O Condado Portucalense era um pequeno território pertencente ao Reino
de Leão, que o rei deste cedera, juntamente com a mão da sua filha,
D.ª Teresa, a
D. Henrique de Borgonha, um cavaleiro francês que veio ajudar o monarca leonês na luta contra os muçulmanos.
Juntos, Teresa e Henrique tiveram um filho, D. Afonso Henriques. Quando
D. Henrique faleceu, a viúva, D.ª Teresa, herdou o Condado.
Já desde
1128
que D. Afonso Henriques acreditava que o Condado Portucalense devia
ser independente. No entanto, a sua mãe, aconselhada pela nobreza
galega e pelo seu amante, também galego, não acreditava nesta
possibilidade, sendo contra ela.
Incitado e encorajado pela
nobreza e pelo
clero portucalenses, D. Afonso Henriques travou contra a mãe a
batalha de São Mamede (
1128), vencendo-a. Tornou-se então conde e estabeleceu duas prioridades:
- Tornar independente o condado;
- Conquistar território aos sarracenos, que ocupavam ainda uma boa parte da península Ibérica.
Em
5 de outubro de 1143, foi assinado pelo próprio Afonso Henriques e pelo primo, rei de Leão, o
Tratado de Zamora,
segundo o qual o rei de Leão reconheceu a independência do Condado
Portucalense, que passou a denominar-se Portugal. No entanto, só em
13 de abril de 1179 é que o Papa Alexandre III aceitou e reconheceu, pela primeira vez, o
Reino de Portugal e D. Afonso I como seu primeiro monarca.
A Bula diz, em português actual:
- "Alexandre, Bispo, Servo dos
Servos de Deus, ao Caríssimo filho em Cristo, Afonso, Ilustre Rei dos
Portugueses, e a seus herdeiros, in 'perpetuum'. Está claramente
demonstrado que, como bom filho e príncipe católico, prestaste
inumeráveis serviços a tua mãe, a Santa Igreja, exterminando
intrepidamente em porfiados trabalhos e proezas militares os inimigos
do nome cristão e propagando diligentemente a fé cristã, assim deixaste
aos vindouros nome digno de memória e exemplo merecedor de imitação.
Deve a Sé Apostólica amar com sincero afecto e procurar atender
eficazmente, em suas justas súplicas, os que a Providência divina
escolheu para governo e salvação do povo. Por isso, Nós, atendemos às
qualidades de prudência, justiça e idoneidade de governo que ilustram a
tua pessoa, tomamo-la sob a proteção de São Pedro e nossa, e concedemos e confirmamos por autoridade apostólica ao teu excelso domínio o reino de Portugal
com inteiras honras de reino e a dignidade que aos reis pertence, bem
como todos os lugares que com o auxílio da graça celeste conquistaste
das mãos dos Sarracenos
e nos quais não podem reivindicar direitos os vizinhos príncipes
cristãos. E para que mais te fervores em devoção e serviço ao príncipe
dos apóstolos S. Pedro e à Santa Igreja de Roma, decidimos fazer a mesma
concessão a teus herdeiros e, com a ajuda de Deus, prometemos
defender-lha, quanto caiba em nosso apostólico magistério."