Originou-se pela disputa territorial da região do
Chaco Boreal,
tendo como uma das causas a descoberta de petróleo no sopé dos Andes.
Deixou um saldo de 60 mil bolivianos e 30 mil paraguaios mortos, tendo
resultado na derrota dos bolivianos com a perda e anexação de parte de
seu território pelos paraguaios.
História
Os antecedentes do conflito residem nas várias disputas entre a
Bolívia e o Paraguai pela posse de uma área da região do Chaco que vai
até a margem direita do rio Paraguai e que na época do antigo
Vice-Reinado do Rio da Prata pertencia à Bolívia. Portanto, após a independência dos dois países da
Espanha,
a região permaneceu em litígio, muito despovoada e as quatro tentativas
de acordos de limites de fronteiras entre 1884 e 1907 foram rejeitadas
por ambos os países. Anteriormente, a Bolívia já havia perdido o seu
litoral e acesso ao
Oceano Pacífico durante um conflito com o
Chile, entre 1879 e 1881, conhecido como
Guerra do Pacífico, também havia perdido o
Acre, rico em seringueiras para produção da borracha, para o
Brasil, através do
Tratado de Petrópolis em 1903.
Além disso os paraguaios faziam algumas operações de corte de
quebrachos, ricos em
tanino,
para o curtume de couros, e haviam construído algumas ferrovias de
bitola estreita para o interior do Chaco, a fim de transportar as toras
de madeira até ao rio Paraguai.
Em 1930, a Bolívia, assim como outros países ocidentais, estavam sofrendo com a
Grande Depressão que provocou o colapso da economia boliviana e, para piorar, o presidente boliviano
Hernando Siles Reyes foi derrubado por um golpe de estado quando tentava prolongar seu mandato. Sendo substituído por
Carlos Blanco Galindo. Em 1931, o Congresso Nacional elegeu o candidato
Daniel Salamanca Urey,
um idoso de 62 anos de idade que sofria de terríveis dores abdominais,
como novo presidente da Bolívia. A Bolívia reclamava o território do
Chaco e pretendia anexá-lo.
Com a suposta descoberta de
petróleo no sopé da
cordilheira dos Andes, na região do
Chaco Boreal, eclodiu o conflito entre ambas as nações. A Bolívia e o Paraguai eram as duas nações mais pobres da
América do Sul,
sendo que para o Paraguai o Chaco lhe proporcionava grandes vantagens
com quase 600.000 km², e as reservas petrolíferas já existentes. A
Bolívia devido às crises viu a necessidade de invadir o Chaco. Então em
1932, o Exército Boliviano, sem autorização do presidente, entra no
Chaco e nas margens do Lago Pitiantuta, tentam guarnecer o local, mas os
paraguaios descobrem e retomam o lago, uma expedição boliviana é
enviada e expulsa os paraguaios e também conseguem tomar os fortes
paraguaios de Corrales, Toledo e
Boquerón, com isso o presidente paraguaio
Eusebio Ayala declara guerra à Bolívia.
O Paraguai tinha 2 vantagens. Primeiro, os paraguaios estavam mais perto do
Teatro de Operações, permitindo as tropas serem transportadas de navio
até Puerto Casado e de lá seguirem de trem até perto do QG em Isla Potí.
E segundo, os paraguaios mobilizaram todo o exército diferente dos
bolivianos, que tinham dificuldades e temiam um desperdício mobilizando
todos os homens, também havia dificuldades para transportá-los pelo
Chaco, com estradas esburacadas, pouca água e temperatura de 40º C.
Anos antes da guerra, o Marechal alemão
Hans Kundt,
comandou o Exército Boliviano, tentando sem sucesso modernizar o
exército, melhorar a vida dos soldados e adquirir armas modernas e
reorganizar a administração. Era baseado nos princípios alemães, tentou
prussianizar o exército boliviano, que entretanto era carente de
logística e experiência, os exércitos não tinha comunicação entre si,
era difícil promover ataques coordenados.Com a derrubada de Siles Reyes,
foi demitido.
O Exército Paraguaio estava em menor número, mas tinha armas modernas
e os paraguaios estavam dispostos à lutar até o fim, o Paraguai havia
mobilizado, no início, em torno de 15.000 homens, enquanto que os
bolivianos mobilizaram, em Agosto, em torno de 10.000 homens. O Marechal
paraguaio,
José Félix Estigarribia,
acreditando que haviam em torno de 1200 bolivianos, preparou um ataque
para retomar o forte de Boquerón, com apenas 448 soldados, 350 espingardas, 13
metralhadoras pesadas e 27 leves, além de 2 canhões Krupp, 1 canhão
Schneider e 2 canhões anti-aéreo. No dia 8 de setembro, um avião
boliviano avistou os paraguaios marchando e avisou os bolivianos. No dia
9, iniciou-se a Batalha de Boquerón, os bolivianos eram 5000, permitindo
repelir o ataque paraguaio. Somente nesse dia houve 7 tentativas
frustradas de recuperar o forte. Depois de vários dias de combates, os
bolivianos, exaustos, famintos e doentes, abandonam o forte, permitindo
aos paraguaios de avançarem ao Norte.
Depois da derrota em Boquerón, Salamanca convida Kundt para retornar
ao Comando-Geral do Exército. Kundt aceita e tenta promover ataques
baseados nos já antiquados métodos da
Primeira Guerra Mundial, ele não era um bom estrategista promovendo fracassadas ofensivas.
Em outubro de 1932, os paraguaios atacam o poderoso Forte Arce
conseguindo conquistá-lo. Em 1933, os bolivianos, comandados por Kundt,
contra-atacam o Forte Nanawa com 7000 homens, os 1485 paraguaios
resistem sob o comando de Estigarribia, por vários meses até que em
julho, os bolivianos desistem, o Forte Nanawa desde então ficou
conhecido como "
Verdun da América do Sul".
Durante o Cerco de Campo Vía, em dezembro de 1933, 10000 bolivianos
tentam desesperadamente contra-atacar os paraguaios, mas estes descobrem
os planos depois que interceptam mensagens de rádio e preparam-se para o
ataque, a
Força Aérea Boliviana
tenta lançar bombas sobre os inimigos, mas infelizmente acerta nos
próprios soldados bolivianos, assim, quando o combate se inicia, os 17.000
paraguaios, comandados por Estigarribia, resistem e vencem aniquilando
quase todo o exército boliviano de uma só vez. Com isso, o Marechal
Kundt foi substituído no Comando-Geral pelo General
Peñarada. Kundt retorna para a Alemanha, falecendo em 1939.
Com a ajuda da
Marinha do Paraguai, os paraguaios puderam se deslocar mais rápido do que os bolivianos.
Em 1934, a Bolívia tentava enviar mais reforços, mas devido ao clima e às chuvas que encharcavam as estradas esburacadas, dificultando as
operações, além das dificuldades económicas, fizeram com que oficias de
alta patente, liderados pelo General Peñarada, dessem um golpe de estado
derrubando Salamanca e
José Luis Tejada passou a ser o novo presidente.
Em
12 de junho de
1935
ocorre a última batalha, em Ingavi, com 3000 bolivianos, comandados pelo
coronel Bretel, que combateram 850 paraguaios, comandados pelo coronel
Rivarola que derrotou definitivamente os bolivianos. Então sem forças, a
Bolívia se rende, iniciando as negociações de paz. Em 21 de julho de
1938, os dois países aceitaram o acordo de paz realizado em
Buenos Aires,
o Paraguai ficou com 3/4 do Chaco Boreal e a Bolívia ficou com 1/4,
acabando com 3 anos de guerra, e levando os dois países à novas
dificuldades económicas devido a guerra e a descoberta de que os
supostos poços de petróleo não existiam.