quinta-feira, setembro 26, 2013

Música adequada à data

Robert Palmer morreu há 10 anos


Robert Allen Palmer (19 January 1949 – 26 September 2003), born in Batley, Yorkshire, was a Grammy Award winning English singer-songwriter. He was known for his distinctive voice and the eclectic mix of musical styles on his albums, combining soul, jazz, rock, pop, Reggae and blues. He found success both in his solo career and in the supergroup Power Station, and had Top 10 songs in both the US and the UK. His iconic music videos for the hits "Simply Irresistible" and "Addicted to Love", featured identically dressed dancing women with pale faces, dark eye makeup and bright red lipstick, which resembled the women in the art of Patrick Nagel, an artist popular in the 1980s. Sharp-suited, his involvement in the music industry commenced in the 1960s, covered five decades and included a spell with Vinegar Joe.

O poeta Affonso Ávila morreu há um ano

É considerado um dos mais importantes poetas brasileiros contemporâneos.
Teve participação ativa em importantes movimentos literários, foi criador do Instituto Estadual do Património Histórico e Artístico de Minas Gerais e de toda uma linha de pesquisas e ensaios cujo enfoque é o barroco no Brasil, principalmente do barroco mineiro.
Foi organizador da Semana de Poesia de Vanguarda, um importante evento realizado em 1963, e vencedor de diversos prémios – entre eles o Prémio Jabuti de Literatura, com O visto e o imaginado.
Vida
Affonso Ávila é filho de Lindolfo de Ávila e Silva e Liberalina de Barros Ávila, viúvo da ensaísta e escritora Laís Correa de Araujo (falecida em 2006). Também é pai do poeta Carlos Ávila, da historiadora Cristina Ávila e de Paulo, Myriam e Mônica.
Foi leitor assíduo durante a adolescência, costume que o acompanharia pelo resto da vida, como a leitura da Coleção Brasiliana e dos cadernos literários dos jornais do Rio e de São Paulo, e também o tornaria escritor.
Trabalhou como auxiliar de gabinete de Juscelino Kubitschek de Oliveira, então governador.
Em 2006, recebeu uma homenagem concedida pela Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais com a publicação da Fortuna crítica de Affonso Ávila.
Em junho de 2010, foi homenageado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a mais prestigiada universidade do estado, com a exposição exposição constructopoético – affonso80anosávila, realizada no Palácio das Artes, formada por livros, cartas, documentos, acervo pessoal do poeta, desenhos de outros artistas sobre a obra do escritor e pelo vídeo de Eder Santos, baseado num poema de Affonso Ávila.
Após um mês de internação no Hospital Felício Rocho, faleceu aos 84 anos, por causa de uma paragem cardíaca, na sua casa, na Rua Cristina, Bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte.

Carreira
Foi, juntamente com Fábio Lucas, Rui Mourão, Laís Corrêa de Araújo, Cyro Siqueira e outros jovens intelectuais, fundador da revista Vocação, que o levaria a ser nomeado assessor de gabinete de Juscelino Kubitschek.
A carreira de Affonso Ávila acumula trabalhos de levantamento e conservação do património artístico e arquitetónico das cidades históricas mineiras, sendo um dos marcos desse percurso a criação do Iepha.
Em 1956, passou a ser colunista do jornal O Estado de S.Paulo em assuntos sobre o estado de Minas Gerais.
Em 1957, funda a revista Tendência.
Em 1967, teve publicado o livro Resíduos seiscentistas em Minas que se tornaria um clássico nos estudos sobre a história de Minas Gerais.
Em 1969, foi lançado O poeta e a consciência crítica e Código de Minas & poesia anterior, dois livros que marcaram para sempre a sua trajetória.
Em 1969, foi diretor do Centro de Estudos Mineiros (CEM) da UFMG.
Entre 1969 e 1996, dirigiu a revista Barroco, publicada pelo CEM/UFMG, que se tornou uma leitura obrigatória sobre o assunto.
É autor de diversos livros, alguns deles premiados, editor de revistas e colaborador de diversas publicações, como da revista Tendência, da qual fez parte da direção, e da Fundação Gulbenkian, de Portugal.
   
  
IMPROVISO


A palavra justa
a mim não pertence,
busco-a nessa luta
em que não se vence,
trabalho diário,
pelo amor de sempre.

A palavra triste
a mim não pertence,
perco-a numa lide
cujo amor me vence,
trabalho diário
pelo amor de sempre.

A palavra louca
a mim não pertence,
bebo-a noutra boca
e ela me convence,
trabalho diário
pelo amor de sempre.


in
Carta do Solo(1961) - Affonso Ávila

quarta-feira, setembro 25, 2013

Jean-Philippe Rameau nasceu há 331 anos

Jean-Philippe Rameau (Dijon, 25 de setembro de 1682 - Paris, 12 de setembro de 1764), foi um dos maiores compositores do período Barroco-Rococó. Na França, porém, é tido com a maior expressão do Classicismo musical.
Filho de organista na catedral de Dijon, seguiu a carreira do pai, na qual se distinguiu desde cedo, trabalhando em várias catedrais. Não foi apenas um dos compositores franceses mais importantes do século XVIII, como também influenciou a teoria musical. O seu estilo de composição lírica pôs fim ao reinado póstumo de Jean-Baptiste Lully, cujo modelo dominara a França por meio século.
Até 1722 Rameau compusera apenas poucas e curtas peças para teclado e obras sacras, mas a publicação do seu tratado sobre harmonia naquele ano marcou o começo de um período muito produtivo, conhecendo a fama. As suas Pièces de Clavecin foram publicadas em 1724, seguidas por um novo livro de teoria, em 1726, e de obras para teclado e cantatas, em 1729. Somente aos cinquenta anos ingressou no terreno da música cénica, compondo a sua primeira ópera, Hippolyte et Aricie, um grande sucesso que lhe valeu a posição de principal criador de óperas francês do seu tempo. Escreveu várias óperas em vários géneros, sempre acolhidas com entusiasmo, e mesmo desencadeando grandes polémicas pela sua ousadia, inventividade e pelas novidades que introduziu. A sua música caracteriza-se por um dinamismo que contrasta com o estilo mais estático de Lully.
Era também professor de cravo, bastante na moda em Paris na sua época. A técnica do dedilhado dos instrumentos de teclado deve muito a Rameau. Foi "Compositor da Câmara do Rei", sendo agraciado poucos meses antes de morrer com o título de Cavaleiro. O seu funeral foi cercado de pompa, recebendo também homenagens em muitas cidades como um compositor excepcional que orgulhava a nação.


John Bonham, baterista dos Led Zeppelin, morreu há 33 anos

John Henry Bonham (Redditch, 31 de maio de 1948 - Clewer, 25 de setembro de 1980) foi um baterista inglês membro da banda de rock, heavy metal e hard rock Led Zeppelin, grupo de sucesso formado em 1968 pelo guitarrista Jimmy Page, junto ao vocalista Robert Plant e ao baixista e teclista John Paul Jones. Bonham era estimado por sua velocidade, potência, e o seu pé direito rápido, sons característicos, e seu "sentir" para a música Groove. Ele é considerado o maior bateristas da história da música rock. Mais de 30 anos após sua morte, Bonham continua a angariar prémios e elogios, incluindo uma lista dos leitores da Rolling Stone em 2011 e Gibson colocando-o em primeiro lugar da lista dos "melhores bateristas de todos os tempos".

O símbolo de Bonham do álbum Led Zeppelin IV

Morte
Bonham não gostava de se ausentar de casa e da família por longos períodos de tempo; Isto levou-o ao uso abusivo do álcool para controlar os seus nervos. Em 24 de setembro de 1980, na viagem do hotel para o estúdio onde a banda ensaiava para a sua digressão pelos Estados Unidos, Bonham bebeu cerca de quarenta shots de vodka.
Quando terminou o ensaio foram para a casa de Jimmy Page em Windsor. Depois da meia noite, Bonham adormeceu e foi levado para a cama. Benji LeFevre encontrou o corpo de Bonham na manhã seguinte. Apesar do alarido feito pela imprensa sensacionalista, a autópsia não revelou a presença de drogas no seu corpo. Foi diagnosticado de que Bonham morreu asfixiado pelo próprio vómito.


Shostakovich nasceu há 107 anos

Dmitri Dmitriyevich Shostakovich (São Petersburgo, 25 de setembro de 1906 – Moscovo, 9 de agosto de 1975) foi um compositor russo e um dos mais célebres compositores do século XX.
Shostakovich ganhou fama na União Soviética graças ao mecenato de Mikhail Tukhachevsky, chefe de pessoal de Leon Trotsky, tendo mais tarde uma complexa e difícil relação com a burocracia estalinista. A sua música foi oficialmente denunciada duas vezes, em 1936 e 1948, e foi periodicamente banida. Não obstante, ele recebeu alguns prémios e condecorações estatais e serviu na Soviete Supremo da União Soviética. Apesar das controvérsias oficiais, os seus trabalhos eram populares e bem recebidos pelo público.
Após um período influenciado por Sergei Prokofiev e Igor Stravinsky, Shostakovich desenvolveu um estilo híbrido, como exemplificado pela sua ópera Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk (1934). Esta obra individual justapôs uma variedade de tendências, incluindo o estilo neoclássico (mostrando a influência de Igor Stravinsky) e o estilo pós-romântico (após Gustav Mahler).
Os trabalhos orquestrais de Shostakovitch incluem quinze sinfonias e seis concertos. A sua música de câmara inclui quinze quartetos para cordas, um quinteto para piano, duas peças para um octeto de cordas e dois trios para piano. Para piano, ele compôs duas sonatas solo, um primeiro conjunto de prelúdios e um outro conjunto mais tardio de prelúdios e fugas. Outros trabalhos incluem duas óperas e uma quantidade substancial de música para filmes.


Há 49 anos começou a guerra colonial ou de independência em Moçambique

A Guerra da Independência de Moçambique, também conhecida como Luta Armada de Libertação Nacional, foi um conflito armado entre as forças da guerrilha da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e as Forças Armadas de Portugal. Oficialmente, a guerra teve início a 25 de setembro de 1964, com um ataque ao posto administrativo de Chai no então distrito (actualmente província) de Cabo Delgado, e terminou com um cessar-fogo a 8 de setembro de 1974, resultando numa independência negociada em 1975.
Ao longo dos seus quatro séculos de presença em território africano, a primeira vez que Portugal teve que enfrentar guerras de independência, e forças de guerrilha, foi em 1961, na Guerra de Independência de Angola. Em Moçambique, o conflito começou em 1964, resultado da frustração e agitação entre os cidadãos moçambicanos, contra a forma de administração estrangeira, que consideravam ser exploratória e de maus tratos, e que só defendia os interesses económicos portugueses na região. Muitos moçambicanos ressentiam-se das políticas portuguesas em relação aos nativos, que eram discriminatórias, tradicionais e que limitavam o acesso à educação, ministrada pelos portugueses, e ao emprego qualificado. Influenciados pelos movimentos de autodeterminação africanos do pós-guerra, muitos moçambicanos tornaram-se, progressivamente, nacionalistas e, de forma crescente, frustrados pelo contínuo servilismo da sua nação às regras exteriores. Por outro lado, aqueles moçambicanos mais cultos, e integrados no sistema social português implementado em Moçambique, em particular os que viviam nos centros urbanos, reagiram negativamente à vontade, cada vez maior, de independência. Os portugueses estabelecidos no território, que incluíam a maior parte das autoridades, responderam com um incremento da presença militar e com um aumento de projectos de desenvolvimento.
Um exílio em massa de políticos da intelligentsia de Moçambique para países vizinhos providenciou-lhes um ambiente ideal no qual radicais moçambicanos podiam planear acções, e criar agitação política, no seu país de origem. A criação da organização de guerrilha moçambicana FRELIMO e o apoio da União Soviética, China e Cuba, por meio do fornecimento de armamento e de instrutores, levaram ao surgimento da violência que continuaria por mais uma década.
Do ponto de vista militar, o contingente militar português foi sempre superior durante todo o conflito contra as forças de guerrilha. Embora em desvantagem, as forças da FRELIMO saíram vitoriosas, após a Revolução dos Cravos em Lisboa, a 25 de abril de 1974, que acabou com o regime ditatorial em Portugal. Moçambique acabaria por obter a sua independência em 25 de junho de 1975, após mais de 400 anos de presença portuguesa nesta região de África. De acordo com alguns historiadores da Revolução, o golpe de Estado militar em Portugal foi, em parte, causado pelos protestos face ao comportamento das tropas portuguesas em relação à população moçambicana. No entanto, o crescente aumento da influência comunista sobre os militares portugueses revoltosos que lideraram o golpe militar em Lisboa, e, por outro lado, a pressão internacional sobre a condução da Guerra Colonial Portuguesa em geral, foram as principais causas para o resultado final.
 
(...)
 
A primeira vítima do conflito terá sido o padre holandês Daniel Boormans, da Missão Católica de Nangololo, em 24 de agosto de 1964 que, alegadamente, foi confundido com o chefe do posto. A FRELIMO, que tinha acabado de entrar em Moçambique vinda da Tanzânia, rapidamente atribuiu este incidente às forças da Manu e da Udenamo, e um mês depois, a 25 de setembro, lançou os primeiros ataques na região de Mueda, marcando, oficialmente, o início do conflito. Nesta data, Alberto Joaquim Chipande, à frente de um grupo de 12 homens, atacou um posto administrativo na localidade de Chai, matando o chefe do posto e outras seis pessoas, segundo a sua versão. No entanto, segundo outra versão, de tropas portuguesas, ninguém teria sido abatido; apenas as paredes do posto administrativo teriam sido atingidas.
Historicamente, Chipande é considerado como o primeiro a disparar o tiro que deu início ao conflito, embora haja vozes discordantes, mesmo no seio da FRELIMO. Eduardo Nihia, membro do Conselho de Estado e antigo combatente, reclamou igualmente a autoria desse disparo, referindo mesmo que também houve disparos noutras frentes, embora sem sucesso. Chipande reagiu a estas declarações afirmando a sua abertura a novas versões sobre o que realmente acontecera.
  

Sismo sentido nos Açores

Recebido via e-mail do Instituto Português do Mar e da Atmosfera:

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera informa que no dia 25.09.2013 pelas 07.40 (hora local - UTM) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Arquipélago dos Açores, um sismo de magnitude 3.9 (Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 45 km a Norte-Noroeste dos Cedros (Faial).

Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima III (escala de Mercalli modificada) nas freguesias de Cedros, Capelo, Praia do Almoxarife, Ribeirinha e na cidade da Horta, este sismo foi ainda sentido com intensidade II/III nas freguesias de Feteira e Castelo Branco.

Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.

Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IPMA na Internet (www.ipma.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (www.prociv.azores.gov.pt).

NOTA -  dados do IPMA, com mapa:

Data(TU)Lat.Lon.Prof.Mag.Ref.GrauLocal
2013-09-25 07:40 39,03 -28,85 8 3,9 W Fossa Oeste Graciosa IIICedros

O tradado de Paz de Augsburgo foi assinado há 458 anos

Primeira página do documento - Mainz, 1555

A Paz de Augsburgo foi um tratado assinado entre o Imperador Carlos V (também, simultaneamente, Rei Carlos I de Espanha, pai do Rei Filipe II de Espanha e I de Portugal) e as forças da Liga de Esmalcalda, em 25 de setembro de 1555, na cidade de Augsburgo, na atual Alemanha.
O resultado da Paz de Augsburgo foi o estabelecimento da tolerância oficial da Igreja Luterana no Sacro Império Romano. De acordo com a política de cuius regio, eius religio, a religião (católica ou luterana) do príncipe (eleitor) da região seria aquela a que os súbditos desse príncipe se deveriam converter. Foi concedido um período de transição, no qual os súbditos poderiam escolher se não preferiam mudar-se com família e haveres para uma região governada por um príncipe da religião de sua escolha (Artigo 24: "No caso de os nossos súbditos, quer pertencentes à velha religião ou à confissão de Augsburgo, pretendam deixar suas casas com as suas mulheres e crianças, por forma a assentar noutra, eles não serão impedidos na venda do seu imobiliário, desde que pagas as devidas taxas, nem magoados na sua honra").
Apesar de a Paz de Augsburgo ter sido moderadamente bem sucedida em aliviar a tensão no império e ter aumentado a tolerância, ela deixou coisas importantes por fazer. Nem os anabaptistas nem os calvinistas ficaram protegidos sob esta paz: muitos grupos protestantes vivendo sob o domínio de um príncipe Luterano ainda se encontravam em perigo de acusação de heresia. (Artigo 7: "No entanto, todas as religiões que não aquelas duas mencionadas acima não serão incluídas na presente paz, e estão totalmente excluídas dela.") A tolerância não foi oficialmente estendida aos calvinistas antes do Tratado de Vestfália em 1648.
As divisões religiosas criadas pela Paz de Augsburgo deixaram a região politicamente fragmentada até bem depois de outras nações-estados se terem unido (Inglaterra, França, Áustria-Hungria, etc), desta forma enfraquecendo a Alemanha como potência mundial até ao final do século XIX (apenas em 1871).
Alguns historiadores acham que foi por causa deste atraso na unificação que se verificou um extremo nacionalismo alemão nos séculos XIX e XX, o que levou indirectamente à Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial.

Sobre o sismo de ontem - um sismograma

Aqui fica um sismograma, efetuado pelo geofone de Manteigas, que mostra o registo do sismo de ontem, sentido no Alentejo:

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terça-feira, setembro 24, 2013

Porque os Poetas nunca morrem...


Morreu ontem António Ramos Rosa. Morreu o Homem, não o Poeta - esse só morre quando for esquecido (e há tanto para recordar...). Recordemo-lo e celebremo-lo, através da sua poesia e de um Requiem de um músico português (Duarte Lobo) que morreu nesta data, há 367 anos...

(imagem daqui)

Para um amigo tenho sempre

Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.



in Viagem Através de uma Nebulosa (1960) - António Ramos Rosa

Porque é preciso recordar António Ramos Rosa...

Estátua de António Ramos Rosa - Parque dos Poetas, Oeiras (imagem daqui)

Não posso adiar o amor
  
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.


in Viagem Através de uma Nebulosa (1960) - António Ramos Rosa

O compositor português Duarte Lobo morreu há 367 anos

Duarte Lobo (?, circa 1565 24 de setembro de 1646) foi um compositor português da época do Renascimento tardio e Barroco inicial. Foi o mais famoso compositor português da sua época. Em conjunto com Filipe de Magalhães, Manuel Cardoso e o Rei D. João IV, é considerado um dos músicos da "época dourada" da polifonia portuguesa.
Sabe-se pouco da sua vida. Terá nascido em Alcáçovas ou em Lisboa, e sabe-se que foi aluno de Manuel Mendes em Évora. O seu primeiro trabalho terá sido o de mestre de capela da catedral de Évora; em 1594 era mestre de capela em Lisboa. Ensinou música no Colégio do Claustro da Sé em Lisboa, onde se manteve pelo menos até 1639. Mais tarde dirigiu na capital a capela do Seminário de São Bartolomeu. Assinava as suas obras como Eduardus Lupus.
Embora cronologicamente a sua vida se sobreponha à época do Barroco, escreveu, tal como Manuel Cardoso, música essencialmente ao estilo e técnica contrapontística da Renascença, como a da polifonia de Palestrina, tal como se poderia esperar por ter vivido numa zona isolada das inovações musicais de Itália e Alemanha. Publicou seis livros de música sacra, incluindo missas, responsórios, antífonas, magnificats e motetes.
A sua música é altamente atractiva, com força expressiva, tirando partido das características rítmicas e harmónicas do texto latino, em conformidade com as disposições do Concílio de Trento.
Encontram-se dispersos por diversas cidades (Coimbra, Évora, Vila Viçosa, Valladolid, Sevilha, Munique, Londres e Viena) os exemplares de praticamente tudo o que da sua obra foi editado em Antuérpia (Plantin, 1602-1639) e em Lisboa (Craesbeck, 1607).


Shawn Crahan, o percussionista dos Slipknot, faz hoje 44 anos

Michael Shawn Crahan (Des Moines, Iowa, 24 de setembro de 1969) também conhecido como Clown, Kong ou pelo numeral (# 6), é um músico americano conhecido como percussionista e fundador da banda de New Metal Slipknot, é também o baterista das bandas To My Surprise e Dirty Little Rabbits.

Biografia
Crahan nasceu em Des Moines, Iowa, em 25 de setembro de 1969. Ele tocou em bandas como Heads on the Wall, One Cup Fat e Quan. Até o início da década de 1990, Crahan era um alcoólico, o que se agravou pela sua compra de um bar em Des Moines, chamado The Safari. Frustrado com a sua falta de sucesso, ele diz que ele teria cometido suicídio, se na época não tivesse encontrado a sua futura esposa, Chantal. Bem como emprestar o seu talento à percussão da banda, Crahan faz coros num conjunto de canções dos Slipknot, tanto gravados em estúdio como nos executados ao vivo. Ele também escreveu a versão original de "Tattered & Torn", que apareceu do início do disco demo da banda, "Mate.Feed.Kill.Repeat". Fora dos Slipknot, Crahan fundou a Big Orange Clown Records, uma etiqueta dentro da Sanctuary Records, que assinou com a banda de metalcore Gizmachi. Ele também tocava com os To My Surprise, na gravação de tambores e vocais da banda, no álbum homónimo. A banda recebeu pouca atenção devido ao seu álbum ser lançado no meio do sucesso dos Slipknot. Para a surpresa de todos foi posteriormente abandonado pela Roadrunner Records. Em 2007, começou a tocar como baterista na banda Dirty Little Rabbits. A banda foi um ato de apoio a Stone Sour durante sua turnê norte-americana no Verão de 2007, e teve lançado um EP, intitulado Breeding. Eles já assinaram um acordo com a The End Records, a partir de novembro de 2008.

Máscara
A máscara original de Shawn, que ele fez há aproximadamente 20 anos, quando disse: “Eu vou matar todos os filhos da p... daqui! Qual é a pergunta? A máscara? Ela representa minha morte!” Na época do Iowa ela mudou, com um visual mais dark e sinistro, com um pentagrama de cabeça para baixo. Tinha na testa cravado o número 6, número que Shawn tem na banda, e tinha características de metal como “chifres”, e, na sua cabeça, é como se ele tivesse rasgado, com parte do seu cérebro coberto por sangue. Essa máscara teve muitas variações. Já no Vol. 3: (The Subliminal Verses) usa  uma máscara diferente, enfaixada com fita adesiva médica, manchada de sangue, mas continua com o seu mesmo nariz de palhaço. No final da turnê do Subliminal, Shawn removeu as partes superiores da sua máscara, deixando o seu cabelo pendurado de fora. Atualmente, Clown utiliza uma máscara meio palhaço-masoquista. A sua máscara recentemente no All Hope is Gone é preta, de palhaço com nariz, e contem vários zíperes por toda parte e na boca, que não estavam presentes nas máscaras anteriores. Durante a torné All Hope Is Gone mudaram a sua máscara para uma que era preta com uma expressão feliz. Ele ainda tinha um nariz vermelho de palhaço; esta nova máscara é chamada de "Sra. Palhaço", já que tem características faciais do sexo feminino.



Linda McCartney nasceu há 72 anos

Estátua no Linda McCartney Memorial Garden (em Campbeltown, a maior cidade de Kintyre )

Linda McCartney (Nova Iorque, 24 de setembro de 1941 - Tucson, 17 de abril de 1998), Lady McCartney, batizada com o nome de Linda Louise Eastman foi uma fotógrafa dos Estados Unidos, da editora Rolling Stone Magazine, musicista e ativista dedicada a divulgar abusos contra os animais. Tornou-se famosa mundialmente ao casar-se com Paul McCartney, em 12 de março de 1969, na ocasião, o baixista do grupo de rock inglês The Beatles.


Jim Henson, o pai dos Marretas, nasceu há 77 anos

James Maury "Jim" Henson (Greenville, Mississippi, 24 de setembro de 1936Nova Iorque, 16 de maio de 1990) foi o criador e manipulador dos bonecos Muppets (Os Marretas).
Jim começou a sua carreira de manipulador de bonecos quando lançou, com a sua futura noiva e colaboradora, Jane Nebel Henson, o programa infanto-juvenil apresentado por bonecos chamado Sam e Seus Amigos, no qual apareceu, pela 1ª vez, o mais famoso dos personagens de Jim Henson, o sapo Kermit, chamado em Portugal de Cocas, o Sapo. Além de Kermit, também tinha o Sam, Harry, Yorick etc. O programa foi produzido pela WRC-TV NBC 4 e permaneceu no ar até 1961.
Depois do sucesso de Sam e Seus Amigos, Jim Henson criou a sua própria empresa de criação de bonecos, chamada Muppets, Inc., depois chamada de Henson Associates, Inc.; Jim Henson Productions; e, atualmente, The Jim Henson Company. Os personagens Muppets participaram de alguns programas de auditório americanos famosos, entre eles, o Jimmy Dean Show (a 1ª aparição de Rowlf, um adorável cão que toca piano, ukelele e harmónica, e tem um grande sentido de humor) e o Ed Sullivan Show, sendo lançado nos EUA, inclusive, um DVD com 20 das 25 aparições dos Marretas neste último.
Em 1968, a Sesame Workshop, de Joan Ganz Gooney, em parceria com a Muppets, Inc., criou e produziu um programa infanto-juvenil educativo chamado Sesame Street que fez tanto sucesso que passou a ser adaptado em outros países, inclusive o Brasil (co-produzido pela TV Cultura e pela TV Globo de 1973 a 1977, com nova versão produzida pela TV Cultura a partir de 2007), o México (produzido pela Televisa de 1973 até hoje) e Portugal. O protagonista é um Muppet de corpo inteiro chamado Big Bird (Garibaldo no Brasil e Poupas Amarelo em Portugal).
Em 1976, a Muppets, Inc., agora com o nome de Henson Associates, Inc., formou parceria com a ATV/ITC Entertainment de Lord Lew Grade, para produzir o show de maior sucesso dos Muppets: The Muppet Show, apelidado em Portugal de Os Marretas, no qual os personagens Caco, Fozzie, Gonzo, Rizzo, Miss Piggy e outros, recebiam convidados especiais, tais como Elton John, George Burns, e Madeline Kahn.
Em 1979, foi lançado o 1º longa-metragem dos Muppets, As Aventuras dos Marretas, seguido por The Great Muppet Caper (1981) e The Muppets Take Manhattan (1983).
No mesmo ano, foi construída a sua empresa de criação e confecção de bonecos animatrónicos e cenários, e animação de personagens computadorizados ou de massa de modelar, chamada de Jim Henson's Creature Shop (inicialmente The Muppet Creature Shop), situada em Londres, com filiais em Nova Iorque, Los Angeles e Sydney.
Henson concluiu a sua primeira longa-metragem com criaturas animatrónicas: O Cristal Encantado.
Em 1983, Jim Henson iniciou uma nova série Fraggle Rock, a Rocha Encantada, cuja exibição durou de 1983 a 1987 e ocorreu em vídeo no Brasil. (Foi lançado em DVD pela HIT Entertainment mas não foi confirmada nenhuma data de lançamento deste DVD no Brasil)
Em 1986, juntamente com Lucasfilm, Ltd. (a mesma de Star Wars), Henson lançou Labirinto, a Magia do Tempo.
Em 1990 a Disney juntou-se a Henson pela 1ª vez, com sua série Família Dinossauros. Também foi lançada uma atração nos parques Disney: Muppet-Vision 3-D/4-D.
Ainda em 1990 (precisamente a 16 de maio de 1990), que Jim Henson faleceu, vítima de uma pneumonia. Ele foi cremado e as suas cinzas espalhadas pelo seu rancho em Santa Fe, no estado americano de Novo México.
No dia 23 de setembro de 2011 foi homenageado pelo Google com um Google Doodle em que apareciam alguns dos personagens da Rua Sésamo formando a palavra "Google".


O Imperador D. Pedro I do Brasil e Rei D. Pedro IV de Portugal morreu há 179 anos

D. Pedro I (Queluz, 12 de outubro de 1798 - Queluz, 24 de setembro de 1834), alcunhado o Libertador, foi o fundador e primeiro monarca do Império do Brasil. Como Rei Dom Pedro IV, reinou brevemente em Portugal, onde também ficou conhecido como o Libertador e também como o Rei Soldado. Nascido em Lisboa, Pedro I foi a quarta criança do Rei Dom João VI de Portugal e da Rainha Carlota Joaquina, e assim membro da Casa de Bragança. Quando seu país foi invadido por tropas francesas em 1807, foi com a sua família para o Brasil.
A deflagração da Revolução liberal de 1820 no Porto, com a rápida adesão de Lisboa e o resto do país, obrigou o pai de D. Pedro I a retornar a Portugal em abril de 1821, deixando-o para governar o Brasil como regente. Teve de lidar com as ameaças de revolucionários e com a insubordinação de tropas portuguesas, as quais foram, no entanto, todas subjugadas. A tentativa do governo português de retirar a autonomia política que o Brasil gozava desde 1808 e tornar o país que havia sido elevado a condição de reino unido a Portugal em uma colónia ultramarina novamente foi recebida com descontentamento geral. Pedro I escolheu o lado brasileiro e declarou a independência do Brasil de Portugal em 7 de setembro de 1822. Em 12 de outubro foi aclamado imperador brasileiro e, em março de 1824, já havia derrotado todos os exércitos leais a Portugal. Poucos meses depois, Pedro I esmagou a Confederação do Equador, principal reação contra a tendência absolutista e a política centralizadora de seu governo.
Uma rebelião separatista na província sulista da Cisplatina no início de 1826, e a tentativa subsequente de sua anexação pela Províncias Unidas do Rio da Prata (futura Argentina) levaram o império a Guerra da Cisplatina. Em março de 1826, Pedro I se tornou brevemente rei de Portugal com o título de D. Pedro IV, antes de abdicar em favor da sua filha mais velha, Maria II. A situação piorou em 1828 quando a guerra do sul resultou na perda da Cisplatina. Nesse mesmo ano, em Lisboa, o trono de Maria II foi usurpado pelo príncipe Dom Miguel, irmão mais novo de Pedro I. O relacionamento sexual escândaloso e concorrente com uma cortesã maculou a reputação do imperador. Outras dificuldades surgiram no parlamento brasileiro, onde o conflito sobre se o governo e suas políticas seriam escolhidos pelo monarca ou pela legislatura dominaram os debates políticos de 1826 à 1831. Incapaz de lidar com os problemas do Brasil e de Portugal ao mesmo tempo, em 7 de abril de 1831 Pedro I abdicou em favor de seu filho Dom Pedro II e partiu para a Europa.
Dom Pedro  invadiu Portugal, começando pelos Açores, à frente de um exército, em 1832. Frente ao que parecia inicialmente uma guerra civil nacional, logo se envolveu num conflito em escala muito maior que abrangeu toda a península Ibérica numa luta entre os defensores do Liberalismo e aqueles que procuravam o retorno ao Absolutismo. Dom Pedro  morreu de tuberculose em 24 de setembro de 1834, apenas poucos meses após ele e os liberais terem emergido vitoriosos. Foi consagrado por contemporâneos e pela posteridade como uma figura chave que ajudou a propagar os ideais liberais que permitiram ao Brasil e a Portugal a se moverem de regimes autoritários a formas de governo representativo.

(...)
 
Litografia da morte de D. Pedro

Morte
As cortes de agosto de 1834 confirmam a regência de D. Pedro I, que repõe a filha no trono português. Apesar de ter reconquistado o trono português para sua filha, D. Pedro I voltou tuberculoso da campanha e morreu em 24 de setembro de 1834, pouco depois da Convenção de Évoramonte (que selara a vitória da causa liberal, de que se fizera paladino), no palácio de Queluz, no mesmo quarto e na mesma cama onde nascera 35 anos antes. Ao seu lado, na hora da morte, estavam a Imperatriz D. Amélia e a Rainha D. Maria II.
Foi sepultado no Panteão dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora em Lisboa. O seu coração foi doado, por decisão testamentária, à cidade do Porto, encontrando-se conservado na Igreja da Lapa, no Porto, como relíquia, num mausoléu na capela-mor da igreja, ao lado do Evangelho. Em 1972, no sesquicentenário da Independência, os seus despojos foram trasladados do panteão de São Vicente de Fora para a cripta do Monumento à Independência, localizado no Museu do Ipiranga em São Paulo, Brasil.
Atualmente, os restos mortais do imperador repousam ao lado de sua primeira esposa, a Imperatriz Leopoldina e da segunda esposa, Imperatriz Amélia.


Sismo sentido no Alentejo

Informação recebida do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) via e-mail:

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera informa que no dia 24.09.2013 pelas 10.52 (hora local; UTM: -1 hora) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Continente, um sismo de magnitude 2.7 (Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 12 km a norte-noroeste de Arraiolos.

Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima III/IV (escala de Mercalli modificada) na região de Arraiolos. Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.

Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IPMA na Internet (www.ipma.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto da Autoridade Nacional de Proteção Civil (www.prociv.pt).
 NOTA: mapa do epicentro e dados do sismo, segundo o IPMA:

Data(TU)Lat.Lon.Prof.Mag.Ref.GrauLocal
2013-09-24 09.52 38,82 -8,04 19 2,7 NW Arraiolos III/IVArraiolos


O perito em alimentação e fome Josué de Castro morreu há 40 anos


(imagem daqui)

Josué Apolônio de Castro (Recife, 5 de setembro de 1908 - Paris, 24 de setembro de 1973), mais conhecido como Josué de Castro, foi um influente médico, nutrólogo, professor, geógrafo, cientista social, político, escritor, ativista brasileiro que dedicou sua vida ao combate à fome. Destacou-se no cenário brasileiro e internacional, não só pelos seus trabalhos ecológicos sobre o problema da fome no mundo, mas também no plano político em vários organismos internacionais.
Partindo de sua experiência pessoal no Nordeste brasileiro, publicou uma extensa obra que inclui: "Geografia da Fome", "Geopolítica da Fome", "Sete Palmos de Terra e um Caixão" e "Homens e Caranguejos". Exerceu a Presidência do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), e foi também embaixador brasileiro na Organização das Nações Unidas (ONU).
Recebeu da Academia de Ciências Políticas dos Estados Unidos, o Prémio Franklin D. Roosevelt, o Conselho Mundial da Paz lhe ofereceu o Prémio Internacional da Paz e o governo francês condecorou-o, sendo Oficial da Legião de Honra.
Logo após o Golpe de Estado de 1964, teve seus direitos políticos suspensos pela ditadura militar.

Vida 

1908-1929
Josué nasceu no dia 5 de setembro de 1908, em Recife, capital do estado de Pernambuco. O seu pai veio de Cabaceiras durante a grande seca de 1877. A sua mãe, da região da zona da mata. Josué cresceu bem próximo dos mangues da cidade, região de mocambos, habitada por retirantes e caranguejos.
Aos 20 anos formou-se em Medicina.

1930-1945
Apesar do interesse inicial pela psiquiatria, resolveu fazer nutrição e abriu sua clínica em Recife. Na mesma época, contratado por uma fábrica para examinar trabalhadores com problemas de saúde indefinidos e acusados de indolência, diagnosticou: “sei o que meus clientes têm. Mas não posso curá-los porque sou médico e não diretor daqui. A doença desta gente é fome”. Logo foi demitido da fábrica. Vislumbrou então a dimensão social da doença, ocultada por preconceitos raciais e climáticos.
Efetuou um inquérito pioneiro no Brasil, relacionando a produtividade com a alimentação do trabalhador, uma das bases para a posterior formulação do salário mínimo, e passou a chefiar uma comissão de estudos das condições de vida dos operários brasileiros. Como professor, ensinava Fisiologia e Geografia Humana.
Casado com sua ex-aluna Glauce, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1935. Após um período de dificuldades, passou a ensinar Antropologia. Recorreu ao método geográfico para apresentar o mapa das regiões alimentares em A alimentação brasileira à luz da Geografia Humana. Entre outros contos, crónicas, ensaios, estudos sociais e biológicos, publicou O ciclo do caranguejo, conto sobre os mangues da sua cidade natal.
A partir de 1940, participou de todos os projetos governamentais ligados à alimentação, coordenando a implantação dos primeiros restaurantes populares, dirigindo as pesquisas do Instituto de Tecnologia Alimentar e colaborando para a execução de várias políticas públicas, como a educação alimentar. Sob sua direção foi lançado o periódico Arquivos Brasileiros de Nutrologia.

1946-1963
O ano de 1946 foi marcado pela publicação de Geografia da fome. Obra clássica da ciência brasileira, o livro buscou tirar da obscuridade o quadro trágico da fome no país. Enfatizou as origens socioeconómicas da tragédia e denunciou as explicações deterministas que naturalizavam este quadro.
No mesmo ano, foi o fundador e primeiro diretor do Instituto de Nutrição da Universidade do Brasil. Efetivou como professor de Geografia Humana em 1947, na Universidade do Brasil (atual UFRJ). A Conferência da FAO de 1948 registou o início de sua participação neste órgão internacional.
Geopolítica da fome, livro publicado em 1951, concebido como uma extensão da Geografia da fome, tornou-se um marco histórico e político nas questões de alimentação e população. Os princípios ecológicos e geográficos foram desta vez utilizados na escala da fome mundial. Posicionou-se contra as interpretações demográficas que entendiam a fome como consequência de excesso populacional e prescreviam um controle de natalidade de massa. Cuidou de “desnaturalizar” a fome mais uma vez e demonstrou os vários fatores biológicos, geográficos, culturais e políticos pelos quais a fome gera a superpopulação.
Respeitado internacionalmente, foi eleito, por representantes de setenta países, Presidente do Conselho Executivo da FAO, cargo que exerceu entre 1952 e 1956. Enfrentou forte oposição dos países desenvolvidos à execução de projetos voltados para o desenvolvimento do terceiro mundo e não deixou de expressar sua frustração com a “ação tímida e vacilante” da agência das Nações Unidas, apesar da alta qualificação de seus experts e técnicos.
Exerceu dois mandatos como Deputado Federal eleito pelo Estado de Pernambuco. Entre diversos projetos ligados a questões agrárias, educacionais, culturais e económicas, apresentou o de regulamentação da profissão de nutricionista, que dispõe sobre o ensino superior de Nutrição e o projeto para a reforma agrária, entendida como “um processo de revisão das relações jurídicas e económicas entre os que detêm a propriedade rural e os que nela trabalham”. Com seus pronunciamentos, deixou registados relevantes acontecimentos históricos, assim como a defesa contra abusos da imprensa quando, em várias ocasiões, dá vazão a interesses subservientes.
Em 1963, tornou-se Embaixador brasileiro junto à sede europeia da Organização das Nações Unidas, em Genebra. Era então uma personalidade de projeção internacional, convidado por reis e chefes de Estado, capaz de atrair uma plateia de 3.500 pessoas na cidade de Rouen, interior da França.

1964-1973
Em 9 de abril de 1964, com o Golpe Militar, foi destituído do cargo de embaixador-chefe em Genebra e logo depois tem seus direitos políticos suspensos por 10 anos pelo Regime Militar no Brasil (1964–1985) no seu primeiro Ato Institucional Nº 1.
Impedido de voltar ao país, escolheu a França para viver, morando em Paris de 1964 a 1973 onde continuou suas atividades intelectuais.
Fundou, em 1965, e dirigiu até 1973 o Centro Internacional para o Desenvolvimento, além de Presidente da Associação Médica Internacional para o Estudo das Condições de Vida e Saúde. Depois de um ano de docência, em 1969, o governo francês o designa professor estrangeiro associado ao Centro Universitário Experimental de Vincennes (Universidade de Paris VIII), onde trabalhou até sua morte.
No exílio, sentiu agudamente a falta do Brasil, a ponto de declarar que "não se morre apenas de enfarte ou de glomerulonefrite crónica, mas também de saudade". Faleceu em Paris, a 24 de setembro de 1973, enquando esperava o passaporte que o traria de volta ao Brasil. O passaporte chegou, porém já era tarde. O seu corpo foi enterrado no cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.

Poema para recordar António Ramos Rosa

(imagem daqui)

Vivi tanto

Vivi tanto
que já não tenho outra noção
de eternidade
que não seja a duração da minha vida


in Em Torno do Imponderável (2012) - António Ramos Rosa