Assim uns estão doentes e outros vão-se embora.
Para recordar a minha banda pop portuguesa preferida, apenas um vídeo:
O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas. Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
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E há para a escolha...
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A noite de 31 de Dezembro oferece o último evento astronómico do ano, o eclipse parcial da Lua. Só nos resta esperar boas condições meteorológicas para poder presenciar este belo espectáculo e findar o ano em grande.
As efemérides do Eclipse parcial da Lua, em 31 de Dezembro, para Lisboa, são:
17.15 - A Lua entra na penumbra
18.52 - A Lua entra na umbra
19:23 - Meio do eclipse
19.54 - A Lua sai da umbra
21.30 - A Lua sai da penumbra
Grandeza do eclipse = 0,082 (considerando o diâmetro da Lua como unidade)
Será um eclipse "quase" penumbral, pois a Lua atravessa o cone de sombra da Terra quase tangencialmente.
Será visto na Europa, na África, na Ásia, na parte extrema da Austrália Ocidental e no oceano Índico.
Eclipse parcial da Lua é um fenómeno celeste que ocorre quando a Lua penetra, parcialmente, no cone de sombra projectado pela Terra. Isto acontece sempre que o Sol, a Terra e a Lua se encontram próximos ou em perfeito alinhamento, estando a Terra no meio destes outros dois corpos. O eclipse parcial da Lua só pode ocorrer quando coincide com a fase de Lua cheia e a passagem dela pelo seu nodo orbital.
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Gralhas e morcegos inviabilizam investimento de 100 milhões de euros
Ministério do Ambiente chumba parque eólico no PNSAC
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(Via Blasfémias)
Nesta reportagem da SIC podemos observar a propaganda socrática no estado puro. Reparem bem nas palavras do ridículo Manuel Pinho: "quando daqui a 15 anos muitos países produzirem electricidade a partir da energia das ondas, todos se vão lembrar que tudo começou aqui e hoje".
Passados três meses dessa bonita cerimónia, e com um apoio a fundo perdido de 1 milhão e 250 mil euros por parte do Estado português, as máquinas avariaram e o projecto terminou. O dinheiro dos contribuintes que se lixe, desde que vá dando para estas operações de propaganda, repetidamente engendradas pelo governo socialista.
Post de Nuno Gouveia - Blog 31 da Armada
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ANIVERSÁRIO
Mãe:
Que visita tão pura me fizeste
Neste dia!
Era a tua memória que sorria
Sobre o meu berço.
Nu e pequeno como me deixaste,
Ia chorar de medo e de abandono.
Então vieste, e outra vez cantaste,
Até que veio o sono.
in Diário IV, Miguel Torga
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5 euros é quanto vale um computador Magalhães no mercado paraleloHá computadores Magalhães a ser vendidos por esse preço na Ilha de São Miguel, Açores, por crianças, ou em troca de brinquedos.
As crianças que os receberam nas suas escolas, muitas delas oriundas de bairros carenciados, fazem negócio, trocando o computador por dinheiro ou por brinquedos.
A troca pode ser efectuada por uma bicicleta ou por um carro-de-esferas - disseram algumas crianças à Antena 1 / Açores.
Quanto ao dinheiro, a venda pode ser concretizada entre os 5 e os 30 euros, porque, disse uma criança " é para a Mãe fazer a sua vida, para comer ou até mesmo para brincar.
O Governo pagou por cada computador um preço que ronda os 200 euros, com vista a implementar o uso da informática no ensino, distribuindo essa nova ferramenta de estudo e de trabalho pelas escolas do País e das Regiões Autónomas.
Solicitada a pronunciar-se sobre esta questão, a secretária regional da Educação, Maria Lina Mendes disse à Antena 1 / Açores "que, a partir do momento em que os pais pagam o computador, essa responsabilidade passa a ser deles e não da tutela".
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História Antiga
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga, Antologia Poética, Coimbra, Ed. do Autor, 1981
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Visão, 23 de Dezembro de 2009
Um esclarecimento cabal sobre o processo financeiro através do qual o Magalhães se tornou uma arma de propaganda ao serviço do Governo mais do que uma ferramenta pedagógica.
Conhecido o financiamento através das verbas da Acção Social Escolar percebem-se duas coisas: os investimento não foi feito por verbas específicas para o efeito, mas sim cortando nos outros apoios aos alunos carenciados, pelo que o anúncio do reforço de verbas na ASE para os últimos anos apenas servia para encobrir o financiamento da JP Sá Couto, desculpem, da aquisição e distribuição dos Magalhães.
Claro que numa perspectiva isaltina ou valentina, ou mesmo avelino ou felgueirista da coisa, os fins justificam os meios. Só que neste caso os fiuns foram a propaganda eleitoralista do PS e os meios foram o dinheiro para o apoio aos alunos carenciados que, por causa disso, ficaram muitas vezes sujeitos a escrutínios às finanças familiares (sendo mais prejudicados aqueles que menos sabem como fazer cosmética com as finanças) e a atrasos imensos na distribuição de materiais de trabalho diários, como os manuais escolares.
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Um poema "temperado com música" enviado por quem tem a mestria de combinar as duas artes. Obrigada Paulo Rato.
O poema: O meu Natal de Antigamente, de Teresa Rita Lopes
O MEU NATAL DE ANTIGAMENTE
Quando era menina
não havia Pai Natal nem Árvore de Natal.
Armava-se o presépio com chão de musgo
rochas de cortiça virgem ervas a valer
pedrinhas de verdade
e searinhas que se semeavam em pires e latas vazias
no dia 8 de Dezembro
e eram o pequeno milagre o primeiro
a despontar dos grãos de trigo e a crescer todos os dias.
As criaturas do presépio eram de compra
mas também moldei algumas em barro fresco.
Uma vez uma das minhas tias fez casas e igrejinhas de papel
e acendemos velas lá dentro.
Foi um deslumbramento a luz a sair pelas janelinhas!
Mas ardeu tudo de repente.
Desde então só a lamparina de azeite continuou a alumiar
esse parco mundo pobre.
No meu Natal de antigamente havia menos presentes.
Os meninos não exigiam esses brinquedos extrabíblicos:
computadores, jogos de computadores, cêdêroms, sei lá.
Nem o Menino Jesus podia com tanto peso!
Sim, porque no meu Natal de antigamente era o Menino Jesus
quem dava as prendas.
Púnhamos, na véspera, o sapatinho na chaminé
mas tínhamos que ir para a cama esperar pela manhã
porque Ele só descia pela calada da noite
se ninguém estivesse à espreita
(hoje o Pai Natal não tem esses pudores).
Eu imaginava-O a saltar das palhinhas
nuzinho em pêlo
e a Nossa Senhora a agasalhá-Lo logo com a sua capa.
E lá ia Ele
Como um menino pobre enrolado no casaco do pai
a contentar todas as crianças do mundo.
O Pai Natal, esse, foi encarregado (não sei por quem)
de dar presentes a pequenos e grandes.
Com o Menino Jesus tudo ficava entre meninos.
e se a prenda não agradava
a gente fazia-lhe uma careta
e até, à socapa, chamava-lhe um nome feio.
O Pai Natal é um palhaço cheio de postiços:
barba bigode cabeleira
até a barriga é uma almofadinha.
E vai à televisão convencer-nos a comprar coisas.
Agora o Natal antecipa o Carnaval.
O Menino Jesus, esse não! nunca ia à televisão
(que para dizer a verdade não existia ainda.)
Mas que menino de hoje trocaria o seu Pai Natal
(gerente de um supermercado de prendas)
pelo meu Menino Jesus
a tiritar nas palhas?Teresa Rita Lopes
A música: Um pastor vindo de longe, de Fernando Valente, sobre uma melodia tradicional portuguesa, numa interpretação de: Sílvia Correia Mateus, soprano; Coro da Sé Catedral do Porto; Octeto de Flautas de Bisel; Orquestra Sinfónica da Póvoa De Varzim; direcção de Osvaldo Ferreira.
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Ontem, a TAP Portugal e a ANA desejaram as Boas Festas aos passageiros no Aeroporto de Lisboa de uma forma muito original.
Eu assustava-me. Pensava que era ameaça de bomba!
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OS PASTORES
Guardavam certos pastores
seus rebanhos, ao relento,
sobre os céus consoladores
pondo a vista e o pensamento.
Quando viram que descia,
cheio de glória fulgente,
um anjo do céu do Oriente,
que era mais claro que o dia.
Jamais os cegara assim
luz do meio-dia ou manhã.
Dir-se-ia o audaz Serafim,
que um dia venceu Satã.
Cheios de assombro e terror,
rolaram na erva rasteira.
– Mas ele, com voz fagueira,
lhes diz, com suave amor:
«Erguei-vos, simples, daí,
humildes peitos da aldeia!
Nasceu o vosso Rabi,
que é Cristo – na Galileia!
Num berço, o filho real,
não o vereis reclinado.
Vê-lo-eis pobre e enfaixado,
sobre as palhas de um curral!
Segui dos astros a esteira.
Levai pombas, ramos, palmas,
ao que traz uma joeira
das estrelas e das almas!»
Foi-se o anjo: e nas neblinas,
então celestes legiões
soltam místicas canções,
sobre violas divinas.
Erguem-se, enfim, os pastores
e vão caminhos dalém,
com palmas, rolas, e flores,
cordeiros, até Belém.
E exclamavam indo a andar:
– «Vamos ver o vinhateiro!
Ver o que sabe lavrar
nas nuvens, ver o Ceifeiro!
Vamos beijar os pés nus
do que semeia nos céus.
Ver esse pastor que é Deus
– e traz cajado de luz!»
Chegando ao presépio, enfim,
caem, de rojo, os pastores,
vendo o herdeiro d’Eloim
que veste os lírios e as flores.
Dão-lhe pombas gloriosas,
meigos, tenros animais.
– Mas, vendo coisas radiosas,
casos vindouros, fatais…
Abria o deus das crianças
uns olhos profundos, graves,
no meio das pombas mansas
– nas palpitações das aves.
Gomes Leal
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VACUIDADES SOBRE O MAGALHÃES
Há cerca de um ano e porque me foi perguntado respondi, num encontro de inspectores de ensino, que o computador Magalhães não passava de uma manobra de propaganda e de um grande negócio. Todas as revelações feitas nos últimos tempos sobre o negócio têm-me, infelizmente, dado razão.
O ex-ministro Mário Lino, no programa "Quadratura do Círculo" da SIC bem tentou fazer a indefensável defesa do Magalhães para consumo interno, mas agora é a União Europeia que está a esmiuçar o caso por terem sido violadas normas comunitárias.
Foi, por isso, com natural curiosidade que, alertado pelo título "O Magalhães não é apenas um concurso", comecei a ler um artigo de Francisco Jaime Quesado, Gestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento, publicado no jornal "Público" de 19-12-2009. A minha desilusão foi enorme. O artigo era um emaranhado de lugares comuns, disfarçados em "economês" que, tal como o "eduquês", é declarado inimigo do pensamento claro.
Diz o articulista: "O Magalhães constituiu um passo marcante na afirmação por parte do Governo português de uma aposta estratégica na Educação como o grande driver de mudança colectiva da sociedade e recentragem no valor e competitividade como factores de distinção na economia global. Não tenhamos dúvidas." Eu, se me é permitido, tenho sérias dúvidas; lamento, mas não me convencem nem o "driver" nem a "recentragem"...
E continua: "Na "escola nova" de que o país precisa, [a Educação] tem que se ser capaz de dotar as "novas gerações" com os instrumentos de qualificação estratégica do futuro. Aliar ao domínio por excelência da tecnologia e das línguas a capacidade de, com criatividade e qualificação, conseguir continuar a manter uma "linha comportamental de justiça social e ética moral", como bem expressou recentemente Ralph Darhendorf em Oxford." Ainda se me é permitido, esta ideia da "escola nova" é muito velha e a "qualificação estratégica" é uma expressão não só gasta como vazia. E "conseguir continuar a manter" não passa de um comboio de verbos que, apesar da citação erudita, não leva a frase a estação nenhuma.
O autor, em vez de clarificar, consegue ser ainda mais confuso quando acrescenta: "Na economia global das nações, os "actores do conhecimento" têm que internalizar e desenvolver de forma efectiva práticas de articulação operativa permanente, sob pena de verem desagregada qualquer possibilidade concreta e efectiva de inserção nas redes onde se desenrolam os projectos de cariz estratégico estruturante." Registo a duplicação do "efectiva". E a insistência no "estratégico". Mas pergunto: que dicionário será preciso para perceber a frase toda?
Conclui o autor: "Por isso, a oportunidade e a importância do Magalhães. Que, para além dos efeitos ao nível da revolução na utilização das TIC como um instrumento de qualificação pedagógica, teve também o mérito de elevar na escala produtiva empresas portuguesas do sector, aumentando as exportações, consolidando dinâmicas de inovação e reforçando o emprego". Quanto à dita "qualificação pedagógica" nada está provado, pois nada foi até agora adiantado em seu abono. O que parece, outrossim, estar a ser provado é o favorecimento escandaloso de uma certa empresa com prejuízo da concorrência e, pior, dos dinheiros públicos e de todos nós.
Após uma defesa tão confusa do Magalhães, em nome de uma entusiástica fé em "amanhãs que cantam" graças a "novas tecnologias" que tornarão excelente o nosso depauperado ensino, continuo à espera de argumentos pedagógico-científicos que sustentem a distribuição a esmo e a pataco de computadores pelos infantes do 1.º ciclo, em detrimento de outros projectos como, por exemplo, o ensino experimental das ciências no ensino básico. Fala-se muito em avaliação. Não haverá ninguém que avalie a sério o Magalhães?
PS) "Darhendorf" deve ser "Dahrendorf" se é quem eu estou a pensar, mas esse erro é o menos...
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Testamento do Poeta
Todo esse vosso esforço é vão, amigos:
Não sou dos que se aceita... a não ser mortos.
Demais, já desisti de quaisquer portos;
Não peço a vossa esmola de mendigos.
O mesmo vos direi, sonhos antigos
De amor! olhos nos meus outrora absortos!
Corpos já hoje inchados, velhos, tortos,
Que fostes o melhor dos meus pascigos!
E o mesmo digo a tudo e a todos, - hoje
Que tudo e todos vejo reduzidos,
E ao meu próprio Deus nego, e o ar me foge.
Para reaver, porém, todo o Universo,
E amar! e crer! e achar meus mil sentidos!....
Basta-me o gesto de contar um verso.
José Régio
Postado por Pedro Luna às 13:20 0 bocas
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Leonardo Da Vinci, A Anunciação, circa 1474
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NATAL
Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.
Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.
Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.
Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.
Manuel Maria Barbosa du Bocage
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Vamos desistir de sugerir prendas de Natal depois desta notícia:
HINO DE AMOR
Andava um dia
Em pequenino
Nos arredores
De Nazaré,
Em companhia
De São José,
O bom Jesus,
O Deus Menino.
Eis senão quando
Vê num silvado
Andar piando
Arrepiado
E esvoaçando
Um rouxinol,
Que uma serpente
De olhar de luz
Resplandecente
Como a do Sol,
E penetrante
Como diamante,
Tinha atraído,
Tinha encantado.
Jesus, doído
Do desgraçado
Do passarinho,
Sai do caminho,
Corre apressado,
Quebra o encanto,
Foge a serpente,
E de repente
O pobrezinho,
Salvo e contente,
Rompe num canto
Tão requebrado,
Ou antes pranto
Tão soluçado,
Tão repassado
De gratidão,
De uma alegria,
Uma expansão,
Uma veemência,
Uma expressão,
Uma cadência,
Que comovia
O coração!
Jesus caminha
No seu passeio,
E a avezinha
Continuando
No seu gorjeio
Enquanto o via;
De vez em quando
Lá lhe passava
A dianteira
E mal poisava,
Não afroixava
Nem repetia,
Que redobrava
De melodia!
Assim foi indo
E foi seguindo.
De tal maneira,
Que noite e dia
Numa palmeira,
Que havia perto
Donde morava
Nosso Senhor
Em pequenino
(Era já certo)
Ela lá estava
A pobre ave
Cantando o hino
Terno e suave
Do seu amor
Ao Salvador!
João de Deus
Postado por Fernando Martins às 00:09 0 bocas
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A abstracção não precisa de mãe nem pai
A abstracção não precisa de mãe nem pai
nem tão pouco de tão tolo infante
mas o natal de minha mãe é ainda o meu natal
com restos de Beira Alta
ano após ano via surgir figura nova nesse
presépio de vaca burro banda de música
ribeiro com patos farrapos de algodão muito
musgo percorrido por ovelhas e pastores
multidão de gente judaizante estremenha pela
mão de meu pai descendo de montes contando
moedas azenhas movendo água levada pela estrela
de Belém
um galo bate as asas um frade está de acordo
com a nossa circuncisão galinhas debicam milho
de mistura com um porco a que minha avó juntava
sempre um gato para dar sorte era preto
assim íamos todos naquela figuração animada
até ao dia de Reis aí estão
um de joelhos outro em pé
e o rei preto vinha sentado no
camelo. Era o mais bonito.
depois eram filhoses o acordar de prenda no
sapato tudo tão real como o abrir das lojas no dia de feira
e eu ia ao Sanguinhal visitar a minha prima que
tinha um cavalo debaixo do quarto
subindo de vales descendo de montes
acompanhando a banda do carvalhal com ferrinhos
e roucas trompas o meu Natal é ainda o Natal de
minha mãe com uns restos de canela e Beira Alta.
in Actus Tragicus - João Miguel Fernandes Jorge
Postado por Fernando Martins às 18:58 0 bocas
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Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva (Praia da Vitória, 19 de Dezembro de 1901 — Lisboa, 20 de Fevereiro de 1978) foi um poeta, escritor e intelectual de origem açoriana que se destacou como romancista, autor de Mau Tempo no Canal, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.in Wikipédia
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Postado por Fernando Martins às 00:40 0 bocas
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Marcadores: Centro de Interpretação Ambiental, Leiria, Lixo Velho/Brinquedo Novo, reciclagem
http://www.surveymonkey.com/s/C86YJKC
Eu já respondi, bastam 2 minutos e é até bastante curioso e divertido...
Postado por Fernando Martins às 22:41 0 bocas
Marcadores: 17 de Dezembro, IST, sismo, sismologia
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NATAL À BEIRA-RIO
É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?
in Obra Poética 1948-1988 - David Mourão-Ferreira
Postado por Fernando Martins às 11:28 0 bocas
Marcadores: David Mourão-Ferreira, Natal, poesia
Colecção privada de Igor Morais
- Sábado - 19 (15:00h – 18:00h / 21:00h - 22:30h):
15:00h - Exposição "pedrinhas Curiosas e outros Minerais" (Abertura)
21:30h - “Poesia e Musicalidades” - Espaço Garrett (Clube de Teatro e Leitura) - "O Cancioneiro das pedras" de Afonso Duarte
- Domingo – 20 (10:00h – 12:00h / 14:00h - 15:00h)
Acerca de “pedrinhas Curiosas e outros Minerais”
Esta exposição pretende, estimular a sensibilidade de todos os visitantes, mas sobretudo de crianças e jovens, para questões de extrema importância, acerca da natureza. A formação dos solos, a sua erosão através dos tempos, os vestígios do passado, a sua beleza, os recursos naturais e, a sua importância para o futuro.Por se tratar duma "herança geológica" que nos permite conhecer as potencialidades dos nossos recursos naturais e a melhor forma de agir em função deles, temos o exemplo da água que bebemos.Da nascente mais remota, dos percursos subterrâneos, a água por lençois freáticos chega até nós, através das fontes.
«...Assim, bocas de rocha pedregudas
São partituras de palavras mudas.
Falam por sentimento.
De escarpas fugidias os seus dedos,
Seus olhos fontes de água em balada,
São límpida toada
A sublinhar proféticos segredos...»
“EVOCAÇÃO DUM ROCHEDO” - Afonso Duarte