(imagem daqui)
Luiz José Gomes Machado Guerreiro Pacheco (Lisboa, 7 de maio de 1925 - Montijo, 5 de janeiro de 2008) foi um escritor, editor, polemista, epistológrafo e crítico de literatura português.
Nasceu em 1925, na freguesia de São Sebastião da Pedreira,
numa velha casa da Rua da Estefânia, filho único, no seio de uma
família da classe média, de origem alentejana, com alguns antepassados
militares. O pai era funcionário público e músico amador. Na juventude,
Luiz Pacheco teve alguns envolvimentos amorosos com raparigas, menores
como ele, que haveriam de o levar por duas vezes à prisão.
Desde cedo teve a biblioteca do seu pai à sua inteira disposição e
depressa manifestou enorme talento para a escrita. Estudou no Liceu
Camões e chegou a frequentar o primeiro ano do curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras de Lisboa,
onde foi ótimo aluno, mas optou por abandonar os estudos. A partir de
1946 trabalhou como agente fiscal da Inspeção Geral dos Espetáculos,
acabando um dia por se demitir dessas funções, por se ter fartado do
emprego. Desde então teve uma vida atribulada, sem meio de subsistência
regular e seguro para sustentar a família crescente (oito filhos, de
três mães adolescentes), chegando por vezes a viver na maior das
misérias, à custa de esmolas e donativos, hospedando-se em quartos
alugados e albergues, indo à Sopa dos Pobres. Esse período difícil da
vida inspirou-lhe o conto Comunidade, considerado por muitos a sua obra-prima. Nos anos 60 e 70, por vezes, viveu fora de Lisboa, nas Caldas da Rainha e em Setúbal.
Começa a publicar a partir de 1945 diversos artigos em vários jornais e revistas, como O Globo, Bloco, Afinidades, O Volante, Diário Ilustrado, Diário Popular e Seara Nova. Em 1950, funda a editora Contraponto, onde publica escritores como Raul Leal, Vergílio Ferreira, José Cardoso Pires, Mário Cesariny, António Maria Lisboa, Natália Correia, Herberto Hélder,
etc., tendo sido amigo de muitos deles. Dedicou-se à crítica literária
e cultural, tornando-se famoso (e temido) pelas suas críticas
sarcásticas, irreverentes e polémicas. Denunciou a desonestidade
intelectual e a censura imposta pelo regime salazarista. Denunciou, de igual modo, plágios, entre os quais o cometido por Fernando Namora, em Domingo à Tarde, sobre o romance Aparição de Vergílio Ferreira - "O caso do sonâmbulo chupista" (Contraponto).
A sua obra literária, constituída por pequenas narrativas e relatos
(nunca se dedicou ao romance ou ao conto) tem um forte pendor
autobiográfico e libertino, inserindo-se naquilo a que ele próprio
chamou de corrente "neo-abjecionista". Em O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor
(escrito em 1961), texto emblemático dessa corrente e que muito
escândalo causou na época da sua publicação (1970), narra um dia passado
numa Braga fantasmática e lúbrica, e a sua libertinagem mais imaginária do que carnal, que termina de modo frustrantemente solitário.
Alto, magro e escanzelado, calvo, usando óculos com lentes muito grossas devido a uma forte miopia, vestindo roupas usadas (por vezes andrajosas e abaixo do seu tamanho), hipersensível ao álcool (gostava de vinho tinto e de cerveja), hipocondríaco sempre à beira da morte (devido à asma e a um coração fraco), impenitentemente cínico e honesto, paradoxal e desconcertante, é sem dúvida, como pícaro personagem literário, um digno herdeiro de Luís de Camões, Bocage, Gomes Leal ou Fernando Pessoa.
Debilitado fisicamente e quase cego, devido às cataratas,
mas ainda a dar entrevistas aos jornais, nos últimos anos passou por
três lares de idosos, tendo mudado em 2006 para casa do seu filho João
Miguel Pacheco, no Montijo e daí para um lar, na mesma cidade.
Um ano após a morte de Mário Cesariny, a 26 de novembro de 2007, em jeito de homenagem ao poeta, Comunidade foi editada em serigrafia/texto com pinturas de Artur do Cruzeiro Seixas pela Galeria Perve. Nessa efeméride, Luiz Pacheco foi entrevistado pela RTP, no seu quarto e último lar de idosos.
Morreria algumas semanas depois, a 5 de janeiro de 2008, de doença súbita, a caminho do Hospital do Montijo, onde declararam o óbito, às 22.17 horas.
in Wikipédia
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