quarta-feira, dezembro 14, 2022

Poema para recordar uma infâmia...


 

À MEMÓRIA DO PRESIDENTE-REI SIDÓNIO PAIS

 

Longe da fama e das espadas,
Alheio às turbas ele dorme.
Em torno há claustros ou arcadas?
Só a noite enorme.

Porque para ele, já virado
Para o lado onde está só Deus,
São mais que Sombra e que Passado
A terra e os céus.

Ali o gesto, a astúcia, a lida,
São já para ele, sem as ver,
Vácuo de acção, sombra perdida,
Sopro sem ser.

Só com sua alma e com a treva,
A alma gentil que nos amou
Inda esse amor e ardor conserva?
Tudo acabou?

No mistério onde a Morte some
Aquilo a que a alma chama a vida,
Que resta dele a nós — só o nome
E a fé perdida?

Se Deus o havia de levar,
Para que foi que no-lo trouxe
Cavaleiro leal, do olhar
Altivo e doce?

Soldado-rei que oculta sorte
Como em braços da Pátria ergueu,
E passou como o vento norte
Sob o ermo céu.

Mas a alma acesa não aceita
Essa morte absoluta, o nada
De quem foi Pátria, e fé eleita,
E ungida espada.

Se o amor crê que a Morte mente
Quando a quem quer leva de novo
Quão mais crê o Rei ainda existente
O amor de um povo!

Quem ele foi sabe-o a Sorte,
Sabe-o o Mistério e a sua lei
A Vida fê-lo herói, e a Morte
O sagrou Rei!

Não é com fé que nós não cremos
Que ele não morra inteiramente.
Ah, sobrevive! Inda o teremos
Em nossa frente.

No oculto para o nosso olhar,
No visível à nossa alma,
Inda sorri com o antigo ar
De força calma.

Ainda de longe nos anima,
Inda na alma nos conduz
Gládio de fé erguido acima
Da nossa cruz!

Nada sabemos do que oculta
O véu igual de noite e dia,
Mesmo ante a Morte a Fé exulta:
Chora e confia.

Apraz ao que em nós quer que seja
Qual Deus quis nosso querer tosco,
Crer que ele vela, benfaeja
Sombra connosco.

Não sai da nossa alma a fé
De que, alhures que o mundo e o fado,
Ele inda pensa em nós e é
O bem-amado.

Tenhamos fé porque ele foi.
Deus não quer mal a quem o deu.
Não passa como o vento o herói
Sob o ermo céu.

E amanhã, quando queira a Sorte,
Quando findar a expiação,
Ressurrecto da falsa morte!
Ele já não.

Mas a ânsia nossa que encarnara,
A alma de nós de que foi braço,
Tornara, nova forma clara,
Ao tempo e ao espaço.

Tornará feito qualquer outro,
Qualquer cousa de nós com ele;
Porque o nome do herói morto
Inda compele,

Inda comanda, e a armada ida
Para os campos da Redenção,
Às vezes leva à frente, erguida
Espada, a Ilusão.

E um raio só de ardente amor,
Que emana só do nome seu,
Dê sangue a um braço vingador,
Se esmoreceu.

Com mais armas que com Verdade
Combate a alma por quem ama.
É lenha só a Realidade.
A fé é a chama.

Mas ai, que a fé já não tem forma
Na matéria e na cor da Vida,
E, pensada, em dor se transforma
E a fé perdida!

Pra que deu Deus a confiança
A quem não ia dar o bem?
Morgado da nossa esperança,
A Morte o tem!

Mas basta o nome e basta a glória
Para ele estar connosco, e ser
Carnal presença de memória
A amanhecer;

Espectro real feito de nós,
Da nossa saudade e ânsia,
Que fala com oculta voz
Na alma, a distância;

E a nossa própria dor se torna
Uma vaga ânsia, um esperar vago,
Como a erma brisa que transtorna
Um ermo lago.

Não mente a alma ao coração.
Se Deus o deu, Deus nos amou.
Porque ele pôde ser, Deus não
Nos desprezou.

Rei-nato, a sua realeza,
Por não podê-la herdar dos seus
Avós, com mística inteireza
A herdou de Deus;

E, por directa consonância
Com a divina intervenção,
Uma hora ergueu-nos alta a ânsia
De salvação.

Toldou-o a Sorte que o trouxera
Outra vez com nocturno véu.
Deus p'ra que no-lo deu, se era
P'ra o tornar seu?

Ah, tenhamos mais fé que a esp'rança!
Mais vivo que nós somos, fita
Do Abismo onde não há mudança
A terra aflita.

E se assim é; se, desde o Assombro
Aonde a Morte as vidas leva,
Vê esta pátria, escombro a escombro,
Cair na treva;

Se algum poder do que tivera
Sua alma, que não vemos, tem,
De longe ou perto — por que espera?
Por que não vem?

Em nova forma ou novo alento,
Que alheio pulso ou alma tome,
Regresse como um pensamento,
Alma de um nome!

Regresse sem que a gente o veja,
Regresse só que a gente o sinta —
Impulso, luz, visão que reja
E a alma pressinta!

E qualquer gládio adormecido,
Servo do oculto impulso, acorde,
E um novo herói se sinta erguido
Porque o recorde!

Governa o servo e o jogral.
O que íamos a ser morreu.
Não teve aurora a matinal
Estrela do céu.

Vivemos só de recordar.
Na nossa alma entristecida
Há um som de reza a invocar
A morta vida;

E um místico vislumbre chama
O que, no plaino trespassado,
Vive ainda em nós, longínqua chama —
O DESEJADO.

Sim, só há a esp'rança, como aquela
- E quem sabe se a mesma? — quando
Se foi de Aviz a última estrela
No campo infando.

Novo Alcácer-Kibir na noite!
Novo castigo e mal do Fado!
Por que pecado novo o açoite
Assim é dado?

Só resta a fé, que a sua memória
Nos nossos corações gravou,
Que Deus não dá paga ilusória
A quem amou.

Flor alta do paul da grei,
Antemanhã da Redenção,
Nele uma hora encarnou el-rei
Dom Sebastião.

O sopro de ânsia que nos leva
A querer ser o que já fomos,
E em nós vem como em uma treva,
Em vãos assomos,

Bater à porta ao nosso gesto,
Fazer apelo ao nosso braço,
Lembrar ao sangue nosso o doesto
E o vil cansaço,

Nele um momento clareou,
A noite antiga se seguiu,
Mas que segredo é que ficou
No escuro frio?

Que memória, que luz passada
Projecta, sombra, no futuro,
Dá na alma? Que longínqua espada
Brilha no escuro?

Que nova luz virá ralar
Da noite em que jazemos vis?
Ó sombra amada, vem tornar
A ânsia feliz.

Quem quer que sejas, lá no abismo
Onde a morte a vida conduz,
Sê para nós um misticismo
A vaga luz.

Com que a noite erma inda vazia
No frio alvor da antemanhã
Sente, da esp'rança que há no dia,
Que não é vã.

E amanhã, quando houver a Hora,
Sendo Deus pago, Deus dirá
Nova palavra redentora.
Ao mal que há,

E um novo verbo ocidental
Encarnado em heroísmo e glória,
Traga por seu broquel real
Tua memória!

Precursor do que não sabemos,
Passado de um futuro a abrir
No assombro de portais extremos
Por descobrir,

Sê estrada, gládio, fé, fanal,
Pendão de glória em glória erguido!
Tornas possível Portugal
Por teres sido!

Não era extinta a antiga chama
Se tu e o amor puderam ser.
Entre clarins te a glória aclama,
Morto a vencer!

E, porque foste, confiando
Em QUEM SERÁ porque tu foste,
Ergamos a alma, e com o infando
Sorrindo arroste,

Até que Deus o laço solte
Que prende à terra a asa que somos,
E a curva novamente volte
Ao que já fomos,

E no ar de bruma que estremece
(Clarim longínquo matinal!)
O DESEJADO enfim regresse
A Portugal!



Fernando Pessoa

Cliff Williams, baixo dos AC/DC, faz hoje 73 anos

      
Clifford Williams (Romford, Essex, 14 de dezembro de 1949) é um baixista britânico que foi membro da banda australiana de hard rock AC/DC como baixista e cantor de apoio a partir de 1977, exceto por uma breve retirada, de 2016 a 2018. Começou a sua carreira musical em 1967 e pertenceu anteriormente às bandas britânicas Home e Bandit. O seu primeiro álbum de estúdio com os AC/DC foi Powerage de 1978. Foi introduzido junto ao grupo no Rock and Roll Hall of Fame dos Estados Unidos em 2003. O seu estilo musical é conhecido por linhas básicas de baixo que seguem o ritmo da guitarra; a sua técnica é centrada em downpicking com uso ocasional de pizzicato. Para os concertos ao vivo, tem como marca registada os instrumentos da Music Man, encordoados pela D'Addario. Os seus projetos paralelos, enquanto membro do AC/DC, incluem concertos beneficentes, além de tocar com Emir & Frozen Camels no álbum San (2002) e numa turnê europeia. A sua última participação como baixista dos AC/DC foi em setembro de 2016, ainda no decorrer da turnê Rock or Bust.
  

 


Jane Birkin - 76 anos

   
Jane Mallory Birkin (Londres, 14 de dezembro de 1946), é uma atriz e cantora inglesa que viveu na França. É mais conhecida pela sua relação amorosa com Serge Gainsbourg nos anos 70.

Infância e família
Jane Mallory Birkin nasceu no dia 14 de dezembro de 1946 em Marylebone, Londres, Inglaterra. A sua mãe era uma atriz e o seu pai membro da marinha britânica. Ela também tem um irmão, o roteirista e diretor Andrew Birkin.
  
Carreira
Jane emergiu na Swinging London após aparecer no filme Blowup, de 1966, e no filme Wonderwall, de 1968, que teve a banda sonora produzida por George Harrison. Quando ela foi para França, para uma audição em 1969, conheceu Serge Gainsbourg e a partir dai começaram a fazer trabalhos conjuntos. Nesse mesmo ano os dois fizeram o famoso dueto "Je t'aime... moi non plus" (que, originalmente, Serge Gainsbourg havia escrito para Brigitte Bardot). A música na época provocou um escândalo e foi banida em diversas rádios de diversos países.

Vida pessoal
Foi casada de 1965 a 1968 com John Barry, um compositor inglês que escreveu o tema original dos filmes de James Bond. A filha de ambos, a fotógrafa Kate Barry, nasceu em 1967 e morreu em 2013, após queda de um quarto andar em Paris.
Teve uma relação muito apaixonada e criativa com o seu mentor Serge Gainsbourg - eles conheceram-se no set de Slogan e casaram-se em 1968. Tiveram uma filha, a atriz e cantora Charlotte Gainsbourg, e separaram-se em 1980.
Em 1982 teve a terceira filha, Lou Doillon, de uma relação com o diretor Jacques Doillon.

 


Hoje é dia de recordar um Poeta...

(imagem daqui)

 

Nas Trevas
Como estou só no mundo! Como tudo 
É lágrima e silêncio!

Ó tristeza das Coisas, quando é noite
Na terra e em nosso espírito!… Tristeza
Que se anuncia em vultos de arvoredos,
Em rochas diluídas na penumbra
E soluços de vento perpassando
Na tenebrosa lividez do céu…
Ó tristeza das Coisas! Noite morta!
Pavor! Desolação! Escura noite!
Fantástica Paisagem,
Desde o soturno espaço à fria terra
Toda vestida em sombra de amargura!
Erma noite fechada! Nem um leve
Riso vago de estrela se adivinha…
Somente as grossas lágrimas da chuva
Escorrem pela face do Silêncio…
Piedade, noite negra! Não me beijes
Com esses lábios mortos de Fantasma!
Ó Sol, vem alumiar a minha dor
Que, perdida na sombra, se dilata
E mais profundamente se enraíza
Nesta carne a sangrar que é a minha alma!
Ilumina-te, ó Noite! Oh Vento, cala-te!
Negras nuvens do sul, limpai os olhos,
Desanuviai a brônzea face morta!
Oh, mas que noite amarga, toda cheia
Do teu Fantasma angélico e divino;
Espírito que, um dia, em minha irmã,
Tomou corpo infantil, figura de Anjo…
E para quê, meu Deus? Para partir,
Com seis anos apenas, no primeiro
Riso da vida, em lágrimas, levando
Toda a luz de esperança que floria
Este ermo, este remoto em que divago…
Como estou só no mundo! Como é triste
A solidão que faz a tua Ausência,
E o terrível e trágico silêncio
Da tua alegre Voz emudecida!
Oh noite, oh noite triste! Ó minha alma!
Tu, que o viste e beijaste tantas vezes,
Tu, que sentiste bem o que ele tinha
De angélica Criança sobre-humana,
Não vês as próprias coisas como sofrem,
E como as grandes árvores agitam
As ramagens de lágrimas e sombras?
Repara bem na lúgubre tristeza
Da nossa velha casa abandonada
Da divina Presença da Criança!
Ah, como as portas gemem e o beirais
Têm soluços de vento…
Lá fora, no terreiro onde brincavas,
A noite escura chora…
                        Ó minha alma,
Embebe-te na dor das Coisas ermas;
Chora também, consome-te, soluça,
Junto à Mãe dolorosa, de joelhos…
   
   
in Elegias (1912) - Teixeira de Pascoaes

Hoje é dia de recordar um Poeta que era Santo...

 (imagem daqui)

  

  
S. João da Cruz


Um santo e um poeta de mãos dadas!
Um a negar o outro, e sempre unidos…
Um no céu das vivências sublimadas,
Outro a penar no inferno dos sentidos…

Ah, Castela, Castela, mãe de terra e luz!
Que singular jornada,
À sombra de uma cruz
Tão leve e tão pesada!

A alma já liberta por ascese;
O corpo preso ainda a cada verso;
E o gosto de ser homem, preservado
Na totalidade
Contraditória.
O Carmelo subido e recordado…
A paz da eternidade
Sem possível sossego na memória.

  
   
in
Poemas Ibéricos - Miguel Torga

A lenda dos 47 samurais começou há 320 anos...

    
A lenda dos 47 rōnin, "Incidente de Akō", "Acidente de Genroku Akō" ou "Lenda dos 47 samurais", é uma história japonesa, considerada como lenda nacional neste país, por vários estudiosos. Este evento aconteceu aproximadamente entre 1701 e 1703. É a lenda mais famosa do código de honra Samurai: o Bushidō.

A história conta que um grupo de samurais (exatamente 47) foram forçados a se tornarem rōnin (samurais sem um senhor), de acordo com o código de honra samurai, depois que o seu daimyō (senhor feudal) foi obrigado a cometer seppuku (ritual suicida) por ter agredido o alto funcionário judicial chamado Kira Yoshinaka, cujo título era Kōzuke no suke, num edifício do governo. Os rōnin elaboraram um plano para vingar o seu daimyō, que consistia em matar Kira Yoshinaka e toda a sua família. Os 47 rōnin esperaram cerca de um ano e meio para não despertarem qualquer suspeita entre a justiça japonesa. Após o assassinato de Kira, entregaram-se à justiça e foram condenados a cometer seppuku. Esta lendária história tornou-se muito popular na cultura do Japão, porque mostra lealdade, sacrifício, persistência e honra que as boas pessoas devem preservar em sua vida quotidiana. A popularidade da mística história aumentou rapidamente na modernização da era Meiji no Japão, onde muitas pessoas neste país anseiam em voltar às suas raízes culturais. 

   

(...)   

    

No 15 Genroku, 26º dia do 10º mês (Quinta feira, 14 de dezembro de 1702) pelo início da manhã, durante um vento forte e queda de neve, Ōishi e os ronin iniciaram o ataque a mansão de Kira Yoshinaka em Edo. De acordo com um plano cuidadosamente definido, o grupo se dividiria em dois para o ataque; armadas com espadas e com arcos. Um grupo liderado por Ōishi, atacou o portão; o outro, liderado por seu filho, Ōishi Chikara, atacava por trás. Um tambor soaria para o ataque simultâneo, e um apito seria o sinal de que Kira foi morto.

   

(...)  

    

Depois de uma busca pela mansão, Kira foi encontrado escondido na casa de fora. O Ronin trouxe Kira para o átrio principal e em frente aos outros 46 deu-lhe a mesma oportunidade que foi dada a Lorde Asano: morrer honradamente cometendo seppuku. Como não respondeu, Ōishi decapitou-o com a mesma adaga que Asano cometeu seppuku. A cabeça foi colocada num balde e foi levada para Sengakuji, onde estava sepultado Lord Asano. 

 

 

Louis Agassiz morreu há 149 anos

   
Jean Louis Rodolphe Agassiz (Môtier, 18 de maio de 1807 - Cambridge, 14 de dezembro de 1873) foi um zoólogo e geólogo suíço, famoso pela sua Expedição Thayer.

Louis Agassiz nasceu em Môtier (Vully), no Cantão de Friburgo, Suíça. O início da sua educação começou em casa, seguido de quatro anos numa escola secundária em Bienne (alemão Biel), completou os seus estudos elementares na academia de Lausanne. Selecionando a medicina como a sua profissão, estudou nas universidades de Zurique, Heidelberg e Munique. Em seguida aumentou o seu conhecimento nos processos biológicos, especialmente na Botânica. Em 1829, doutorou-se em Erlangen e em 1830 doutorou-se em Medicina em Munique.
Mudou-se para Paris e ficou sobre a tutela de Alexander von Humboldt e de Georges Cuvier, que o lançaram nas suas carreiras da Geologia e do Zoologia respetivamente. Até esta altura não prestou nenhuma atenção especial ao estudo da Ictiologia, a qual se transformou na grande ocupação de sua vida, ou pelo menos na área em que atualmente é mais recordado.

     
   
 
In 1832 he was appointed professor of natural history in the University of Neuchâtel. The fossil fish there soon attracted his attention. The fossil-rich stones furnished by the slates of Glarus and the limestones of Monte Bolca were known at the time, but very little had been accomplished in the way of scientific study of them. Agassiz, as early as 1829, planned the publication of the work which, more than any other, laid the foundation of his worldwide fame. Five volumes of his Recherches sur les poissons fossiles ("Research on Fossil Fish") appeared at intervals from 1833 to 1843. They were magnificently illustrated, chiefly by Joseph Dinkel. In gathering materials for this work Agassiz visited the principal museums in Europe, and meeting Cuvier in Paris, he received much encouragement and assistance from him. They had known him for seven years at the time.
Agassiz found that his palaeontological labours made necessary a new basis of ichthyological classification. The fossils rarely exhibited any traces of the soft tissues of fish. They consisted chiefly of the teeth, scales and fins, even the bones being perfectly preserved in comparatively few instances. He therefore adopted a classification which divided fish into four groups: Ganoids, Placoids, Cycloids and Ctenoids, based on the nature of the scales and other dermal appendages. While Agassiz did much to place the subject on a scientific basis, this classification has been superseded by later work.
As Agassiz's descriptive work proceeded, it became obvious that it would over-tax his resources unless financial assistance could be found. The British Association came to his aid, and the Earl of Ellesmere — then Lord Francis Egerton — gave him yet more efficient help. The 1,290 original drawings made for the work were purchased by the Earl, and presented by him to the Geological Society of London. In 1836 the Wollaston Medal was awarded to Agassiz by the council of that society for his work on fossil ichthyology; and in 1838 he was elected a foreign member of the Royal Society. Meanwhile invertebrate animals engaged his attention. In 1837 he issued the "Prodrome" of a monograph on the recent and fossil Echinodermata, the first part of which appeared in 1838; in 1839–40 he published two quarto volumes on the fossil Echinoderms of Switzerland; and in 1840–45 he issued his Etudes critiques sur les mollusques fossiles ("Critical Studies on Fossil Mollusks").
Before his first visit to England in 1834, the labours of Hugh Miller and other geologists brought to light the remarkable fish of the Old Red Sandstone of the northeast of Scotland. The strange forms of the Pterichthys, the Coccosteus and other genera were then made known to geologists for the first time. They were of intense interest to Agassiz, and formed the subject of a special monograph by him published in 1844–45: Monographie des poissons fossiles du Vieux Gres Rouge, ou Systeme Devonien (Old Red Sandstone) des Iles Britanniques et de Russie ("Monograph on Fossil Fish of the Old Red Sandstone, or Devonian System of the British Isles and of Russia"). In the early stages of his career in Neuchatel, Agassiz also made a name for himself as a man who could run a scientific department well. Under his care, the University of Neuchâtel soon became a leading institution for scientific inquiry.
In 1837 Agassiz was the first to scientifically propose that the Earth had been subject to a past ice age. In the same year, he was elected a foreign member of the Royal Swedish Academy of Sciences. Prior to this proposal, Goethe, de Saussure, Venetz, Jean de Charpentier, Karl Friedrich Schimper and others had made the glaciers of the Alps the subjects of special study, and Goethe, Charpentier as well as Schimper had even arrived at the conclusion that the erratic blocks of alpine rocks scattered over the slopes and summits of the Jura Mountains had been moved there by glaciers. The question having attracted the attention of Agassiz, he not only discussed it with Charpentier and Schimper and made successive journeys to the alpine regions in company with them, but he had a hut constructed upon one of the Aar Glaciers, which for a time he made his home, in order to investigate the structure and movements of the ice.
These labours resulted, in 1840, in the publication of his work in two volumes entitled Etudes sur les glaciers ("Study on Glaciers"). In it he discussed the movements of the glaciers, their moraines, their influence in grooving and rounding the rocks over which they travelled, and in producing the striations and roches moutonnees seen in Alpine-style landscapes. He not only accepted Charpentier's and Schimper's idea that some of the alpine glaciers had extended across the wide plains and valleys drained by the Aar and the Rhône, but he went still farther. He concluded that, in the relatively recent past, Switzerland had been another Greenland; that instead of a few glaciers stretching across the areas referred to, one vast sheet of ice, originating in the higher Alps, had extended over the entire valley of northwestern Switzerland until it reached the southern slopes of the Jura, which, though they checked and deflected its further extension, did not prevent the ice from reaching in many places the summit of the range. The publication of this work gave a fresh impetus to the study of glacial phenomena in all parts of the world.
Thus familiarized with the phenomena associated with the movements of recent glaciers, Agassiz was prepared for a discovery which he made in 1840, in conjunction with William Buckland. The two visited the mountains of Scotland together, and found in different locations clear evidence of ancient glacial action. The discovery was announced to the Geological Society of London in successive communications. The mountainous districts of England, Wales, and Ireland were also considered to constitute centres for the dispersion of glacial debris; and Agassiz remarked "that great sheets of ice, resembling those now existing in Greenland, once covered all the countries in which unstratified gravel (boulder drift) is found; that this gravel was in general produced by the trituration of the sheets of ice upon the subjacent surface, etc."
In 1842–1846 he issued his Nomenclator Zoologicus, a classified list, with references, of all names employed in zoology for genera and groups — a work of great labour and research. With the aid of a grant of money from the King of Prussia, Agassiz crossed the Atlantic in the autumn of 1846 with the twin purposes of investigating the natural history and geology of North America and delivering a course of 12 lectures on “The Plan of Creation as shown in the Animal Kingdom,” by invitation from J. A. Lowell, at the Lowell Institute in Boston, Massachusetts. The financial and scientific advantages presented to him in the United States induced him to settle there, where he remained to the end of his life. He was elected a Foreign Honorary Member of the American Academy of Arts and Sciences in 1846.
His engagement for the Lowell Institute lectures precipitated the establishment of the Lawrence Scientific School at Harvard University in 1847 with him as its head. Harvard appointed him professor of zoology and geology, and he founded the Museum of Comparative Zoology there in 1859 serving as the museum's first director until his death in 1873. During his tenure at Harvard, he was, among many other things, an early student of the effect of the last Ice Age on North America.
He continued his lectures for the Lowell Institute. In succeeding years, he gave series of lectures on “Ichthyology” (1847–48 season), “Comparative Embryology” (1848–49), “Functions of Life in Lower Animals” (1850–51), “Natural History” (1853–54), “Methods of Study in Natural History” (1861–62), “Glaciers and the Ice Period” (1864–65), “Brazil” (1866–67) and “Deep Sea Dredging” (1869–70). In 1850 he married an American college teacher, Elizabeth Cabot Cary Agassiz, who later wrote introductory books about natural history and, after his death, a lengthy biography of her husband.
Agassiz served as a non-resident lecturer at Cornell while also being on faculty at Harvard. In 1852 he accepted a medical professorship of comparative anatomy at Charlestown, Massachusetts, but he resigned in two years. From this time his scientific studies dropped off, but he was a profound influence on the American branches of his two fields, teaching decades worth of future prominent scientists, including Alpheus Hyatt, David Starr Jordan, Joel Asaph Allen, Joseph Le Conte, Ernest Ingersoll, William James, Nathaniel Shaler, Samuel Hubbard Scudder, Alpheus Packard, and his son Alexander Agassiz, among others. He had a profound impact on the paleontologist Charles Doolittle Walcott. In return his name appears attached to several species, as well as here and there throughout the American landscape, notably Lake Agassiz, the Pleistocene precursor to Lake Winnipeg and the Red River.
During this time he grew in fame even in the public consciousness, becoming one of the best-known scientists in the world. By 1857 he was so well-loved that his friend Henry Wadsworth Longfellow wrote "The fiftieth birthday of Agassiz" in his honor. His own writing continued with four (of a planned ten) volumes of Natural History of the United States which were published from 1857 to 1862. During this time he also published a catalog of papers in his field, Bibliographia Zoologiae et Geologiae, in four volumes between 1848 and 1854.
Stricken by ill health in the 1860s, he resolved to return to the field for relaxation and to resume his studies of Brazilian fish. In April 1865 he led a party to Brazil. Returning home in August 1866, an account of this expedition, entitled A Journey in Brazil, was published in 1868. In December 1871 he made a second eight month excursion, known as the Hassler expedition under the command of Commander Philip Carrigan Johnson (brother of Eastman Johnson), visiting South America on its southern Atlantic and Pacific seaboards. The ship explored the Magellan Strait, which drew the praise of Charles Darwin.
Elizabeth Aggasiz wrote, at the Strait: '…the Hassler pursued her course, past a seemingly endless panorama of mountains and forests rising into the pale regions of snow and ice, where lay glaciers in which every rift and crevasse, as well as the many cascades flowing down to join the waters beneath, could be counted as she steamed by them.... These were weeks of exquisite delight to Agassiz. The vessel often skirted the shore so closely that its geology could be studied from the deck.'
   

Beatriz Costa nasceu há 115 anos

    
Beatriz Costa, pseudónimo de Beatriz da Conceição (Charneca do Milharado, Mafra, 14 de dezembro de 1907 - Lisboa, 15 de abril de 1996) foi uma atriz de teatro e cinema portuguesa, sendo um ícone da cultura popular portuguesa.
    

 


Amundsen chegou ao Polo Sul há cento e onze anos

Da direita para a esquerda: Roald Amundsen, Helmer Hanssen, Sverre Hassel e Oscar Wisting em "Polheim", a tenda instalada no Polo Sul em 16 de dezembro de 1911 (a bandeira é a da Noruega - fotografia de Olav Bjaaland
  
A primeira expedição a atingir o Polo Sul foi liderada pelo explorador norueguês Roald Amundsen. Ele, e mais quatro membros da expedição, chegaram ao Polo a 14 de dezembro de 1911, cinco semanas antes do grupo liderado pelo inglês Robert Falcon Scott, da Expedição Terra Nova. Amundsen e a sua equipa regressaram sãos e salvos à sua base, sendo informados, mais tarde, que Scott, e mais quatro companheiros, tinham morrido na viagem de regresso.
O plano inicial de Amundsen era ser o primeiro a chegar ao Árctico, e a conquistar o Polo Norte, utilizando um navio preparado para navegar no gelo. Obteve a licença para utilizar o Fram, o navio de exploração polar de Fridtjof Nansen, e conseguiu angariar uma grande quantia para financiar o seu projecto. No entanto, em 1909, os seus rivais norte-americanos, Frederick Cook e Robert Peary, anunciaram, cada um deles, terem chegado ao Polo Norte, deitando, assim, por terra, o empreendimento de Amundsen. Este decidiu, então, alterar os seus planos e iniciou a preparação da expedição ao Polo Sul; sem ter a certeza se o público e os seus apoiantes se mantinham a seu lado, manteve em segredo o seu novo objetivo. Quando partiu, em junho de 1910, a maior parte da sua tripulação acreditava que era o início da viagem para o Árctico.
Amundsen estabeleceu a sua base, "Framheim", na Baía das Baleias na Grande Barreira de Gelo. Após meses de preparação, o estabelecimento dos depósitos e uma falsa partida, quase terminaram em desastre. Ele, e o seu grupo, partiram para o Polo, em outubro de 1911. No percurso, descobriram o Glaciar Axel Heiberg, que os ajudou na sua rota até ao Planalto Antártico e, consequentemente, para o Polo Sul. A experiência na utilização de esquis, de cães e trenós, fez com que a sua viagem fosse relativamente rápida e sem problemas de maior. Outras realizações desta expedição incluíram a primeira exploração da Terra do Rei Eduardo VII e uma vasta exploração oceanográfica.
Embora a expedição tenha tido sucesso e fosse largamente aplaudida, o trágico destino de Scott ofuscou a sua conquista. Por outro lado, o facto de Amundsen ter decidido manter em segredo a sua alteração de planos, foi bastante criticado. Os historiadores mais recentes reconhecem a Amundsen, e ao seu grupo, elevada capacidade e coragem; a Estação Polo Sul Amundsen-Scott recebeu o seu nome juntamente com o de Scott.
     
Percursos efectuados ao Polo Sul por Scott (verde) e Amundsen (vermelho) em 1911–1912
          
in Wikipédia

Sidónio Pais, o Presidente-Rei, foi assassinado há 104 anos

         
Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais (Caminha, 1 de maio de 1872 - Lisboa, 14 de dezembro de 1918) foi um militar e político que, entre outras funções, exerceu os cargos de deputado, de ministro do Fomento, de ministro das Finanças, de embaixador de Portugal em Berlim, de ministro da Guerra, de ministro dos Negócios Estrangeiros, de presidente da Junta Revolucionária de 1917, de presidente do Ministério e de presidente da República Portuguesa.
Enquanto presidente da República, exerceu o cargo de forma ditatorial, suspendendo e alterando por decreto normas essenciais da Constituição Portuguesa de 1911. Fernando Pessoa chamou-lhe Presidente-Rei.
Oficial de Artilharia, foi também professor na Universidade de Coimbra, onde leccionou Cálculo Diferencial e Integral. Protagonizou a primeira grande perversão ditatorial do republicanismo português, transformando-se numa das figuras mais fraturantes da política portuguesa do século XX. Em 1966, o seu corpo fora solenemente trasladado para o Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia (Lisboa), aquando da sua inauguração. A cerimónia ocorreu no dia 5 de dezembro e homenageou igualmente com estas honras outros ilustres portugueses. Antes disso, o seu corpo encontrava-se na Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos.
  
(...)
  
Assassinato
Entra-se então numa espiral de violência que não poupa o próprio presidente: a 5 de dezembro de 1918, durante a cerimónia da condecoração dos sobreviventes do NRP Augusto de Castilho, sofreu um primeiro atentado, do qual conseguiu escapar ileso; o mesmo não aconteceu dias depois, na Estação do Rossio, onde, a 14 de dezembro de 1918, foi morto a tiro por José Júlio da Costa, um militante republicano.
O assassinato de Sidónio Pais foi um momento traumático para a Primeira República, marcando o seu destino: a partir daí qualquer simulacro de estabilidade desapareceu, instalando-se uma crise permanente que apenas terminou quase oito anos depois com a Revolução Nacional de 28 de maio de 1926 que pôs termo ao regime.
Os funerais de Sidónio Pais foram momentosos, reunindo muitas dezenas de milhares de pessoas, num percurso longo e tumultuoso, interrompido por múltiplos e violentos incidentes. Com este fim, digno de um verdadeiro Presidente Rei, Sidónio Pais entrou no imaginário português, em particular dos sectores católicos mais conservadores, como um misto de salvador e de mártir, mantendo-se durante décadas como uma figura fraturante no sistema político.
A imagem de mártir levou ao surgimento de um culto popular, semelhante ao que existe em torno da figura de Sousa Martins, que fez de Sidónio Pais um santo, com honras de promessas e ex-votos, que ainda hoje se mantém, sendo comum a deposição de flores e outros elementos votivos junto ao seu túmulo.
   

 

Nota: sou neto de um Senhor que adorava o Sidónio, que o livrou de ir combater na França, na Grande Guerra. Tinha, na sua casa em Frechão, uma espécie de altar profano, com fotos do Sidónio e da Família Real - e viva o presidente-rei (e o meu avô, Joaquim Fernandes...)!

Um Geólogo foi o último homem a pisar a Lua - faz hoje cinquenta anos...

Insígnia da missão
Estatísticas da missão
Módulo de comando America
Módulo lunar Challenger
Número de tripulantes 3
Lançamento 07.12 de 1972, 05.33 UTC, Cabo Kennedy
Alunagem 11.12 de 1972, 19.54.57 UTC, Taurus-Littrow
Aterragem 19.12 de 1972, 19.24.59 UTC
Órbitas 3 (Terra), 75 (Lua)
Duração 12 dias, 13 horas, 51 minutos e 59 segundos
                                  Imagem da tripulação                                           
Esq. p/ dir: Schmitt, Evans e Cernan (sentado)
Da esquerda para a direita: Schmitt, Evans e Cernan (sentado)


A Apollo XVII foi a sexta e última missão tripulada do Projeto Apollo à Lua, realizada em dezembro de 1972. Foi a única missão que contou com um geólogo profissional em sua tripulação, a missão que mais tempo permaneceu na superfície lunar, o primeiro lançamento noturno de uma missão tripulada norte-americana e a última viagem espacial tripulada realizada por qualquer país para além da órbita terrestre.

  
  
Eugene Cernan and Harrison Schmitt successfully lifted off from the lunar surface in the ascent stage of the Lunar Module on December 14, at 05.55 PM EST (22.55 UTC). After a successful rendezvous and docking with Ron Evans in the Command/Service Module in orbit, the crew transferred equipment and lunar samples between the LM and the CSM for return to Earth. Following this, the LM ascent stage was sealed off and jettisoned at 01.31 AM on December 15. The ascent stage was then deliberately crashed into the Moon in a collision recorded by seismometers deployed on Apollo XVII and previous Apollo expeditions.
On December 17, during the trip back to Earth, at 03.27 PM EST, Ron Evans successfully conducted a one hour and seven minute spacewalk to retrieve exposed film from the instrument bay on the exterior of the CSM.
On December 19, the crew jettisoned the no-longer-needed Service Module, leaving only the Command Module for return to Earth. The Apollo XVII spacecraft reentered Earth's atmosphere and landed safely in the Pacific Ocean at 02.25 PM (19.25 UTC), 6.4 kilometres (4.0 mi) from the recovery ship, the USS Ticonderoga. Cernan, Evans and Schmitt were then retrieved by a recovery helicopter and were safely aboard the recovery ship fifty-two minutes after landing.
 

Tycho Brahe nasceu há 476 anos

     
Tycho Brahe (Skåne, Dinamarca, 14 de dezembro de 1546 - Praga, 24 de outubro de 1601) nascido Tyge Ottesen Brahe, foi um astrónomo dinamarquês. Teve um observatório chamado Uranienborg na ilha de Ven, no Öresund, entre a Dinamarca e a Suécia.
Tycho esteve ao serviço de Frederico II da Dinamarca e mais tarde do imperador Rodolfo II da Germânia, tendo sido um dos representantes mais prestigiosos da ciência nova - a ciência renascentista, que abrira uma brecha no sólido edifício construído pela Idade Média, baseado na síntese da tradição bíblica e da ciência de Aristóteles. Continuando o trabalho iniciado por Copérnico, foi acolhido pelos sábios ocidentais com alguma relutância. Estudou detalhadamente as fases da lua e compilou muitos dados que serviriam mais tarde a Johannes Kepler para descobrir uma harmonia celestial existente no movimento dos planetas, padrão esse conhecido como leis de Kepler.
A adesão de Tycho à ciência nova levou-o a abandonar a tradição ptolomaica, a fim de chegar a novas conclusões pela observação direta. Baseando-se nesta, construiu um sistema no qual, sem pretender descobrir os mistérios do cosmos, chega a uma síntese eclética entre os sistemas que poderíamos chamar de tradicionais e o de Copérnico.
Tycho foi um astrónomo observacional da era que precedeu a invenção do telescópio, e as suas observações da posição das estrelas e dos planetas alcançaram uma precisão sem paralelo para a época. Após a sua morte, os seus registos dos movimentos de Marte permitiram a Johannes Kepler descobrir as leis dos movimentos dos planetas, que deram suporte à teoria heliocêntrica de Copérnico. Tycho não defendia o sistema de Copérnico mas propôs um sistema em que os planetas giram à volta do Sol e este orbitava em torno da Terra.
Em 1599, por discordar do novo rei do seu país, mudou-se para Praga e construiu um novo observatório, onde trabalhou até morrer, em 1601.

São João da Cruz morreu há 431 anos...

   
São João da Cruz, fundador da Ordem dos Carmelitas Descalços (em espanhol: Juan de la Cruz; 1542, Fontiveros, ÁvilaÚbeda, Jaén, 14 de dezembro de 1591) foi um místico, sacerdote e frade carmelita espanhol venerado como santo pelos católicos. Nascido em Fontiveros, em Castela a Velha, foi um dos mais importantes expoentes da Contra-Reforma.
Grande reformador da Ordem Carmelita, é considerado, juntamente com Santa Teresa de Ávila, o fundador dos Carmelitas Descalços. João também é conhecido por suas obras literárias e tanto sua poesia quanto suas investigações sobre o crescimento da alma são consideradas o ápice da literatura mística e se destacam entre as grandes obras da literatura espanhola.
João da Cruz foi canonizado em 1726 por Bento XIII e é um dos Doutores da Igreja Católica.
   
  
 
Noche oscura del alma
  
  
En una noche escura,
con ansias en amores inflamada,
¡oh dichosa ventura!,
salí sin ser notada,
estando ya mi casa sosegada.
 
A escuras y segura
por la secreta escala, disfrazada,
¡oh dichosa ventura!,
a escuras y en celada,
estando ya mi casa sosegada.
 
En la noche dichosa,
en secreto, que nadie me veía
ni yo miraba cosa,
sin otra luz y guía
sino la que en el corazón ardía.
  
Aquesta me guiaba
más cierto que la luz del mediodía,
adonde me esperaba
quien yo bien me sabía,
en parte donde nadie parecía.
  
¡Oh noche, que guiaste;
oh noche amable más que el alborada;
oh noche que juntaste
Amado con amada,
amada, con el Amado transformada!
  
En mi pecho florido,
que entero para él solo se guardaba,
allí quedó dormido,
y yo le regalaba
y el ventalle de cedros aire daba.
  
El aire del almena,
cuando yo sus cabellos esparcía,
con su mano serena
en mi cuello hería
y todos mis sentidos suspendía.
  
Quedéme y olvidéme,
el rostro recliné sobre el Amado;
cesó todo y dejéme,
dejando mi cuidado
entre las azucenas olvidado.
  

  
San Juan de la Cruz

Há 36 anos houve um massacre em Alvalade...

(imagem daqui)
A vitória e o fracasso são dois impossíveis, e é necessário recebê-los com idêntica serenidade e com uma saudável dose de desdém.
Rudyard Kipling
O «onze» leonino que fez história: (em cima) Venâncio, Oceano, Manuel Marques (Massagista), Virgílio, Meade, Damas; em baixo: Gabriel, Zinho, Fernando Mendes, Manuel Fernandes, Litos e Mário Jorge

Na história do «dérbi dos dérbis» há um antes e um depois da tarde de 14 de dezembro de 1986. Nesse dia chuvoso, o Benfica caiu com tal estrondo em Alvalade, que os ecos de tal derrota ainda ressoam passado algumas décadas. Nunca o Benfica tinha perdido por tanto, e somente por uma vez, numa noite de má memória em Vigo, voltaria a sofrer tal número inusitado de golos.

A derrota de Alvalade, o célebre «sete-a-um», será a mais dolorosa de todas as derrotas do Benfica, e a mais saborosa e lembrada vitória leonina, até mais que a famosa vitória do «cantinho do Morais» que valeu a conquista da Taça das Taças para os homens de Alvalade. Estranho mundo este do «dérbi» que faz com que uma vitória que se revelou de Pirro, seja mais lembrada que uma vitória que valeu um troféu europeu.
     
Uma vitória que valeu pouco

Segundo a tradição, Pirro, o General e Rei de Épiro, território que hoje se encontra na Albânia, foi um líder militar que comandou uma invasão da Itália em 281 a.C., durante um conflito que opós o Reino de Épiro à República Romana.

Durante a sua campanha no sul de Itália, foi derrotando uma a uma, as legiões romanas que eram enviadas para enfrenta-lo. Batalha atrás de batalha, venceu os romanos, mas sem nunca conseguir a vitória decisiva que garantia a vitória na guerra.
  
Algumas das vitórias tiveram grandes custos, com o seu exército a perder muitos homens, chegando ao ponto, de após a batalha de Ásculo, ao ser felicitado pelos seus generais pela brilhante vitória conseguida, ter respondido: «Mais uma vitória como esta, e estou perdido!»

Daí associar-se o nome de Pirro a uma vitória conseguida a alto preço e com elevados custos, ou também considerar que é uma vitória que não serve de nada e que não garante nenhuma conquista. Uma vitória que não vale mais do que isso mesmo, e que não chega para ganhar uma guerra.

Os benfiquistas gostam de lembrar aos sportinguistas que o «sete-a-um» aconteceu num ano em que o Benfica se sagrou campeão. Que a vitória foi em vão, e que só ajudou o Benfica a unir-se e a conquistar o título. Os leões por seu lado não ligam muito aos argumentos benfiquistas e deixam que a força dos números fale mais alto. Com Pirro, ou sem Pirro, para eles, o «sete-a-um» foi bem mais que uma vitória.

A verdade é que os dois têm razão. O Sporting teve uma vitória de Pirro e viu o Benfica sagrar-se campeão no final da época; mas por outro lado, o Benfica sofreu às mãos do eterno rival uma derrota até então sem par, batendo o recorde do 7x2 a favor do Benfica, que já datava de 28 de abril de 1946.
  
Uma «serenata à chuva»

Os jogos entre o Sporting e Benfica, especialmente quando se jogam em Alvalade, têm uma tendência natural para o inesperado. Do banho de multidão que Marcello Caetano recebeu nos 3x5 em 1974, pouco tempo antes da queda do regime, aos 5x3 em que o Sporting de Paulo Bento virou o jogo ao contrário, voltando à sempre lembrada noite de magia de João Vieira Pinto, a verdade é que o dérbi tem uma magia ímpar, que em Portugal não tem par.
Chuvas de golos, muitos deles à chuva, durante anos os leões e águias foram escrevendo algumas das mais brilhantes da história do futebol nacional. Mimetizando o clássico de Gene Kelly, os velhos rivais marcaram, golo atrás de golo, em verdadeiras «serenatas à chuva», mas nenhuma terá sido tão histórica, como a daquele dia .

Para os leões, Manuel Fernandes não será Gene Kelly, mas muitos deles terão por certo dançado e cantado à chuva, nesse frio fim de tarde de 14 de dezembro de 1986.

Saltillo, CEE, FC Porto: Portugal em 1986/87

Olhando para trás, o país parecia ser outro. Mário Soares era o Presidente, Cavaco Silva era o Primeiro Ministro, e voltaria a ser eleito em Outubro do ano seguinte com a primeira maioria absoluta da democracia portuguesa. O país aderira há pouco tempo à então Comunidade Económica Europeia, começando a receber a primeira grande vaga de fundos de Bruxelas, que deixava no ar a impressão que o período de crise e da intervenção do FMI já fazia parte de um passado distante e irrepetível...
A derrota de Alvalade, o célebre «sete-a-um», será a mais dolorosa de todas as derrotas do Benfica, e a mais saborosa e lembrada vitória leonina, até mais que a famosa vitória do «cantinho do Morais» que valeu a conquista da Taça das Taças para os homens de Alvalade. Estranho mundo este do «dérbi» que faz com que uma vitória que se revelou de Pirro, seja mais lembrada que uma vitória que valeu um troféu europeu.

No desporto, a seleção continuava a viver na ressaca de Saltillo, com todos os "revoltosos" afastados, arrastando-se na fase de qualificação para o Euro 88. O FC Porto, campeão em título, estava a meses de se sagrar campeão europeu em Viena, mas por certo ainda não sonhava com o calcanhar de Madjer...

Mário Jorge, o herói improvável, que apontou dois dos sete golos do Sporting
  
Chuva e um golo

Na véspera do dérbi, nas Antas, em noite de algum nevoeiro, o FC Porto esmagara o Sporting Farense por 8x3, podendo depois assistir descansado ao clássico, seguro que estava na liderança.

Nessa manhã, ao lerem os jornais, os portugueses estavam fascinados com os cinco remates certeiros de Fernando Gomes num jogo com onze golos, e poucos podiam sonhar que o Sporting x Benfica dessa tarde, pudesse tornar o FC Porto x Farense da véspera, numa quase nota de rodapé num futuro texto sobre o clássico...

Alheios a tudo isso, os protagonistas do jogo preparavam-se para o embate, sendo a grande novidade a estreia de um equipamento azul por parte do benfiquista Silvino. Chovia copiosamente e nas bancadas «não cabia mais um ovo».

Mais de setenta mil almas lotavam o antigo anfiteatro leonino. Vitor Correia apitou para o começo do jogo e a primeira parte foi bastante equilibrada, com oportunidades repartidas e pouca emoção. Ao intervalo ganhava o Sporting por 1x0, fruto do golo madrugador de Mário Jorge.

No dia seguinte, o jornal «A Bola» fazia capa do feito leonino e lembrava o resultado histórico - nunca antes, nem nunca depois, voltou a haver uma diferença tão grande num jogo entre os velhos rivais
  
A glória do Manel

Quando aos cinquenta minutos Manuel Fernandes, com a cabeça, deu o melhor seguimento ao canto apontado por Zinho na esquerda, poucos na bancada podiam imaginar que nos próximos 36 minutos iriam assistir a mais seis golos.

Nem o mais confiante e otimista sportinguista, imaginaria o que iria acontecer, quando aos 59 minutos, Vando reduziu o resultado para 2x1. E na bancada os benfiquistas voltavam a acreditar que o empate era possível...

Mas foi então que o jogou entrou em modo «Sporting x Benfica», e já não houve mais forma de controlar-lhe o destino... Ralph Meade fez o 3x1 aos 65´ e matou a esperança encarnada. Passaram três minutos e Mário Jorge bisou, abrindo as portas da goleada.

Manuel Fernandes não quis ficar atrás e marcou um três minutos depois, outro aos 82´ e fechou a contagem aos 86´. «Sete-a-um», com um poker do capitão de Sarilhos Pequenos, que correu para guardar a bola que Gabriel queria para si.

«Gabi, essa para mim!» gritou o Manel, e o defesa acedeu, não por o pedido vir do capitão, mas porque não é todos os dias que se marcam quatro golos ao Benfica...

Nas bancadas havia quem rasgasse o cartão de sócio do Sport Lisboa e Benfica. Um pouco por toda a superior ardiam os restos de bandeiras encarnadas, que os próprios adeptos benfiquistas tinham queimado, «cegos» com a vergonha e a frustração da goleada sofrida... Os leões cantavam, em júbilo festejavam uma vitória sem par.

Manuel Fernandes levou para casa a bola que ofereceu como presente à filha, Silvino nunca mais voltou a vestir de azul, os leões nunca mais deixaram de falar do «sete-a-um» e os benfiquistas acabaram campeões... Quase que era caso para dizer que no final todos foram felizes... Mas alguém consegue ser realmente feliz depois de sofrer sete golos?
  

Alex Gaskarth, vocalista e guitarrista dos All Time Low, faz hoje trinta e cinco anos

 

Alexander William Gaskarth (Essex, Inglaterra, 14 de dezembro de 1987), mais conhecido como Alex Gaskarth, é o vocalista e guitarrista da banda de pop punk americana All Time Low.
Alex começou a sua carreira musical no estado de Maryland em 2003, quando tocava guitarra numa banda de pop punk chamada Fire in the Hole. Decidiu então formar uma nova banda com seus colegas de escola Rian Dawson e Jack Barakat - surgiu a banda All Time Low, ativa até aos dias de hoje.