Fase inicial
O Brasil declarou a sua neutralidade em 4 de agosto de 1914.
Desta forma, somente um
navio brasileiro, o
Rio Branco, foi afundado por um submarino alemão nos primeiros anos da guerra em
1916, mas este estava em águas restritas, operando a serviço inglês e com a maior parte de sua tripulação sendo composta por
noruegueses, de forma que, apesar da comoção nacional que o fato gerou, não poderia ser considerado como um ataque ilegal dos alemães.
No início da guerra, apesar de neutro, o
Brasil enfrentava uma situação social e econômica complicada. A sua
economia era basicamente fundamentada na exportação de apenas um produto agrícola, o
café. Como este não era essencial, suas exportações (e as rendas
alfandegárias, a principal fonte de recursos do governo) diminuíram com o conflito. Isto se acentuou mais com o bloqueio alemão e, depois, com a proibição à importação de café feita pela
Inglaterra em
1917, que passou a considerar o espaço de carga nos navios necessário para produtos mais vitais, haja vista as grandes perdas causadas pelos afundamentos de navios mercantes pelos alemães.
As relações entre Brasil e o
Império Alemão foram abaladas pela decisão alemã de autorizar seus submarinos a afundar qualquer navio que entrasse nas zonas de bloqueio. No dia
5 de abril de 1917 o
vapor brasileiro
Paraná, um dos maiores navios da
marinha mercante (4.466
toneladas), carregado de café, navegando de acordo com as exigências feitas a
países neutros, foi atacado por um submarino alemão a
milhas do
cabo Barfleur, na
França, e três brasileiros foram mortos.
Manifestações populares
Quando a notícia do afundamento do vapor Paraná chegou ao Brasil poucos dias depois, eclodiram diversas manifestações populares nas capitais. O ministro de relações exteriores,
Lauro Müller, de origem alemã e favorável à neutralidade na guerra, foi obrigado a renunciar. Em
Porto Alegre, passeatas foram organizadas com milhares de pessoas. Inicialmente pacíficas, as manifestações passaram a atacar estabelecimentos comerciais de propriedades de alemães ou descendentes - o
Hotel Schmidt , a
Sociedade Germânia, o clube
Turnebund e o
jornal Deutsche Zeitung foram invadidos, pilhados e queimados.
Em
1 de novembro uma multidão danificou casas, clubes e fábricas em
Petrópolis, entre eles o restaurante
Brahma (completamente destruído), a
Gesellschaft Germania, a escola alemã, a empresa
Arp, o Diário Alemão, entre outros.
Ao mesmo tempo, em outras capitais houve pequenos distúrbios. Novos episódios com violência só ocorreriam quando da declaração de guerra do Brasil à Alemanha em outubro.
Por outro lado, sindicalistas, pacifistas,
anarquistas e
comunistas se colocavam contra a guerra e acusavam o governo de estar desviando a atenção dos problemas internos, entrando em choque por vezes com os grupos nacionalistas favoráveis a entrada do país no conflito. À
greve geral de 1917, seguiu-se acentuada de uma violenta repressão, usando a "Declaração de Guerra" em outubro do mesmo ano para declarar
estado de sítio e perseguir opositores, o que provocou por exemplo uma tentativa de
insurreição anarquista em 1918.
Consequências diplomáticas
No dia
11 de abril de
1917 o Brasil rompeu
relações diplomáticas com o
bloco germânico, e, em
20 de maio, o navio
Tijuca foi torpedeado perto da costa francesa por submarino alemão. Nos meses seguintes, o governo brasileiro confiscou 42 navios alemães que estavam em portos brasileiros, como uma
indemnização de guerra, essa quantidade considerável de navios passou a corresponder a um quarto da frota brasileira.
No dia 26 de maio de 1917, o vapor brasileiro
Lapa foi atingido por três tiros do
canhão de um submarino alemão.
Em
18 de outubro de 1917, um outro navio mercante,
Macau, foi torpedeado por submarino alemão
U-93.
Com a pressão popular contra a Alemanha, no dia
26 de outubro de 1917, o país declarou guerra à aliança germânica.
Nos dias 1 e 3 de novembro de 1917 os navios
Acari e
Guaíba, respectivamente, foram torpedeados, próximo do cabo de São Vicente, em Portugal, por um submarino alemão
U-151.