segunda-feira, setembro 23, 2024

Poesia adequada à data...

(imagem daqui)

 

O Funcionário Cansado

 

A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só

Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Porque não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Porque me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?

Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isso todas as noites do mundo uma noite só comprida
num quarto só

   

António Ramos Rosa

John Coltrane nasceu há 98 anos...

      
John William Coltrane (Hamlet, Carolina do Norte, 23 de setembro de 1926 - Long Island, Nova Iorque, 17 de julho de 1967) foi um saxofonista e compositor de jazz norte-americano, habitualmente considerado pela crítica especializada como o maior sax tenor do jazz e um dos maiores jazzistas e compositores deste género de todos os tempos. A sua influência no mundo da música ultrapassa os limites do jazz, indo desde o rock até à música erudita.
Atuou principalmente durante as décadas de 50 e 60. Embora tocasse antes de 1955, os seus principais anos foram entre 1955 e 1967, durante os quais reformulou o jazz e influenciou gerações de outros músicos. As gravações de Coltrane foram prolíficas: ele lançou cerca de 50 gravações como líder nesses doze anos e apareceu em outras tantas lideradas por outro músicos. Através da sua carreira, a música de Coltrane foi tomando progressivamente uma dimensão espiritual que iria consagrar o seu legado musical.
Junto com os saxofonistas tenores Coleman Hawkins, Lester Young e Sonny Rollins, Coltrane mudou as perspetivas do seu instrumento. Coltrane recebeu uma citação especial do Prémio Pulitzer em 2007.
    
(...)
     
A Igreja Ortodoxa Africana Saint John Coltrane, uma Igreja Ortodoxa Africana de São Francisco, considerou, em 1971, Coltrane como um santo, incorporando a música de Coltrane, com as suas letras, no seu culto.
    
Ícone de Coltrane na Saint John Coltrane African Orthodox Church
   

 


Julio Iglesias faz hoje oitenta e um anos

       
Julio José Iglesias Puga de la Cueva (Madrid, 23 de setembro de 1943) é um ex-futebolista, cantor, compositor e empresário espanhol de fama internacional.
   
O Guiness World Records indica-o como o artista latino mais bem sucedido da história.
   

 


Hoje é dia de ouvir Bruce Springsteen...

Shafiq Ades foi enforcado, por um crime que não cometeu, há 76 anos...


Shafiq Ades (Arabic: شفيق عدس, Hebrew: שפיק עדס; born in 1900, died on 23 September 1948) was a wealthy Iraqi-Jewish businessman of Syrian origins. After a short show trial in 1948, he was executed by hanging on charges of selling weapons to Israel and supporting the Iraqi Communist Party.

 

Early life and career

Ades was born to a wealthy family based in Aleppo, Syria. He migrated to Iraq and based himself in Basra.

His main business activity was the establishment and management of the Ford car company agency in Iraq. He further partnered with a Muslim named Naji Al-Khedhairi in purchasing military metal scrap left in Iraq by the British army, selling the unusable parts after usable parts were sold to the government of Iraq. Involved with the Ford concession in the country, Ades accumulated business and personal ties with high-profile Iraqi notables and officials and even had accessibility to the regent,'Abd al-Ilah. The richest Jew in Iraq, Martin Gilbert writes that Ades “had lunched with Government ministers and dined with the Regent.” The Ford importer was by 1948 the wealthiest Jew in Iraq. He was described by historians as a “political pragmatist” with “no time for ideologues of any stripe, least of all Zionists.
 

Trial and conviction

In July 1948, Iraq made Zionist affiliation a criminal offense. When arrested, Ades was “accused simultaneously of being a Zionist and a Communist. For the main charge against him, that he had sold arms to Israel, the military court presented no evidence. He was also refused the right to a proper defense.

In a military tribunal, accused of sending cars to Israel, Ades was charged with donating money to the Iraqi Communist Party and with supporting the military efforts of Israel. He was sentenced to death and ordered to pay a fine of 5 million Dinars. The rest of his property was confiscated. Scholars Moshe Gat and Philip Mendes reached the conclusion that Ades was clearly innocent. They cite the following evidence:

  • No such complaints were ever filed against his Muslim partner or many other scrap traders.
  • The trial lasted only 3 days and the defendant was not allowed to plead his case.
  • No witnesses were ever called.
  • The show trial was presided over by Judge Abdullah al-Naasni, a member of the anti-Jewish, pro-Nazi Istiqlal Party.
  • No concrete evidence was presented that the arms were shipped from Italy to Israel.

His execution was set to take place several days after he was found guilty. Although hundreds of Jewish individuals were detained that summer, Ades was the only one who received a death sentence. The only Jew in his organization, he was also the only member of his business to be punished for the crime the business was convicted of.

 

Execution

Following the show trial, Ades was hanged in front of his newly completed mansion in Basra on September 23, 1948. 12,000 onlookers came from all parts of Iraq to witness the hanging of the so-called "traitor." Authorities left his dead body in the square for hours and it was abused by the celebrating crowds. Mona Yahya, who had family living in Iraq at the time, later wrote about the hanging that “crowds gathered to watch the spectacle and their cheers incited the hangman to a repeat performance. The next day, close-up shots of the hanged man covered the front pages of the Iraqi newspapers. His neck was broken, his corpse dangled over his puddle of excrement. He was labelled the Serpent, the Traitor, the Spy, the Zionist, the Jew, while his estate worth millions was appropriated by the Ministry of Defense."

 

O cantor Paulo Ricardo faz hoje 62 anos

  
Paulo Ricardo Oliveira Nery de Medeiros (Rio de Janeiro, 23 de setembro de 1962) é um cantor, baixista, ator e compositor brasileiro.

 


Hoje é dia de recordar Pablo Neruda...


 
 

LA CANCIÓN DESESPERADA 


Emerge tu recuerdo de la noche en que estoy.
El río anuda al mar su lamento obstinado.

Abandonado como los muelles en el alba.
Es la hora de partir, oh abandonado!

Sobre mi corazón llueven frías corolas.
Oh sentina de escombros, feroz cueva de náufragos!

En ti se acumularon las guerras y los vuelos.
De ti alzaron las alas los pájaros del canto.

Todo te lo tragaste, como la lejanía.
Como el mar, como el tiempo. Todo en ti fue
naufragio!

Era la alegre hora del asalto y el beso.
La hora del estupor que ardía como un faro.

Ansiedad de piloto, furia de buzo ciego,
turbia embriaguez de amor, todo en ti fue naufragio!

En la infancia de niebla mi alma alada y herida.
Descubridor perdido, todo en ti fue naufragio!

Te ceñiste al dolor, te agarraste al deseo.
Te tumbó la tristeza, todo en ti fue naufragio!

Hice retroceder la muralla de sombra,
anduve más allá del deseo y del acto.

Oh carne, carne mía, mujer que amé y perdí,
a ti en esta hora húmeda, evoco y hago canto.

Como un vaso albergaste la infinita ternura,
y el infinito olvido te trizó como a un vaso.

Era la negra, negra soledad de las islas,
y allí, mujer de amor, me acogieron tus brazos.

Era la sed y el hambre, y tú fuiste la fruta.
Era el duelo y las ruinas, y tú fuiste el milagro.

Ah mujer, no sé cómo pudiste contenerme
en la tierra de tu alma, y en la cruz de tus brazos!

Mi deseo de ti fue el más terrible y corto,
el más revuelto y ebrio, el más tirante y ávido.

Cementerio de besos, aún hay fuego en tus tumbas,
aún los racimos arden picoteados de pájaros.

Oh la boca mordida, oh los besados miembros,
oh los hambrientos dientes, oh los cuerpos trenzados.

Oh la cópula loca de esperanza y esfuerzo
en que nos anudamos y nos desesperamos.

Y la ternura, leve como el agua y la harina.
Y la palabra apenas comenzada en los labios.

Ése fue mi destino y en él viajó mi anhelo,
y en él cayó mi anhelo, todo en ti fue naufragio!

Oh sentina de escombros, en ti todo caía,
qué dolor no exprimiste, qué olas no te ahogaron.

De tumbo en tumbo aún llameaste y cantaste
de pie como un marino en la proa de un barco.

Aún floreciste en cantos, aún rompiste en corrientes.
Oh sentina de escombros, pozo abierto y amargo.

Pálido buzo ciego, desventurado hondero,
descubridor perdido, todo en ti fue naufragio!

Es la hora de partir, la dura y fría hora
que la noche sujeta a todo horario.

El cinturón ruidoso del mar ciñe la costa.
Surgen frías estrellas, emigran negros pájaros.

Abandonado como los muelles en el alba.
Sólo la sombra trémula se retuerce en mis manos.

Ah más allá de todo. Ah más allá de todo.

Es la hora de partir. Oh abandonado!




Pablo Neruda

O chefe Dan George morreu há quarenta e três anos...

    
Chief Dan George (Tsleil-Waututh, North Vancouver, July 24, 1899 – Vancouver, September 23, 1981) was a chief of the Tsleil-Waututh Nation, a Coast Salish band whose Indian reserve is located on Burrard Inlet in the southeast area of the District of North Vancouver, British Columbia, Canada. He was also an actor, poet and author; his best-known written work was "My Heart Soars". As an actor, he is best remembered for portraying Old Lodge Skins opposite Dustin Hoffman in Little Big Man (1970), for which he was nominated for the Academy Award for Best Supporting Actor.

A nossa primeira constituição faz hoje duzentos e dois anos

Alegoria à Constituição de 1822, Domingos Sequeira

    

A Constituição Portuguesa de 1822 aprovada em 23 de setembro de 1822 foi o mais antigo texto constitucional português, tendo assinalado uma tentativa de pôr fim ao absolutismo e inaugurar em Portugal uma monarquia constitucional. Apesar de ter estado vigente apenas durante dois efémeros períodos, o primeiro entre 1822 e 1823, o segundo entre 1836 e 1838, foi um marco fundamental para a história da democracia em Portugal. Foi substituída pela Carta Constitucional portuguesa de 1826

 

Precedentes

Foi resultado dos trabalhos das Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa de 1821-1822, eleitas pelo conjunto da Nação Portuguesa - a primeira experiência parlamentar em Portugal, nascida na sequência da revolução liberal de 24 de agosto de 1820, no Porto. As Cortes Constituintes, cuja função principal, como o próprio nome indica, era a de elaborar uma Constituição, iniciaram as sessões em janeiro de 1821 e deram os seus trabalhos por encerrados após o juramento solene da Constituição pelo rei João VI de Portugal em outubro de 1822 (o qual, no entanto, foi recusado pela rainha Carlota Joaquina, e por outras figuras contra-revolucionárias de grande nomeada, como o Cardeal-Patriarca de Lisboa, Carlos da Cunha e Menezes).

  

Características do texto constitucional

Definida como sendo bastante progressista para a época, inspirou-se, numa ampla parte, no modelo da Constituição Espanhola de Cádis, datada de 1812, bem como nas constituições Francesas de 1791 e 1795, sendo marcante pelo seu espírito amplamente liberal, tendo ab-rogado inúmeros velhos privilégios feudais, característicos do regime absolutista. Estava dividida em seis títulos e 240 artigos, tendo, por princípios fundamentais, os seguintes:

 

Os poderes

O poder legislativo passou a ser da competência das Cortes, assembleia unicameral que elaborava as leis, e cujos deputados eram eleitos de dois em dois anos pela Nação. A preponderância do poder legislativo sobre o poder executivo é uma característica dos regimes demo-liberais mais progressistas, por oposição às chamadas Cartas Constitucionais, de cariz aristocrático e outorgadas pelo Rei.

O poder executivo era exercido pelo Rei, competindo-lhe a chefia do Governo, a execução das leis e a nomeação e demissão dos funcionários do Estado. No entanto, o Rei tinha apenas veto suspensivo sobre as Cortes, podendo suspender a promulgação das leis de que discordava, mas sendo obrigado a promulgá-las desde que as Cortes assim o voltassem a deliberar. Não lhe era concedido o poder de suspender ou dissolver as Cortes.

Em ocasiões especiais, o Rei era aconselhado pelo Conselho de Estado, cujos membros eram eleitos pelas Cortes, e coadjuvado pelos secretários de Estado, diretamente responsáveis pelos atos do Governo. Apesar de tudo, a sua pessoa era considerada inviolável.

O poder judicial pertencia, exclusivamente, aos juízes, que o exerciam nos Tribunais.

 

O corpo eleitoral

Quanto ao corpo eleitoral, e de acordo com o artigo 34.º da Constituição, podiam votar, para eleger os representantes da Nação (deputados), os varões maiores de 25 anos que soubessem ler e escrever. Eram excluídos de votar as mulheres, os analfabetos, os frades e os criados de servir, entre outros.

 

Vigência

Com a aprovação desta Constituição tem início em Portugal a Monarquia Constitucional. O processo da sua consolidação, porém, viria a ser difícil e demorado. A temeridade das suas propostas foi de certa maneira o impulso para uma reação mais exacerbada das fações conservadoras da sociedade portuguesa, que logo viriam a pôr fim à sua vigência.

Com efeito, a Constituição de 1822 esteve vigente durante apenas dois efémeros períodos: um primeiro período entre 23 de setembro de 1822, altura em que foi aprovada, e 3 de junho de 1823, ocasião em que D. João VI a suspendeu, por ocasião da vilafrancada, com a promessa não cumprida de a substituir por outra; um segundo período entre 10 de setembro de 1836, quando ocorreu a Revolução de Setembro, e 20 de março de 1838, momento em que foi aprovada a nova Constituição de 1838. De facto, foram dois dos períodos mais fecundos em termos de produção legislativa destinada a acabar com o Portugal Velho a que se referiram, entre outros, Alexandre Herculano ou Oliveira Martins.

 

Saudades de António Ramos Rosa...

(imagem daqui)

 

A Partir da Ausência 

Imaginar a forma
doutro ser Na língua,
proferir o seu desejo
O toque inteiro

Não existir

Se o digo acendo os filamentos
desta nocturna lâmpada
A pedra toco do silêncio densa
Os veios de um sangue escuro

Um muro vivo preso a mil raízes

Mas não o vinho límpido
de um corpo
A lucidez da terra
E se respiro a boca não atinge
a nudez una
onde começo

Era com o sol E era
um corpo

Onde agora a mão se perde
E era o espaço

Onde não é

O que resta do corpo?
Uma matéria negra e fria?
Um hausto de desejo
retém ainda o calor de uma sílaba?

As palavras soçobram rente ao muro
A terra sopra outros vocábulos nus
Entre os ossos e as ervas,
uma outra mão ténue
refaz o rosto escuro
doutro poema
    


in A Nuvem Sobre a Página (1978) - António Ramos Rosa

Aldo Moro nasceu há cento e oito anos...

        
Ocupou por cinco vezes o cargo de primeiro-ministro da Itália. Membro ativo da Igreja Católica, foi um dos líderes mais destacados da democracia cristã na Itália.
Sequestrado a 16 de março de 1978 pelo grupo terrorista das Brigadas Vermelhas, foi assassinado, depois de 55 dias de duro cativeiro.
     

São Pio de Pietrelcina morreu há 56 anos

     
Padre Pio de Pietrelcina, nascido Francesco Forgione (Pietrelcina, 25 de maio de 1887 - San Giovanni Rotondo, 23 de setembro de 1968) foi um sacerdote católico italiano, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, elevado a santo pela Igreja Católica como São Pio de Pietrelcina.
Foi ainda em vida, de uma veneração popular de grandes proporções, principalmente pelas suas capacidades de curar os enfermos.
   
(...)
    
Canonização
O procedimento que levou à sua canonização teve início com o nihil obstat de 29 de novembro de 1982. Em 20 de março de 1993 foi começado o processo diocesano para sua canonização. Em 21 de janeiro de 1990 Padre Pio foi proclamado "venerável", beatificado em 2 de maio de 1999 e foi canonizado em 16 de junho de 2002, proclamado na Praça de São Pedro pelo pontífice Papa João Paulo II como São Pio de Pietrelcina.
A sua festa litúrgica é celebrada dia 23 de setembro.
No dia seguinte à sua canonização, o Santo Padre Papa São João Paulo II disse que "Acima de tudo, ele foi um religioso que sinceramente amou Cristo crucificado... Ele participou no mistério da Cruz."
   
Foto do Padre Pio de Pietrelcina com estigmas
   
    

Pablo Neruda morreu há cinquenta e um anos...

   
Pablo Neruda, pseudónimo de Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto (Parral, 12 de julho de 1904 - Santiago, 23 de setembro de 1973) foi um poeta chileno, bem como um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na Espanha (de 1934 a 1938) e no México. Neruda recebeu o Prémio Nobel de Literatura em 1971.
  
(...)
  
Morreu em Santiago do Chile a 23 de setembro de 1973, de cancro na próstata. Depois do golpe militar de 11 de setembro a sua saúde havia-se agravado e no dia 19 é transferido, de urgência, da sua casa na Isla Negra para Santiago, onde veio a morrer, no dia 23 às 22.30 horas na Clínica Santa Maria. Em 2011 um artigo recolheu declarações de Manuel Araya Osorio, assistente do poeta desde novembro de 1972 até à sua morte, que assegurava que Neruda havia sido assassinado na clínica com uma injeção letal. A casa de Neruda em Santiago foi saqueada depois do golpe encabeçado pelo general Augusto Pinochet e os seus livros, incendiados. O funeral do poeta foi realizado no Cementerio General. Teve a presença dos membros da direção do Partido Comunista, mesmo estando na condições de perseguidos pelo regime terrorista de Pinochet. Ainda que cercados por soldados armados, escutou-se gritos desafiantes em homenagem a Neruda e Salvador Allende, em conjunto o entoar da Internacional. Depois do funeral, muitos dos participantes não puderam fugir e acabaram engrossando a lista de mortos e desaparecidos pela ditadura.
Encontra-se sepultado numa sua propriedade, na Isla Negra, Santiago, no Chile. Postumamente foram publicadas as suas memórias, em 1974, com o título Confesso que vivi .
     

 

Veinte poemas de amor - XX

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir: por ejemplo: «La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos.»

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
la noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

la misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.
 

in
Veinte poemas de amor y una canción desesperada - Pablo Neruda


 
NOTA: uma belíssima tradução em português do imortal poema de Neruda:

Vinte poemas de amor – XX

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".

O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.

Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.

Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.

Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.

Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.

Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.

Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
  

Pablo Neruda - tradução de Fernando Assis Pacheco

Ruben A. morreu há 49 anos...

Busto de Ruben A. no Jardim Botânico do Porto
   
Ruben Alfredo Andresen Leitão (Lisboa, 26 de maio de 1920 - Londres, 23 de setembro de 1975) foi um escritor, romancista, ensaísta, historiador, crítico literário, e autor de textos autobiográficos, português, com o pseudónimo Ruben A.
    

Nasceu a 26 de maio de 1920 na então Praça do Rio de Janeiro (atual Príncipe Real), freguesia das Mercês, em Lisboa. Era o filho mais novo de Ruben da Silva Leitão e Gardina Andresen. Como primos do lado materno contam-se a escritora Sophia de Mello Breyner Andresen e o arquiteto João Andresen; do lado paterno o pintor Ruy Leitão.

A sua vida estudantil foi atribulada, com várias mudanças de liceu e reprovações. Aos 18 anos, em 1938, vai viajar sozinho a Berlim e Viena, ficando a conhecer a Alemanha de Hitler durante 2 meses.

Preparou-se para entrar no curso de Ciências Histórico-Filosóficas em Lisboa, tendo recebido explicações de Agostinho da Silva. Depois de ter sido reprovado na cadeira de Anatomia, desiste e muda-se para Coimbra.

Licenciou-se na Universidade de Coimbra em Ciências Histórico-Filosóficas em 1945, onde foi colega do pensador Eduardo Lourenço. Fez uma tese de licenciatura sobre os textos e correspondência inédita do rei D. Pedro V, temática que irá explorar ao longo da sua vida.

Torna-se professor de Francês num liceu. Em setembro de 1947, parte para Inglaterra para ser leitor no departamento de português no King's College de Londres, como bolseiro do Instituto para a Alta Cultura.

Foi professor no King's College, em Londres, de 1947 a 1952. Casou-se com Rosemary Bach, aluna do departamento no King's College, que será mãe dos seus 4 filhos: Alexandra, Catarina, Cristóvão e Nicolau.

Em setembro de 1950, investe o dinheiro da herança da venda da quinta do Campo Alegre, no Porto, na construção de uma casa de campo. Escolhe uma terra no Alto Minho, no lugar de Montedor, em Carreço, com o projeto de autoria do seu primo João Andresen.

A sua obra Páginas II escandaliza Salazar, resultando na demissão de Ruben Leitão no lugar de leitor que ocupava em Londres e no seu regresso a Lisboa.

Foi funcionário da Embaixada do Brasil em Lisboa de 1954 a 1972. Nesta data, foi nomeado administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Foi igualmente diretor-geral dos Assuntos Culturais do Ministério da Educação e Cultura. A 9 de julho de 1973, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

Nos anos 70, compra um monte perto de Estremoz, o Monte dos Pensamentos.

Divorcia-se de Rosemary e aceita o convite da Universidade de Oxford para ser docente no Saint Antony's College. Três dias depois de chegar a Londres, morre de ataque cardíaco. Foi enterrado, em campa rasa, no cemitério do Carreço; a sua campa tem um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Em 1976, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa alterou a designação da Travessa das Chagas, na freguesia das Mercês, onde tinha nascido Ruben A. e perto da qual, na Rua do Monte Olivete, tinha residência, para Rua Ruben A. Leitão, ficando assim consagrado na toponímia da cidade.

A 23 de setembro de 2020 foi feito Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico a título póstumo.

 

 

O Amor é Inevitável

(O Amor) É inevitável, faz parte da combustão da natureza, é força, mar, elemento, água, fogo, destruição, é atmosfera, respira-se, quando se morre abandona-se, o amor deixa, fica isolado, é um elemento, come-se, bebe-se, sustenta pão, pão diário para rico e pobre, pão que ilumina o forno do amassador, aparece nas condições mais estranhas, bicho que nasce, copula dentro de si mesmo, paira, espermatozóide e óvulo, as duas coisas ao mesmo tempo, amor é assim outro elemento fundamental da natureza, as pessoas vivem tanto com o amor, ou tão alheias do amor, que nem notam, raro percebem que o amor existe, raro percebem que respiram, que a água está, é indispensável, ninguém pode viver alheio aos elementos, ao amor.
  
in Silêncio para 4 - Ruben A.

Robert Bloch morreu há trinta anos


Robert Albert Bloch (Chicago, 5 de abril de 1917 - Los Angeles, 23 de setembro de 1994), foi um conceituado escritor norte-americano, mais conhecido pelo seu romance de horror Psico (1959). Posteriormente a história foi adaptada para o cinema pelo célebre realizador Alfred Hitchcock, com  Janet Leigh e Anthony Perkins a fazer parte do elenco. Foi também conhecido como roteirista e um autor prolífico no género ficção científica.

Robert Bloch nasceu a 5 de abril de 1917, em Chicago, no estado do Illinois. Estudou em escolas particulares em Maywood e em Milwaukee. Enquanto criança, ficou bastante impressionado com o cinema de terror, tendo assistido pela primeira vez aos nove anos de idade ao O Fantasma da Ópera. Começou então a devorar revistas literárias da especialidade, como a Weird Tales. Ainda aluno do ensino secundário, Bloch começou a escrever histórias.

Terminados os seus estudos, adquiriu uma máquina de escrever em segunda mão e conseguiu vender o seu primeiro conto, The Feast In The Abbey, à revista Weird Tales, com apenas dezanove anos. Com a Depressão causada pela queda na Bolsa de Valores de Nova Iorque, teve dificuldade em arranjar trabalho, pelo que, entre 1932 e 1942, escreveu a tempo inteiro.

Após a morte do escritor H. P. Lovecraft, ocorrida em 1937, grande influenciador da sua obra, Bloch alargou os horizontes da sua ficção, ao incluir vudu, possessões diabólicas e magia negra nas suas obras. Em 1939 publicou um conto humorístico que o consagrou como o escritor mais capacitado desde Ambrose Bierce.

Na década de 40 começou a demonstrar interesse pela mente de assassinos psicopatas, em parte por julgar ter esgotado o tema do sobrenatural. Publicou, em 1943, Yours Truly, Jack The Ripper, conto em que recriava a vida do mais famoso de todos os assassinos em série. Em 1947 seria a vez do seu primeiro romance, The Scarf, que contava a história de um jovem transformado num assassino por causa de um trauma de infância.

Em 1942 passou a trabalhar numa agência publicitária, aí permanecendo durante onze anos. Fez com que se esbatesse a fronteira entre os géneros policial e de terror. Em 1953 foi viver para Hollywood, para trabalhar como roteirista. No mesmo ano, escreveu o famoso argumento para o filme Psycho de Alfred Hitchcock. Procurou expandir a obra ao continuá-la, formando uma trilogia com a publicação de Psycho II (1982) e Psycho House (1990).

Bloch foi por diversas vezes galardoado, tendo recebido um Prémio Hugo, um Bram Stoker Award e um World Fantasy Award. Chegou a ser presidente, de 1970 a 1971, da Mistery Writers of America e foi membro da Science Fiction and Fantasy Writers of America. Faleceu por causa de um cancro em 23 de setembro de 1994. Foi sepultado no Westwood Village Memorial Park Cemetery

 

António Ramos Rosa partiu há onze anos...

(imagem daqui)

 

António Vítor Ramos Rosa (Faro, 17 de outubro de 1924Lisboa, 23 de setembro de 2013), foi um poeta, tradutor e desenhador português.

   
Biografia

António Ramos Rosa estudou em Faro, não tendo acabado o ensino secundário por questões de saúde. Em 1958 publica no jornal «A Voz de Loulé» o poema "Os dias, sem matéria". No mesmo ano sai o seu primeiro livro «O Grito Claro», n.º 1 da coleção de poesia «A Palavra», editada em Faro e dirigida pelo seu amigo, e também poeta, Casimiro de Brito. Ainda nesse ano inicia a publicação da revista «Cadernos do Meio-Dia», que em 1960 encerra a edição, por ordem da polícia política.
Foi um dos fundadores da revista de poesia Árvore, existente entre 1951 e 1953, e fez parte do MUD Juvenil.
A 10 de junho de 1992 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 9 de junho de 1997 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
O seu nome foi dado à Biblioteca Municipal de Faro. Em 2003, a Universidade do Algarve, atribui-lhe o grau de Doutor Honoris Causa.

   

 

Uma Voz na Pedra

  

Não sei
se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

   

António Ramos Rosa

Ray Charles nasceu há noventa e quatro anos...

        
Ray Charles (Albany, 23 de setembro de 1930Los Angeles, 10 de junho de 2004) foi um pianista norte-americano, pioneiro e cantor de música soul, blues, jazz que ajudou a definir o seu formato ainda no fim dos anos 50, além de um inovador intérprete de R&B.
O seu nome de batismo, Ray Charles Robinson, foi encurtado para Ray Charles quando entrou na indústria do entretenimento, para não ser confundido com o famoso boxer Sugar Ray Robinson. Considerado um dos maiores génios da música negra norte-americana, Ray Charles também foi um dos responsáveis pela introdução de ritmo gospel nas músicas de R&B.
Foi colocado pela Rolling Stone como o 2º maior cantor de todos os tempos e 10º maior artista da música de todos os tempos.
        

 


Saudades de Ray Charles...

Bruce Springsteen celebra hoje 75 anos...!

   
Bruce Frederick Joseph Springsteen (Long Branch, 23 de setembro de 1949) é um influente cantor, compositor e guitarrista dos Estados Unidos. Na sua carreira, iniciada em 1969, Bruce já recebeu vários prémios importantes, como vinte Grammys, quatro American Music Awards e um Óscar.

O músico, nas suas letras, deixa evidenciado o seu patriotismo, e é uma espécie de porta-voz dos trabalhadores, muitas vezes mencionados nas suas canções. O álbum Born to Run está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame.

O artista também participou da música "We Are the World", uma parceria de 45 cantores que tinha o objetivo de arrecadar fundos para o combate da fome na África, escrita por Michael Jackson e Lionel Richie. Os 45 astros formaram o grupo USA for Africa. Bruce já vendeu mais de 120 milhões de discos. 

   

     
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Pedro Olaio (filho) morreu há sete anos...

(imagem daqui)

 

Pedro Olaio (Filho) ou Pedro Olayo (Filho) (Coimbra, 2 de setembro de 1930 - Coimbra, 23 de setembro de 2017) foi um pintor português espatulista e aguarelista fortemente influenciado pelo impressionismo europeu. Teve como mestres José Contente e Edmundo Tavares.

 

Biografia

Estudou em França e em Itália, Belas Artes na Academia Aráldica Internacionale Il Marzocco, em Florença.

A sua primeira exposição foi em 1951, na Galeria de "O Primeiro de Janeiro", na Rua Ferreira Borges. Esteve na fundação do futuro Círculo de Artes Plásticas.

Em 1963, foi um dos artistas portugueses escolhidos para fazer parte da exposição coletiva O rio Douro : visto por artistas plásticos : óleos e aguarelas, organizada e patente no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto. Entre outros convidados podemos encontrar nomes como Joaquim Rafael, Dominguez Alvarez, José de Brito, José Campas, António Carneiro, Ernesto Condeixa, Leal da Câmara, Roque Gameiro, Dórdio Gomes, Jaime Isidoro, Alfredo Keil, Acácio Lino, Joaquim Lopes, Artur Loureiro, Jaime Murteira, Marques de Oliveira, Júlio Resende, Sofia Martins de Sousa ou Aurélia de Sousa.

Nas celebrações do Dia da Cidade de Coimbra de 2017, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra anunciou que seria atribuído o nome de Pedro Olaio (Filho) à sala/galeria do centro de convenções e espaço cultural no Convento de São Francisco. O anúncio surpresa surgiu enquanto o pintor participava na inauguração de uma exposição retrospetiva da sua obra neste mesmo espaço e onde recebeu uma medalha da cidade.

 

in Wikipédia