujada pelos norte-coreanos. Contudo, as forças da ONU, compostas principalmente por
tropas dos
Estados Unidos, detiveram os comunistas
no perímetro de Pusan. Em setembro de 1950, os Aliados lançaram
uma contra-ofensiva em
Incheon e impuseram um grande revés ao exército da Coreia do Norte. Utilizando de sua superioridade bélica e de recursos, os Estados Unidos e seus aliados continuaram a forçar o recuou dos norte-coreanos até além de suas próprias fronteiras, o que levou a China a agir, mandando os seus exércitos cruzarem o
rio Yalu, entrando oficialmente na guerra em favor do norte. Isso forçou as forças da ONU a recuar.
A intervenção chinesa acabou levando a guerra a um impasse. A cidade de
Seul, capital da Coreia do Sul, por exemplo, trocou de mãos quatro vezes. Assim, os dois últimos anos do conflito se arrastaram numa
guerra de atrito, com as linhas de frente se mantendo relativamente firmes no Paralelo 38. A
guerra no ar, contudo, continuou intensamente disputada. Enquanto os Estados Unidos submetiam as cidades norte-coreanas a
bombardeamentos aéreos constantes, os céus sobre a península coreana viram
intensos combates, especialmente entre
caças a jato (a primeira vez que isso aconteceu na história). Pilotos de todo o
mundo comunista lutaram ao lado do norte, enquanto pilotos
ocidentais (a maioria
americanos e
europeus) apoiavam os sul-coreanos. Algumas das maiores batalhas aéreas aconteceram na chamada "
Alameda dos Migs", onde dúzias de aviões foram perdidos, por ambos os lados.
A luta se arrastou por três anos até que, em 27 de julho de 1953, um
armistício foi assinado. O acordo firmou a
Zona Desmilitarizada da Coreia a fim de separar o
Norte e o
Sul, e permitiu a troca de prisioneiros. Contudo, nenhum
tratado de paz formal foi assinado entre as partes envolvidas, o que faz com que as duas Coreias estejam, tecnicamente,
ainda em guerra.
Desde então, ambos os países continuam com provocações mútuas e até atos de violência, com os governos nutrindo muita animosidade um pelo outro. Em abril de 2018, os líderes das duas Coreias se reuniram na Zona Desmilitarizada e concordaram em assinar um tratado de paz até o fim desse ano para encerrar oficialmente a guerra.
Armistício
A
zona desmilitarizada entre as Coreias cortava o país no paralelo 38. A velha capital do país unificado, Kaesong, local onde as negociações do armistício estavam sendo feitas, pertencia à República da Coreia do Sul, mas agora estava sob controle do Norte. O Comando das Nações Unidas, apoiado pelos Estados Unidos, a Coreia do Norte e o Governo chinês finalmente assinaram os termos do armistício em 27 de julho de 1953. Este acordo decretou um cessar-fogo imediato e garantias do
status quo ante bellum. A guerra oficialmente acabou neste dia, porém, até os dias atuais, nenhum
tratado de paz foi firmado entre as duas Coreias. O Norte, contudo, alega que venceu a guerra.
Depois da guerra, a chamada "Operação Glória" (julho–novembro de 1954) garantiu a troca dos corpos dos soldados e guerrilheiros mortos em território adversário. Os restos mortais de 4
.167 soldados e fuzileiros americanos foram trocados pelos corpos de 13.528 militares chineses e norte-coreanos, além dos corpos de 546 civis que morreram em campos de prisioneiros da ONU, que também foram entregues ao Norte. Estima-se que mais de 1,2 milhões de pessoas morreram na Guerra da Coreia.
Mapa da Zona Desmilitarizada da Coreia
Divisão
Os termos do armistício acertou uma comissão internacional para assegurar que o acordo fosse cumprido. Desde 1953, a "Comissão de Supervisão da Neutralidade das Nações" (NNSC), composta por membros das forças armadas da Suíça e da Suécia, monitorizavam a zona desmilitarizada.
Em abril de 1975, a capital do
Vietname do Sul foi
capturada pelo
exército norte-vietnamita. Encorajado pelo sucesso do comunismo na Indochina, o ditador norte-coreano,
Kim Il-Sung, viu nisso uma nova oportunidade de conquistar o sul da península. Kim visitou a China em abril daquele ano e encontrou-se com
Mao Tsé-Tung e com
Zhou Enlai, pedindo ajuda para uma futura incursão militar. Apesar das expectativas de Pyongyang, Pequim não tinha qualquer interesse em entrar em outra guerra na Coreia.
Desde o armistício, houve vários desentendimentos e atos de agressão entre os dois países. Em 1976, dois soldados americanos foram mortos por norte-coreanos na
zona desmilitarizada. Desde 1974, quatro túneis usados por norte-coreanos foram descobertos. Todos os túneis serviam de passagem para o sul. Em 2010, um submarino norte-coreano torpedeou e afundou uma
corveta sul-coreana, o
ROKS Cheonan, resultando na morte de 46 marinheiros. Ainda em 2010, a Coreia do Norte
disparou vários tiros de artilharia contra a ilha de Yeonpyeong, matando dois militares e dois civis sul-coreanos.
Em 11 de março de 2013, após mais uma nova rodada de sanções da ONU contra o regime da Coreia do Norte, o governo deste país decretou nulo o armistício de 1953.
Após anos de tensões e agressões mútuas, uma nova tentativa de paz foi feita. Em 27 de abril de 2018, foi reportado, após os líderes das duas Coreias terem se encontrado na Zona Desmilitarizada, que negociações estavam em andamento para finalmente assinarem um acordo oficial de encerramento do conflito. Não foi divulgado se outros pontos sensíveis, como a desnuclearização da Península Coreana ou o reconhecimento de soberania de cada lado sobre a zona desmilitarizada, fariam parte das negociações.