José Dias Coelho (
Pinhel, 19 de junho de 1923 -
Lisboa, 19 de dezembro de 1961) foi um
artista plástico,
militante e dirigente do
Partido Comunista Português.
Biografia
Natural de
Pinhel, cidade próxima da
Guarda, foi o quinto de nove irmãos e irmãs.
Foi aluno da
Escola de Belas Artes de Lisboa onde entrou em 1942. Frequentou primeiro o curso de Arquitetura, que abandonou, para frequentar o de Escultura.
Ainda muito jovem aderiu à Frente Académica Antifascista e, mais tarde (em 1946), ao
MUD Juvenil. Participante em várias lutas estudantis em 1947, aderiu de seguida ao
Partido Comunista Português e, em 1949, foi detido pela
PIDE depois de participar na campanha presidencial de
Norton de Matos. Em 1952, foi expulso da
Escola Superior de Belas Artes e impedido de ingressar em qualquer faculdade do país; seria também demitido do lugar de professor do Ensino Técnico.
José Dias Coelho vai trabalhar, em 1952, como desenhador com os arquitetos
Keil do Amaral,
Hernâni Gandra e
Alberto José Pessoa num atelier na Rua Fernão Álvares do Oriente, no Bairro de São Miguel em Lisboa.
Em 1955 entra para a clandestinidade, ao mesmo tempo que exercia funções no
PCP,
com o objetivo de criar uma oficina de falsificação de documentos para
dar cobertura às atividades dos militantes clandestinos. Exercia esta
atividade na altura do seu assassinato pela
PIDE, em 19 de dezembro de 1961, na Rua da Creche, que hoje tem o seu nome, junto ao
Largo do Calvário, em
Lisboa.
O assassinato levou o cantor
Zeca Afonso a escrever e dedicar-lhe a música
A Morte Saiu à Rua. O mesmo fez o grupo
Trovante com a música
Flor da Vida. Da vida pessoal de José Dias Coelho há ainda a salientar a sua relação com
Margarida Tengarinha, também
artista plástica. O casal teve três filhas.
Ao optar pela clandestinidade em 1955, põe de parte a sua carreira artística como
escultor, que nesse mesmo ano vê os primeiros sinais de reconhecimento público, com duas
esculturas para a Escola Primária de
Campolide (secções feminina e masculina) e uma grande escultura para a Escola Primária de Vale Escuro, em
Lisboa, e dois baixos relevos, um para o Café Central das
Caldas da Rainha, e outro para a fábrica Secil.
Já estava na clandestinidade quando, em junho de 1956, se realizou a 10.ª e última das
Exposições Gerais de Artes Plásticas;
José Dias Coelho foi um dos organizadores dessas exposições, desde a
primeira edição em 1946, e é um dos artistas que expõe a partir da
segunda. Por não poder participar abertamente na 10ª edição devido ao
facto de estar na clandestinidade, um grupo de amigos expõe a escultura
da cabeça da irmã Maria Emília, que já havia sido exposta, para
garantir que o seu nome consta do catálogo.
Com uma intensa atividade social e intelectual a par da política,
travou e manteve amizade com várias figuras destacadas da sociedade
portuguesa de então, tais como os
arquitetos Keil do Amaral e
João Abel Manta, com
Fernando Namora,
Carlos de Oliveira,
José Gomes Ferreira,
Eugénio de Andrade,
José Cardoso Pires,
Abel Manta,
Rogério Ribeiro,
João Hogan, bem como aqueles que viriam dentro em breve a liderar os movimentos de independência em
África, na altura estudantes em Lisboa:
Agostinho Neto,
Vasco Cabral,
Marcelino dos Santos,
Amílcar Cabral e
Orlando Costa.
Em março de 1975, quase um ano depois do
25 de Abril, foi finalmente organizada uma exposição em sua homenagem, na
Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.
Ceifeira, gesso patinado