Biografia Luís herdou a coroa em novembro de
1861, sucedendo ao seu irmão D.
Pedro V por este não deixar descendência, e foi aclamado rei a
22 de dezembro do mesmo ano. A
27 de setembro do ano seguinte casou-se, por procuração, com D.
Maria Pia de Sabóia, filha do rei
Vitor Emanuel II da Itália. Enquanto infante serviu na
marinha, visitando a África Portuguesa. Exerceu o seu primeiro comando naval em
1858.
Luís era um homem culto e de educação esmerada, como todos os seus
irmãos. De grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava
violoncelo e
piano. Poliglota, falava corretamente várias línguas europeias. Fez traduções de obras de
William Shakespeare.
Durante o seu reinado e, em consequência da criação do imposto geral de
consumo, que a opinião pública recebeu mal, originou-se o motim a que
se chamou a
Janeirinha (em finais de
1867). Também a
19 de maio de
1870, se verificou uma revolta militar, promovida pelo marechal
Duque da Saldanha e que pretendia a demissão do governo. À revolta de 19 de maio, respondeu o monarca em
29 de agosto, com a demissão do ministério de Saldanha, chamando ao poder
Sá da Bandeira.
Em setembro de
1871, subiu ao poder
Fontes Pereira de Melo, que organizou um gabinete regenerador, o qual se conservou até
1877. Seguiu-se o
Duque de Ávila, que não se aguentou durante muito tempo por lhe faltar maioria. Assim, e depois do conflito parlamentar que rebentou em
1878,
Fontes foi chamado outra vez para constituir gabinete.
Consequentemente, os progressistas atacaram o rei, acusando-o de
patrocinar escandalosamente os regeneradores. Este episódio constitui um
incentivo ao desenvolvimento do republicanismo. Em
1879, D. Luís chamava, então, os progressistas a formarem governo.
No seu tempo surgiu a
Questão Coimbrã (
1865-
1866) e ocorreu a iniciativa das
Conferências do Casino (
1871), a que andavam ligados os nomes de
Antero de Quental e
Eça de Queiroz,
os expoentes de uma geração que se notabilizou na vida intelectual
portuguesa. De temperamento calmo e conciliador, foi um modelo de
monarca constitucional, respeitador escrupuloso das liberdades públicas.
Do seu reinado merecem especial destaque o início das obras dos portos
de
Lisboa e de
Leixões, o alargamento da rede de estradas e dos caminhos-de-ferro, a construção do
Palácio de Cristal, no
Porto, a abolição da pena de morte (para os crimes civis), a abolição da escravatura no
Reino de Portugal e a publicação do primeiro
Código Civil.
Em
1884, foi efetuada a
Conferência de Berlim, resultando daí o chamado
Mapa Cor-de-Rosa, que definia a partilha de
África entre as grandes potências coloniais:
Alemanha,
Bélgica,
França,
Inglaterra e
Portugal.
Fértil em acontecimentos, é no reinado de Luís I que são fundados alguns dos partidos políticos portugueses: o
Partido Reformista (
1865), que ascendeu ao poder em
1868, o
Partido Socialista Português (
1875), com o nome de Partido Operário Socialista, e o
Partido Progressista (
1876), que chega ao poder em
1879. Em
1883, dá-se a realização do Congresso de Comissão Organizadora do Partido Republicano. No final do seu reinado, o
Partido Republicano apresenta-se já como uma força política perfeitamente estruturada.
Luís era principalmente um homem das ciências, com uma paixão pela
oceanografia.
Investiu grande parte da sua fortuna no financiamento de projetos
científicos e de barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos
oceanos em busca de espécimes.
Luís seguiu os passos de sua mãe - D.ª
Maria II, mandando construir e fundar associações culturais. Em
1 de junho de
1871, D. Luís esteve no
Seixal (uma vila fundada pela sua mãe), para testemunhar a fundação da
Sociedade Filarmónica União Seixalense. Neste mesmo dia terminava a
Guerra Franco-Prussiana.
Morre, subitamente, no seu palácio de verão, na cidadela de
Cascais, a
19 de outubro de
1889. Sucede-lhe o seu filho Carlos, sob o nome de D.
Carlos I de Portugal.
Jaz no
Panteão dos Braganças, no
Mosteiro de São Vicente de Fora, em
Lisboa.
No dizer dos biógrafos, D. Luís, era: "muito agradável e liberal. [...]
A Sr.ª D. Maria Pia, dizia que ele era um pouco doido, aludindo a certas
aventuras de amor. [...] Além de tais aventuras, nada satisfazia mais o
sr. D. Luís que o culto da arte. Escrevia muito, traduzia obras
estrangeiras, e desenhava; mas o seu entusiasmo ia sobretudo para a
música. Tinha uma grande coleção de violinos, e um bom mestre-escola
[...]".