quarta-feira, junho 16, 2021

A Aliança Luso-Britânica começou há 638 anos

(imagem daqui)
      
A Aliança Luso-Britânica, em Portugal conhecida vulgarmente como Aliança Inglesa, entre Inglaterra (sucedida pelo Reino Unido) e o Reino de Portugal é a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi assinada em 1373 - em plena Idade Média, portanto. Os portugueses, em geral, queixam-se de que tal aliança foi sempre mais proveitosa para os ingleses, enquanto potência internacional de maior força económica e política. Contudo, há que não esquecer o período, após os Descobrimentos, em que Portugal era assumidamente uma potência internacional de maior influência. Hoje em dia, a aliança já não é, praticamente, invocada, embora ainda que se mantenha. Ao longo da história de Portugal, contudo, teve importantes consequências, ao colocar o país frente às tropas napoleónicas, devido à rejeição lusa do Bloqueio Continental, incompatível com os termos desta aliança. No período pós-guerra, a Inglaterra manteve um largo contingente militar e determinados privilégios em território português.
     
Idade Média
A ajuda inglesa à Casa de Avis foi o primeiro patamar de um conjunto de acções de cooperação com Inglaterra que viriam a ser de extrema importância na política externa portuguesa por mais de 500 anos. Em 12 de maio de 1386, o Tratado de Windsor afirmava uma aliança que já tivera o seu gérmen em 1294, e que fora confirmada em Aljubarrota com um pacto de amizade perpétua entre os dois países. João de Gant duque de Lencastre, filho de Eduardo III de Inglaterra, e teve o apoio português nas suas tentativas de ascender ao trono de Castela, apesar de D. Fernando I também o reclamar para si. Pelo Tratado de Tagilde, de 10 de julho de 1372, os dois pretendentes decidem unir esforços contra o mesmo rival, deixando para depois qualquer decisão quanto às pretensões ao trono. Contudo, desta união resultou apenas uma derrota, que se viria a repetir em 1385, com compensação financeira para João de Gante por parte do seu rival, Henrique da Trastâmara. Portugal tinha reafirmado a aliança pelo Tratado de Londres, de 16 de junho de 1373, considerado por alguns autores como o seu fundamento jurídico, mas ratificado em Windsor.
João de Gante deu, entretanto, a mão de sua filha, Filipa de Lencastre, a D. João I - acto que selou a aliança política. A influência de Filipa de Lencastre foi notável, tanto no ponto de vista da sua descendência (a Ínclita Geração) bem como pela sua intervenção no que diz respeito às relações comerciais entre Portugal e Inglaterra, incentivando as importações de bacalhau e vestuário de Inglaterra e a exportação de cortiça, sal, vinho e azeite, a partir dos armazéns do Porto.
    
Entre os séculos XVII e XIX 
Após a Restauração, o tratado de 1642 reafirmou a amizade recíproca entre os dois reinos, e concedeu liberdade de comércio aos ingleses nos domínios de Portugal. Em 1661, foi assinado o tratado de Paz e Aliança entre Portugal e a Grã-Bretanha, marcando o início da predominância económica inglesa sobre Portugal e suas colónias. Ficou acordado o casamento de Carlos II de Inglaterra com D. Catarina de Bragança, entregando-se aos ingleses as cidades de Tânger em Marrocos e Bombaim na Índia e Colombo em Ceilão.
O Tratado de Methuen, em 1703, deu livre entrada aos lanifícios ingleses em Portugal e redução das tarifas impostas à importação de vinhos portugueses em Inglaterra.
Outros episódios que marcaram a aliança foram, por exemplo, a Guerra da Sucessão Espanhola, em que Portugal começou por estar ao lado de França, em conjunto com o Duque de Saboia, mas voltando a reunir-se ao seu aliado depois da Batalha de Blenheim. Para Portugal, contudo, teve maior importância as implicações da aliança para o desencadear das Invasões francesas e para a resposta militar que permitiria recuperar a independência com a ajuda militar inglesa, cuja frota acompanhou a família real para o Brasil.
Em consequência da divisão de África pelas potências europeias, as relações entre Portugal e o Reino Unido entraram em crise, agravada pelo Ultimato, que gerou uma forte reacção patriótica contra os Britânicos.
    
Século XX
Durante o século XX, o tratado voltou a ser invocado por diversas vezes:
  • As tropas portuguesas participaram na Campanha de França, na Primeira Guerra Mundial, depois da solicitação, por parte da Grã-Bretanha, da requisição de todos os navios alemães em portos portugueses - o que motivou a declaração de Guerra da Alemanha a Portugal em 9 de março de 1916.
  • Durante a Segunda Guerra Mundial, apesar da neutralidade portuguesa, a aliança foi invocada para o estabelecimento de bases militares nos Açores.
  • Em 1961, durante a ocupação da Índia Portuguesa (Goa, Damão e Diu) pela União Indiana, o Reino Unido limitou-se a mediar o conflito, o que levou Salazar a considerar a aliança numa crise insanável.
     
Atualidade
Hoje em dia, como os dois países são membros da NATO, sendo as suas relações mais coordenadas por essa instituição do que pelos pontos previstos nos diversos tratados que formam a totalidade da Aliança.
     

Imre Nagy foi enforcado há 63 anos

(imagem daqui)
      
Imre Nagy (Kaposvár, 7 de junho de 1896 - 16 de junho de 1958) foi um líder comunista húngaro.
Combateu pelo exército da Áustria-Hungria na Primeira Guerra Mundial. Trabalhou depois na secção húngara do Comintern.
Depois da ocupação da Hungria pelos soviéticos em 1945, na sequência da Segunda Guerra Mundial, Nagy tornou-se ministro da Agricultura e ministro da Justiça durante o período de purgas (1948-1953), mas pertenceu à liderança da ala reformista do Partido Comunista Húngaro após a morte de Estaline.
Em outubro de 1956, tornou-se primeiro-ministro durante a revolução e concordou com medidas radicais anti-soviéticas. Depois de as tropas soviéticas ocuparem a Hungria e esmagado pela força a Revolução Húngara de 1956, Nagy foi executado e enterrado secretamente em 1958.
    
Estátua de Imre Nagy em Budapeste

O Massacre de Mueda foi há 61 anos

(imagem daqui)
   
O Massacre de Mueda, a 16 de junho de 1960, foi um dos últimos episódios da resistência dos moçambicanos à dominação colonial antes do desencadear da luta armada de libertação nacional.
Naquela data, realizou-se uma reunião entre a população do atual distrito de Mueda e a administração colonial, que terminou com a morte a tiros de um número indeterminado de moçambicanos. De acordo com algumas fontes, a reunião teria sido pedida pela MANU, uma organização que pretendia a independência daquela região de Moçambique, e acordada com a Administração, não sendo muito clara a razão dos disparos. Pensa-se que poderia ter sido uma demonstração de força por parte das autoridades para dissuadir os moçambicanos de lutarem pela independência.
Depois da independência, o dia 16 de junho passou a ser comemorado. Foi nesta data, em 1980, que se lançou a nova moeda nacional de Moçambique, o metical.
      

Rudolph Nureyev fartou-se do paraíso soviético há sessenta anos

 

 
Rudolf Khametovich Nureyev ou Rudolf Xämät uğlı Nuriev (Irkutsk, 17 de março de 1938 - Paris, 6 de janeiro de 1993) foi um bailarino soviético. Nasceu na Rússia Soviética, transformando-se num dos mais celebrados bailarinos do século XX e a primeira vedeta masculina do mundo da dança desde Vaslav Nijinsky.
Em 17 de junho de 1961, quando estava em turnê com o Kirov em Paris, furou a barreira da segurança soviética e pediu asilo político no Aeroporto de Le Bourget.
Em 1989 dançou na União Soviética pela primeira vez desde que a abandonara. Nureyev fez a sua última aparição pública em outubro de 1992, como diretor na estreia parisiense de uma nova produção de La Bayadère.
Nureyev morreu em 1993, em Paris, França, por complicações decorrentes de SIDA.
   

Tupac Shakur nasceu há cinquenta anos

 
Tupac Amaru Shakur (Nova Iorque, 16 de junho de 1971 - Las Vegas, 13 de setembro de 1996), mais conhecido pelos seus nomes artísticos 2Pac, Makaveli ou apenas Pac, foi um rapper norte-americano. Críticos e membros da indústria fonográfica o nomeiam como o maior rapper de todos os tempos.Vendeu até à data da sua morte cerca de 75 milhões de álbuns. Além de ser músico, Tupac também foi actor e activista social. A maioria das suas canções trata sobre como crescer no meio da violência e da miséria nos guetos, o racismo, os problemas da sociedade e os conflitos com os outros rappers. O trabalho de Shakur é conhecido por defender a igualdade política, económica, social e racial. Antes de entrar para a carreira artística, ele era um roadie e dançarino de hip hop alternativo. Começou a fazer sucesso quando entrou para o grupo Digital Underground.
Shakur tornou-se alvo de diversas acções judiciais e sofreu outros problemas legais. No início de sua carreira, ele foi atingido por cinco tiros e assaltado no corredor de um estúdio de gravação em Nova Iorque. Após o incidente, Tupac começou a suspeitar que outras figuras da indústria do rap ficaram sabendo do acontecido e não avisaram Shakur, o que desencadeou a rivalidade entre as costas Leste e Oeste. Mais tarde, Shakur acabou sendo condenado por abuso sexual e ficou preso durante onze meses, tendo sido libertado da prisão  num recurso financiado por Suge Knight, director executivo da Death Row Records. Em troca da ajuda de Suge, Tupac teve de gravar três álbuns sob o selo Death Row.
Na noite de 7 de setembro de 1996, Tupac, dentro do carro de Suge, foi atingido por quatro tiros num tiroteio, na cidade de Las Vegas. Ele faleceu seis dias depois, vítima de insuficiência respiratória e paragem cardíaca, na Universidade Médica de Nevada. Após a sua morte, o jornal americano The New York Times citou-o como "o maior rapper de todos os tempos.
  
 

Música adequada à data...

 

Barco Negro

De manhã temendo que me achasses feia,
acordei tremendo deitada na areia,
mas logo os teus olhos disseram que não
e o sol penetrou no meu coração.

Vi depois, numa rocha, uma cruz,
e o teu barco negro dançava na luz;
vi teu braço acenando, entre as velas já soltas.
Dizem as velhas da praia que não voltas...
São loucas! São loucas!

Eu sei, meu amor,
que nem chegaste a partir,
pois tudo em meu redor
me diz que estás sempre comigo.

No vento que lança
areia nos vidros,
na água que canta,
no fogo mortiço,
no calor do leito,
nos bancos vazios,
dentro do meu peito
estás sempre comigo. 

   

David Mourão-Ferreira

O Estica nasceu há 131 anos


Stan Laurel
, nascido Arthur Stanley Jefferson, (Ulverston, Lancashire, Inglaterra, 16 de Junho de 1890 - Santa Mónica, Califórnia, EUA, 23 de Fevereiro de 1965) foi um actor cómico, escritor e director norte-americano, nascido na Inglaterra. Tornou-se famoso principalmente por seu trabalho com Oliver Hardy, com o qual formou a dupla cómica O Bucha e Estica (O Gordo e o Magro).

 

O primeiro Bloomsday foi há 117 anos

Atores caracterizados como personagens de Ulisses, durante o Bloomsday, em Dublin
     
Bloomsday, comemorado a 16 de junho, é o dia feriado instituído na Irlanda para homenagear o personagem Leopold Bloom, protagonista de Ulisses, de James Joyce. Em todo o mundo, é o único dia dedicado a um personagem de um livro.
O Bloomsday é comemorado na Irlanda e pelos amantes da literatura com diversos eventos oficiais e não oficiais. Também é comemorado todos os anos em vários lugares e em várias línguas. Em comum entre os muitos dedicados entusiastas e simpatizantes envolvidos nestas comemorações há o esforço por relembrar os acontecimentos vividos pelos personagens de Ulisses pelas dezanove ruas da cidade de Dublin.
Ulisses narra os acontecimentos vividos pelo personagem Leopold Bloom durante 16 horas do dia 16 de junho de 1904. Joyce estabelece uma série de correspondências com a Odisseia de Homero, seja entre os personagens (Leopold Bloom e Ulisses; Molly Bloom e Penélope; Stephen Dedalus e Telémaco) seja com referência aos acontecimentos narrados. A obra é considerada um dos marcos da literatura ocidental contemporânea.
Há alguma controvérsia sobre o ano em que o Bloomsday começou a ser comemorado. Alguns especialistas indicam 1925 (três anos após o lançamento do livro); outros afirmam que foi na década de 40, logo após a morte de Joyce, enquanto a hipótese mais aceita indica que foi em 1954, na data do quinquagésimo aniversário do dia retratado em Ulisses.
Hoje o Bloomsday é uma efeméride inserida no calendário cultural de vários países e não se restringe ao círculo de leitores da obra.
    

Valentina Tereshkova faz o primeiro voo espacial há 58 anos

 
Valentina Vladimirovna Tereshkova (Maslennikovo, 6 de março de 1937) foi a primeira cosmonauta da história e a primeira mulher a ir ao espaço, em 16 de junho de 1963.
Oriunda de uma família proletária - o seu pai era um motorista de trator, desaparecido na guerra russo-finlandesa de 1940 - Valentina só entrou para a escola aos oito anos e começou a trabalhar com dezoito, numa fábrica têxtil. Na mesma época, começou a participar num clube de paraquedistas amadores. Aos 24 anos, em 1961, começou a estudar para se qualificar como cosmonauta, no mesmo ano em que o diretor do programa espacial soviético, Sergei Korolev, considerou enviar mulheres ao espaço, numa forma de colocar a primeira mulher em órbita antes dos Estados Unidos.
Em 1962, ela foi admitida como cosmonauta, com mais quatro mulheres - das quais apenas ela acabou indo ao espaço - sendo a menos preparada de todas, sem educação universitária, mas especialista em paraquedismo, considerado condição fundamental para o voo, já que a nave Vostok operava automaticamente, dispensando pilotagem, mas o ocupante era ejetado dela após a reentrada, pousando com um pára-quedas pessoal.
 
Em junho de 1963, a União Soviética colocou duas naves espaciais simultaneamente no espaço, sendo que a primeira foi conduzida por Valery Bykovsky, que bateu o recorde de resistência no espaço, quando completou uma missão de cinco dias. Valentina voou na nave Vostok 6, lançada de Baikonur em 16 de junho, tornando-se a primeira mulher no espaço. Ela completou 48 órbitas ao redor da Terra, no total de 71 horas, quase três dias, apesar das náuseas e do desconforto psicológico que sentiu. Depois de chegarem a permanecer em órbita a uma distância de 5 km uma da outra, com os cosmonautas trocando impressões e saudações por rádio, ambas as naves aterraram no dia 19 de junho
   
Selo postal da URSS em homenagem a Valentina Tereshkova, 1963
   
Valentina teve problemas na sua descida. Quando ejetada da Vostok VI, esteve próxima de cair dentro de um lago, e ela narra nas suas memórias que, se isso acontecesse, talvez não conseguisse sobreviver, pois estava sem forças para nadar até à borda, estando desidatrada, exausta, com fome pelas náuseas que praticamente a impediram de comer em órbita, e psicologicamente afetada pela viagem - em princípio programada para um dia mas alongada para três, pela sensação que causou no mundo o seu lançamento. Mas um forte vento mudou a direção do pára-quedas e a fez cair em terra. Mesmo assim, o impacto foi forte e ela ficou com uma grande mancha roxa no nariz, que bateu no capacete, sendo obrigada a usar forte maquilhagem nos primeiros dias de aparições públicas oficiais. Os seus três dias a bordo da Vostok eram então mais tempo no espaço que todos os astronautas norte-americanos tinham juntos.
Em 1964, Valentina e o cosmonauta Andrian Nikolayev casaram e tiveram uma filha, considerada a primeira criança nascida de pais cosmonautas. Divorciada desde 1982, casou-se novamente com Yuli Shaposhnikov, morto em 1999. Nos anos seguintes ao seu voo, ela graduou-se em engenharia. Só nos anos 80 uma mulher russa voltaria ao espaço.
Ao realizar o primeiro voo espacial feminino, Valentina recebeu as duas principais condecorações do país, Herói da União Soviética e a Ordem de Lenine, além de outras comendas e homenagens importantes. Em 2013, durante as comemorações do 50º aniversário do seu voo, recebeu a Ordem de Alexandre Nevsky das mãos de Vladimir Putin. Ela também foi presidente do comité das mulheres soviéticas e tornou-se membro do Soviete Supremo, o parlamento da URSS, e do Presidium, um grupo especial dentro do governo soviético, tendo sido proeminente na política do país de 1966 a 1991, representando a URSS na Conferência das Nações Unidas para o Ano Internacional da Mulher na Cidade do México em 1975.
Em 2011 foi eleita deputada pelo partido Rússia Unida, o mesmo de Putin e Dmitri Medvedev. Atualmente ela vive entre Yaroslavl, perto da filha e da neta, e Moscovo, onde exerce o seu mandato parlamentar.

Werner von Braun morreu há 44 anos

   
Wernher Magnus Maximilian von Braun (Wirsitz, 23 de março de 1912 - Alexandria, 16 de junho de 1977) foi um engenheiro alemão e uma das principais figuras no desenvolvimento do foguete V-2 na Alemanha Nazi e do foguetão Saturno V nos Estados Unidos.
Um pioneiro e visionário das viagens espaciais, é mundialmente conhecido pela sua liderança do projeto aeroespacial americano durante a Corrida Espacial, tendo trabalhado como projetista chefe do primeiro foguete de grande porte movido a combustível líquido produzido em série, o Aggregat 4, e por liderar o desenvolvimento do foguete Saturno V, que levou os astronautas dos EUA à Lua, em julho de 1969. A sua contraparte e rival, do lado soviético, foi o engenheiro Sergei Korolev.
  
(...)
  
Em 16 de junho de 1977, Wernher von Braun morreu de cancro do pâncreas em Alexandria, Virgínia, aos 65 anos de idade, sendo enterrado no cemitério Ivy Hill.
  

David Mourão-Ferreira morreu há vinte e cinco de anos

Estátua no Parque dos Poetas
       
David de Jesus Mourão-Ferreira (Lisboa, 24 de fevereiro de 1927 - Lisboa, 16 de junho de 1996) foi um escritor e poeta lisboeta.
    
Biografia
Licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1951, onde mais tarde em 1957 foi professor, tendo-se destacado como um dos grandes poetas contemporâneos do Século XX.
Na sua obra, são famosos alguns dos poemas que compôs para a voz de Amália Rodrigues, como Sombra, Maria Lisboa, Nome de Rua, Fado Peniche e sobretudo Barco Negro, entre outros.
Mourão-Ferreira trabalhou para vários jornais, dos quais se destacam a Seara Nova e o Diário Popular, para além de ter sido um dos fundadores da revista Távola Redonda. Entre 1963 e 1973 foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores. No pós-25 de Abril, foi director do jornal A Capital e director-adjunto do O Dia.
No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura (de 1976 a janeiro de 1978, e em 1979). Foi por ele assinado, em 1977, o despacho que criou a Companhia Nacional de Bailado.
Foi autor de alguns programas de televisão de que se destacam "Imagens da Poesia Europeia", para a RTP.
A 13 de julho de 1981 foi condecorado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Em 1996, a 3 de junho, foi elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. No mesmo ano, 1996, recebeu o Prémio de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.
Do primeiro casamento, com Maria Eulália, sobrinha de Valentim de Carvalho, teve dois filhos, David João e Adelaide Constança, que lhe deram 11 netos e netas.
Em 2005 é celebrado um protocolo entre a Universidade de Bari e o Instituto Camões, decidindo, como homenagem ao poeta, abrir naquela cidade o Centro Studi Lusofoni - Cátedra David Mourão-Ferreira que, dirigida pela Professora Fernanda Toriello e com a colaboração do professor Rui Costa, tem como objetivo o estudo da obra de David Mourão-Ferreira, assim como a divulgação da língua portuguesa e das culturas lusófonas. Promove também o Prémio Europa David Mourão-Ferreira.
    
   
A Secreta Viagem
  
  
No barco sem ninguém, anónimo e vazio,
ficámos nós os dois, parados, de mão dada...
Como podem só dois governar um navio?
Melhor é desistir e não fazermos nada!
  
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais, e de madeira, à proa...
Que figuras de lenda! Olhos vagos, perdidos...
Por entre nossas mãos, o verde mar se escoa...
  
Aparentes senhores de um barco abandonado,
nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem...
Aonde iremos ter? — Com frutos e pecado,
se justifica, enflora, a secreta viagem!
  
Agora sei que és tu quem me fora indicada.
O resto passa, passa... alheio aos meus sentidos.
— Desfeitos num rochedo ou salvos na enseada,
a eternidade é nossa, em madeira esculpidos!
    
 
 
in A Secreta Viagem (2001) - David Mourão-Ferreira

Música adequada à data...

terça-feira, junho 15, 2021

A fronteira nas montanhas Rochosas entre Canadá e Estados Unidos foi definida há 175 anos


O Tratado do Oregon de 1846 ou simplesmente Tratado do Oregon foi um tratado assinado em 15 de junho de 1846 em Washington, DC, que teve o nome oficial de "Tratado com a Grã-Bretanha com respeito aos limites ocidentais das montanhas Rochosas" e estabeleceu a fronteira entre as secções britânicas e americanas do "Oregon Country". O "Oregon Country" tinha sido conjuntamente ocupado pelos britânicos e norte-americanos desde a convenção Anglo-Americana de 1818 quando foi acordado um domínio comum da região. Este arranjo deu lugar a fricções entre os dois lados. O presidente norte-americano James Polk concorreu inclusivamente às eleições presidenciais de 1844 sob o lema "Fifty-Four Forty or Fight!" (cinquenta e quatro e quarenta ou luta); 54°40' referindo-se à linha de latitude que deveria formar (e veio a ser) a fronteira norte do estado do Oregon.

O tratado foi negociado por James Buchanan, Secretário de Estado norte-americano, e Richard Pakenham, membro do conselho real da Rainha Vitória e enviado especial da rainha.
 

O teclista Richard Bell morreu há catorze anos

(imagem daqui)
  
Richard Bell (Toronto, 5 de março de 1946 - Toronto, 15 de junho de 2007) foi um músicocanadiano que ficou conhecido pelos seu desempenho ao vivo. É, talvez, melhor recordado como o pianista de Janis Joplin e a sua Full Tilt Boogie Band. Foi ainda teclista dos The Band durante a década de 90.

O bom Kaiser Frederico III morreu há 133 anos

  
Frederico III (Potsdam, 18 de outubro de 1831 – Potsdam, 15 de junho de 1888) foi o Imperador Alemão e Rei da Prússia durante 99 dias em 1888, o Ano dos Três Imperadores. Era o único filho do imperador Guilherme I e foi criado na tradição familiar de serviço militar. Apesar de celebrado quando jovem pela sua liderança e sucesso durante as guerras dos Ducados de Elba, a Austro-Prussiana e a Franco-Prussiana, declarou o seu ódio ao conflito armado e foi elogiado por tanto amigos quanto inimigos pela sua conduta humana. Depois da Unificação Alemã em 1871, o seu pai, então Rei da Prússia, tornou-se o Imperador Alemão. O trono passou para Frederico quando Guilherme morreu aos noventa anos, em 9 de março de 1888. Ele sofria de cancro da laringe e morreu a 15 de junho, aos 56 anos, depois de vários tratamentos médicos para a sua condição.
Frederico casou em 1858 com Vitória, Princesa Real, a filha mais velha da rainha Vitória do Reino Unido. Os dois eram adequados ao outro; partilhavam uma ideologia liberal que os levou a procurar uma maior representação aos comuns no governo. Mesmo com o passado conservador militarista da família, desenvolveu tendências liberais por causa da influência da sua mãe, Augusta de Saxe-Weimar-Eisenach, os seus laços com o Reino Unido e os seus estudos na Universidade de Bona. Como príncipe herdeiro, Frederico frequentemente se opôs ao conservador chanceler Otto von Bismarck, particularmente discursando contra a política de Bismarck de unir a Alemanha através da força e pedindo para o poder da chancelaria ser diminuído. Liberais tanto na Alemanha quanto no Reino Unido esperavam que ele, como imperador, transformasse o Império Alemão num estado mais liberal.
Ele e a esposa eram grandes admiradores do príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, o pai de Vitória. Planeavam governar como consortes, assim como Alberto e a rainha Vitória, e reformar aquilo que viam como falhas no poder executivo que Bismarck havia criado para si mesmo. O cargo de chanceler, responsável pelo imperador, seria substituído por um gabinete ao estilo britânico, com ministros responsabilizados pelo Reichstag. A política do governo seria baseada no consenso do gabinete. Frederico "descreveu a Constituição Imperial como caos engenhosamente artificial".
Entretanto, a sua doença o impediu de estabelecer políticas e medidas para alcançar os seus objetivos, com as poucas ações que conseguiu tomar sendo depois revertidas pelo seu filho e sucessor, Guilherme II. A época da morte de Frederico e a duração de seu reinado são importantes tópicos entre os historiadores. A sua morte prematura é considerada como um grande ponto de viragem na história alemã. Ainda é muito discutido se Frederico teria sido capaz de deixar o seu império mais liberal caso tivesse vivido mais.
   

Há 125 anos houve um sismo no Japão que provocou um mortífero tsunami


The 1896 Sanriku earthquake was one of the most destructive seismic events in Japanese history. The 8.5 magnitude earthquake occurred at 19:32 (local time) on June 15, 1896, approximately 166 kilometres (103 mi) off the coast of Iwate Prefecture, Honshu. It resulted in two tsunamis which destroyed about 9,000 homes and caused at least 22,000 deaths. The waves reached a then-record height of 38.2 metres (125 ft); this would remain the highest on record until waves from the 2011 Tōhoku earthquake exceeded that height by more than 2 metres (6 ft 7 in).

Seismologists have discovered the tsunami's magnitude (Mt = 8.2) was much greater than expected for the estimated seismic magnitude. This earthquake is now regarded as being part of a distinct class of seismic events, the tsunami earthquake.
 
 

Hugo Pratt, o criador de Corto Maltese, nasceu há 94 anos

   
Hugo Eugenio Pratt (Rímini, 15 de junho de 1927 - Grandvaux, Suíça, 20 de agosto de 1995) foi um autor de banda desenhada italiano, criador da personagem Corto Maltese.
   

 

Hoje é dia de ouvir Alain Oulman cantado por Amália...

O livro Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada foi publicado há 97 anos

Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada (Veinte poemas de amor y una canción desesperada) é um livro de poesia de Pablo Neruda, onde se cruza o erotismo da poesia que celebra o corpo da mulher, com o gosto que Neruda tinha pela natureza. Nestes poemas, é frequente que os dois planos se cruzem, havendo uma certa identificação entre o corpo feminino e o mundo natural (as paisagens, a terra...).
Neruda escreveu o livro destes poemas quando tinha cerca de vinte anos, mas são alguns dos mais conhecidos da sua obra. O livro foi publicado em 15 de junho de 1924.


 
Poema 14 (Juegas todos los días)


Juegas todos los días con la luz del universo.
Sutil visitadora, llegas en la flor y en el agua.
Eres más que esta blanca cabecita que aprieto
como un racimo entre mis manos cada día.

A nadie te pareces desde que yo te amo.
Déjame tenderte entre guirnaldas amarillas.
Quién escribe tu nombre con letras de humo entre las estrellas del sur?
Ah déjame recordarte como eras entonces cuando aún no existías.

De pronto el viento aúlla y golpea mi ventana cerrada.
El cielo es una red cuajada de peces sombríos.
Aquí vienen a dar todos los vientos, todos.
Se desviste la lluvia.

Pasan huyendo los pájaros.
El viento. El viento.
Yo solo puedo luchar contra la fuerza de los hombres.
El temporal arremolina hojas oscuras
y suelta todas las barcas que anoche amarraron al cielo.

Tú estás aquí. Ah tú no huyes
Tú me responderás hasta el último grito.
Ovíllate a mi lado como si tuvieras miedo.
Sin embargo alguna vez corrió una sombra extraña por tus ojos.

Ahora, ahora también, pequeña, me traes madreselvas,
y tienes hasta los senos perfumados.
Mientras el viento triste galopa matando mariposas
yo te amo, y mi alegría muerde tu boca de ciruela.

Cuanto te habrá dolido acostumbrarte a mí,
a mi alma sola y salvaje, a mi nombre que todos ahuyentan.
Hemos visto arder tantas veces el lucero besándonos los ojos
y sobre nuestras cabezas destorcerse los crepúsculos en abanicos girantes.

Mis palabras llovieron sobre ti acariciándote.
Amé desde hace tiempo tu cuerpo de nácar soleado.
Hasta te creo dueña del universo.
Te traeré de las montañas flores alegres, copihues,
avellanas oscuras, y cestas silvestres de besos.
Quiero hacer contigo
lo que la primavera hace con los cerezos.

in
Veinte poemas de amor y una canción desesperada (1924) - Pablo Neruda

Nota: para os não entendem muito bem a língua castelhana, a brilhante tradução de Fernando Assis Pacheco:

Poema 14 (Brincas todos os dias)
  
 
Brincas todos os dias com a luz do universo.
Subtil visitadora, chegas na flor e na água.
És mais do que a pequena cabeça branca que aperto
como um cacho entre as mãos todos os dias.
 
Com ninguém te pareces desde que eu te amo.
Deixa-me estender-te entre grinaldas amarelas.
Quem escreve o teu nome com letras de fumo entre as estrelas do sul?
Ah deixa-me lembrar como eras então, quando ainda não existias.
 
Subitamente o vento uiva e bate à minha janela fechada.
O céu é uma rede coalhada de peixes sombrios.
Aqui vêm soprar todos os ventos, todos.
Aqui despe-se a chuva.
 
Passam fugindo os pássaros.
O vento. O vento.
Eu só posso lutar contra a força dos homens.
O temporal amontoa folhas escuras
e solta todos os barcos que esta noite amarraram ao céu.
 
Tu estás aqui. Ah tu não foges.
Tu responder-me-ás até ao último grito.
Enrola-te a meu lado como se tivesses medo.
Porém mais que uma vez correu uma sombra estranha pelos teus olhos.
 
Agora, agora também, pequena, trazes-me madressilva,
e tens até os seios perfumados.
Enquanto o vento triste galopa matando borboletas
eu amo-te, e a minha alegria morde a tua boca de ameixa.
  
O que te haverá doído acostumares-te a mim,
à minha alma selvagem e só, ao meu nome que todos escorraçam.
Vimos arder tantas vezes a estrela d'alva beijando-nos os olhos
e sobre as nossas cabeças destorcerem-se os crepúsculos em leques rodopiantes.

As minhas palavras choveram sobre ti acariciando-te.
Amei desde há que tempo o teu corpo de nácar moreno.
Creio-te mesmo dona do universo.
Vou trazer-te das montanhas flores alegres, «copihues»,
avelãs escuras, e cestos silvestres de beijos.
Quero fazer contigo
o que a primavera faz com as cerejeiras.

A Guerra do Chaco começou há 89 anos


Guerra do Chaco
Disputed Bolivia Paraguay.jpg
O Gran Chaco, teatro de operações da Guerra do Chaco
Data De 15 de junho de 1932 a 12 de junho de 1935
Local Gran Chaco, situado no sudeste da Bolívia e no norte do Paraguai
Desfecho O Paraguai conquista a maior parte do território em litígio
Combatentes
Paraguai  Bolívia
Principais líderes
José Félix Estigarribia Hans Kundt
Forças
Exército Paraguaio, com 150 000 homens Exército Boliviano, com 250 000 homens.
Vítimas
Exército Paraguaio, 30 000 mortos Exército Boliviano, 60 000 mortos
   
A Guerra do Chaco foi um conflito armado entre a Bolívia e o Paraguai que se estendeu de 15 de junho de 1932 a 12 de junho de 1935.
Originou-se pela disputa territorial da região do Chaco Boreal, tendo como uma das causas a descoberta de petróleo no sopé dos Andes. Foi a maior guerra na América do Sul do século XX. Deixou um saldo de 60 mil bolivianos e 30 mil paraguaios mortos, tendo resultado na derrota dos bolivianos com a perda e anexação de parte de seu território pelos paraguaios.
Em 12 de junho de 1935, foi aprovada a cessação das hostilidades, sob pressão dos Estados Unidos.
    
(...)
    
Os antecedentes do conflito residem nas várias disputas entre a Bolívia e o Paraguai pela posse de uma área da região do Chaco que vai até a margem direita do rio Paraguai e que na época do antigo Vice-Reinado do Rio da Prata pertencia à Bolívia. Portanto, após a independência dos dois países da Espanha, a região permaneceu em litígio, muito despovoada e as quatro tentativas de acordos de limites de fronteiras entre 1884 e 1907 foram rejeitadas por ambos os países. Anteriormente, a Bolívia já havia perdido o seu litoral e acesso ao Oceano Pacífico durante um conflito com o Chile, entre 1879 e 1881, conhecido como Guerra do Pacífico, também havia perdido o Acre, rico em seringueiras para produção da borracha, para o Brasil, através do Tratado de Petrópolis em 1903.
A Bolívia desejava ter um acesso ao Oceano Atlântico, via rio Paraguai e, para ter pleno acesso àquele rio, necessitava ocupar o Chaco, em território paraguaio.
    
(...)
     
Com a suposta descoberta de petróleo no sopé da cordilheira dos Andes, na região do Chaco Boreal, eclodiu o conflito entre ambas as nações. A Bolívia e o Paraguai eram as duas nações mais pobres da América do Sul, sendo que para o Paraguai o Chaco lhe proporcionava grandes vantagens, com quase 600.000 km², e as reservas petrolíferas já existentes. A Bolívia, devido às crises, viu a necessidade de invadir o Chaco. Então em 1932, o Exército Boliviano, sem autorização do presidente, entra no Chaco e nas margens do Lago Pitiantuta, tentam guarnecer o local, mas os paraguaios descobrem e retomam o lago, uma expedição boliviana é enviada e expulsa os paraguaios e também conseguem tomar os fortes paraguaios de Corrales, Toledo e Boquerón. Com isso o presidente paraguaio Eusebio Ayala declara guerra à Bolívia.