sexta-feira, agosto 19, 2011

O duplo Prémio Nobel Linus Pauling morreu há 17 anos

Linus Carl Pauling (Portland, 28 de Fevereiro de 1901 - Big Sur, 19 de Agosto de 1994) foi um químico quântico e bioquímico dos Estados Unidos da América. Também é reconhecido como cristalógrafo, biólogo molecular e pesquisador médico.
Pauling é amplamente reconhecido como um dos principais químicos do século XX. Foi pioneiro na aplicação da Mecânica Quântica em Química e, em 1954, foi galardoado com o Nobel de Química pelo seu trabalho relativo à natureza das ligações químicas. Também efectuou importantes contribuições relativas à determinação da estrutura de proteínas e cristais, sendo considerado um dos fundadores da Biologia Molecular. Durante as suas investigações esteve perto de descobrir a estrutura em hélice dupla do ADN, descoberta essa efectuada mais tarde por James Watson e Francis Crick, em 1953.
Ele é ainda referenciado como sendo um académico versátil, devido à sua intervenção e perícia em campos diversos como a Química Inorgânica, Química Orgânica, Metalurgia, Imunologia, Anestesiologia, Psicologia e Radioactividade
Pauling recebeu o Nobel da Paz de 1962, pela sua campanha contra os testes nucleares e é a única personalidade a ter recebido dois Prémios Nobel não compartilhados. As outras personalidades que receberam dois Prémios Nobel foram Marie Curie (Física e Química), John Bardeen (ambos em Física) e Frederick Sanger (ambos em Química).
 

O primeiro Imperador romano morreu há 1997 anos

Caio Júlio César Octaviano Augusto (em latim Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus; 23 de Setembro de 63 a.C.19 de Agosto de 14 d.C.) foi um patrício e o primeiro imperador romano.
Herdeiro adoptivo de Júlio César, chegou ao poder através do segundo triunvirato, formado com Marco António e Lépido. Após a deterioração da relação entre os três homens, no entanto, e a batalha de Áccio, onde Marcos Vipsânio Agripa, seu general e amigo pessoal, derrotou António, Augusto se tornou o único soberano de Roma.

O poeta Haroldo de Campos nasceu há 82 anos

(imagem daqui)

Haroldo Eurico Browne de Campos (São Paulo, 19 de Agosto de 1929 — São Paulo, 16 de Agosto de 2003) foi um poeta e tradutor brasileiro. Haroldo fez seus estudos secundários no Colégio São Bento, onde aprendeu os primeiros idiomas estrangeiros, como latim, inglês, espanhol e francês. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no final da década de 1940, lançando seu primeiro livro em 1949, O Auto do Possesso quando, ao lado de Décio Pignatari, participava do Clube de Poesia.
Em 1952, Décio, Haroldo e seu irmão Augusto de Campos rompem com o Clube, por divergirem quanto ao conservadorismo predominante entre os poetas, conhecidos como "Geração de 45". Fundam, então, o grupo Noigandres, passando a publicar poemas na revista do grupo, de mesmo título. Nos anos seguintes defendeu as teses que levariam os três a inaugurar em 1956 o movimento concretista, ao qual manteve-se fiel até o ano de 1963, quando inaugura um trajecto particular, centrando-se suas atenções no projecto do livro-poema "Galáxias".
Haroldo doutorou-se pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, sob orientação de Antonio Candido, tendo sido professor da PUC-SP, bem como na Universidade do Texas, em Austin.
Haroldo dirigiu até o final de sua vida a coleção Signos da Editora Perspectiva. "Transcriou" em português poemas de autores como Homero, Dante, Mallarmé, Goethe, Mayakovski, além de textos bíblicos, como o Génesis e o Eclesiastes. Publicou, ainda, numerosos ensaios de teoria literária, entre eles A Arte no Horizonte do Provável (1969).
Faleceu em São Paulo, tendo publicado, pouco antes, a sua transcriação em português da Ilíada, de Homero.


Circuladô de Fulô

circuladô de fulô ao deus ao demo dará que deus te guie
porque eu não posso guiá e viva quem já me deu
circuladô de fulô e ainda quem falta me dá
soando como um shamisen e feito apenas com um arame
tenso um cabo e uma lata velha num fim de festafeira no pino do sol a pino
mas para outros não existia aquela música
não podia porque não podia popular aquela música se não canta não é popular
se não afina não tintina não tarantina
e no entanto puxada na tripa da miséria na tripa tensa da mais megera miséria
física e doendo doendo
como um prego na palma da mão um ferrugem prego cego na palma espalma da mão
coração exposto como um nervo tenso retenso um renegro prego cego
durando na palma polpa da mão ao sol
circuladô de fulô ao deus ao demo dará que deus te guie
porque eu não posso guiá e viva quem já me deu
circuladô de fulô e ainda quem falta me dá
o povo é o inventalínguas na malícia da maestria no matreiro
da maravilha no visgo do improviso tenteando a travessia
azeitava o eixo do sol
circuladô de fulô ao deus ao demo dará
que deus te guie porque eu não posso guiá e viva quem já me deu
circuladô de fulô e ainda quem falta me dá
e não peça que eu te guie não peça despeça que eu te guie
desguie que eu te peça promessa que eu te fie me deixe
me esqueça me largue me desamargue que no fim eu acerto que
no fim eu reverto que no fim eu conserto e para o fim me
reservo e se verá que estou certo e se verá que tem jeito e se
verá que está feito que pelo torto fiz direito que quem faz
cesto faz cento se não guio não lamento pois o mestre que
me ensinou já não dá ensinamento
circuladô de fulô ao deus ao demo dará
que deus te guie porque eu não posso guiá e viva quem já me deu
circuladô de fulô e ainda quem falta me dá

Haroldo de Campos

NOTA: o cantor Caetano Veloso cantou este poema de forma admirável:

My girl

quinta-feira, agosto 18, 2011

Mais um fóssil vivo descoberto

Nova espécie existe no oceano Pacífico 
Enguia descoberta é um fóssil vivo 

O peixe foi encontrado em Março de 2010

Uma nova espécie de enguia encontrada numa gruta marinha é um “fóssil vivo” muito parecido com as primeiras enguias que nadaram há cerca de 200 milhões de anos, revela um artigo publicado nesta quinta-feira na revista inglesa Proceedings of the Royal Society B

 A espécie foi encontrada em Março de 2010 a 35 metros de profundidade num recife ao largo de Palau, uma ilha a norte da Indonésia, no oceano Pacífico. O peixe castanho é suficientemente diferente para formar por si só uma nova família, tem poucas características em comum com as enguias modernas que ao todo formam 19 famílias com 819 espécies.

O novo animal tem uma cabeça desproporcionalmente grande, um corpo pequeno e comprimido, tem as aberturas das guelras em forma de colar, raios na barbatana caudal e um maxilar chamado pré-maxila. Todos estas características são semelhantes às enguias primitivas que viveram na altura em que os dinossauros caminhavam sobre a Terra.

O nome científico da nova espécie é Protoanguilla palau. A espécie forma também um novo género e uma nova família, chamada Protoanguillidae. O termo proto, significa em grego "primeiro", e anguilla é a palavra latina para "enguia".

A equipa que fez a descoberta foi liderada por Masaki Miya, investigador do Museu e Instituto de História Natural de Chiba, no Japão. Com a ajuda de lâmpadas e redes, a equipa recolheu oito espécimes, com comprimentos entre seis e nove centímetros, fizeram testes de ADN e pesquisaram qual é a posição deste peixe na história genética e evolutiva.

Para já, a enguia só foi encontrada neste local, mas poderá ter uma distribuição bem maior, avança o estudo.

O termo "fóssil vivo" foi inventado por Charles Darwin no seu famoso livro A origem das espécies. É usado para descrever espécies que sobreviveram durante milhões de anos e que exploraram nichos ecológicos que mudaram tão pouco que não pressionaram as espécies para evoluírem. Um dos fósseis vivos mais emblemáticos é o peixe celacanto, descoberto no final da década de 1930, que vive no oceano Índico.

in Público - ler notícia

Pequeno sismo nos Açores

Recebido via e-mail do IM:


O Instituto de Meteorologia informa que no dia 18.08.2011 pelas 10.35 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Arquipélago dos Açores, um sismo de magnitude 2.0 (Richter) e cujo epicentro se localizou próximo de Terra Chã (Terceira).

Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima II (escala de Mercalli modificada) na região de Angra do Heroísmo, ilha Terceira.

Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.

Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IM na Internet (www.meteo.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto do Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros (www.srpcba.pt).

Corrupção e (in)Justiça à moda do PS


Jornal i:

O arrendamento do novo Campus da Justiça foi um dos negócios mais contestados durante o anterior governo. Alberto Costa, então ministro da Justiça, assinou o pesado compromisso de pagar mais de um milhão de euros por mês para albergar vários tribunais, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) e algumas direcções-gerais da Justiça em prédios novilhos em folha.
Mas não se pode dizer que o senhorio do Ministério da Justiça é uma sombria entidade privada, porque é o próprio Estado que recebe a renda.
O dinheiro sai dos cofres do Estado, mais concretamente do ministério da Justiça, para voltar a entrar nos cofres do Estado mais precisamente no Fundo Imobiliário Fechado - Office Park Expo, cujos participantes são o Fundo de Pensões do Banco de Portugal, o Fundo de Pensões do Pessoal da Caixa Geral de Depósitos, o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social e uma única entidade privada dentro deste ''grupo dos quatro'': a Fundação Calouste Gulbenkian. Certo é que estes fundos fizeram um negócio ruinoso em tempos de crise imobiliária: compraram os terrenos, pagaram o projectos e a construção. Cinco anos depois, era preciso arranjar alguém que pagasse um investimento de perto de 180 milhões de euros. Alberto Costa protagonizou a operação a resgate e assinou o arrendamento dos edifícios por mais de um milhão de euros por mês.
O negócio deu os primeiros passos a 15 de Outubro de 2002. A primeira subscrição de capital foi de 20 milhões de euros divididos em quatro milhões de unidades de participação subscritas a cinco euros cada. Cada um dos subscritores tinha 25%. No mesmo ano, compraram o terreno tendo entregue ao proprietário inicial 12 milhões de euros. Face a uma conjuntura de crise era necessário desenhar um bom negócio para este investimento. Depois, foi preciso abrir um concurso para escolher os responsáveis pelo projecto. O valor total do sinal pago pelo terreno adicionado de custos em projectos foi de 13 milhões de euros.

Em notícia à parte desta, escreve-se que a consultora Deloitte fez um estudo em que assegurava ao ministério que haveria uma economia de 900 mil euros/ mês em custos energéticos.
Porém, afinal em vez de poupança verificou-se precisamente o contrário e em números astronómicos que seriam suficientes para descredibilizar qualquer firma de consultadoria que se prezasse: mais de um milhão de euros de sobrecusto.
A Deloitte é incompetente? Fez apenas o que cliente esperava? Ajustou números? Aldrabou factos? Averiguou como deve ser? Fez um estudo profissional e de rigor? Admite-se assim uma discrepância destas, "colossal" e a firma fica a assobiar para o lado? Averigue-se se o foi e como foi porque o negócio, neste como noutros casos, como se dizia dantes, "é números".
E estes números tresandam a tráficos de influências, a desmandos nas contas públicas e a gestão ruinosa do património que é de todos.
Alberto Costa e Conde Rodrigues deveriam ser obrigados a justificar ponto por ponto as opções políticas que fizeram e a serem confrontados em sede de inquérito criminal com estes factos, por suspeita de comportamento lesivo dos interesses do Estado.
Para já a suspeita apresentada claramente pelo jornal é esta: alguém se predispôs, em nome do Estado, a safar de um aperto financeiro um fundo que integra entidades do próprio Estado, mas não só. Se tal sucedeu, os responsáveis são-no também criminalmente e não apenas politicamente. É necessário sindicar as razões concretas e a pressa em se realizar um negócio daquele género, colocando serviços de justiça do Estado num local que é desadequado a esses serviços, o que era público, notório e até contestado por isso mesmo.
O jornal i nem hesita em escrever na última página, sobre este assunto que "o negócio do campus da justiça é bem o exemplo da forma como se salvam amigos com dinheiros públicos. " Esta frase é simplesmente uma denúncia de corrupção. E não apenas política.
Basta o que basta! Provavelmente ninguém vai querer saber disto, porque como este há outros negócios por aí provavelmente ainda mais escandalosos e ninguém se importa.
São os mesmos que depois aparecem a falar de corrupção em modo genérico e abstracto.

in portadaloja - post de José

O satélite de Marte intitulado Fobos foi descoberto há 134 anos

Fobos é uma das duas luas de Marte. Fobos é a maior e a mais próxima lua de Marte. Fobos foi descoberto por Asaph Hall em 18 de Agosto de 1877, aproximadamente seis dias após a descoberta de seu parceiro Deimos.
Fobos é, em todo o Sistema Solar, o satélite que orbita mais próximo do planeta-mãe: menos de seis mil quilómetros acima da superfície marciana. Encontra-se, por isso, abaixo da órbita síncrona para Marte. Por esse motivo, a sua órbita vai descendo a um ritmo de 1,8 m por século. Assim, dentro de 50 milhões de anos pode ocorrer uma de duas coisas: ou Fobos se despenha sobre Marte ou, o que é mais provável, antes que isso aconteça as forças gravitacionais destruirão o satélite criando um anel à volta de Marte.
Os astrónomos supõem que o satélite era provavelmente um asteroide que foi capturado pela força de gravidade do planeta. A outra lua Deimos e também algumas luas de Neptuno, acreditam-se também que eram asteroides que foram capturados.

Formações geológicas 
As formações geológicas em Fobos recebem o nome de astrónomos que estudaram Fobos, do nome de solteira da esposa de Asaph Hall (Angeline Stickney) e pessoas e lugares fictícios da obra de Jonathan Swift - As Viagens de Gulliver. Apenas um regio recebeu nome, Laputa Regio, e apenas uma planitia, Lagado Planitia; ambos receberam nomes de lugares de As Viagens de Gulliver. O único tergo que recebeu nome em Fobos é Kepler Dorsum, em honra do astrónomo Johannes Kepler. Várias crateras já possuem nome.

Polanski - 78 anos

Roman Rajmund Polański (Paris, 18 de Agosto de 1933) é um cineasta, produtor, roteirista, actor franco-polaco.
Polański iniciou sua carreira na Polónia, e depois se tornou um célebre Cineasta de sucesso e prestígio na carreira, foi premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes e com o Oscar de melhor diretor, ambos por seu filme O Pianista, de 2002, que tem como plano de fundo o Gueto de Varsóvia, onde esteve na infância, como judeu na Polónia ocupada pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. Polański é um dos melhores do mundo, conhecidos diretores de cinema contemporâneo e é amplamente considerado um dos maiores diretores de sua época. Também é conhecido por suas polémicas, turbulenta na vida pessoal e controversa. Em 1969, a sua grávida esposa, Sharon Tate, foi assassinada pela Família Manson. Em 1977, ele foi condenado por relação sexual ilegal com menores, posteriormente fugindo dos Estados Unidos e está actualmente (desde 26 de setembro de 2009) sob prisão na Suíça, dependendo do processo de extradição.
Polańskifez o primeiro longa-metragem, Knife in the Water (1962), feito na Polónia, Polanski ganhou sua primeira indicação ao Oscar (de Melhor Filme Estrangeiro, 1963). Polanski deixou a Polónia comunista para viver na França há vários anos, antes de se mudar para a Inglaterra, onde colaborou com Gérard Brach em três filmes, começando com o Repulsion em 1965. Em 1968 mudou-se para os E.U.A., dirigindo o filme de terror Bebê de Rosemary de 1968, em Hollywood. Depois de fazer vários filmes independentes, Polanski voltou a Hollywood em 1973 para fazer Chinatown para a Paramount Pictures, com Robert Evans como produtor. O filme foi indicado para um total de 11 Oscars, estrelas como Jack Nicholson e Faye Dunaway ambos receberam indicações para seus papéis e engenhosamente desenhados roteiro de Robert Towne ganhou o prémio de Melhor Roteiro Original. A principal crítica e sucesso de bilheteria da época de sua estréia no verão de 1974, Chinatown é considerada a maior realização de Polanski como cineasta. O próximo filme de Polanski, The Tenant (1976), foi filmado na França, e completou o seu "Apartment Trilogy", na sequência Repulsion e Rosemary's Baby.
Em 1977, Polanski foi detido em Los Angeles e declarou-se culpado de relações sexuais ilegais com menores, de uma garota de 13 anos (na época ele próprio tinha 43 anos). Nos depoimentos, a menor acusou-o de drogá-la com Champanhe e Methaqualone. Liberado após 42 dias, de uma avaliação psiquiátrica, Polanski fugiu para a França e teve um mandado de detenção dos USA pendente desde 1978 e um mandado de captura internacional desde 2005. Polanski por muitos anos evitado visitas aos países que eram susceptíveis de extraditá-lo, como o Reino Unido e viajou principalmente entre a França, onde reside, e a Polónia. Como um cidadão francês, foi protegido na França pela extradição limitada do país com os Estados Unidos. Em 26 de Setembro de 2009, ele foi preso, a pedido das autoridades americanas, pela polícia suíça, na chegada no aeroporto de Zurique durante a tentativa de entrar na Suíça para pegar uma realização da vida "Golden Icon Award" do Festival de Cinema de Zurique.
Depois de fugir para a Europa na sequência da sua condenação nos Estados Unidos em 1977, Polanski continuou a dirigir filmes, embora não houvesse quase uma pausa de sete anos entre 1979 a Tess (um drama romântico adaptado da novela de Thomas Hardy Tess, de 1891, do Urbervilles d', dedicado à memória de sua falecida esposa, Sharon Tate) e Os Piratas em 1986, uma comédia de aventura. Mais tarde, filmes incluem Frantic (1988), Death and the Maiden (1994), The Ninth Gate (1999), The Pianist (2002), e Oliver Twist (2005). O mais notável de seus filmes mais tarde é O Pianista, a Segunda Guerra Mundial-set adaptação da autobiografia de mesmo nome de músico judeu-polonês Wladyslaw Szpilman, cujas experiências têm semelhanças com o próprio Polanski (Polanski, como Szpilman, escapou do gueto e campos de concentração, enquanto os membros da família não). O filme ganhou três Óscares, incluindo Melhor Director (2002), Palma de Ouro do Festival de Cannes (2002), e sete Césares, incluindo Melhor Filme e Melhor Director. Também fez trabalhos ocasionais no teatro.
Foi um dos nomeados ao European Film Awards de melhor diretor por The Ghost Writer.

Robert Redford - 75 anos!

Charles Robert Redford, Jr. (Santa Mónica, 18 de Agosto de 1936) é um actor e director de filmes norteamericanos, actuante principalmente nas décadas de 1960 e 70, quando era considerado um dos maiores sex symbols masculinos do cinema americano.
Como actor, estrelou alguns dos maiores sucessos de Hollywood da época, como The Chase (Perseguição Impiedosa), Butch Cassidy and the Sundance Kid, Barefoot in the Park, Three Days of the Condor, Jeremiah Johnson, The Sting (A Golpada), All the President's Men.
Ainda actua nos dias atuais, tendo feito recentemente dois filmes de sucesso popular, Indecent Proposal e Spy Game (Jogo de Espiões).
Como director consagrou-se ao receber o Óscar de melhor diretor por Ordinary People, de 1980, mas também realizou The Milagro Beanfield War, onde dirigiu a actriz brasileira Sonia Braga.
No fim da década de 1980 criou o maior festival americano de filmes independentes, o Sundance Film Festival.
É filiado ao NRDC (Natural Resources Defense Council) e dirige a Redford Foundation. Defende direitos dos índios dos EUA e causas ecológicas.

Salieri nasceu há 261 anos

Antonio Salieri (Legnago, 18 de Agosto de 1750Viena, 7 de Maio de 1825), compositor de Ópera italiano. Foi Compositor Oficial da Corte de José II, Arquiduque da Áustria. Sua música foi bastante conhecida na sua época. As lendas a respeito do seu relacionamento com Wolfgang Amadeus Mozart, com quem conviveu em Viena até a morte deste, foram criadas pela peça de teatro de Peter Shaffer, adaptada para o cinema, sob direcção de Milos Forman, com o título Amadeus. O filme, vencedor de oito Óscares, em 1984, retrata um Salieri invejoso do génio de Mozart, ao mesmo tempo admirador e que possui bom talento musical. Tal imagem é resultante da liberdade ficcional dos realizadores, não correspondendo à figura histórica do compositor.

quarta-feira, agosto 17, 2011

Paco Ibañez canta Lorca


CANCION DE JINETE

En la luna negra
de los bandoleros,
cantan las espuelas.

Caballito negro.
¿Dónde llevas tu jinete muerto?

...Las duras espuelas
del bandido inmóvil
que perdió las riendas.

Caballito frío.
¡Qué perfume de flor de cuchillo!

En la luna negra
sangraba el costado
de Sierra Morena.

Caballito negro.
¿Dónde llevas tu jinete muerto?

La noche espolea
sus negros ijares
clavándose estrellas.

Caballito frió.
¡Qué perfume de flor de cuchillo!

En la luna negra,
¡un grito! y el cuerno
largo de la hoguera.

Caballito negro.
¿Dónde llevas tu jinete muerto?

Amanci Prada canta Lorca em castelhano


SONETO GONGORINO EN QUE EL POETA MANDA A SU AMOR UNA PALOMA

Este pichón del Turia que te mando,
de dulces ojos y de blanca pluma,
sobre laurel de Grecia vierte y suma
llama lenta de amor do estoy parando.

Su cándida virtud, su cuello blando,
en limo doble de caliente espuma,
con un temblor de escarcha, perla y bruma
la ausencia de tu boca está marcando.

Pasa la mano sobre su blancura
y verás qué nevada melodía
esparce en copos sobre tu hermosura.

Así mi corazón de noche y día,
preso en la cárcel del amor oscura,
llora sin verte su melancolía.

Amancio Prado canta um poema galego de Lorca


Romaxe de Nosa Señora da Barca

¡Ay ruada, ruada, ruada,
da Virxen pequena
e a súa barca!


A Virxen era de pedra
e a súa coroa de prata.
Marelos os catro bois
que no seu carro a levaban.

Pombas de vidro traguían
a choiva pol-a montana.
Mortos e mortos de néboa
pol-as sendeiros chegaban.

¡Virxen, deixa a túa cariña
nos doces ollos das vacas
e leva sobr'o teu manto
as froles da amortallada!

Pol-a testa de Galicia
xa ven salaiando ai-alba.
A Virxen mira pra o mar
dend'a porta da súa casa.

¡Ay ruada, ruada, ruada 
da Virxen pequena 
e a súa barca!

Federico García Lorca

Romance de la luna, luna


Romance de la luna, luna
 

La luna vino a la fragua
con su polisón de nardos.
El niño la mira, mira.
El niño la está mirando.
En el aire conmovido
mueve la luna sus brazos
y enseña, lúbrica y pura,
sus senos de duro estaño.
Huye luna, luna, luna.
Si vinieran los gitanos,
harían con tu corazón
collares y anillos blancos.
Niño, déjame que baile.
Cuando vengan los gitanos,
te encontrarán sobre el yunque
con los ojillos cerrados.
Huye luna, luna, luna,
que ya siento sus caballos.
Niño, déjame, no pises
mi blancor almidonado.

El jinete se acercaba
tocando el tambor del llano.
Dentro de la fragua el niño,
tiene los ojos cerrados.
Por el olivar venían,
bronce y sueño, los gitanos.
Las cabezas levantadas
y los ojos entornados.
Cómo canta la zumaya,
¡ay, cómo canta en el árbol!
Por el cielo va la luna
con un niño de la mano.

Dentro de la fragua lloran,
dando gritos, los gitanos.
El aire la vela, vela.
El aire la está velando.


NOTA: outra versão, de Paco Ibañez:



Lorca foi assassinado há 75 anos - II

Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, provincia de Granada, 5 de junio de 1898 – entre Víznar y Alfacar, ibídem, 19 de agosto de 1936) fue un poeta, dramaturgo y prosista español, también conocido por su destreza en muchas otras artes. Adscrito a la llamada Generación del 27, es el poeta de mayor influencia y popularidad de la literatura española del siglo XX. Como dramaturgo, se le considera una de las cimas del teatro español del siglo XX, junto con Valle-Inclán y Buero Vallejo. Murió ejecutado tras el levantamiento militar de la Guerra Civil Española, por su afinidad al Frente Popular y por ser abiertamente homosexual.

Morrem jovens os que os deuses amam - tu, que amavas, como os antigos helénicos adoradores dos velho panteão, o corpo masculino, não morrerás nunca. Pois ficaste nos teus poemas, na tua música, no teu teatro, na memória de muitos...

NOTA: Para os que desconhecem esta faceta do poeta, um poema em galego...!

Canzón de cuna pra Rosalía Castro, morta

¡Érguete, miña amiga,
que xa cantan os galos do día!
¡Érguete, miña amada,
porque o vento muxe, coma unha vaca!


Os arados van e vén
dende Santiago a Belén.
Dende Belén a Santiago
un anxo ven en un barco.
Un barco de prata fina
que trai a door de Galicia.
Galicia deitada e queda
transida de tristes herbas.
Herbas que cobren teu leito
e a negra fonte dos teus cabelos.
Cabelos que van ao mar
onde as nubens teñen seu nidio pombal.

¡Érguete, miña amiga,
que xa cantan os galos do día!
¡Érguete, miña amada,
porque o vento muxe, coma unha vaca!

Música feita a partir de poema de Botto

António Botto nasceu há 114 anos

 
(imagem daqui)
António Tomás Botto (Concavada, Abrantes, 17 de Agosto de 1897 - Rio de Janeiro, 16 de Março de 1959) foi um poeta português.

A sua obra mais conhecida, e também a mais polémica, é o livro de poesia Canções que, pelo seu carácter abertamente homossexual, causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores da época. Foi amigo pessoal de Fernando Pessoa que traduziu em 1930 as suas Canções para inglês, e com quem colaborou numa Antologia de Poemas Portugueses Modernos. Homossexual assumido (apesar de ser casado com Carminda Silva), a sua obra reflecte muito da sua orientação sexual e no seu conjunto será, provavelmente, o mais distinto conjunto de poesia homoerótica de língua portuguesa. Morreu atropelado em 1959 no Brasil, para onde se tinha exilado para fugir às perseguições homófobas de que foi vítima, na mais dolorosa miséria. Os seus restos mortais foram trasladados para o cemitério do Alto de São João, em Lisboa, em 1966.




Soneto

Se, para possuir o que me é dado,
Tudo perdi e eu própio andei perdido,
Se, para ver o que hoje é realizado,
Cheguei a ser negado e combatido.

Se, para estar agora apaixonado,
Foi necessário andar desiludido,
Alegra-me sentir que fui odiado
Na certeza imortal de ter vencido!

Porque, depois de tantas cicatrizes,
Só se encontra sabor apetecido
Àquilo que nos fez ser infelizes!

E assim cheguei à luz de um pensamento
De que afinal um roseiral florido
Vive de um triste e oculto movimento


in As Canções de António Botto - António Botto

Lorca foi assassinado há 75 anos


Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, 5 de Junho de 1898Granada, 19 de Agosto de 1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola devido ao seus alinhamentos políticos com a República Espanhola e por ser abertamente homossexual.

Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transferiu-se para Madrid, onde ficou amigo de artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e publicou seus primeiros poemas.

Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseiam-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928).

Concluído o curso, foi para os Estados Unidos da América e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi norte-americano. Expressou seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens de Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940.

Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La Barraca. Não ocultava suas ideias socialistas e, com fortes tendências homossexuais, foi certamente um dos alvos mais visados pelo conservadorismo espanhol que, sob forte influência católica, ensaiava a tomada do poder, dando início a uma das mais sangrentas guerras fratricidas do século XX.

Intimidado, Lorca retornou para Granada, na Andaluzia, na esperança de encontrar um refúgio. Ali, porém, teve sua prisão determinada por um deputado católico, sob o argumento (que tornou-se célebre) de que ele seria "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver".

Assim, num dia de Agosto de 1936, sem julgamento, o grande poeta foi executado com um tiro na nuca pelos nacionalistas, e seu corpo foi jogado num ponto da Serra Nevada. Segundo algumas versões, ele teria sido fuzilado de costas, em alusão a sua homossexualidade. A caneta se calava, mas a Poesia nascia para a eternidade - e o crime teve repercussão em todo o mundo, despertando por todas as partes um sentimento de que o que ocorria na Espanha dizia respeito a todo o planeta. Foi um prenúncio da Segunda Guerra Mundial.


NOTA:embora a Wikipédia diga que Federico foi assassinado em 19 de Agosto de 1936, novos estudos indiciam que foi dia 17 desse mês, pelas quatro da manhã, que o poeta foi barbaramente fuzilado: 

Há 66 anos foi publicado o livro O triunfo dos porcos

Animal Farm (O Triunfo dos Porcos/) é um romance alegórico do escritor inglês George Orwell, apontado pela revista americana Time entre os cem melhores da língua inglesa. A sátira feita pelo livro à União Soviética comunista obteve o 31º lugar na lista dos melhores romances do século XX organizada pela Modern Library List.
O livro narra uma história de corrupção e traição e recorre a figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e demolir o "paraíso comunista" proposto pela Rússia na época de Stalin. A revolta dos animais da Manor Farm contra os humanos é liderada pelos porcos Snowball (Bola-de-Neve) e Napoleon (Napoleão). Os animais tentam criar uma sociedade utópica, porém Napoleon é seduzido pelo poder, afasta Snowball e estabelece uma ditadura tão corrupta quanto a sociedade de humanos.
Para o autor, um social-democrata e membro do Partido Trabalhista Independente por muitos anos, a obra é uma sátira à política stalinista que, segundo sua ótica, teria traído os princípios da revolução russa de 1917.

Belinda Carlisle - 53 anos

Belinda Carlisle (nascida Belinda Kerzcheski, Los Angeles, Califórnia, 16 de Agosto de 1958) é uma cantora norte-americana e ex-integrante da banda de new wave dos anos oitenta The Go-Go's. Em carreira solo teve grande promeniência lançando clássicos da música pop como "Mad About You", "Heaven Is a Place on Earth" e "Circle in the Sand", assim como outros grandes sucessos. Em sua carreira solo vendeu mais de 7 milhões de álbuns e singles.
Filha de Howard e Joanne Carlisle a cantora é a primeira dos sete filhos do casal, três irmãos e três irmãs. Belinda foi criada em Thousand Oaks, California, foi líder de claque e aos 19 anos de idade tinha o sonho de se tornar uma grande estrela.


Uma das mais famosas vítimas do Muro de Berlim morreu há 49 anos

Peter Fechter (14 de Janeiro de 194417 de Agosto de 1962) era um pedreiro do Leste de Berlim, que, aos 18 anos, se tornou uma das primeiras e, provavelmente, a mais famosa vítima do Muro de Berlim. Ao tentar atravessar a fronteira entre as duas Alemanhas, na rua Zimmerstrasse, ele foi alvejado pelas costas e morreu de hemorragia, sem que os guardas de fronteira da parte ocidental pudessem socorrê-lo.

Carlos Drummond de Andrade morreu há 24 anos

Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de Outubro de 1902Rio de Janeiro, 17 de Agosto de 1987) foi um poeta, contista e cronista brasileiro.

in Wikipédia 

Os Velhos 

Todos nasceram velhos — desconfio.
Em casas mais velhas que a velhice,
em ruas que existiram sempre — sempre
assim como estão hoje
e não deixarão nunca de estar:
soturnas e paradas e indeléveis
mesmo no desmoronar do Juízo Final.
Os mais velhos têm 100, 200 anos
e lá se perde a conta.
Os mais novos dos novos,
não menos de 50 — enorm'idade.
Nenhum olha para mim.
A velhice o proíbe. Quem autorizou
existirem meninos neste largo municipal?
Quem infrigiu a lei da eternidade
que não permite recomeçar a vida?
Ignoram-me. Não sou. Tenho vontade
de ser também um velho desde sempre.
Assim conversarão
comigo sobre coisas
seladas em cofre de subentendidos
a conversa infindável de monossílabos, resmungos,
tosse conclusiva.
Nem me vêem passar. Não me dão confiança.
Confiança! Confiança!
Dádiva impensável
nos semblantes fechados,
nos felpudos redingotes,
nos chapéus autoritários,
nas barbas de milénios.
Sigo, seco e só, atravessando
a floresta de velhos.

in Boitempo - Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, agosto 16, 2011

Música triste para preparar o dia de amanhã


Gacela del amor desesperado - Amancio Prada

La noche no quiere venir
para que tú no vengas
ni yo pueda ir.

Pero yo iré
aunque un sol de alacranes me coma la sien.
Pero tú vendrás
con la lengua quemada por la lluvia de sal.

El día no quiere venir
para que tú no vengas
ni yo pueda ir.

Pero yo iré
entregando a los sapos mi mordido clavel.
Pero tú vendrás
por las turbias cloacas de la oscuridad.

Ni la noche ni el día quieren venir
para que por ti muera
y tú mueras por mí.

Federico Garcia Lorca

Federico García Lorca foi preso há 75 anos

Ódios de família na morte de Federico García Lorca 

75 anos depois, sabemos o nome dos executores e dos presumíveis mandantes do assassínio de Federico García Lorca 


O que teria acontecido se Lorca tivesse escolhido outro título para "A Casa de Bernarda Alba"? É uma especulação. Mas o seu assassínio, diz um historiador, terá mais a ver com uma guerra de famílias da Vega de Granada do que com razões políticas 

Federico García Lorca foi assassinado na madrugada de 17 de Agosto de 1936, junto de um posto militar improvisado em Víznar, arredores de Granada. Faz 75 anos na quarta-feira. É um dos episódios mais obscuros da Guerra Civil Espanhola. A novidade é que a investigação histórica começa prevalecer sobre as lendas. Sabemos agora os nomes dos executores, de presumíveis mandantes e parte das circunstâncias do crime. 

É uma história trágica e sórdida. "Para entender o assassinato de García Lorca temos de remontar aos seus antecedentes familiares no século XIX", escreve o historiador Miguel Caballero Pérez. "Não houve uma só razão. Foi uma concatenação de causas que deu lugar ao assassinato." Muitos dos crimes da Guerra Civil "tiveram a sua origem em desavenças privadas, estranhas a posicionamentos políticos, maceradas na cuba dos ódios e das vinganças familiares." 

A pista dos ódios entre clãs da Vega de Granada foi documentada por Manuel Caballero Pérez e Pilar Góngora em "Historia de una família: la verdad sobre el assassinato de García Lorca" (Ibersaf Editores, 2007). Em Junho passado, Caballero publicou "Las trece últimas horas en la vida de García Lorca" (Esfera de los Libros), em que reconstitui a morte do poeta. "Não nos baseámos nos relatos da tradição oral, que apresentam sempre pequenos erros, mas em documentos absolutamente autenticados", diz. 


Bernarda Alba 

Lorca era filho de Federico García Rodríguez. Os García, os Roldán e os Alba eram famílias rivais, unidas por complexos laços de parentesco. Eram rendeiros que, na viragem do século, começaram a comprar as terras aos latifundiários absentistas. A perda de Cuba, em 1898, lançou a Andaluzia na produção de açúcar, o que fez prosperar os novos proprietários. 

Os conflitos entre os García, por um lado, e os Roldán e os Alba, por outro, não decorriam apenas de rivalidades ou "canalhices" nos negócios. García Rodriguez e Alejandro Roldán Benevides eram também caciques políticos, o primeiro do Partido Liberal, o segundo do Partido Agrário. O advogado Horácio Roldán, filho de Alejandre, pertence à geração de Lorca e é o chefe do clã nos anos 30. 

"A Casa de Bernarda Alba", a última obra de Lorca, ilumina o conflito. A personagem Bernarda remete para Francisca Alba; e duas outras são facilmente identificáveis: o marido e o genro - este sob o nome de Pepe el Romano. Federico fez leituras da peça em Madrid e repetiu-as ao chegar a Granada. Tê-la-á mostrado ao seu primo Alejandro Rodriguez Alba - filho de Francisca Alba e cunhado de Horácio Roldán. A peça não é um retrato naturalista dos Alba. É um "drama rural" espanhol. A alusão aos Alba foi uma "vingança literária". A mãe e o irmão de Federico pediram-lhe insistentemente que retirasse o nome Alba. Ele recusou abdicar de um prazer. 


"Onde estás, Federico?" 

Durante três anos, Espanha esteve suspensa da "guerra" das exumações, desencadeada pela Lei da Memória Histórica (2007) e estimulada pelo juiz Baltasar Garzón. A "guerra" condensou-se em Lorca, "o mais célebre desaparecido da Guerra Civil". A família opôs-se - "Deixem os mortos em paz" -, mas acabou por ceder. As buscas criaram altíssimas expectativas. Mas as escavações de Novembro e Dezembro de 2009, em Alfacar, traduziram-se num retumbante fiasco. Os jornais passaram a perguntar: "Y ahora donde estás, Federico?" 

As buscas seguiram a pista indicada pelo biógrafo oficial de Lorca, Ian Gibson, e por um investigador hispano-americano já falecido, Agustín Peñon. Baseavam-se no testemunho do empregado de mesa granadino Manuel Castillo, "Manolillo el Comunista", que afirmava ter enterrado o poeta. Mostrou o lugar a Peñon em 1956, a Gibson em 1966 e aos dois em 1976. Castillo fora já denunciado como impostor por outros investigadores, como o francês Claude Couffon. Gibson defendeu o seu testemunho mesmo depois do fracasso: "Que tinha ele a ganhar? Não me pediu dinheiro." 

O fracasso das escavações em Alcafar levou também ao regresso de outra "tradição oral": a de que os restos mortais de Lorca teriam sido desenterrados pela família e sepultados clandestinamente na sua casa de Verão, Huerta de San Vicente. Seria a razão que levara os familiares a oporem-se à exumação. As lendas não morrem. 

"Agora temos de reconsiderar a história desde a base", disse a historiadora Maribel Brenes. "A investigação de uma pessoa que se guia pelo coração e não pela cabeça nunca funciona", acrescentou o arqueólogo Francisco Carrión, aludindo a Gibson. "Além das pressões, há os mitos e as pessoas que vivem deles." Brenes e Carrión foram os responsáveis pelas buscas, nomeados por Garzón. 


Desabam mitos 

O fiasco da exumação teve um efeito inesperado: fez desabar algumas ideias feitas. Para lá do erro de localização, punha em causa muitos outros pontos - a data, os executores, os responsáveis últimos. Deitava por terra versões baseadas numa infinidade de testemunhos orais e em lendas politicamente orientadas. 

A morte de Lorca era situada a 19 de Agosto (por vezes 18), apesar de haver desde 1983 uma rigorosa reconstituição da execução, feita pelo jornalista granadino Molina Fajardo, que dava a maioria dos nomes envolvidos. Lorca fora morto na madrugada de 17. Entrevistara 48 testemunhas da época e reunira numerosos documentos. Indicava o local onde Lorca teria sido enterrado. Mas Molina era falangista e o livro foi posto de lado como tentativa de branqueamento da Falange. A investigação de Molina foi o ponto de partida de Caballero, que confirmou e desenvolveu o essencial das suas hipóteses, após uma exaustiva exploração de arquivos. 

Em qualquer história da Guerra Civil Espanhola se encontra a referência à conversa telefónica ou via rádio entre o general Queipo de Llano, comandante dos rebeldes na Andaluzia, e o governador civil de Granada, José Valdés. "Dále café, mucho café", teria ordenado o general. "Café" era o acrónimo de "Camaradas: Arriba Falange Española." Significava uma ordem de morte. O problema é que no governo civil de Granada não havia rádio e as linhas telefónicas tinham sido cortadas por milicianos republicanos. E Queipo não falava com Valdés, mas com o governador militar, o general Espinosa. Os biógrafos não investigaram o suficiente porque os testemunhos orais eram mais "interessantes" do que os documentos. Os historiadores reproduziram essas lendas, politicamente apetecíveis. 

A execução de Lorca foi muitas vezes atribuída a Juan Luis Trescastro, advogado, cacique político e reaccionário notório. Vangloriou-se nos bares de Granada de lhe ter dado "dos tiros en el culo por maricón". Trescastro participou na detenção de Lorca, mas não esteve em Víznar. Ruiz Alonso, tipógrafo e ex-deputado da CEDA (direita), foi também acusado do assassínio. Dirigiu a captura de Lorca, mas não esteve no fuzilamento. Valdés Guzmán, o governador civil, que teria recebido a ordem de Queipo de Llano, estava ausente de Granada no dia da detenção. A ordem de prisão e execução teria partido do seu substituto, Nicolás Velasco Simarro, tenente-coronel da Guardia Civil na reserva. 

A maior resistência é a do mito político: Lorca foi assassinado pelos falangistas, sob ordem de Queipo, porque era "vermelho, homossexual e inimigo da Espanha católica" (Gibson). Tornou-se num ícone dos "vencidos". Lorca era republicano, mas não "vermelho". Tinha amigos comunistas e falangistas - incluindo José António Primo de Rivera, o fundador da Falange. 


A morte

Lorca partiu de Madrid para Granada dias antes da sublevação militar e instalou-se na Huerta de San Vicente. A 9 de Agosto foi objecto de uma provocação e insultado por uma "esquadra negra" aparentemente à procura de um dos caseiros. Refugiou-se em casa dos irmãos Rosales, três falangistas amigos, onde estaria em segurança. Era particularmente próximo do poeta Luis Rosales. 

Às 13.30 horas de 16 de Agosto, Ruiz Alonso, Juan Luis Trescastro e Federico Martin - ex-militar e recém-ingressado na Falange - apresentam-se em casa dos Rosales, com uma escolta de guardas, para deter Lorca. Os irmãos não estão em casa, apenas está a mãe. Transportam-no para o governo civil e entregam-no a Nicolás Velasco. Cerca das dez da noite, é levado para o campo militar de Víznar, onde será fuzilado, antes da quatro da manhã. Com ele foram executados, aparentemente com tiro de pistola militar, o professor primário Dióscoro Galindo e dois bandarilheiros anarquistas, Francisco Galadi e Julián Arcoya Cabezas. A muleta de Don Dióscoro, que era coxo, teria sido atirada para cima dos cadáveres - disse a Molina uma testemunha de Víznar. Um dos executores, que depois se vangloriará de ter dado dois tiros na cabeça do poeta, é Antonio Benavides Benavides, da família Alba e parente afastado de Federico.

Ainda hoje não se sabe quem foi o autor da denúncia que levou Ruiz Alonso à casa dos Rosales. Houve calúnias infamantes. Uma delas apontou o nome de Miguel, o mais velho dos Rosales. Outra indicou uma irmã de Federico, Concha, cujo marido, Manuel Montesinos, "alcalde" socialista de Granada, seria fuzilado no cemitério nesse mesmo dia. Teria entregue o irmão para salvar o pai. 

Quem está por trás da morte de Lorca? Uma pista é a forma apressada e dissimulada do acto. Quem no dia fatal estava no comando do governo civil era Nicolás Velasco, amigo e protector de Horacio Roldán, sublinha Caballero. Os homens que o prendem, tal como os que o transportam a Víznar, seriam também amigos políticos dos Roldán. Quando Luís Rosales chegou ao governo civil, na tarde de 17, com uma ordem de soltura assinada por Espinosa, o governador militar, Federico já lá não estava. 

"Y ahora donde estás, Federico?" Marguerite Yourcenar contemplou um dia a paisagem em que foi assassinado. "A Serra Nevada perfilando-se majestosa no horizonte. E disse-me a mim mesma que um lugar como aquele envergonha toda a pacotilha de mármore e de granito que povoa os nossos cemitérios, e que se pode invejar o irmão por ter começado a sua morte naquela paisagem de eternidade. Não se pode imaginar mais formosa sepultura para um poeta." 

O Irmão Roger de Taizé morreu há 6 anos


Frère Roger (Irmão Roger) (Vaud, Suíça, 12 de maio de 1915 - Taizé, 16 de agosto de 2005 - 90 anos), baptizado Roger Louis Schütz-Marsauche, foi o fundador da Comunidade de Taizé.


António Nobre nasceu há 144 anos

António Pereira Nobre (Porto, 16 de Agosto de 1867 - Foz do Douro, 18 de Março de 1900), mais conhecido como António Nobre, foi um poeta português cuja obra se insere nas correntes ultra-romântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra, (Paris, 1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e com a rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas. Apesar da sua produção poética mostrar uma clara influência de Almeida Garrett e de Júlio Dinis, ela insere-se decididamente nos cânones do simbolismo francês. A sua principal contribuição para o simbolismo lusófono foi a introdução da alternância entre o vocabulário refinado dos simbolistas e um outro mais coloquial, reflexo da sua infância junto do povo nortenho. Faleceu com apenas 33 anos de idade, após uma prolongada luta contra a tuberculose pulmonar.



Vaidade, Tudo Vaidade! 

Vaidade, meu amor, tudo vaidade! 
Ouve: quando eu, um dia, for alguém, 
Tuas amigas ter-te-ão amizade, 
(Se isso é amizade) mais do que, hoje, têm. 

Vaidade é o luxo, a gloria, a caridade, 
Tudo vaidade! E, se pensares bem, 
Verás, perdoa-me esta crueldade, 
Que é uma vaidade o amor de tua mãe... 

Vaidade! Um dia, foi-se-me a Fortuna 
E eu vi-me só no mar com minha escuna, 
E ninguém me valeu na tempestade! 

Hoje, já voltam com seu ar composto, 
Mas eu, vê lá! eu volto-lhes o rosto... 
E isto em mim não será uma vaidade? 

in - António Nobre

O cantor Francisco José nasceu há 87 anos


(imagem daqui)




Francisco José Galopim de Carvalho (Évora, 16 de Agosto de 1924 - Lisboa, 31 de Julho de 1988), mais conhecido como Francisco José, foi um cantor português.