O
Massacre de Katyn, também conhecido como
Massacre da Floresta de Katyn, foi uma execução em massa ocorrida durante a
Segunda Guerra Mundial contra oficiais
polacos prisioneiros de guerra, polícias e cidadãos comuns acusados de
espionagem e
subversão pelo Comissariado do Povo para Assuntos Internos (
NKVD), a polícia secreta
soviética, comandada por
Lavrentiy Beria, entre abril e maio de 1940, após a rendição da
Polónia à
Alemanha nazi. Através de um pedido oficial de Beria, datado de
5 de março de
1940, o líder soviético
Estaline e quatro membros do
Politburo aprovaram o
genocídio.
O número de vítimas é calculado em cerca de 22.000, sendo 21.768 o
número mínimo identificado. De acordo com documentos soviéticos
liberados em 1990, 21.857
prisioneiros e internos polacos foram executados após 3 de abril de
1940: 14.552 prisioneiros de guerra (a maioria deles dos três campos,
Kozelsk, Ostashkov e Starobelsk) e 7.305 prisioneiros em áreas do oeste
da Ucrânia e da Bielorrússia. Do total, 4.421 eram de Kozelsk, 3.820 de
Starobelsk, 6.311 de Ostashkov, e 7.305 de prisões ucranianas e
bielorrussas. O chefe do departamento de prisioneiros de guerra da NKVD,
major-general P.K. Soprunenko, organizou seleções de oficiais polacos para serem massacrados em Katyn e nas outras áreas.
Entre os que morreram na floresta de Katyn, estavam um almirante, dois generais, 24 coronéis, 79 tenente-coronéis, 258 majores, 654 capitães, 17 capitães de marinha, 3.420 suboficiais, sete capelães, três proprietários rurais, um príncipe, 43 oficiais de forças diversas, 85 soldados, 131 refugiados, 20 professores universitários, 300 médicos, várias centenas de advogados, engenheiros e mais de 100 jornalistas e escritores, assim como 200 pilotos de combate da Força Aérea.
No total, a NKVD executou mais da metade do corpo de oficiais das
forças armadas polacas. Contando com os massacres nas outras áreas,
foram executados catorze generais entre eles Leon Billewicz. Nem todos os mortos eram de etnia polaca, uma vez que a Segunda República Polaca era um estado multiétnico e vários de seus oficiais eram ucranianos, bielorrussos e judeus. Estima-se que cerca de 8% dos militares assassinados em Katyn eram judeus polacos.
Mais de 99% dos prisioneiros restantes foram executados
posteriormente. Prisioneiros do campo de Kozelsk foram executados no
local dos assassinatos em massa, em Katyn, na área de Smolensk. Prisioneiros de Starobelsk foram assassinados dentro da prisão da NKVD em Kharkov e os corpos enterrados em Piatykhatky e oficiais de polícia de Ostashkov mortos na prisão da NKVD em Kalinin e enterrados em Mednoye.
Informações detalhadas sobre as execuções foram prestadas por
Dmitrii Tokarev, ex-chefe da NKVD em Kalinin, durante uma audiência. De
acordo com ele, os fuzilamentos começavam no início da noite e
terminavam ao amanhecer. O primeiro transporte de prisioneiros trazia
390 pessoas e os executores tiveram um árduo trabalho para matar tantas
pessoas durante uma noite. As levas seguintes de homens traziam no
máximo 250 presos. As execuções eram normalmente feitas com uma arma
automática alemã, a Walther PPK, calibre 7,65 mm, fornecidas por Moscovo, mas foram também usados revólveres Nagant M1895 russos.
Os assassinos usaram armas alemães ao invés do revólver-padrão das
forças soviéticas, em virtude do coice dessas armas ser muito forte, o
que provocava dores no braço após as primeiras dúzias de tiros. Vasili Blokhin,
um oficial soviético conhecido por ser o principal carrasco de Estaline,
matou pessoalmente mais de 7.000 prisioneiros do campo de Ostashkov,
alguns deles com apenas 18 anos, na prisão da NKVD em Kalinin, num
período de 28 dias, em abril de 1940.
Os assassinatos eram metódicos. Após a verificação das suas
informações pessoais, o prisioneiro era algemado e levado para uma cela
isolada com pilhas de sacos de areia e encerrada por uma porta pesada. A
vítima recebia ordens de se ajoelhar no meio da cela, o executor se
aproximava por trás e lhe dava um tiro na nuca ou na parte de trás da
cabeça. O corpo era então carregado por uma porta de saída, do outro
lado da cela, e atirado para dentro de um dos camiões que esperavam para
recolher os corpos, enquanto o próximo condenado era introduzido na cela
pela porta de entrada. Além do amortecimento do barulho dos tiros causados
pelo isolamento da cela, máquinas - talvez grandes ventiladores
- passavam a noite toda operando fazendo grande barulho. Este
procedimento foi seguido todas as noites, à exceção do feriado de Primeiro de Maio.
Foram enterrados em
Bykivnia e
Kurapaty, nos arredores de
Minsk, entre 3 e 4 mil internos polacos mortos em prisões na Ucrânia e na Bielorrússia. A
tenente Janina Lewandowska, filha do general
Józef Dowbor-Muśnicki, comandante-militar da
Revolta da Grande Polónia, no final da
Primeira Guerra Mundial, foi a única mulher assassinada nos massacres de Katyn.
(...)
Memorando de Lavrentiy Beria a Estaline, propondo a execução dos oficiais polacos
A União Soviética alegou que o genocídio havia sido praticado pelos
nazis e continuou a negar responsabilidade sobre os massacres até
13 de abril de 1990, quando o governo de
Mikhail Gorbachev
reconheceu oficialmente o massacre e condenou os crimes levados a cabo
pela NKVD em 1940, assim como o seu subsequente encobrimento. No ano seguinte,
Boris Yeltsin trouxe a público os documentos, datados de meio século antes, que autorizavam o
genocídio.
(...)
Em 13 de abril de 1990, no 47º aniversário da descoberta das valas
comuns em Katyn, a União Soviética formalmente expressou o seu
"profundo pesar" e admitiu a responsabilidade da polícia secreta
soviética pelos crimes. O dia 13 de abril foi declarado mundialmente
como o
Dia da Memória de Katyn.