Recordar António Botto com um seu poema musicado...

 

Se me deixares eu digo

Se me deixares, eu digo
O contrario a toda a gente;
E, n'este mundo de enganos,
Fala verdade quem mente.
Tu dizes que a minha boca
Já não acorda desejos,
Já não aquece outra boca,
Já não merece os teus beijos;
Mas, tem cuidado comigo,
Não procures ser ausente:
- Se me deixares, eu digo
O contrario a toda a gente.

   
  
in Canções (1922) - António Botto

 

António Botto morreu há 54 anos

(imagem daqui)

António Tomás Botto (Concavada, Abrantes, 17 de agosto de 1897 - Rio de Janeiro, 16 de março de 1959) foi um poeta português.

A sua obra mais conhecida, e também a mais polémica, é o livro de poesia Canções que, pelo seu carácter abertamente homossexual, causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores da época. Foi amigo pessoal de Fernando Pessoa que traduziu em 1930 as suas Canções para o inglês, e com quem colaborou numa Antologia de Poemas Portugueses Modernos. Homossexual assumido (apesar de ser casado com Carminda Silva), a sua obra reflete muito da sua orientação sexual e no seu conjunto será, provavelmente, o mais distinto conjunto de poesia homoerótica de língua portuguesa. Morreu atropelado em 1959 no Brasil, para onde se tinha exilado para fugir às perseguições homófobas de que foi vítima, na mais dolorosa miséria. Os seus restos mortais foram trasladados para o cemitério do Alto de São João, em Lisboa, em 1966.

in Wikipédia

Se me deixares eu digo

Se me deixares, eu digo
O contrario a toda a gente;
E, n'este mundo de enganos,
Fala verdade quem mente.
Tu dizes que a minha boca
Já não acorda desejos,
Já não aquece outra boca,
Já não merece os teus beijos;
Mas, tem cuidado comigo,
Não procures ser ausente:
- Se me deixares, eu digo
O contrario a toda a gente.

in Canções (1922) - António Botto

Música feita a partir de poema de Botto