sexta-feira, fevereiro 04, 2011

A bancarrota a duas vozes

(imagem daqui)

Razões por que o bloco central me faz pele de galinha - II

Que tristeza, ouvir ontem no jornal da TVi24, Marques Mendes fazer coro com a ministra Canavilhas, elogiando a iniciativa Guimarães - capital europeia da Cultura 2012, e a sua direcção e Conselho Geral, onde figuram Jorge Sampaio e Freitas do Amaral.
A qual Guimarães - capital europeia da cultura (e agora cito Alberto Gonçalves, na Sábado de ontem) custará por volta de 111 milhões de euros, e deixará depois uma Fundação Cidade de Guimarães em funcionamento até 2015, com administradores auferindo 10 000 euros mensais, e pagando entre 300 e 500 euros aos 15 membros do Conselho Geral por cada reunião a que estejam presentes, e pagando entre 3000 e 5400 euros mensais aos 6 programadores culturais que lá ficam.
Endividados, nós? Ora, isso é só do lado dos contribuintes.

in Corta-fitas - post de José Mendonça da Cruz

ADENDA: tínhamos já publicado um post sobre esta fantástica Fundação (ver aqui). É curioso que, mesmo depois de tanta celeuma nos media e blogosfera, continuem a insistir na asneira e na roubalheira.

A propósito das estranhas declarações (privadas) de ministros socialistas aos jornais

Esquecido na mesa do Conselho de Ministros



Barca Bela



Barca Bela

Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela.
Que é tão bela,
Oh pescador?

Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Oh pescador!

Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Oh pescador!

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela,
Só de vê-la,
Oh pescador.

Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela
Foge dela
Oh pescador!

Almeida Garrett

Almeida Garrett nasceu há 211 anos

Google Doodle de hoje

As Minhas Asas


Eu tinha umas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.

— Eram brancas, brancas, brancas,
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas,
Por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra,
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
— Veio a ambição, coas grandezas,
Vinham para mas cortar,
Davam-me poder e glória;
Por nenhum preço as quis dar.

Porque as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.

Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas,
E já suspenso da terra,
Ia voar para elas,
— Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi entre a névoa da terra,
Outra luz mais bela que elas.

E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Para a terra me pesavam,
Já não se erguiam ao céu.

Cegou-me essas luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!

— Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.

E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Pena a pena me caíram...
Nunca mais voei ao céu.

The Show Must Go On

Recordar Almeida Garrett no aniversário do seu nascimento


João Baptista da Silva Leitão de Almeida e mais tarde visconde de Almeida Garrett, (Porto, 4 de Fevereiro de 1799Lisboa, 9 de Dezembro de 1854) foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, Par do Reino, ministro e secretário de Estado honorário português.
Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.


 

A Guerra do Ultramar começou há 50 anos



A Guerra da Independência de Angola (1961-1974), que começou por um levantamento contra colheitas forçadas de algodão, tornou-se uma luta de várias facções pelo controlo de Angola com onze movimentos separatistas, acabando em 1975 quando o governo angolano, a UNITA, o MPLA e a FNLA assinaram o Acordo do Alvor, após a Revolução dos Cravos em Portugal do dia 25 de Abril de 1974. Foi essencialmente uma guerra de guerrilha na qual as Forças Armadas Portuguesas lutaram contra vários grupos independentistas armados e dispersos por algumas zonas escassamente povoadas do vasto território angolano administrado por Portugal. Quanto a posições exteriores, os grupos nacionalistas revoltosos puderam contar principalmente com o apoio da República Democrática do Congo; em relação a Portugal, houve apoio por parte da África do Sul. Várias atrocidades foram cometidas por todas as forças envolvidas no conflito.


ADENDA: passam também hoje 160 anos sobre a data em que os Estados Unidos se dividiram:

Os Estados Confederados da América (Confederated States of America, em inglês; abreviação: CSA), também conhecida como A Confederação (The Confederacy, em inglês) foi uma unidade política formada em 4 de Fevereiro de 1861 por seis Estados do Sul agrário e escravista dos Estados Unidos da América - Alabama, Carolina do Sul, Flórida, Geórgia, Louisiana e Mississipi - após o abolicionista Abraham Lincoln ter vencido as eleições presidenciais de 1860. Jefferson Davis foi escolhido como o primeiro Presidente dos Estados Confederados da América no dia seguinte, e o único a presidir da Confederação até ter sido capturado pela União, em 10 de abril de 1865, um dia após a rendição incondicional das tropas confederadas em Appomattox.

O último álbum de Freddie Mercury foi lançado há 20 anos


Innuendo é o décimo quarto álbum de estúdio da banda inglesa Queen e foi lançado em Fevereiro de 1991.
O álbum foi gravado durante o ano de 1990 e planeado inicialmente para que fosse lançado no final deste mesmo ano. Sendo assim,aproveitariam a época de natal para alavancar as vendas do disco, mas devido a fragilidade na saúde de Freddie Mercury, as gravações tiveram que transcorrer em um ritmo mais lento, e o álbum acabou sendo lançado somente em Fevereiro do ano seguinte.
Assim como no álbum The Miracle, a autoria de todas as faixas aparecem como sendo Queen, excepto na canção All God's People que é creditada a QUEEN e Mike Moran. Isso porque esta canção havia sido iniciada durante as gravações do álbum solo de Freddie Mercury, Barcelona, onde Mike Moran ajudou Mercury nas composições das canções. Existem inúmeras faixas inéditas (fora as demos) gravadas nas sessões de "Innuendo", sendo algumas delas: "My Secret Fantasy", "Robbery", "Self Made Man", "Assassin" e "Face It Alone".
A canção "I Can't Live With You", ganhou uma nova versão no álbum "Queen Rocks", lançado em 1997.
Innuendo foi recebido como o álbum mais triste que foi feito pelo grupo Queen. Principalmente porque, durante os clipes, principalmente o de These Are The Days of Our Lives, nota-se um Freddie Mercury visivelmente fraco e abatido, consequência da SIDA que ele contraiu. Freddie Mercury morreu no mesmo ano em que este álbum foi lançado.


Segurança na Internet - sugestão de actividade


As TIC são hoje um lugar-comum na sociedade e também nas escolas. Só fazem sentido se os utilizadores as souberem usar em seu benefício, de forma segura, crítica e esclarecida.
No dia 8 de Fevereiro de 2011 comemora-se o Dia da Internet Segura. Para que este dia seja assinalado na comunidade escolar, convidamos todas as escolas a dinamizarem actividades sobre as temáticas relacionadas com a Segurança na Internet, na segunda semana de Fevereiro de 2011.
Vamos envolver a escola! Esta é a oportunidade perfeita para introduzir, ou reforçar, o tema da Segurança na Internet entre os alunos, professores, funcionários escolares, encarregados de educação e pais, bem como consolidar os conceitos que, eventualmente, terão sido, ou virão a ser, abordados na sala de aula.

Convidamos a comunidade escolar de todas as escolas públicas e privadas, da educação pré-escolar ao ensino secundário, a juntarem-se a esta iniciativa..

Para apoiar as escolas no desenvolvimento de actividades próprias na semana de 7 a 11 de Fevereiro de 2011, disponibilizamos sugestões e conteúdos de apoio. Para darmos a merecida visibilidade à iniciativa de cada escola/agrupamento, solicitamos que procedam ao registo das escolas ou agrupamentos preenchendo um formulário simplificado (aqui).




quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Hoje é o dia em que a música morreu...


Em 3 de Fevereiro de 1959, um avião de pequeno porte caiu próximo a Clear Lake, Iowa, matando três músicos estadunidenses de rock and roll: Buddy Holly, Ritchie Valens e J. P. "The Big Bopper" Richardson, assim como o piloto Roger Peterson. Este dia seria definido posteriormente por Don McLean em sua canção "American Pie" como "o dia em que a música morreu" – The Day the Music Died.




Já nasceram (ou estão quase a nascer...) os que vão pagar as loucuras de Sócrates e seus antecessores

(imagem daqui)

Acabou-se o saldo dos Magalhães...



NOTA: já não há daquilo com que se compram SCUT's, aeroportos, TGV's, Escolas de faz de conta, assessores e afins... Voltem daqui a 50 anos.

Um fantástico sistema estelar

Digam “Olá!” à Kepler-11a: a estrela com cinco planetas mais próximos que Mercúrio do Sol

O sistema estelar está a 2000 anos-luz

Chama-se Kepler-11 e está a 2000 anos-luz de nós. Mas mesmo assim, o telescópio Kepler conseguiu identificar à sua volta seis planetas junto à estrela, cinco dos quais estão tão próximos que completam uma volta em menos de 50 dias (Mercúrio demora pouco menos de 88 dias para completar o seu ano). A descoberta é publicado hoje na edição online da revista Nature.

“Estes seis planetas são uma mistura de rocha e gases, e possivelmente incluem água”, disse em comunicado Jack Lissauer, astrónomo da equipa do Kepler da NASA, que trabalha no Centro de Investigação Ames, na Califórnia. “O material rochoso faz a maioria da massa dos planetas, enquanto os gases são responsáveis por grande parte do volume”, disse o cientista, o primeiro de quase 40 autores do artigo publicado na Nature, e acrescentou que estes planetas “estão entre os exoplanetas confirmados com menor massa”.

Os planetas chamam-se Kepler-11b, c, d, e, f e g, têm raios entre 1,97 e 4,52 vezes o da Terra. O mais distante, Kepler-11g, está mais perto da estrela do que Vénus está do Sol.

“É provável que haja mais planetas [neste sistema] que não sejam detectados pelo Kepler”, disse ao PÚBLICO Sérgio Sousa, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto. O Kepler é um óptimo telescópio a identificar os trânsitos dos planetas. Ou seja, identifica a diminuição mínima de luz de uma estrela, sempre que um planeta passa à frente dela, o que permite determinar o raio do planeta.

Mas há limitações: quanto mais longe o planeta estiver da estrela e mais pequeno for, mais difícil é ser identificado. Para lá do Kepler-11g, podem por isso existir mais planetas.Além disso, se o planeta estiver a girar em torno da estrela num plano acima da nossa linha de visão, vai ser impossível ver o trânsito do planeta.

No caso da Kepler-11a foi um verdadeiro bingo. Os planetas estão pertíssimo da estrela e estão juntos uns dos outros, fazendo com que haja uma grande influência gravítica medida pelo Kepler. Isto permitiu identificar as massas. Esta informação mais o que se sabe sobre a estrela —- um sol semelhante ao nosso — fez com que os astrónomos determinassem as composições do planetas.

Candidatos a “Terra”

Os seis planetas têm uma densidade menor do que a Terra. Segundo Jonathan Fortney, outro autor do artigo, os dois planetas interiores têm uma grande quantidade de água, e os mais exteriores já têm uma atmosfera de hidrogénio e hélio.

“Todos estes planetas começaram [a sua existência] com atmosferas de hidrogénio e hélio bem maiores. Vemos o remanescente dessa atmosfera nos planetas mais exteriores. Os mais próximos provavelmente perderam a maior parte [por estarem mais junto à estrela]”, sugeriu Fortney.

Para Sérgio Sousa estas hipóteses ainda são muito preliminares. “Estes planetas são mais maciços do que a Terra e, apesar de estarem mais perto da sua estrela, não sabemos como é a sua atmosfera, há várias composições possíveis”, explicou.

Uma das surpresas a emergir desta descoberta é que a formação destes seis planetas teve de ser muito mais acelerada do que os teóricos prevêem. De apenas cinco milhões de anos. “A ciência divide-se na teoria e nas observações e as duas vão ter de bater certo. Esta é uma observação que dará muitas ideias e muitas restrições aos teóricos”, antecipou o cientista.

Juntamente com este seis planetas, o Kepler tem uma avalanche de novos dados, anunciou a NASA. Há 1235 planetas candidatos que precisam da ajuda de outros aparelhos para se confirmar se são realmente planetas. Cinco deles são do tamanho semelhante à Terra e estão na região habitável. Por isso, teoricamente, podem albergar vida. Agora, é esperar que haja uma confirmação.

Música dos anos noventa para geopedrados - os Skunk Anansie estão a chegar!


Secretly - Skunk Anansie

I've been biding my time
Been so subtly kind
I got to think so selfishly
'Cos you're the face inside of me

I've been biding my days
U see evidently it pays
I've been a friend
With unbiased views
Then secretly lust after you

So now he's gone rusty
You're bored and bemused
You wanna do someone else
So you should be by yourself
Instead of here with me
Secretly

Trying hard to think pure
Bloody hard when I'm raw
You talking out so sexually
'bout boys 'n girls and your friggin' dreams
So now you feel lusty
You're hot and confused
So now you've been busted
You're caught feeling used

You had to do someone else
You should've been by yourself
Instead of here with me
Secretly
Secretly

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Anarquistas ou socialistas?!?

(imagem daqui)



NOTA 1: como é que o pobres deputados, tão importantes para a gestão da res publica, podem aprovar a perda do tacho? Que falta de sensibilidade de Jorge Lacão, que não entende o aparelho socialista...

NOTA 2: o estertor de um governo que enterra o país inclui estas cenas estranhas; sugere-se que Assis & Sócrates treinem convenientemente o Lacão - podem até basear-se neste caso, que teve bastante sucesso:




NOTA 3: os suíços são uns invejosos; só porque o PS fala a duas vozes no parlamento, tinham logo de copiar o lacão & assis:

Cobra albina nasce com duas cabeças
O dono diz que nunca tinha visto nada assim: uma cobra albina nasceu com duas cabeças na Suíça.

O réptil, da espécie Thamnophis, pode ser visto numa exposição do museu da Basileia, esclarece o ‘Daily Telegraph’.

Se isto foram os treinos, o TGV será mais um sucesso de Sócrates

 (imagem daqui)

Na maior parte dos países europeus, o uso da ferrovia cresce
Portugal perdeu 43 por cento dos passageiros de comboio em 20 anos

Duas décadas de aposta em auto-estradas e de fechos sucessivos de linhas de comboio fizeram com que Portugal perdesse, durante este período, 99 milhões de passageiros de caminhos-de-ferro.

Dos 231 milhões de viagens de comboio realizadas em 1988, passou-se para 131 milhões em 2009, uma redução de 43 por cento.

Este número ilustra, de forma clara, o que tem sido a evolução do uso da ferrovia em Portugal, em contraponto claro com aquilo que se passa na maior parte dos outros países europeus. E faz com que se questione o impacto das políticas seguidas neste sector no passado e no presente.

Ontem, foi retirado o serviço ferroviário regional em mais 138 quilómetros de vias-férreas, depois de, no ano passado, se terem encerrado 144 quilómetros de linhas (com a promessa de reabilitação que não aconteceu).

Este acto de gestão é defendido como uma forma de reduzir o défice da CP, permitindo à empresa melhor concentrar a sua oferta nos grandes eixos onde o caminho-de-ferro cumpre a sua função de transporte de grandes massas.

No entanto, o que as estatísticas dos últimos 20 anos provam é que sempre que se cortaram linhas férreas, o número de passageiros diminuiu. Em 1990, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro, reduziram-se abruptamente 700 quilómetros de vias-férreas, sobretudo em Trás-os-Montes e no Alentejo. O resultado foi que as linhas principais, vendo-se amputadas dos ramais que as alimentavam, ficaram com menos gente.

Mas poder-se-ia ainda argumentar que com os ramais fechados, desapareceram os clientes que só faziam distâncias curtas (nada apropriadas a um sistema pesado como é o ferroviário e, logo, mais adaptados ao autocarro), aumentando o número de passageiros que viajam de comboio em percursos superiores. Errado mais uma vez: a prática demonstra o contrário. O número de passageiros por quilómetro percorrido) era de 6 milhões em 1988, baixou para 5,6 em 1991 e é agora de 3,7 milhões.

Dito de outra maneira, enquanto em 1989 cada português fazia uma média de 22 viagens de comboio por ano (em termos absolutos), hoje só faz dez.

E será que os resultados da CP melhoram, com a redução de linha? Também aqui as tendências pesadas do passado provam exactamente o oposto. E mostram mais: que quem ganha com o negócio são sempre os autocarros e, claro, o transporte individual.

Caso único na Europa

A quota de mercado do caminho-de-ferro no transporte de passageiros afundou-se em cerca de 66 por cento entre 1990 e 2008. Essa quota face à rodovia não passa hoje dos 4,4.

É claro que para isto muito contribuiu a forte aposta na infra-estruturação rodoviária do país. Os números do Portugal do betão e do alcatrão são significativos: o pequeno país periférico tem 20 metros de auto-estrada por Km2 contra 16 metros que é a média europeia. Mas na rede ferroviária só possui 31 metros por Km2 contra 47 metros da média da União Europeia.

Não surpreende, assim, que nos países da Europa Ocidental Portugal seja o único que, em 20 anos, perdeu passageiros na ferrovia. É certo que a França, a Holanda e a Suíça tiveram crescimentos modestos - "só" conseguiram transportar cerca de 30 por cento mais de passageiros -, mas isso resulta de serem mercados maduros onde a tradição de andar de comboio é quase ancestral. A Grã-Bretanha, país que foi o berço do caminho-de-ferro, cresceu 53 por cento em 20 anos, a sua vizinha Irlanda 57 por cento, a Bélgica 55,2 por cento e a Alemanha 83 por cento, em parte graças à aposta em comboios de alta velocidade que são um verdadeiro luxo.

Mas o mais curioso é que o único país dos três dígitos é precisamente a Espanha, com um aumento de 157 por cento. Em 20 anos, nuestros hermanos, que apostaram no TGV, passaram de 182 milhões de passageiros dos seus velhos comboios dos anos oitenta (muitos deles, à época, bem piores do que os portugueses) para 467 milhões de clientes da ferrovia. Um aumento que contrasta com o envergonhado decréscimo de passageiros de comboio de 43 por cento no cantinho luso.

O que falhou, então?

A resposta terá que ser dada mais pelo lado da rodovia do que da ferrovia. Entre 1992 e 2008, por cada euro investido no caminho-de-ferro eram aplicados 3,3 euros na rodovia. Durante este período, a Refer investiu 5,9 mil milhões de euros e os contratos da Estradas de Portugal para construção de novas vias rodoviárias atingia 19,8 mil milhões de euros.

E a divergência tem vindo a acentuar-se. Por exemplo, em 1995, enquanto a Refer investia 250 milhões de euros nos carris, a Estradas de Portugal avançava com um pacote de 12 novas concessões (três delas vindas do Governo de Durão Barroso) no valor de 4,5 mil milhões de euros relativos a 2500 quilómetros de estradas.

Álvaro Costa, especialista em Transportes na Faculdade de Engenharia do Porto, diz que os 40 milhões de passageiros perdidos na ferrovia não são mais do que o reflexo da política seguida em Portugal em relação ao investimento público em infra-estruturas de transporte e a sua forma de financiamento.

"Tem-se investido muito na construção de auto-estradas, algumas com índices de utilização muito baixos, mas, como o financiamento está contratualizado com o sector privado, não existe nenhuma vantagem em encerrarem, porque daí não resultaria nenhuma vantagem para o Estado", explica. Já com as linhas de caminho-de-ferro é muito diferente porque o seu encerramento faz o Estado poupar custos e o sector rodoviário ganhar passageiros e aumentar a procura. É por isto que Álvaro Costa entende que o sector privado deveria ter sido mais envolvido na exploração das linhas de caminho-de-ferro. "Se assim fosse, talvez a situação fosse diferente da actual", diz.

Nelson Oliveira, presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos-de-Ferro (que congrega 1100 associados), chama a atenção para o facto de não só se terem perdido passageiros, como os défices da CP e da Refer terem vindo sempre a aumentar.

E questiona se os objectivos comerciais e técnicos estabelecidos pelos decisores nas últimas décadas eram os mais adequados. Por exemplo: "Será que o custo-benefício da modernização da Linha do Sul foi vantajoso para ainda se demorar três horas na ligação mais rápida entre Lisboa e Faro? Será este tempo concorrencial com o transporte individual?"

Mas há mais perguntas: "Apesar dos encerramentos nos últimos 20 anos, melhoraram os resultados? Há mais passageiros? Os prejuízos das empresas são menores? Não. Por isso, o problema tem certamente outras causas. Não são os serviços alegadamente deficitários os culpados".

O também engenheiro com uma pós-gradução em Caminhos-de-Ferro aponta outras causas para este declínio: "Um Estado que não fiscaliza como é prestado o serviço de transportes públicos, uma política que insiste em duplicar auto-estradas em zonas já servidas pelo caminho-de-ferro, uma política que encerra linhas férreas onde alegadamente há pouco tráfego (sem questionar se o serviço comercial prestado é o mais adequado), mas não constrói vias-férreas onde elas são necessárias, como é o caso de Viseu, uma das maiores cidades da Europa que não são servidas pelo comboio".

Nelson Oliveira critica também "o sucessivo espartilhar dos diversos serviços, com uma artificial separação entre longo curso, regionais e suburbanos que torna o comboio pouco atractivo para quem tenha necessidades de usar mais do que um comboio". É por isso, explica, que o encerramento de ramais e diminuição de serviços regionais afasta cada vez mais o público. E conclui: "Os decisores parecem esquecer-se de que estes serviços também alimentam os serviços principais com passageiros. A prosseguir este caminho, mata-se o doente à procura da cura".

Música dos anos noventa para geopedrados



You'll Follow Me Down - Skunk Anansie

Survived, tonight, I may be going down,
'cos everything goes round too, tight, tonight,
& it, you watch him crawl, you stand for more.
& your panic stricken, blood will thicken up, tonight
'Cos I don't want you, to forgive me,
you'll follow me down, you'll follow me down,
you'll follow me down
Survive tonight, (I see your) head's exposed,
so we shall kill, constructive might, s'right,
as your emotions fool you, (my) strong will rule,
I won't feel restraint, watching you close sense down,
I can't compensate, that's more than I've got to give.

COIMBRA - Foto interactiva

Para quem ainda não viu, regalem-se com a nossa Coimbra:


NOTA: sugestão do colega e amigo geopedrado Xabregas...

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Novidades sobre a nossa família biológica

HOMO, PAN & PONGO

Crónica publicada no "Diário de Coimbra":

Cerca de seis anos de trabalho de uma equipa internacional envolvendo 34 instituições de vários países, (incluindo os biólogos portugueses Rui Faria e Olga Fernando na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona), liderada pelo geneticista Devin Locke, da Escola de Medicina da Universidade de Washington (São Luís, Missouri, EUA), determinou a sequência de três mil milhões de moléculas que compõem as longas cadeias de DNA (ácido desoxirribonucleico) nos 48 cromossomas que compõem o genoma do Orangotango (género Pongo). A sua sequenciação genómica foi agora publicada na revista Nature.

Depois do genoma da nossa espécie (Homo sapiens) em 2003, do chimpanzé (Pan troglodytes) em 2005, este é o terceiro primata a ter o genoma mapeado.

Actualmente já só existem duas espécies de orangotango. A espécie Pongo abelii vive nas florestas de Samatra (Indonésia), enquanto que a Pongo pygmaeus tem como habitat as florestas de Bornéu (Malásia). Ambas estão ameaçadas de extinção devido à acção da mesma espécie que agora a sequenciou: a humana.

O genoma de um exemplar fêmea da espécie Pongo abelii, de nome Susie, vivendo em cativeiro no Jardim Zoológico de Glayds Porter, Texas (EUA), serviu a base à sequenciação. Sobre ele foram anotados as divergências da sequência genómica de outros cinco orangotangos de Sumatra e cinco orangotangos de Bornéu, que também foram sequenciados, embora em menor detalhe, assim como as diferenças com os genomas humano e do chimpanzé.

Os cientistas encontraram uma semelhança de 97% entre o genoma humano e o do orangotango, uma diferença na posição de 120 milhões de moléculas. Recorde-se que a diferença entre o nosso genoma e o do chimpanzé é de apenas 1% (cerca de 40 milhões de bases).


Mas o genoma agora sequenciado apresenta várias surpresas para os geneticistas. O genoma do Orangotango sofreu muito menos variações do que o dos humanos e dos chimpanzés desde que os nossos antepassados comuns divergiram. O género do orangotango originou-se há cerca de 12 a 16 milhões de anos, enquanto que as linhagens que nos deram origem e aos chimpanzés se separaram entre 5 a 6 milhões de anos atrás. Os estudos comparados mostram agora que quer o nosso genoma quer o do chimpanzé ganha ou perde genes a uma taxa dupla daquela que afecta o genoma do orangotango.

O estudo agora publicado redefine também o momento de separação entre as duas espécies de orangotangos ainda existentes. Estudos anteriores apontavam para que as duas espécies se tinham originado há cerca de um milhão de anos. Esta distância foi agora encurtada para 400 mil anos pelo presente estudo.

Curiosamente, num outro artigo publicado no dia seguinte, mas on-line, na revista Genome Research, Mikkel Schierup e Thomas Mailund da Universidade Dinamarquesa de Aarhus (também co-autores do artigo na Nature), comparam a estrutura dos genomas dos três primatas e mostram que apesar de mais distanciados, 0,5% do nosso genoma e do orangotango são muito mais semelhantes entre si do que com o do chimpanzé, nosso primata evolutivamente mais próximo de nós. Isto significa que mantivemos genes comuns ao orangotango que foram suprimidos na evolução do chimpanzé. Muito estudo funcional e proteómico terão ainda de ser feito para descodificar estas semelhanças e diferenças.

As expectativas aumentam sobre o que é que nos trará a sequenciação em curso de mais dois primatas: o gorila (género Gorilla) e o bonobo (Pan paniscus).

De volta ao orangotango, é curiosa a singularidade do genoma desta espécie em vias de extinção ter sido acabado de sequenciar em 2010 (o manuscrito foi submetido a 11 de Março de 2010 e aceite em 19 de Novembro para publicação), ano internacionalmente dedicado à Biodiversidade, e publicado agora no início do Ano Internacional da Floresta. É que o nome orangotango resulta da junção de duas palavras da língua malaia que significam “pessoa da floresta”.

Felizmente o estudo agora publicado mostra uma grande variabilidade genética entre as populações de orangotangos, o que significa uma maior capacidade adaptação a mudanças ambientais o que por si só é um bom indicador para a sobrevivência destas espécies ameaçadas.

in De Rerum Natura - post de António Piedade

A ética republicana e socialista - versão sangue do meu sangue

(imagem daqui)


NOTA: só a blogosfera e os jornais conseguem parar este saque e sangria. Há que estar atento e não deixar passar nada em branco...

Recordar um dia triste


O Alma


Nasce morta a luz da aurora
Sobre a terra portuguesa.

E desta luz falecida
Nascem já murchas as flores;
E nascem almas sem vida
E sem amores...

Ó Portugal solitário,
És um calvário
Onde o sol morre na cruz,
Como Jesus...
E a sombra escura,
No ar infindo
Empedernindo,
Toma não sei que trágica figura,
Ameaçadora...

Que luz tão fria!
Nasce morta luz da aurora...
E a luz do dia
Cai, em sombra, na terra portuguesa...
Ai, que tristeza
E que melancolia

in D. Carlos - Drama em Verso (1919) - Teixeira de Pascoaes

Um dia triste recordado em poesia

(imagem daqui)

O REGICÍDIO


Carruagem descoberta.
Ei-la, a Família Real.
Soa um tiro. A bala acerta
No Rei, traidora e mortal.

E outra, no mesmo instante,
Vara o Príncipe, que cai,
A sangrar, agonizante,
Depois de vingar o Pai.
Outra, ainda, fere o Infante.

Vulto de tragédia antiga,
A Rainha, em desatino,
Com flores de um ramo, fustiga
Este segundo assassino...

Foge o povo, apavorado,
Enquanto a polícia acorre
E o regicida, alvejado,
Morre.

Quadro horrendo, tal horror !
A Pátria a esvair-se, exangue !
Não pode vencer a dor
O português d'alma e sangue.

Traja luto Portugal
Cem anos que a sina traça,
Julgando ver, espectral,
Toda a Família Real
Sã e salva da desgraça.

Num novo tempo feliz,
Seja o sonho realidade !
E reverdeça a raiz !
E, inútil, murche a saudade !

António Manuel Couto Viana

Há 103 anos mataram o pai e irmão do último Rei português


EL-REI

Longe da luz
A que sonhou na infância
Em vez de predomínio e de conquista
Sonhos de amor
Entre visões de artista
Morreu de desconsolo e de distância.

Caminho aberto
À morte por essa ânsia
Que mais se exalta
Quanto mais contrista
De quem recorda o lar que nunca avista
E se consome em lúcida constância.

Porque acima do trono e da realeza
Havia o céu azul, a claridade
Da sua amada Terra Portuguesa
Havia a Pátria, e dizem, que impiedade
Dizem que não se morre de tristeza
Dizem que não se morre de saudade.

Branca de Gonta Colaço

segunda-feira, janeiro 31, 2011

Eu sou o PM (Rui Unas feat Cláudia Semedo ou José Socrates feat Rihanna)

Música do final dos anos oitenta para geopedrados


Misty Morning, Albert Bridge - The Pogues


I dreamt we were standing
By the banks of the Thames
Where the cold grey waters ripple
In the misty morning light
Held a match to your cigarette
Watched the smoke curl in the mist
Your eyes, blue as the ocean between us
Smiling at me


I awoke alone and lonely
In a faraway place
The sun fell cold upon my face
The cracks in the ceiling spelt hell
Turned to the wall
Pulled the sheets around my head
Tried to sleep, and dream my way
Back to you again


Count the days
Slowly passing by
Step on a plane
And fly away
I'll see you then
As the dawn birds sing
On a cold and misty morning
By the Albert Bridge

A propósito da trapalhada dos graus académicos bolonheses

O Conselho Nacional das Profissões Liberais e Graus Académicos

“A vida é um pouco mais complexa do que se diz, e também as circunstâncias. Há uma necessidade premente de mostrar essa complexidade” (Marcel Proust, 1871-1922).

Mercê da atabalhoada transformação do então ensino médio em ensino superior politécnico, tem-se assistido à vã tentativa de endireitar a sombra torta de uma vara de sucessivas asneiras, agravando-se, pelo contrário, a situação ao taparem-se buracos por um lado e abrindo-se crateras por outro lado.

Tudo isto feito ao sabor de uma política de ensino superior nada digna de crédito e, muito menos, de aplauso, por a legislação que lhe foi servindo de respaldo ter ido, na escuridão da noite e de baionetas caladas, ao encontro de interesses partidários, da vozearia dos maiores sindicatos docentes e da vontade de professores e alunos do então chamado ensino superior curto, hoje denominado de ensino politécnico. Tudo isto aconteceu, em parte, por causa de uma declarada apatia inicial do corpus universitário face aos poderes públicos que, num abrir e fechar de olhos, de um inicial e simples diploma de estudos superiores do ensino politécnico, passaram a conceder o bacharelato para daí partirem para a licenciatura e o mestrado. E ainda a procissão vai no adro!

Reporto-me, por ora, aos graus académicos universitários, imediatamente anteriores ao chamado “Processo de Bolonha”: licenciatura (“com o prestígio da Universidade que lhe deu a primeira credencial de título académico nobilitante”, nas palavras de Adriano Moreira), mestrado e doutoramento. Um tanto a latere, deve ser esclarecido que, embora com vida efémera, a seguir a 25 de Abril, assistiu-se à recuperação do grau de bacharel - com tradição secular em Portugal, v.g., o caso de Eça de Queiroz- na Faculdade de Direito de Coimbra e outras faculdades portuguesas do outros ramos do saber.

Petições do “Conselho Nacional das Ordens Profissionais “(CNOP) têm tentado, de certo modo, minorar, as sucessivas asneiras cometidas no que concerne à atribuição, sem rei nem roque, de graus académicos em território nacional. O núcleo duro da proposta por si apresentada reside em “atribuir a equiparação do grau de mestre às antigos licenciaturas universitárias anteriores a Bolonha”.


Pode dizer-se que remonta ao ano de 2004 esta preocupação do CNOP pela confusão que se desenhava no horizonte entre os graus académicos propostos em Portugal e aqueloutros existentes em outros países com a louvável intenção “de adopção de um sistema de graus comparável e legível”. Ora o que hoje se passa é haver uma confusão de graus académicos no espaço europeu que quase exige uma tabela de equivalências de graus académicos ministrados em Portugal e grande parte dos países do velho continente.

Com essa intenção e evocando eu de novo palavras de Adriano Moreira, “para estar nas decisões para não vir a ser apenas objectos delas”, realizou, em Coimbra, o CNOP um Seminário, intitulado “Reflexos da Declaração de Bolonha” (12 e 13 de Novembro de 2004), com a participação de nove ordens profissionais em representação, por ordem alfabética, de advogados, arquitectos, biólogos, economistas, engenheiros, farmacêuticos, médicos, médicos dentistas e médicos veterinários. Na altura, todos estas associações profissionais se manifestaram em bloco (passe a redundância) contra a atribuição do grau de licenciado para o ciclo inicial de estudos universitários.

Em face do panorama deste ano de 2011, este parecer não teve qualquer impacto, ou mera influência sequer, nas decisões da tutela do então Ministério da Ciência e do Ensino Superior (MCES). Desta forma, neste torrão natal, no nosso jeito secular de complicar as coisas simples, a língua de Shakespeare – veículo de entendimento entre parcelas de territórios de cinco continentes – seria abastardada pela adopção do termo licenciado como que a modos da forçada tradução para português da palavra inglesa bachelor. Tudo isto, depois de consultas, “para inglês ver”, promovidas pelo próprio MCES por ter considerado (?) que o assunto “exigia a assumpção repartida de responsabilidades por parte do Governo, da Administração, das Instituições de Ensino Superior e das Associações Profissionais”. E era, outrossim, acrescentado que “nesse sentido estamos a proceder a uma profunda discussão a nível nacional e a nível parlamentar” (p. 22, de uma brochura emanada desse ministério).
Por outro lado, essa louvável intenção era reforçada pela afirmação de estar em análise o “impacto no exercício das Profissões Liberais através de contacto com as Ordens Profissionais” (p. 66, id.;ibid). Mas porque, como diz o aforisma, “ estar o inferno cheio de boas intenções”, assistiu-se ao degradante desprestígio das licenciaturas universitárias então existentes. E este facto é tanto mais insólito se tivermos em conta que a consulta a um qualquer dicionário nos dá a tradução da palavra inglesa bachelor como bacharel em português, com a correspondência a um ciclo de estudo inicial com a duração de três anos, em nomenclatura adoptada para além do Reino Unido, por exemplo, na Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca e República Checa.

Voltando à carga, o CNOPO tenta agora, de certo e, quanto a mim, discutível modo, minorar, as asneiras cometidas no que respeita à concessão de graus académicos através de uma petição “online”, começada a correr em Julho do ano passado, endereçada à Assembleia da República, que, muito resumidamente, pretende que “aos licenciados pré-Bolonha, com formação de 5/6 anos, seja dada equivalência de mestre” (Notícia do Canal UP, 23/07/2010).

Segundo o Público (16/01/2011), esta petição, subscrita por 49.300 assinaturas (quando seriam apenas necessárias 4.000), acabou de dar entrada esta semana na Assembleia da República, com o objectivo de “acabar de vez com as confusões e as injustiças criadas com a reforma de Bolonha, exigindo a atribuição do grau de mestre aos titulares de licenciaturas pré-reforma”. A propósito, refiro que, em Março de 2009, através também do CNOP, foi levada a Plenário da Assembleia da República uma petição nesse sentido “com resultados reais nulos”, segundo os seus signatários.

Ainda que “considerada insuficiente pelo CNOP”, encontra-se, simultaneamente, em discussão uma recomendação do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, a ser aprovada pelas universidades, sujeita às seguintes condições: "Quem tiver uma licenciatura feita antes da reforma de Bolonha e contar com cinco anos de experiência profissional bastará um semestre de aulas e a defesa pública de um relatório sobre a profissão para conseguir o grau de mestre".

Cotejando a petição do CNOP e a proposta do Conselho de Reitores, verifica-se o seguinte:

1. Ambas não perspectivam a situação dos mestrados antes de Bolonha.

2. O CNOP, numa visão meramente atenta aos interesses de licenciados universitários seus membros, exclui desta petição licenciados (pré-Bolonha) que, por exemplo, iniciaram no ano lectivo de 1987/88, cursos universitários de formação educacional com a duração de 4 anos. Ou seja, separa os licenciados com 4 anos de formação relativamente aos licenciados de 5 anos, havendo, contudo, uma décalage de dois anos de estudo entre estes e os portadores de um mestrado da altura.

3. O Conselho de Reitores, por seu lado, mostra-se restritivo na sua recomendação ao pretender que aos licenciados, ainda com seis anos de formação, como os casos de engenharia e medicina, seja ministrado” um semestre de aulas e a defesa pública de um relatório sobre a profissão”.

Em simples exercício de cidadania, mas com respaldo em inúmeros artigos de opinião meus sobre esta temática (v.g., “Declaração de Bolonha, ordens e sindicatos”, Diário de Coimbra, 27/10/2004; “O Processo de Bolonha e as Ordens Profissionais, I,II,III”, Diário de Coimbra, respectivamente, 01, 14 e 18/12/ 2004; “Processo de Bolonha e graus académicos”, Público, 13/06/2005), defendo que já chega de aplicar vacinas de que se desconhece o efeito e as doses a aplicar provocando, por vezes, a disseminação letal da própria doença.

Assim, ainda que possa ser tido como atrevimento, não posso deixar de pôr a discussão uma possível solução para este labirinto, de graus académicos pré e pós-Bolonha, necessitado de um fio de Ariadne que nos indique a saída. Uma solução para o caso português seria a atribuição dos graus universitários de bacharelato, mestrado e doutoramento. Às licenciaturas universitárias anteriores a Bolonha seria dada equivalência aos actuais mestrados, com dispensa de qualquer requisito, pela sua exigência não ser nada inferior (bem pelo contrário!) à destes. Os antigos mestrados seriam considerados como uma pós-graduação com prioridade a um acesso mais rápido aos doutoramentos e benefícios reais em concursos públicos.

Desta forma, as antigas licenciaturas perdurariam na memória colectiva sem qualquer desprimor. Nunca com a indignidade de terem a mesma denominação das actuais licenciaturas. Assim como “As árvores morrem de pé”, título de uma peça de teatro magistralmente representada por Palmira Bastos, o antigo grau de licenciado universitário seria extinto com a dignidade que lhe foi concedida por instituições universitárias de reconhecido mérito sem sair beliscado o seu verdadeiro mérito relativamente aos actuais mestrados.

Mas será que há coragem política para vencer um estado mórbido, provocado por detractores do conhecimento científico, mezinhas de simples curandeiros das ciências da educação e agravado por leis frouxas ou simples declarações de boas intenções? Nada há que um vómito para a mixórdia actual dos graus académicos pré e pós-Bolonha não consiga expulsar!

in De Rerum Natura - post de Rui Baptista

Erupção no Japão

Japão
Vulcão obriga à evacuação de mais de mil pessoas

Vulcão Shinmoedake

As autoridades japonesas já recomendaram a evacuação de 500 casas próximas ao vulcão Shinmoedake, no sudoeste do país, desde que este entrou em erupção, na passada quinta-feira.

A medida afecta mais de 1.000 habitantes da localidade de Takaharu e é considerada urgente, dado que Observatório Meteorológico regional registou um aumento do nível de lava na área da cratera do vulcão, a cerca de 1400 metros de altitude.

Esta é a primeira vez em 50 anos que o Shinmoedake entra em erupção e há cerca de 200 que não expulsava magma.

in CM - ler notícia

domingo, janeiro 30, 2011

Porque será que o governo não incentiva a poupança?




(imagem daqui)



Gandhi foi assassinado há 63 anos


Mohandas Karamchand Gandhi (Porbandar, 2 de Outubro de 1869Nova Déli, 30 de Janeiro de 1948), mais conhecido popularmente por Mahatma Gandhi (do sânscrito "Mahatma", "A Grande Alma") foi o idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução.
O princípio do satyagraha, frequentemente traduzido como "o caminho da verdade" ou "a busca da verdade", também inspirou gerações de activistas democráticos e anti-racismo, incluindo Martin Luther King e Nelson Mandela. Frequentemente Gandhi afirmava a simplicidade de seus valores, derivados da crença tradicional hindu: verdade (satya) e não-violência (ahimsa).

sábado, janeiro 29, 2011

Gomes Leal morreu há 90 anos


António Duarte Gomes Leal (Lisboa, 6 de Junho de 184829 de Janeiro de 1921) foi um poeta e crítico literário português.

(...)
Nasceu na praça do Rossio, freguesia da Pena, em Lisboa, filho natural de João António Gomes Leal (m. 1876), funcionário da Alfândega, e de Henriqueta Fernandina Monteiro Alves Cabral Leal.
Frequentou o Curso Superior de Letras, mas não o concluiu, empregando-se como escrevente de um notário de Lisboa. Durante a sua juventude assumiu pose de poeta boémio, satânico e janota, mas com a morte da sua mãe, em 1910, caiu na pobreza e converteu-se ao Catolicismo. Vivia da caridade alheia, chegando a passar fome e a dormir ao relento, em bancos de jardim, como um vagabundo, tendo uma vez sido brutalmente agredido pela canalha da rua. No final da vida, Teixeira de Pascoaes e outros escritores lançaram um apelo público para que o Estado lhe atribuísse uma pensão, o que foi conseguido, apesar de diminuta.
Foi um dos fundadores do jornal "O Espectro de Juvenal" (1872) e do jornal "O Século" (1881), tendo colaborado também na Gazeta de Portugal, Revolução de Setembro e Diário de Notícias. A sua obra insere-se nas correntes ultra-romântica, parnasiana, simbolista e decadentista.

A Rainha de Kachmir

O vestido de noivado
da rainha de Kachmir
era a diamantes bordado,
como luar num terrado!...
Parecia o Céu estrelado,
ou a visão de um faquir,
o vestido de noivado
da rainha de Kachmir.

Se é a Via Láctea, em suma,
não há olhar que destrince!...
Nenhuma vista, nenhuma
jurará se é neve ou pluma,
se é leite, ou astro, ou espuma,
nem o próprio olhar do Lince...
Se é a Via Láctea, em suma,
não há olhar que destrince!

Levava, nas mãos patrícias,
leque de rendas e sândalo...
Oh! que mãozinhas... delícias
para amimar com blandícias,
para beijar com carícias
,que adorariam um Vândalo...
Levava, nas mãos patrícias,
leque de rendas e sândalo.

Cor da lua, os sapatinhos
eram mais subtis que o leque!...
Seu manto, púrpura e arminhos,
não rojava nos caminhos,
pois sua cauda, aos saltinhos,
levava-a um núbio muleque.
Cor da lua, os sapatinhos
eram mais subtis que o leque!

Eis que, no meio da boda,
entrou um moço estrangeiro...
Calou-se a alegria doida
da grande assembleia, em roda!
E a brilhante sala toda
fitou o jovem romeiro.
Eis que, no meio da boda,
entrou um moço estrangeiro...

Pegou no copo, com graça,
e brindou, em língua estranha...
E a rainha, a vista baça,
como a um punhal que a trespassa,
encheu de prantos a taça,
e o seu lenço de Bretanha...
Chorou baixinho, ao ouvir, com graça,
esse brinde, em língua estranha!

Encheu de pranto o vestido,
encheu de pranto os anéis...
E, sem soltar um gemido,
chorou, num pranto sumido,
o seu passado perdido,
os seus amores tão fiéis!...
Encheu de pranto o vestido,
encheu de pranto os anéis.

Quem era o moço viajante
Que fez turbar a rainha?...
Era o seu primeiro amante,
tão leal e tão constante,
que, do seu reino distante,
brindar ao Passado vinha...
Tal era o moço viajante,
que fez turbar a rainha.

Saudades de amor quebrado
fazem lágrimas cair!
Por um brinde ao amor passado,
ficou de pranto alagado
o vestido de noivado
da rainha de Kachmir.
Saudades de amor quebrado
fazem lágrimas cair!...

Gomes Leal

O poeta Egito Gonçalves morreu há 10 anos

José Egito de Oliveira Gonçalves (Matosinhos, 8 de Abril de 1920 - Porto, 29 de Janeiro de 2001), mais conhecido por Egito Gonçalves, foi um poeta, editor e tradutor. Publicou os primeiros livros na década de 1950. Teve como actividade profissional a administração de uma editora. A sua intensa actividade de divulgação cultural e literária concretizou-se, a partir dos anos 50, na fundação e/ou direcção de diversas revistas literárias, como A Serpente (1951), Árvore (1952-54), Notícias do Bloqueio (1957-61), Plano (1965-68, publicada pelo Cineclube do Porto) e Limiar. Em 1977 foi-lhe atribuído o Prémio de Tradução Calouste Gulbenkian, da Academia das Ciências de Lisboa pela selecção de Poemas da Resistência Chilena e, em 1985, recebeu o Prémio Internacional Nicola Vaptzarov, da União de Escritores Búlgaros. Em 1995 obteve o Prémio de Poesia do Pen Clube, o Prémio Eça de Queirós e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com o livro E No Entanto Move-se. A sua obra encontra-se traduzida em francês, polaco, búlgaro, inglês, turco, romeno, catalão e castelhano.


Notícias do Bloqueio

Aproveito a tua neutralidade,

o teu rosto oval, a tua beleza clara,

para enviar notícias do bloqueio

aos que no continente esperam ansiosos.



Tu lhes dirás do coração o que sofremos

nos dias que embranquecem os cabelos...

tu lhes dirás a comoção e as palavras

que prendemos – contrabando – aos teus cabelos.



Tu lhes dirás o nosso ódio construído,

sustentando a defesa à nossa volta

- único acolchoado para a noite

florescida de fome e de tristezas.



Tua neutralidade passará

por sobre a barreira alfandegária

e a tua mala levará fotografias,

um mapa, duas cartas, uma lágrima...



Dirás como trabalhamos em silêncio,

como comemos silêncio, bebemos

silêncio, nadamos e morremos

feridos de silêncio duro e violento.



Vai pois e noticia com um archote

aos que encontrares de fora das muralhas

o mundo em que nos vemos, poesia

massacrada e medos à ilharga.



Vai pois e conta nos jornais diários

ou escreve com ácido nas paredes

o que viste, o que sabes, o que eu disse

entre dois bombardeamentos já esperados.



Mas diz-lhes que se mantém indevassável

o segredo das torres que nos erguem,

e suspensa delas uma flor em lume

grita o seu nome incandescente e puro.



Diz-lhes que se resiste na cidade

desfigurada por feridas de granadas

e enquanto a água e os víveres escasseiam

aumenta a raiva

..........................e a esperança reproduz-se


Egito Gonçalves