quarta-feira, janeiro 03, 2024

Tolkien nasceu há 132 anos...

   

John Ronald Reuel Tolkien, conhecido internacionalmente por J. R. R. Tolkien (Bloemfontein, 3 de janeiro de 1892 - Bournemouth, 2 de setembro de 1973), foi um premiado escritor, professor universitário e filólogo britânico, nascido na África, que recebeu o título de doutor em Letras e Filologia pela Universidade de Liège e Dublin, em 1954, e autor das obras como O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion. Em 28 de março de 1972 Tolkien foi nomeado Comandante da Ordem do Império Britânico pela Rainha Isabel II.
Tolkien nasceu em Bloemfontein, na República do Estado Livre de Orange, na atual África do Sul, e, aos três anos de idade, com a sua mãe e irmão, passou a viver em Inglaterra, terra natal de seus pais, tendo naturalizado-se britânico. Desde pequeno fascinado pela linguística, fez a licenciatura na faculdade de Letras em Exeter. Participou ativamente da Primeira Guerra Mundial, onde começou a escrever os primeiros rascunhos do que se tornaria o seu "mundo secundário", complexo e cheio de vida, denominado Arda, palco das suas mundialmente famosas obras como “O Hobbit”, “O Senhor dos Anéis” e “O Silmarillion”, esta última, sua maior paixão, postumamente publicada, que é considerada a sua principal obra, embora não a mais famosa.
Tornou-se filólogo e professor universitário, tendo sido professor de anglo-saxão (e considerado um dos maiores especialistas do assunto) na Universidade de Oxford de 1925 a 1945, e de inglês e literatura inglesa na mesma universidade de 1945 a 1959. Mesmo sendo precedido por outros escritores daquilo que mais tarde seria chamada de literatura fantástica, tais como William Morris, Robert E. Howard e E. R. Eddison, devido à grande popularidade do seu trabalho, Tolkien ficou conhecido como o "pai da moderna literatura fantástica". A suas obras foram traduzidas para mais de 34 idiomas, vendeu mais de 200 milhões de cópias e influenciou toda uma geração.
Católico convicto, Tolkien foi amigo íntimo de C.S. Lewis, autor de “As Crónicas de Nárnia”, ambos membros do grupo de literatura The Inklings. Juntos planearam, na década de 40, escrever um livro sobre a língua, que seria publicado na década seguinte. O livro, que se chamaria "Linguagem e Natureza Humana", no entanto, nunca chegou a ser publicado.
Em 2009, a revista Forbes listou as 13 celebridades já falecidas que mais lucros geraram nesse ano. Tolkien alcançou a quinta posição, com ganhos estimados em 50 milhões de dólares. Michael Jackson e Elvis Presley ficaram em primeiro e em segundo lugar, respetivamente.
  
Vida e origem
Recuando no passado até onde se pode, a maioria dos parentes paternos de Tolkien eram artesãos. A família teve origem na Saxónia (Alemanha), mas viveu na Inglaterra desde o século XVII, tornando-se "rápida e intensamente inglesa (mas não britânica)".
O sobrenome Tolkien é um anglicismo de Tollkiehn (em alemão, tollkühn, temerário, imprudente, que em uma tradução etimológica deveria ser dull-keen, algo como estúpido-sagaz, uma tradução literal de oxímoro; no conto The Notion Club Papers, Tolkien cria um personagem com o nome John Jethro Rashbold, fazendo piada com o seu próprio nome, já que Jethro e Reuel são nomes do mesmo personagem bíblico, o sogro de Moisés). Mesmo sendo um Tolkien, considerava-se mais um Suffield (a sua família materna) do que propriamente um Tolkien.
Aos três anos parte, com a sua mãe, Mabel Suffield, dona de casa, e com o seu irmão, Hilary Arthur Reuel Tolkien, para a Inglaterra, onde pretendiam passar apenas uma temporada, devido a questões de saúde de Mabel e dos seus filhos, mas, devido à morte de seu pai, eles ali permaneceram por toda a vida. O pai, Arthur Tolkien, um bancário que trabalhava para o Bank of Africa, contraiu febre reumática e morreu em 1896 no Estado Livre de Orange, antes de poder juntar-se à família, e foi enterrado na África. Em 1900 a situação financeira da família complicou-se. Mabel Suffield fazia parte da Igreja Anglicana, e quando decidiu tornar-se católica, a sua família cortou a ajuda financeira que lhe dava, e assim ela morreu, por diabetes, sem tratamento na época. Tolkien, que considerava esse facto um sacrifício da mãe em nome da fé, converteu-se ao catolicismo, religião na qual permaneceu até o fim da vida, tornando-se um católico fervoroso.
Tolkien e seu irmão foram entregues então aos cuidados do padre jesuíta Francis Xavier Morgan, que Tolkien mais tarde descreveu como um segundo Pai, e aquele que lhe ensinara o significado da caridade e do perdão.
Conheceu Edith Bratt em 1908, quando ele e seu irmão Hilary foram alojados no mesmo local que a jovem, três anos mais velha, e os dois começam a namorar às escondidas. Entretanto, o seu tutor, o Padre Francis Morgan, descobriu a situação e, acreditando que este relacionamento fosse prejudicar a educação do rapaz, proibiu-o de vê-la até que completasse vinte e um anos, quando Tolkien alcançaria a maioridade. Na noite do seu vigésimo primeiro aniversário, Tolkien escreveu a Edith, e convenceu-a a casar-se com ele, apesar de ela já estar comprometida, e também a converteu ao catolicismo. Juntos eles tiveram quatro filhos: John Francis Reuel Tolkien (19172003), Michael Hilary Reuel Tolkien (1920-1984), Christopher John Reuel Tolkien (1924-2020) e Priscilla Anne Reuel Tolkien (1929-).
Tolkien era um pai dedicado. Essa característica mostrava-se bastante clara nos livros, muitas vezes escritos para os seus filhos, como Roverandom, escrito quando um deles perdeu um cãozinho de brinquedo na praia. Além disso, Tolkien mandava todos os anos cartas ao Pai Natal quando os filhos eram mais jovens. Havia mais e mais personagens a cada ano, como o Urso Polar, o ajudante do Pai Natal, o Boneco de Neve, Ilbereth (um nome semelhante ao da rainha Elbereth, a Valië), sua secretária, e vários outros personagens menores. A maioria deles contava como estavam as coisas no Polo Norte. Mestre Gil de Ham foi, outrossim, uma história contada para entreter os filhos.
  
A sua vida na sua obra
A infância de Tolkien teve duas realidades distintas: a vida rural em Sarehole, ao sul de Birmingham, lugar que inspirou o famoso Shire (Condado), e o período urbano, na escura Birmingham, onde iniciou os seus estudos. Nesta frase Tolkien fala sobre Sarehole:
Cquote1.svg A ancestral Sarehole há muito que se foi, engolida pelas estradas e por novas construções. Mas era muito bonita, na época em que vivi lá… Cquote2.svg
 Tolkien
Ainda criança, mudou-se para King's Heat, numa casa próxima de uma linha de comboio. Foi aí que ele começou a desenvolver uma imaginação linguística, motivada pelos estranhos nomes das estações do percurso, tais como Nantyglo, Perhiwceiber e Seghenydd. A sua infância foi muito marcada pelos contos de fadas, que estimularam sua imaginação para o Faërie, o Belo Reino, como ele se referia ao mundo dos seres fantásticos.
Em 1900, a sua mãe abraçou a religião católica, facto que o influenciou profundamente, mesmo sem a menção direta de Deus na sua obra (Tolkien representa Deus por Eru, o qual cria todo o Universo e os seres que lá habitam). Tolkien disse que os mitos não-cristãos guardavam em si elementos do Grande Mito, o Evangelho, que refletiam o Mundo Primário, isto é, o mundo real, facto este que não vão contra o pensamento da Igreja Católica.
A sua mãe Mabel mostrou-lhes, a ele e ao seu irmão, os contos de fadas em línguas como o latim e o grego. Desde a morte da mãe, quando os irmãos passaram aos cuidados de Francis Morgan, o rapaz dedicou-se aos estudos demonstrando grande talento linguístico. Estudou grego, latim, línguas antigas e modernas, como o finlandês, que serviu de base para criação do idioma élfico Quenya e o galês, base para o outro idioma élfico, o Sindarin. Em 1905 os órfãos mudaram-se para a casa de uma tia em Birmingham. Em 1908 deu início à carreira académica, ingressando no Exeter College, da Universidade de Oxford.
Em 1914, ano em que começou a Primeira Guerra Mundial, Tolkien ficou noivo de Edith Bratt. No ano seguinte, recebeu, com honras, o diploma de licenciatura em Literatura e Língua Inglesa. A graduação e os méritos não o libertaram da convocatória militar e, em 1916, depois de casar-se com Edith Bratt, foi chamado para a guerra. Tolkien sobreviveu à Batalha do Somme (província de Soma), uma mal-sucedida incursão na França e Bélgica, onde morreram mais de 500 mil combatentes. Em 1917 nasceu o seu primeiro filho, John Francis Reuel Tolkien (mais tarde o padre católico John Tolkien) e no ano seguinte, depois de contrair tifo, J.R.R.Tolkien foi enviado de volta a Inglaterra. Foi neste período que iniciou o Livro dos Contos Perdidos (The Book of Lost Tales), que mais tarde se converteu n'O Silmarillion, em 1919, quando ele retornou a Oxford.
Depois do fim da guerra, Tolkien dedicou-se ao trabalho académico como professor, tornando-se um grande e respeitado filólogo. Nesta mesma época ingressou na equipa formada para preparar o New English Dictionary. O projeto já havia chegado à letra W, e o seu supervisor, impressionado com o trabalho de Tolkien, afirmou que:
Cquote1.svg "O seu trabalho [de Tolkien] dá provas de um domínio excecional de anglo-saxão e dos fatos e princípios da gramática comparada das línguas germânicas. Na verdade, não hesito em dizer que nunca conheci um homem da sua idade que se igualasse a ele nesses aspetos." Cquote2.svg
Mas foi só em 1925, depois do nascimento dos seus filhos Michael Hilary Reuel Tolkien (1920) e Christopher John Reuel Tolkien (1924) é que Tolkien publicou o seu primeiro livro, ao lado de E. V. Gordon: Sir Gawain & the Green Knight, baseado em lendas do folclore inglês. A sua filha mais nova, Priscilla Anne Reuel Tolkien, nasceria cinco anos mais tarde.
  
As sociedades
Tolkien gostava muito de sociedades. Nas que participou, a literatura era o tema fundamental, algo que o ajudou na criação de suas obras, pois nestas sociedades encontrou o seu primeiro público e encorajadores.
Na sua juventude, a sua primeira sociedade foi a T.C.B.S. (Tea Club, Barrowian Society), formada por Tolkien e três amigos. Não era dedicada apenas a literatura, mas ela estava presente. A Primeira Guerra Mundial dissolveu o grupo, matando Rob Gilson, e algum tempo depois G. B. Smith. Os dois restantes, Christopher Wiseman (inspiração para o nome do terceiro filho de Tolkien) e Tolkien, foram amigos até o fim da vida de Wiseman.
A frase a seguir é de G. B. Smith, pouco depois da morte de Rob Gilson:
Cquote1.svg A morte pode nos tornar repugnantes e indefesos como indivíduos, mas não pode acabar com os quatro imortais! Cquote2.svg
 G.B.Smith
Anos depois, fundada por Tolkien, The Coalbiters se dedicava à literatura nórdica, muito apreciada por Tolkien, que incluía Beowulf e o Kalevala, por exemplo. Chamavam-se de Kolbitars, ou, "homens que chegam tão perto do fogo no inverno que mordem carvão", o que originou no nome Coalbiters (mordedores de carvão). Entre seus membros estavam R. M. Dawkins, C. T. Onions, G. E. K. Braunholz, John Fraser, Nevill Coghill, John Bryson, George Gordon, Bruce McFarlane e C. S. Lewis, autor das As Crónicas de Nárnia.
Outro grupo de que participava era chamado The Inklings, também dedicado à literatura, que se reunia no pub The Eagle and Child (em português A Águia e a Criança), que os integrantes chamavam O Pássaro e o Bebé (The Bird and Baby em inglês). Os Inklings incluíam C. S. Lewis e seu irmão H. W. Lewis, Charles Williams, Owen Barfield e Hugo Dyson.
  
Relação com C. S. Lewis
Tolkien e Lewis foram grandes amigos durante décadas, até a morte de Lewis (em 1963, aos 64 anos, quase dez anos antes da morte do próprio Tolkien), e essa amizade foi explorada no livro O Dom da Amizade: Tolkien e C. S. Lewis. De facto, O Senhor dos Anéis provavelmente não existiria sem os conselhos e o incentivo de Lewis, que aliás foi o primeiro a ouvir a história, e Tolkien jamais deixou de admirar a grande inteligência e criatividade de Lewis, e vice-versa.
  
Bilbo Baggins - filme O Senhor dos Anéis
   
"Num buraco no chão vivia um hobbit"
A ideia de seu primeiro grande sucesso, O Hobbit, surgiu em 1928, enquanto Tolkien examinava documentos de alunos que queriam ingressar na Universidade e Tolkien contou que:
Cquote1.svg Um dos alunos deixou uma das páginas em branco – possivelmente a melhor coisa que poderia ocorrer a um examinador – e eu escrevi nela: Num buraco no chão vivia um hobbit, não sabia e não sei por quê. Cquote2.svg
 Tolkien
Foi a partir desta frase que ele começou a escrever O Hobbit, somente dois anos depois, mas o abandonou a meio.
Tolkien emprestou o manuscrito incompleto para a Reverenda Madre de Cherwell Edge na época, quando esta estava doente, e ele foi visto por Susan Dagnall, uma bacharel de Oxford , que trabalhava para Allen & Unwin (comprada em 1990 pela Editora Harper Collins) e analisado depois por Rayner Unwin (filho de Stanley Unwin, fundador da Allen & Unwin, na época com 10 anos de idade) que ficou maravilhado com a história. Dagnall ficou tão encantada com o material que encorajou Tolkien para que terminasse o livro, e em 1937 é publicada a primeira edição de O Hobbit.
A saga do hobbit Bilbo – um ser baixo, pacato, de pés peludos e grandes, que se aventura na Terra Média ao lado do mago Gandalf e mais treze anões – teve tanto sucesso que Tolkien foi sondado para escrever novas aventuras. Tolkien oferece O Silmarillion, que ele considerava a sua principal obra, pese embora o facto de que, mesmo hoje, não ser a mais conhecida. Stanley Unwin preferiu não arriscar e não publicou a obra. Mesmo depois da recusa, Tolkien concordou em continuar a saga dos hobbits e começa a dar forma a uma nova obra, que lhe consumiu doze anos de trabalho desde os primeiros rascunhos até à sua conclusão, mas que o tornaria um dos mais conceituados escritores de todos os tempos: O Senhor dos Anéis.
O elo para a nova aventura surge no Anel, que Bilbo roubou a Gollum em O Hobbit. Os primeiros rascunhos da obra datam de 1937, mas devido ao seu perfecionismo, que o impelia a ter de fazer vários rascunhos para cada uma de suas obras, foi somente em 1949 que O Senhor dos Anéis foi para as mãos da sua editora. Durante este longo tempo, Tolkien também escreveu Leaf by Niggle em que o autor se manifesta de forma autobiográfica, projetando-se em Niggle, com suas dúvidas sobre o trabalho que estava escrevendo, "O Senhor dos Anéis", e sua relevância. Em princípio o texto foi recusado, pois a ideia de Tolkien era lançar dois volumes, sendo eles "O Silmarillion" e "O Senhor dos Anéis", já que ele os considerava interdependentes e indivisíveis. Entretanto o editor da Collins, uma outra editora, havia gostado da ideia e começou a encorajar Tolkien a publicar os livros na editora Collins. Depois de um grande atraso na publicação, Tolkien perdeu a paciência e desistiu do acordo. Posteriormente, após algumas conversas com Rayner Unwin (já adulto e trabalhando na empresa do pai, Rayner foi um dos que recebiam os rascunhos de "O Senhor dos Anéis" de Tolkien ao longo da sua composição), a decisão da Allen & Unwin foi reconsiderada e, em 1954, foram publicados os dois primeiros volumes (A Irmandade do Anel e As Duas Torres). Em 1955 foi publicado o terceiro e último volume (O Regresso do Rei). A ideia original era lançar a obra toda num único volume, mas para baixar os custos de impressão, foi dividida em três volumes.
Esse livro consolidava então o que Tolkien chamava de Mundo Secundário, com novas normas, novos povos, uma realidade à parte: Arda, o cenário de uma das maiores obras literárias de todos os tempos. "Arda" é a Terra, povoada por seres fantásticos, como os Valar, os Maiar, e os mais conhecidos, hobbits, elfos, anões, trolls, orcs e cercada de mistérios e magia:
Cquote1.svg [Criei] um Mundo Secundário no qual sua mente pode entrar. Dentro dele, tudo o que ele relatar é "verdade": está de acordo com as leis daquele mundo. Portanto, acreditamos enquanto estamos, por assim dizer, do lado de dentro. Cquote2.svg
  Tolkien
Apesar dos ataques da crítica, o livro teve grande sucesso dos dois lados do Atlântico, mas seus livros só alcançaram o nível de culto nos anos 60, devido ao facto de sua obra ter se tornado quase uma obsessão entre os universitários dos Estados Unidos, com a chegada de uma edição pirata norte-americana a esse país.
O nome de Tolkien ganhou notoriedade mundial, facto este que provocava mais transtornos que prazer ao autor, pois visitantes excêntricos afluíam ao seu encontro: fãs norte-americanos telefonavam-lhe durante a madrugada sem se lembrar do fuso horário, por exemplo. Tais factos tiveram grande peso na sua decisão de se mudar para Bournemouth.
Tolkien era um homem apaixonado por idiomas. Quando criança encantava-se com nomes galeses que via nos camiões de carvão. Com as suas primas aprendeu rapidamente uma língua artificial e bem simples criadas pelas garotas, chamada Animálico, com base nos nomes de animais. Juntos criaram outra língua, uma mistura de vários outros idiomas. Chamava-se Nevbosh, traduzido como Novo Disparate. Mais tarde criou o Naffarin, mais complexa e baseada na língua do seu tutor, o padre Francis Morgan: o espanhol.
Tolkien, em dezembro de 1910, tornou-se aluno do curso de literatura clássica na Universidade de Oxford, onde obteve uma bolsa de estudos do Exeter College, mas interessava-se pouco pelo curso e começou a gastar mais tempo no estudos de filologia, sendo orientado por Joseph Wright, um dos grandes pesquisadores britânicos desta ciência e grande conhecedor do tronco linguístico indo-europeu. Pediu transferência para a Honour School of English Language and Literature, onde teve um notável melhoria de notas, devido ao seu interesse pela filologia germânica.
Desde criança já tinha conhecimentos de línguas clássicas como grego e o latim, e mais tarde com o espanhol. Sempre achou o italiano muito elegante e, é claro, o inglês e o anglo-saxão fascinavam-no. O francês não o cativava tanto, apesar de ser (como ainda é) aclamada como uma belíssima língua. Quando se deparou com a língua finlandesa encantou-se por ela, e usou a sua gramática, juntamente com a galesa, como base para as línguas que mais tarde apareceriam em seus livros, pois são línguas de gramática complexa e vasto vocabulário. Línguas que seriam estudadas a fundo por muitos de seus fãs: o Quenya, cujo exemplo máximo é expressado pelo poema Namárië, e o Sindarin, este último baseado no galês, as Línguas Élficas, todas movidas pelo som bonito (eufonia) e pela estética, como o "Repicar dos sinos" dizia ele.
Foi baseado nestas línguas que Tolkien começou a desenvolver o seu mundo. Para ele, primeiro vinha a palavra, depois a história. A composição para ele não era um passatempo (como foi 'acusado' na época), mas um trabalho filológico. Ele criou um mundo onde suas línguas pudessem ser faladas, e lendas para rodeá-las.
Túmulo de Tolkien e da esposa no Cemitério de Wolvercote: 
Edith Mary Tolkien, Lúthien, 1889-1971 - John Ronald Reuel Tolkien, Beren, 1892-1973
   
"Aqui, no fim de todas as coisas..."
Além de "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis", foram publicados Sir Gawain and the Green Knight (1925), Mestre Gil de Ham (1949), As Aventuras de Tom Bombadil (1963), Smith of Wootton Major (1967) e Sobre Histórias de Fadas (1965) entre outros (vide Obra de Tolkien). O escritor então reforma-se e com a sua mulher muda para Bournemouth. Com a morte de sua esposa, a 19 de novembro de 1971, após 55 anos de casamento, Tolkien refugiou-se na solidão, num apartamento na Universidade de Oxford. Numa carta ao seu filho Christopher, John Ronald Reuel Tolkien escreveu, sobre a sua mulher Edith Bratt:
Cquote1.svg [...]o cabelo dela era preto e sedoso, a pele clara, os olhos mais brilhantes do que os que vocês viram, e sabia cantar… e dançar. Mas a história estragou-se, e eu fiquei para trás, e não posso suplicar perante o inexorável Mandos.[...]. Cquote2.svg
 Tolkien
No texto, Tolkien decide que no epitáfio de Edith estaria escrito Lúthien. Lúthien é uma personagem de "O Silmarillion" inspirada na esposa de Tolkien, como afirma o trecho da mesma carta:
Cquote1.svg É breve e simples [o epitáfio], a não ser por Lúthien, que tem para mim mais significado do que uma imensidão de palavras, pois ela era (e sabia que era) a minha Lúthien [...] Nunca chamei Edith de Lúthien, mas foi ela a fonte da história que, a seu tempo, se tornou parte de O Silmarillion. Cquote2.svg
 Tolkien
Lúthien era elfa, imortal, mas apaixona-se por um mortal, Beren. Ela então desiste da sua imortalidade. Ambos enfrentam muito para ficar juntos e, quando ele morre, Lúthien vai até os Palácios de Mandos, o guardião das Casas dos Mortos. Beren a aguardava nos Palácios, e ela canta diante de Mandos que, então, se comove, a única vez em toda sua existência, e permite que ambos voltem, como mortais. E assim foi. No túmulo, abaixo do nome Edith Tolkien está escrito Lúthien, que, nas histórias, é a mais bela das elfas, a mais bela dos Filhos de Ilúvatar. A história dos dois está contada na Balada de Leithian.
Em 1972, J. R. R. Tolkien recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Letras da Universidade de Oxford, e conseguiu o seu último e mais importante título: a Ordem do Império Britânico, dada pela Rainha Isabel II, uma das maiores honras britânicas. Era agora Sir John Ronald Reuel Tolkien.
No dia 28 de agosto de 1973 Tolkien sentiu-se mal durante uma festa, e na manhã do outro dia foi internado, com uma úlcera e hemorragia. No sábado descobriu-se que tinha uma infeção no peito.
Aos 81 anos de idade, então, às primeiras horas de domingo, dia 2 de setembro de 1973, J. R. R. Tolkien morre na Inglaterra. Enterrado junto da esposa, no Cemitério de Wolvercote, no túmulo feito com granito da Cornualha, abaixo do seu nome há a inscrição Beren.
    

Luís Carlos Prestes nasceu há 126 anos

  
Luís Carlos Prestes (Porto Alegre, 3 de janeiro de 1898Rio de Janeiro, 7 de março de 1990) foi um militar e político comunista brasileiro, uma das personalidades políticas mais influentes no país durante o século XX.
Foi secretário-geral do Partido Comunista do Brasil e foi companheiro de Olga Benário, morta pela Alemanha nazi numa câmara de gás, após ser entregue àquele regime pelo governo do presidente Getúlio Vargas. Em 1940 foi condenado pela justiça a 30 anos de prisão, pelo assassinato de Elza Fernandes.
Foi eleito um dos 100 maiores brasileiros de todos os tempos, no concurso realizado pelo SBT e pela BBC em 2012.

Thomas Bangalter, dos Daft Punk, faz hoje 49 anos

 

Thomas Bangalter (Paris, 3 de janeiro de 1975) é um produtor musical (que tem a sua própria gravadora, chamada Roulé) e fundador do extinto grupo de música eletrónica Daft Punk. Na sua carreira de produtor musical Thomas criou grandes sucessos, com o seu parceiro Guy-Manuel de Homem-Christo, no grupo musical Daft Punk, como as músicas Harder, Better, Faster, Stronger e One More Time.

Fora da produção musical, Thomas também trabalha na área do cinema como realizador e diretor de fotografia. Thomas é filho de Daniel Vangarde e tem uma irmã que mora em Rio de Janeiro, no Brasil, adotada por outra família. Thomas reside em Beverly Hills, Califórnia, com a sua mulher, a atriz francesa Élodie Bouchez, e os seus dois filhos, Tara-Jay e Roxan.

 
(...)
 
Em 22 de fevereiro de 2021, Bangalter e Homem-Christo anunciaram o fim dos Daft Punk através de vídeo publicado no YouTube, utilizando trecho do final do filme Electroma, escrito e dirigido por ambos. A informação foi confirmada ao site Pitchfork pela publicista de longa data do grupo, Kathryn Frazier. 
   

 


João Rodrigues Cabrilho morreu há 481 anos...

  
João Rodrigues Cabrilho, também conhecido como Juan Rodríguez Cabrillo (Cabril, Montalegre, circa 1499 - Califórnia, 3 de janeiro de 1543), foi um navegador e explorador português do século XVI.

Biografia
Ao serviço da coroa espanhola efetuou importantes explorações marítimas no Oceano Pacífico (costa Oeste dos atuais Estados Unidos) e terrestres na América do Norte, participando na conquista da capital Azteca de Tenochtitlán, com o conquistador espanhol Hernán Cortés, em 1521. Participou também com Pedro de Alvarado e mais 300 europeus, na conquista dos territórios que compreendem hoje as Honduras, Guatemala e San Salvador, entre 1523 e 1535, ajudando a fundar Oaxaca (a capital de um dos 31 estados do México).
Ao serviço da Espanha, no mês de junho do ano de 1542, João Rodrigues largou amarras de Navidade, na costa oeste do México, navegando para o norte, e três meses depois alcançou a Baía de San Diego, tornando-se o primeiro europeu a desembarcar no que é atualmente o Estado da Califórnia.
A nacionalidade portuguesa de João Rodrigues não oferece dúvidas, pois é o próprio cronista e Chefe das Índias Espanholas, D. António Herrera y Tordesillas, que na sua Historia General de los hechos de los Castellanos en lás Islas y tierra firme del Mar Oceano o confirma, ao dizer ter D. António de Mendonça aprestado os navios "São Salvador" e "Victoria" para prosseguirem na exploração costeira da Nova Espanha y que nombrô por Capitan dellos a Juan Rodriguez Cabrillo Português, persona muy platica en las cosas de la mar (em português: e que nomeou por Capitão deles, João Rodrigues Cabrilho, português, pessoa mui experimentada nas coisas do mar), embora alguns biógrafos e historiadores, em especial Harry Kelsey, afirmem que Cabrillo tenha nascido em Sevilla (Andaluzia) em data incerta. Na freguesia de Cabril, concelho de Montalegre, há a "Casa do Galego" (origem aliás sugerida pelo seu apelido), onde alegadamente Cabrilho nasceu, como é afirmado em placa comemorativa. O investigador João Soares Tavares após pesquisa morosa em Portugal, Espanha, México e Guatemala, apresentou dados comprovativos nos seus livros, que o navegador é português natural de Lapela (Cabril) do concelho de Montalegre.
Morreu a 3 de janeiro de 1543, no sul do atual estado americano da Califórnia, desconhecendo-se o local da sua sepultura.
  

A Terra está neste momento (às 00.39) no ponto mais próximo do Sol...

   
Em astronomia, o periélio, que vem de peri (à volta, perto) e hélio (Sol), é o ponto da órbita de um corpo, seja ele planeta, planeta anão, asteroide ou cometa, que está mais próximo do Sol. Quando um corpo se encontra no periélio, ele tem a maior velocidade de translação de toda a sua órbita. Quando o corpo em questão estiver orbitando qualquer outro objeto celeste que não o Sol, utiliza-se o nome genérico periastro para identificar esse ponto.
A distância entre a Terra e o Sol no periélio é de aproximadamente 147,1 milhões de quilómetros. Isto ocorre uma vez por ano, por volta de catorze dias após o solstício de dezembro, próximo do dia 3 ou 4 de janeiro.
   

 

A sonda espacial Spirit chegou a Marte há vinte anos...!


O Spirit (MER-A) foi um veículo de exploração espacial não tripulado, cuja missão era estudar o planeta Marte, permanecendo ativo de 2004 a 2010. Foi um dos veículos projetados pela NASA para o Programa Mars Exploration Rovers. Pousou com sucesso em Marte em 3 de janeiro de 2004, três semanas antes do outro veículo, Opportunity (MER-B). O seu nome foi escolhido numa competição estudantil promovida pela NASA. O robot ficou preso durante o seu trajeto em 2009 e perdeu contacto com o Centro de Controle da missão em 22 de março de 2010.

O robot atingiu o tempo planeado para a missão, mas continuou em atividade por mais de vinte vezes o tempo inicial, devido ao excelente condicionamento de seus sistemas. Além disso, o robot percorreu cerca de 7,7 km, ao invés de um quilómetro, que era esperado no início da missão, permitindo uma investigação geológica mais extensa e completa que o previsto.

O Spirit continuou a realizar as suas tarefas até 22 de março de 2010, quando a comunicação foi interrompida. O JPL tentou restabelecer a comunicação até 24 de maio de 2011, quando a NASA anunciou que os esforços para se comunicar com o rover sem resposta tinham terminado. A despedida formal foi planeada na sede da NASA após o feriado do Memorial Day e foi transmitida pela NASA TV

 

Porque é preciso recordar a poesia de Vasco Graça Moura...

   

Ó meu amor não te atrases 

    

Ó meu amor não te atrases
Vou agora pôr-te à prova
Esta noite é Lua Nova
E tu não sabes de fases 

   

Se chegas tarde te acuso
De que andarás a enganar-me
Vindo de ti cada abuso
Me soa a sinal de alarme 

  

Teus olhos arregalados
Não são desculpa melhor
Sabes cá chegar de cor
E mesmo de olhos fechados 

   

Nem um cego se perdia
Lá fora agitam-se os ramos
Nas brenhas da ventania
É tarde porém juramos 

   

Que enquanto este amor se guarde
E seja o nosso segredo
Virias cedo, bem cedo
E havias de partir tarde 

   

Sendo a Lua Nova ou Cheia
Ou Crescente ou Minguante
O que a nós nos incendeia
É fogo de outro quadrante 
 

   

É clarão de uma outra luz
Que ao pressentir os teus passos
Acendi quando dispus
Quatro quartos nos teus braços
Quatro quartos nos teus braços
Quatro quartos nos teus braços
Quatro quartos
Nos teus braços



Vasco Graça Moura

Música adequada à data...

Fado adequada à data...

 

Fado de Peniche (Abandono) - Amália Rodrigues
Poema de David Mourão-Ferreira e música de Alain Oulman
    
    
Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar

     
Levaram-te a meio da noite
A treva tudo cobria
Foi de noite numa noite
De todas a mais sombria
Foi de noite, foi de noite
E nunca mais se fez dia.
      

Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar
E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar.

 

terça-feira, janeiro 02, 2024

Mily Balakirev nasceu há 187 anos...

    
Mily Alexeyevich Balakirev (Nizhny Novgorod, 2 de janeiro de 1837São Petersburgo, 29 de maio de 1910 ou 21 de dezembro de 1836 e 16 de maio de 1910, respetivamente, no calendário juliano, então em vigor na Rússia) foi um compositor russo, atualmente mais conhecido por fazer parte e liderar o Grupo dos Cinco, um grupo nacionalista de músicos russos, do qual faziam parte, além de Balakirev, César Cui, Modest Mussorgsky, Aleksandr Borodin e Nikolai Rimsky-Korsakov.
A maior parte de sua obra é composta por canções, tanto eruditas quanto populares. Balakirev escreveu também duas sinfonias, dois poemas sinfónicos, quatro aberturas e diversas peças para piano, entre as quais figura Islamey: Fantasia oriental, a sua obra mais conhecida, principalmente entre pianistas, devido a sua complexidade e imensa dificuldade.
     

 


Barış Manço nasceu há oitenta e um anos...

    

Mehmet Barış Manço, born Tosun Yusuf Mehmet Barış Manço (Üsküdar, Istanbul, 2 January 1943 – Kadıköy, Istanbul, 31 January 1999), known by his stage name Barış Manço, was a Turkish rock musician, singer, songwriter, composer, actor, television producer and show host. Beginning his musical career while attending Galatasaray High School, he was a pioneer of rock music in Turkey and one of the founders of the Anatolian rock genre. Manço composed around 200 songs and is among the best-selling and most awarded Turkish artists to date. Many of his songs were translated into a variety of languages including English, French, Japanese, Greek, Italian, Bulgarian, Romanian, Persian, Hebrew, Urdu, Arabic and German, among others. Through his TV program, 7'den 77'ye ("From 7 to 77"), Manço traveled the world and visited most countries on the globe. He remains one of the most popular public figures of Turkey.

 

 


Roger Miller nasceu há 88 anos...

     
Roger Dean Miller (Fort Worth, 2 de janeiro de 1936 - Los Angeles, 25 de outubro de 1992) foi um cantor, compositor, músico e ator norte-americano. Entre os seus sucessos mais conhecidos estão "King of the Road", "Dang Me" e "England Swings", todos do característico Nashville sound de meados da década de 60.
Morreu em 1992 por causa de um cancro.
  

 


A sonda Luna 1 foi lançada há 65 anos...!

     
Luna 1 (E-1 No.4), também conhecido em russo como Мечта ou "Sonho", foi a primeira sonda bem sucedida do Programa Luna (um projeto soviético). A sua missão, lançada em 2 de janeiro de 1959, foi a primeira a chegar perto da superfície da Lua, a cerca de 6.000 km, com sucesso, enviando para a Terra muitas fotografias.
     

Missão
Enquanto viajava fora do cinturão de radiação Van Allen, o cintilador da sonda detetou um pequeno número de partículas subatómicas fora do cinturão. Além disso, foram feitas outras descobertas sobre o cinturão de radiação e o espaço exterior. Não foi detetado nenhum campo magnético na Lua. Foram efetuadas as primeiras observações e medições dos ventos solares, que é um grande fluxo de plasma ionizado emanado do Sol que se espalha pelo espaço interplanetário. Essa concentração de plasma ionizado, foi medida, e ficou em torno de 700 partículas por cm3 à distância de 20 a 25 mil km e cerca de 300 a 400 partículas por cm3 à distância de 100 a 150 mil km. Essa sonda também executou a primeira comunicação de rádio a uma distância de 500.000 km da Terra.
Um mau funcionamento no sistema de controle em Terra causou um erro no tempo de ignição do foguete, e a sonda errou o seu alvo, passando a 5.900 km da Lua no ponto de maior aproximação. Depois disso, a Luna 1 tornou-se o primeiro objeto feito pelo homem a entrar em órbita heliocêntrica e foi considerado um "novo planeta", sendo rebatizado para Mechta ("Sonho"). A sua órbita ficou entre a da Terra e a de Marte. O nome "Luna-1" foi aplicado, de forma retroativa, anos mais tarde. O nome "Luna-1" é também considerado como "primeiro foguetão cósmico", em referência ao facto de ter atingido a velocidade de escape da Terra. 
     

Norton de Matos morreu há 69 anos

(imagem daqui)
  
José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos (Ponte de Lima, Ponte de Lima, Rua do Pinheiro, 23 de março de 1867 - Ponte de Lima, 2 de janeiro de 1955) foi um general e político português.
  
Família
Era filho de Tomás Mendes Norton, comerciante e cônsul da Grã Bretanha e Irlanda em Viana do Castelo (afilhado de batismo de Rodrigo da Fonseca Magalhães) e de Emília de Matos Prego e Sousa, neto paterno de José Mendes Ribeiro, da burguesia de Viana do Castelo, e materno de Manuel José de Matos Prego e Sousa, Doutor em Direito, da fidalguia de Ponte de Lima (Casa do Bárrio).
  
   
Biografia
Depois de frequentar o colégio em Braga foi, em 1880, para a Escola Académica, em Lisboa. Quatro anos depois iniciou o seu curso na Faculdade de Matemática em Coimbra. Fez o curso da Escola do Exército e, em 1898, partiu para a Índia Portuguesa, onde organizou os cadastros das terras. Começou aí a sua carreira na administração colonial, como diretor dos Serviços de Agrimensura. Acabada a sua comissão, viajou por Macau e pela China em missão diplomática.
O seu regresso a Portugal coincidiu com a proclamação da República portuguesa. Dispondo-se a servir o novo regime, Norton de Matos foi chefe do estado-maior da 5.ª divisão militar. A 17 de maio de 1912 é iniciado Maçon na Loja Pátria e Liberdade, N.º 332, de Lisboa (Rito Escocês Antigo e Aceite), sob os auspícios do Grande Oriente Lusitano Unido, com o nome simbólico de Danton. Nesse mesmo ano tomou posse como governador-geral de Angola. A sua atuação na colónia revelou-se extremamente importante, na medida em que impulsionou fortemente o seu desenvolvimento, protegendo-a, de certa forma, da ameaça contínua que pairava sobre o domínio colonial português, por parte de potências como a Inglaterra, a Alemanha e a França. Fundou a cidade do Huambo. A 27 de janeiro de 1913 é elevado ao Grau 2 (Companheiro) e a 18 de abril de 1914 é elevado ao Grau 3 (Mestre). Em outubro desse ano dá-se a cisão da Maçonaria Portuguesa: a Loja Pátria e Liberdade, N.º 332 desliga-se da obediência do Grande Oriente Lusitano Unido.
Foi demitido do cargo em 1915, como consequência da nova situação política que se vivia em Portugal durante a Primeira Guerra Mundial. Foi depois chamado, de novo, ao Governo, ocupando o cargo de ministro das Colónias, embora por pouco tempo. A 12 de maio de 1916 reentra na obediência do Grande Oriente Lusitano Unido, filiando-se na Loja Acácia, de Lisboa (de rito francês), e, a 19 de setembro de 1916, é elevado ao Grau 4 (Eleito) do rito francês. Em 1917, um novo golpe revolucionário obrigou-o a exilar-se em Londres, por divergências com o novo governo. A 16 de fevereiro de 1918 é elevado ao Grau 5 (Escocês) do rito francês e a 31 de outubro de 1918 é elevado ao Grau 6 (Cavaleiro do Oriente ou da Espada) do rito francês. Regressou à pátria e foi delegado de Portugal à Conferência da Paz, em 1919. Mais tarde, foi promovido a general por distinção e nomeado Alto Comissário da República em Angola. Na primavera de 1919, foi delegado português à Conferência da Paz. A 31 de outubro de 1919 é elevado ao Grau 7 e último (Príncipe Rosa Cruz) do rito francês. Em junho de 1924, exerceu as funções de embaixador de Portugal em Londres, cargo de que foi afastado aquando da instauração da Ditadura Militar. A 6 de novembro de 1928, a Loja Acácia, de que é membro, propõe, pela primeira vez, a sua candidatura ao cargo de Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente Lusitano Unido. A 7 de dezembro de 1928 morre Sebastião de Magalhães Lima, 10.º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano Unido, e a 31 de outubro de 1929 morre António José de Almeida, 12.º Grão-Mestre eleito do Grande Oriente Lusitano Unido.
Foi, a 31 de dezembro de 1929, eleito 14.º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano Unido para os anos de 1930 e 1931, cargo que ocupou entre 1930 e 1935. A 30 de abril de 1930 toma posse do cargo de Grão-Mestre, dirigindo uma mensagem aos Maçons Portugueses. A 17 de setembro parte para Antuérpia, a fim de participar na Semana Portuguesa e na Convenção Maçónica Internacional. De 25 a 30 de setembro toma parte na Convenção da Association Maçonnique Internationale (A.M.I.), reunida em Bruxelas. Em dezembro, devido ao período decrescente em que decorrem os trabalhos maçónicos em Portugal, é decidido suspendê-los nas lojas de Lisboa, convidando estas à imediata triangulação. Em março de 1931 dirige uma importante mensagem à Grande Dieta e em dezembro é reeleito Grão-Mestre.
A 5 de julho de 1932 Salazar ascende a Presidente do Conselho. A 31 de janeiro de 1935 protesta, junto do Presidente da Assembleia Nacional, José Alberto dos Reis, contra o projeto de lei que proíbe as associações secretas. A 14 de maio é emitida uma Resolução do Conselho de Ministros exonerando e/ou passando à reforma uma série de funcionários que oferecem poucas garantias de fidelidade ao regime, entre os quais Norton de Matos. A 21 de maio dá-se a publicação da Lei N.º 1.091 que proíbe as associações secretas. Norton de Matos demite-se do cargo de Grão-Mestre, para que pudesse ser eleito alguém desconhecido do Governo.
Em 1948, participou nas eleições presidenciais de 1949, reivindicando a liberdade de propaganda e uma melhor fiscalização dos votos. O regime de Salazar recusou-se a satisfazer estas exigências. Obteve vastos apoios populares e apoio de membros da oposição. Devido à falta de liberdade no ato eleitoral, e prevendo fraudes eleitorais, acabou por desistir, depois de participar em comícios e outras manifestações de massas.
Norton de Matos, tal como grande número de republicanos e opositores do Estado Novo, era defensor de uma política colonialista. Em 1953, no seu livro África Nossa defendeu que Portugal tem “pois de povoar essas terras, intensa e rapidamente, com famílias brancas portuguesas e continuar a assimilar os habitantes de cor que lá encontramos. Assimilação completa, material e espiritual“.
    

A Reconquista terminou, na na península ibérica, há 532 anos...

         
Situada na região da Andaluzia, Espanha, a cidade de Granada, fundada em 756 pelos árabes, foi desde o século XIII a capital do reino muçulmano de Granada. A sua rendição, celebrada durante vários dias, foi o culminar de dez anos de guerras, dois anos de importantes investimentos financeiros e pôs fim a oito séculos de domínio muçulmano na Península Ibérica.
 
Bandeira utilizada pela infantaria dos Reis Católicos
           
Antecedentes
O casamento de Isabel I de Castela com Fernando II de Aragão, mais tarde designados pelos Reis Católicos não antevia o sucesso do casal no governo de Espanha. Com efeito, apesar do contributo para a unificação da atual Espanha, a nobreza não era consensual no que respeita à decisão sobre quem deveria ascender ao trono do país: houvera quem preferisse a infanta Joana, prometida a Afonso V de Portugal (que, por isso, também concorria ao trono). Porém, D. Joana era tida como filha ilegítima de Henrique IV de Castela, fruto de uma polémica relação da esposa do rei com um fidalgo.
Assim, Isabel I, meia-irmã do rei, faz-se proclamar rainha de Castela nas Cortes de Valladolid de 1473. Em 1479, Fernando II torna-se rei de Aragão e consuma-se a união dos dois reinos que, porém, ainda não era suficientemente forte, já que era cercado por Portugal, em plena expansão, a França dos Valois, a pequena Navarra e o reino de Granada.
Após quatro anos de tréguas, a guerra entre Granada e Castela reacende-se em 1481, embora não passe de breve escaramuças, ofensivas e cercos. Sabe-se que em 1487 se travaram perto de Málaga duros combates, na consequência dos quais cairia a cidade nas mãos dos cristãos. Depois, ao fim de seis meses de cerco, cede Barza.
Aproveitando alguns conflitos internos no reino de Granada, que entretanto se desagregara, junta o casal real cerca de 60.000 homens na planície de Granada, destinados a acabar com o conflito.
       
Bandeira do emirado nasrida de Granada
  
Entrega das chaves da cidade
As negociações com o último rei mouro de Granada, Boabdil, começam no outubro de 1491. Na véspera do dia 1 de janeiro de 1492 Boabdil envia cerca de 400 mouros como reféns, carregados de presentes para os Reis, enquanto um grupo de oficiais toma a colina do Alhambra, a fim de ocupar pontos estratégicos. Na manhã do dia 2, segue Fernando de Aragão e a sua Corte, seguidos por Isabel com o príncipe João e as suas irmãs e, atrás, as tropas, ao encontro do rei mouro. Boabdil entrega as chaves da cidade diante de 100.000 espetadores, muçulmanos, judeus e cristãos, castelhanos e estrangeiros, e é içada, pela primeira, a bandeira dos Reis de Espanha na mais alta torre do Alhambra.
Não houve pilhagem nem saque; a vitória era celebrada por vários dias de festejos e por isto outorgava-lhes o Papa Alexandre VI o título de «Reis Católicos».
Boabdil estava obrigado a aceitar as condições dos vencedores, como a liberdade de culto, a segurança das pessoas, e a liberdade de emigrar levando ou vendendo os bens. Esta opção rapidamente se mostrou inevitável, provavelmente devido às situações constrangedoras em que se veriam os muçulmanos no seguimento da derrota. As pressões acumulam-se - a Inquisição representava uma forte ameaça ao islamismo e os impostos eram insuportáveis - e grande parte dos vencidos decide retirar-se no outono de 1492, à semelhança de Boabdil.
Rebentam revoltas, pois as promessas dos Reis Católicos não estavam a ser cumpridas, e a Espanha vê-se vítima de represálias, conduzidas a partir do Magrebe, em algumas aldeias costeiras. A emigração assume agora um carácter de expulsão - que se coloca em paralelo com a dos judeus - e, com a recente descoberta da América (Índias Ocidentais), a Espanha sofre também de um êxodo que lhe viria a sair caro mais tarde.
  
Reino de Granada em 1482, antes do começo da Guerra de Granada
          
in Wikipédia

Santa Teresinha do Menino Jesus nasceu há 151 anos...

     
Teresa de Lisieux, nascida Marie-Françoise-Thérèse Martin, conhecida como Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face, (Alençon, 2 de janeiro de 1873 - Lisieux, 30 de setembro de 1897) foi uma freira carmelita descalça francesa, conhecida como um dos mais influentes modelos de santidade para católicos, e religiosos em geral, pela sua "forma prática e simples de abordar a vida espiritual". Juntamente com São Francisco de Assis, é uma das santas mais populares da história da Igreja Católica. O papa Pio X chamou-a de "a maior entre os santos modernos".
     
      

George Biddell Airy morreu há 132 anos

       

No período em que foi Astrónomo Real Britânico, estabeleceu Greenwich como localização do primeiro meridiano. A sua reputação foi abalada pela alegação de que, devido à falta de ação da sua parte (em 1843 rejeitou os cálculos de John Couch Adams sobre a possibilidade de um 8º planeta influindo sobre Úrano), o Reino Unido perdeu a prioridade da descoberta de Neptuno.

Foi Professor Plumiano de Astronomia e Filosofia Experimental (1828–1836).

A cratera lunar Airy (cratera lunar) e outra em Marte são assim denominadas em sua homenagem. 

  

(...) 

Hipóteses de Airy (1) e Pratt (2)

 

George Biddell Airy foi responsável pelo modelo Airy, que postula que as diferenças topográficas de altitude são compensadas por variações na espessura da crosta, da mesma forma que o peso de uma embarcação é compensada pela variação do seu calado.