Desde o princípio que a sua obra foi influenciada pela sensualidade e pela elegância do
rococó,
embora não faltasse um pouco da delicadeza do seu ofício anterior,
como decorador de porcelana. O seu principal objetivo, como ele próprio
afirmava, era conseguir realizar uma obra agradável para o olhar.
Apesar de sua técnica ser essencialmente
impressionista,
Renoir nunca deixou de dar importância à forma - de facto, teve um
período de rebeldia diante das obras de seus amigos, no qual se voltou
para uma pintura mais figurativa, evidente na longa série
Banhistas. Mais tarde retomaria a plenitude da cor e recuperaria a sua pincelada enérgica e ligeira, com motivos que lembram o mestre
Ingres, pela sua beleza e sensualidade.
A sua obra de maior impacto é
Le Moulin de la Galette, em que
conseguiu elaborar uma atmosfera de vivacidade e alegria à sombra
refrescante de algumas árvores, aqui e ali intensamente azuis.
Percebendo que traço firme e riqueza de colorido eram coisas
incompatíveis, Renoir concentrou-se em combinar o que tinha aprendido
sobre cor, durante o seu período impressionista, com métodos
tradicionais de aplicação de tinta. O resultado foi uma série de
obras-primas bem ao estilo de
Ticiano, assim como de
Fragonard e
Boucher, pintores a quem ele admirava. Os trabalhos que Renoir incluiu numa mostra individual de 1870, organizada pelo
marchand Paul Durand-Ruel, foram elogiados, e o seu primeiro reconhecimento oficial veio quando o governo francês comprou
Ao Piano, em 1892.
Primeiros anos
Renoir nasceu em
Limoges, a 25 de fevereiro de 1841. O seu pai, Léonard, era
alfaiate e a sua mãe, Marguerite,
costureira. Eram uma família de classe média e, em 1844, mudaram-se para
Paris, para tentar uma vida melhor. Renoir estudou até aos 13 anos, depois
começou a trabalhar numa fábrica de porcelana dos Irmãos Lévy, onde
pintava buquês e flores em artigos de porcelana. Ficou na fábrica até aos
17 anos e depois foi trabalhar para M. Gilbert, pintando temas
religiosos vendidos a missionários e pintou em leques e tecidos, que eram
mais bem remunerados na época e que lhe permitiu juntar algumas
economias.
Em 1862, após juntar dinheiro com o seu trabalho, Renoir realiza seu sonho: aos 21 anos muda-se para Paris e entra para a
École des Beaux-Arts de Paris (
"Escola de belas artes"). Entrou também para o ateliê de
Charles Gleyre. Assistindo às aulas no ateliê, além de aperfeiçoar a sua técnica, conquistou a amizade de
Alfred Sisley,
Monet e
Bazille, com quem compartilhou dias de muita conversa e teorização em
Paris e de árduo trabalho em
Argenteuil, pintando ao ar livre.
Em 1863 Renoir abandonou a
École des Beaux-Arts e passou a pintar ao ar livre, em
Fontainebleau. A sua primeira obra,
A Esmeralda, entrou para o Salão em 1864 e com ela Renoir conseguiu um certo sucesso.
Porém, após a exposição, Renoir destruiu-a. Em 1865 Renoir e os seus amigos
tornaram-se próximos de
Monet.
Com a
guerra franco-prussiana, os
seus amigos pintores dispersaram-se e Renoir passou a hospedar-se
constantemente na casa do amigo Jules Le Couer. Foi na casa de Le Couer
que Renoir conheceu Lise Trèhot, que passou a ser a sua modelo preferida
durante um certo tempo. Entre as obras de destaque em que Lise posou estão:
"Mulher com a sombrinha" (de 1867),
"A jovem Cigana" (de 1868) e do seu último quadro como modelo, que foi
"Mulher com periquito" (de 1871).
Lise com a sombrinha é considerada a sua primeira obra de destaque. Lise posou para a tela em
Fontainebleau, entre as folhagens de uma floresta, com um vestido todo branco onde
poderia apreciar-se os jogos de luz e sombra. A obra era inspirada em
Coubert.
Apesar do relativo sucesso da obra na ocasião, Renoir atravessava
dificuldades financeiras. Em 1869 morava com Lise, de dezanove anos, na
casa dos seus pais.
Em 1870 Renoir alistou-se na cavalaria para lutar na
guerra franco-prussiana, mas um ano depois, por causa de uma doença, teve de sair. Neste mesmo ano, morreria na guerra o seu amigo Bazille.
Período impressionista
Entre 1870 e 1883, Renoir entra no seu período impressionista. Pinta
várias paisagens mas suas obras são mais caracterizadas ao retratar a
vida social urbana.
Em 1872 expôs a tela
"Mulheres parisienses vestidas de argelinas" no Salão Oficial, o que lhe conferiu grande sucesso. No ano seguinte, Renoir alugaria um apartamento em
Montmartre onde pintou duas obras famosas:
"O camarote" e
"A bailarina".
Em 1873, juntamente com os seus amigos impressionistas, Renoir expôs as
suas obras no salão alternativo ao Salão Oficial de Paris, que foi um
fracasso.
Neste salão alternativo, Renoir vendeu o seu quadro
"O camarote" por 425 francos.
Em 1875 Renoir vendeu
"O passeio" por 1.200 francos. Com o
dinheiro ele pode alugar um prédio maior em Montmartre onde ele pintou
várias obras. Em 1876 Renoir pintou várias obras famosas:
"Nu ao sol",
"O balanço" e
"Le moulin de la galette". A obra
"Le moulin de la galette" foi exposto no terceiro salão alternativo dos impressionistas e trouxe-lhe grande reputação.
Este novo período da sua arte, de 1883 a 1887, ficou conhecido como
período seco. Nesta nova fase não fez mais pintura ao ar
livre.
Renoir começaria a realizar estudos do qual surgiria uma de suas grandes obras: "As grandes banhistas", que só ficou pronta em 1887.
Chamada pelo pintor de período iridescente, a partir de 1889 Renoir
mudaria novamente de estilo. Era uma fase de recuperação da liberdade da
juventude. Em 1890 pintou "Duas meninas colhendo flores" e "No prado". Passou também a pintar muitos nus e retratos (ainda uma das maiores fontes económicas do pintor).
Em 1894 Renoir teve mais um filho,
Jean Renoir, que se tornaria um grande cineasta francês cuja maiores obras seriam
A grande Ilusão e
A Regra do jogo. Em 1901 Renoir e Aline tiveram mais um filho, Claude, conhecido como de
Coco.
Em 1903 Renoir, ao piorar da artrite, mudou-se para Cagnes. Passou a
retratar Gabrielle, jovem contratada para servir os seus pequenos filhos.
Sentindo cada vez mais dificuldades para segurar os pincéis e acabou
tendo que amarrá-los às mãos. Começou também a esculpir, na esperança de
poder expressar o seu espírito criativo através da modelagem, mas até
para isso ele precisou de ajuda, que veio na forma de dois jovens
artistas,
Richard Gieino e
Louis Morel, que trabalhavam segundo as suas instruções.
Apesar das graves limitações físicas, Renoir continuou trabalhando até
ao último dia da sua vida. Em 1908 pintou a sua versão para "O julgamento de Paris".
Aline morreu em 1915 e Renoir em 1919, aos 78 anos. Foi sepultado no
Essoyes Cimetière, em
Essoyes.
"O camarote", 1874
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