sexta-feira, dezembro 16, 2011
Afonso de Albuquerque morreu há 496 anos
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Arthur C. Clarke nasceu há 94 anos
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Mariza faz hoje 38 anos
Kandinsky morreu há 67 anos
A crise sísmica de New Madrid (USA) começou há dois séculos
The 1811-1812 New Madrid earthquakes were an intense intraplate earthquake series beginning with an initial pair of very large earthquakes on December 16, 1811. These earthquakes remain the most powerful earthquakes ever to hit the eastern United States in recorded history. These events, as well as the seismic zone of their occurrence, were named for the Mississippi River town of New Madrid, then part of the Louisiana Territory, now within Missouri.
- December 16, 1811, 0815 UTC (2:15 a.m.); (M ~7.2 – 8.1) epicenter in northeast Arkansas. It caused only slight damage to man-made structures, mainly because of the sparse population in the epicentral area. The future location of Memphis, Tennessee experienced level IX shaking on the Mercalli intensity scale. A seismic seiche propagated upriver and Little Prairie was heavily damaged by soil liquefaction.
- December 16, 1811, 1415 UTC (8:15 a.m.); (M ~7.2–8.1) epicenter in northeast Arkansas. This shock followed the first earthquake by six hours and was similar in intensity.
- January 23, 1812, 1500 UTC (9 a.m.); (M ~7.0–7.8) epicenter in the Missouri Bootheel. The meizoseismal area was characterized by general ground warping, ejections, fissuring, severe landslides, and caving of stream banks. Johnson and Schweig attributed this earthquake to a rupture on the New Madrid North Fault. This may have placed strain on the Reelfoot Fault.
- February 7, 1812, 0945 UTC (4:45 a.m.); (M ~7.4–8.0) epicenter near New Madrid, Missouri. New Madrid was destroyed. At St. Louis, Missouri, many houses were severely damaged, and their chimneys were toppled. This shock was definitively attributed to the Reelfoot Fault by Johnston and Schweig. Uplift along a segment of this reverse fault created temporary waterfalls on the Mississippi at Kentucky Bend, created waves that propagated upstream, and caused the formation of Reelfoot Lake by obstructing streams in Lake County, Tennessee.
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quinta-feira, dezembro 15, 2011
Ciência e Prendas de Natal - algumas sugestões
- Buscador de 6x25
- 3 oculares (20/12/4 mm)
- Lente Barlow de 1,5x
- Inclui: Software e tripé em alumínio regulável em altura e outros acessórios
- Distância focal: 900 mm
- Ampliação: 45x - 337,5x (com Barlow 1,5x)
- Objectiva: 70 mm de diâmetro
- Oculares: 31,7 mm (1,25 polegadas) de diâmetro
2. Microscópio Escolar (69.99 €)
Descrição
- 3 objetivas rotativas de elevada qualidade (4x, 10x e 40x)
- Lente de Barlow 2x e 2 oculares de ângulo de visão largo (5x/16x)
- Ampliação: 20x/1280x
- Disco de filtro com 6 cores
- Iluminação regulável através de reóstato
- Possibilidade de iluminação LED
- Ocular para ligação ao PC através de USB e software
- Inclui mala e uma vasta gama de preparados e instrumentos
NOTA: trata-se de um pequeno grande microscópio, que muitas escolas têm adquirido para os seus laboratórios, pois é excelente em qualidade e preço; a possibilidade de tirar fotografias e fazer filmes através do computador, de projetar para todos alunos de uma turma, torna-o ainda mais interessante...! Sugere-se ainda a observação do vídeo sobre o mesmo: ver AQUI.
3. Telescópio Terrestre (39.99 €)
Descrição
- Ampliação: zoom de 20x - 60x
- Campo de visão: 29 m/1000 m (a 20x)
- Foco próximo: 12 m (a 20x)
- Inclui tripé, saco com alça de transporte e capa de proteção anexada
- Zoom 20-60x
- Rotação 360°
4. Binóculos (19.99 €)
Descrição
- Reprodução de imagem nítida e de grande contraste
- Campo de visão de 60 m de largura e 1000 m de distância
- Prisma de vidro BK7 de alta qualidade
- Distância interocular regulável de 59-73 mm
- Ampliação 10x-30x
5. Livro "Astronomia - uma introdução ao universo das estrelas" (11.99 €)
Descrição
- Introdução ao universo das estrelas
- Capa rígida
- Mais de 500 ilustrações
NOTA: vou comprar o livro na 2ª e depois irei dizer aqui o acho dele...
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Como a Bulgária e alguns artistas de Hollywood comemoraram o Ano Internacional do Morcego
No início de setembro, a capital da Bulgária limpou a poeira dos seus ombros para acolher o elenco repleto de estrelas, do filme de acção de Hollywood "The Expendables 2" (“Os Mercenários 2”).
Para demonstrar o orgulho da Bulgária sobre o facto de estar fornecendo os locais de filmagem para tal blockbuster, uma robusta delegação consistindo do primeiro-ministro Borisov, ministro da Cultura Vezhdi Rashidov e, sem surpresa, a estrela de futebol Hristo Stoichkov, apressou-se a conhecer e cumprimentar as celebridades.
Dominado pela exaltação colectiva na visita de alto perfil, o Ministério búlgaro do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos deu luz verde para as filmagens na caverna Devetashka, um monumento natural de importância nacional e internacional e casa para 13 espécies de morcegos protegidos, duas delas consideradas globalmente ameaçadas de extinção.
A autorização para filmar foi concedida apesar do facto da legislação nacional só permitir actividades relacionadas com o turismo ou a investigação científica poderem ter lugar no local.
Após as lendas de Hollywood deixarem o ‘set’, uma inspeção realizada por ambientalistas revelou o forte impacto sobre o habitat natural.
Os especialistas averiguaram que os morcegos tinham sido acordados da hibernação e estavam enfrentando a morte por exaustão ou subalimentação.
Mesmo que eles pudessem voltar a entrar em hibernação, os biólogos afirmaram, as hipóteses dos mamíferos voadores "o fazerem até ao verão seriam severamente reduzidas porque as suas reservas de energia foram prematuramente esgotadas devido à actividade irregular.
No entanto, os morcegos perturbados podem mesmo não ser capazes de re-hibernar, porque a sua casa se transformou numa barulhenta e concorrida atracção turística depois de "Os Mercenários 2" reconstruirem a ponte que conduz à caverna Devetashka e deixando-a como um "presente" para o país.
A inspecção realizada por peritos ambientais mostrou que a caverna estava habitada por tão pouco quanto 10.400 morcegos, enquanto no inverno de 2010 tinham sido mais de 35.000.
Os biólogos encontraram morcegos mortos de três espécies que tinham caído do tecto da caverna, vendo-se nos seus cadáveres sinais facilmente discerníveis de exaustão.
A verificação mostrou que a equipa de filmagem tinha violado os termos da licença, entrando na parte escura da caverna e praticando uma variedade de actividades particularmente barulhentas.
A Comissão Europeia e um número de organizações ambientais globais requereram investigações a respeito do porquê da situação ter sido autorizada.
Ministério búlgaro do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos respondeu com a sua habitual frase: Haverá multas!
Para que serve esta história?
Serve para mostrar que os morcegos da Bulgária são dispensáveis.
Também mostra que o ‘Ministério do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos’ é antes um ‘Ministério para a Venda de Ambiente e Recursos Hídricos’.
A ironia disto tudo é que isto está a acontecer em 2011, o Ano Internacional do Morcego, como declarado pela Convenção do UNEP sobre Espécies Migratórias (CMS) e pelo Acordo sobre a Conservação das Populações de Morcegos Europeus (EUROBATS).
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O blog Geopedrados adverte que seis anos de convívio com ladrões dá problemas nos (poucos) neurónios de um vice-presidente da bancada parlamentar do PS
Questionado sobre se as suas declarações não podem comprometer o trabalho que Portugal está a fazer no sentido de cumprir o memorando de entendimento assinado com na troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) e trabalhado ainda pelo anterior Governo e suscitar uma reacção adversa por parte dos mercados, o deputado reafirmou ao PÚBLICO que o seu discurso não foi feito no sentido de Portugal não cumprir o acordo: “Nunca disse que a dívida não deve ser paga. Mas a dívida é a nossa única arma para podermos impor condições mais favoráveis, pois a recessão é o primeiro passo para nos impedir de cumprir o acordo”.
Pedro Nuno Santos asseverou também que o facto de a cimeira europeia da passada semana não ter acalmado os mercados é “mais uma prova de que chega de nos submetermos aos credores e aos mercados”. “É incompreensível que os países periféricos não façam o que faz o Presidente francês [Nicolas Sarkozy] e a chanceler alemã [Angela Merkel]. Deviam unir-se. Eles reuniram-se antes da cimeira para decidirem o que deviam decidir os 27 [Estados-membros] e os periféricos deviam fazer o mesmo”, reiterou.
No entanto, no polémico jantar, Pedro Nuno Santos disse: “Estou a marimbar-me que nos chamem irresponsáveis. Temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses. Essa bomba atómica é simplesmente não pagarmos”, afirmou o deputado no polémico jantar. “Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos”, disse também Pedro Nuno Santos na altura.
"A primeira responsabilidade de um primeiro-ministro é tratar do seu povo"
“Se não pagarmos a dívida e se lhes dissermos as pernas dos banqueiros alemães até tremem”, concluiu no jantar o socialista, defendendo que o Governo deve ignorar as exigências dos credores internacionais para poupar os portugueses aos sacrifícios da austeridade. “A primeira responsabilidade de um primeiro-ministro é tratar do seu povo. Na situação em nós vivemos, estou-me marimbando para os credores e não tenho qualquer problema enquanto político e deputado de o dizer. Porque em primeiro lugar, antes dos banqueiros alemães ou franceses, estão os portugueses”, reafirmou Pedro Nuno Santos.
Em referência à actual situação do país, insistiu que vale tudo e fez uma referência aos líderes europeus: “Provavelmente nunca jogaram póquer e não sabem que estamos numa guerra política e que o bluff é uma arma”. E acrescentou: “Nós temos primeiros-ministros na Europa que estão mais preocupados em passar uma mensagem aos credores: que nós somos gente responsável; não se preocupem, nós vamos pagar a dívida toda, nem que o nosso povo corte os pulsos e passe fome, mas nós vamos tratar de pagar a nossa dívida”.
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Walt Disney morreu há 45 anos
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El-Rei D. Fernando II morreu há 126 anos
A Custódia de Belém foi tomada como saque pelas tropas francesas durante a Guerra Peninsular, sendo levada para França, sendo devolvida após o termo da guerra. Foi enviada para a Casa da Moeda, aparentemente para fusão, destino do qual foi resgatada pela intervenção de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, rei consorte de Portugal pelo seu casamento com a rainha D. Maria II de Portugal.
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O Homem que escreveu a certidão de nascimento do Brasil morreu há 511 anos
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O ex-baixista dos The Clash, Paul Simonon, faz hoje 56 anos
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O arquiteto Oscar Niemeyer faz hoje 104 anos!
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O padre e poeta José Tolentino Mendonça nasceu há 46 anos
A casa onde às vezes regresso é tão distante
A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos
Durmo no mar, durmo ao lado do meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo
Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração
in A Que Distância Deixaste o Coração (1998) - José Tolentino Mendonça
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Eiffel nasceu há 179 anos
Iniciou a sua carreira trabalhando numa empresa belga de construção de caminhos-de-ferro. Em 1856, Eiffel conheceu Charles Nepveu, empresário especialista em construções metálicas. Aos 26 anos, Gustave chefiou o seu primeiro grande trabalho construindo a ponte ferroviária em Bordeaux. Na construção, Gustave utilizou pela primeira vez, a técnica de fundação de ar comprimido na execução de pilhas tubulares.
Gustave Eiffel chegou a viver em Portugal, em Barcelinhos, de onde projectou as construções em Portugal que lhe estão associadas.
Já experiente, resolveu fundar a sua própria empresa. Em 1866 adquiriu um atelier de construção metálica, próximo de Paris.
Destacam-se os projectos:
- Galeria das Máquinas para a Exposição Universal de Paris (1867).
- Viaduto de Garabit (1882), sobre o rio Truyère, no sul de França, considerada a ponte mais alta do mundo, na sua época, com 120m de altura.
- A cúpula do observatório de Nice.
- A Ponte de D. Maria Pia na cidade do Porto.
- Ponte dupla de Viana do Castelo em Portugal.
- Ponte de Triana em Sevilha, Espanha.
- O Palácio de Ferro em Luanda, Angola.
- A Casa de Ferro em Maputo, Moçambique.
- O Mercado Municipal em Olhão, Portugal.
- A Ponte Ferroviária em Barcelos, Portugal
- A Ponte Rodoviária em Pinhão, Portugal.
- O Farol de São Tomé em Campos dos Goytacazes, Brasil.
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quarta-feira, dezembro 14, 2011
Agulha e Dedal
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Fernando Pessoa e o Presidente-Rei
À Memória do Presidente-Rei Sidónio Pais
LONGE DA FAMA e das espadas,
Alheio às turbas ele dorme.
Em torno há claustros ou arcadas?
Só a noite enorme.
Porque para ele, já virado
Para o lado onde está só Deus,
São mais que Sombra e que Passado
A terra e os céus.
Ali o gesto, a astúcia, a lida,
São já para ele, sem as ver,
Vácuo de ação, sombra perdida,
Sopro sem ser.
Só com sua alma e com a treva,
A alma gentil que nos amou
Inda esse amor e ardor conserva?
Tudo acabou?
No mistério onde a Morte some
Aquilo a que a alma chama a vida,
Que resta dele a nós - só o nome
E a fé perdida?
Se Deus o havia de levar,
Para que foi que no-lo trouxe -
Cavaleiro leal, do olhar
Altivo e doce?
Soldado-rei que oculta sorte
Como em braços da Pátria ergueu,
E passou como o vento norte
Sob o ermo céu.
Mas a alma acesa não aceita
Essa morte absoluta, o nada
De quem foi Pátria, e fé eleita,
E ungida espada.
Se o amor crê que a Morte mente
Quando a quem quer leva de novo
Quão mais crê o Rei ainda existente
O amor de um povo!
Quem ele foi sabe-o a Sorte,
Sabe-o o Mistério e a sua lei.
A Vida fê-lo herói, e a Morte
O sagrou Rei!
Não é com fé que nós não cremos
Que ele não morra inteiramente.
Ah, sobrevive! Inda o teremos
Em nossa frente.
No oculto para o nosso olhar,
No visível à nossa alma,
Inda sorri com o antigo ar
De foça calma.
Ainda de longe nos anima,
Inda na alma nos conduz -
Gládio de fé erguido acima
Da nossa cruz!
Nada sabemos do que oculta
O véu igual de noite e dia.
Mesmo ante a Morte a Fé exulta:
Chora e confia.
Apraz ao que em nós quer que seja
Qual Deus quis nosso querer tosco,
Crer que ele vela, benfazeja
Sombra conosco.
Não sai da nossa alma a fé
De que, alhures que o mundo e o fado,
Ele inda pensa em nós e é
O bem-amado.
Tenhamos fé, porque ele foi.
Deus não quer mal a quem o deu.
Não passa como o vento o herói
Sob o ermo céu.
E amanhã, quando queira a Sorte,
Quando findar a expiação,
Ressurecto da falsa morte,
Ele já não.
Mas a ânsia nossa que encarnara,
A alma de nós de que foi braço,
Tornará, nova forma clara,
Ao tempo e ao espaço.
Tornará feito qualquer outro,
Qualquer cousa de nós com ele;
Porque o nome do herói morto
Inda compele;
Inda comanda, e a armada ida
Para os campos da Redenção,
Às vezes leva à frente, erguida
'Spada, a Ilusão.
E um raio só do ardente amor,
Que emana só do nome seu,
Dê sangue a um braço vingador,
Se esmoreceu.
Com mais armas que com Verdade
Combate a alma por quem ama.
É lenha só a Realidade:
A fé é a chama.
Mas ai, que a fé já não tem forma
Na matéria e na cor da Vida,
E, pensada, em dor se transforma
E a fé perdida!
P'ra que deu Deus a confiança
A quem não ia dar o bem?
Morgado da nossa esperança,
A Morte o tem!
Mas basta o nome e basta a glória
Para ele estar conosco, e ser
Carnal presença de memória
A amanhecer;
'Spectro real feito de nós,
da nossa saudade e ânsia,
Que fala com oculta voz
Na alma, a distância;
E a nossa própria dor se torna
Uma vaga ânsia, 'sperar vago,
Como a erma brisa que transtorna
Um ermo lago.
Não mente a alma ao coração.
Se Deus o deu, Deus nos amou.
Porque ele pôde ser, Deus não
Nos desprezou.
Rei-nato, a sua realeza,
Por não podê-la herdar dos seus
Avós, com mística inteireza
A herdou de Deus;
E, por direta consonância
Com a divina intervenção,
Uma hora ergueu-nos alta a ânsia
De salvação.
Toldou-o a Sorte que o trouxera
Outra vez com noturno véu.
Deus pr'a que no-lo deu, se era
P'ra o tornar seu?
Ah, tenhamos mais fé que a esp'rança!
Mais vivo que nós somos, fita
Do Abismo onde não há mudança
A terra aflita.
E se assim é; se, desde o Assombro
Aonde a Morte as vidas leva,
Vê esta pátria, escombro a escombro,
Cair na treva;
Se algum poder do que tivera
Sua alma, que não vemos, tem,
De longe ou perto - por que espera?
Por que não vem?
Em nova forma ou novo alento,
Que alheio pulso ou alma tome,
Regresse como um pensamento,
Alma de um nome!
Regresse sem que a gente o veja,
Regresse só que a gente o sinta -
Impulso, luz, visão que reja
E a alma pressinta!
E qualquer gládio adormecido,
Servo do oculto impulso, acorde,
E um novo herói se sinta erguido
Porque o recorde!
Governa o servo e o jogral.
O que íamos a ser morreu.
Não teve aurora matinal
'Strela do céu.
Vivemos só de recordar.
Na nossa alma entristecida
Há um som de reza a invocar
A morta vida;
E um místico vislumbre chama
O que, no plaino trespassado,
Vive ainda em nós, longínqua chama -
O DESEJADO.
Sim, só há a esp'rança, como aquela
- E quem sabe se a mesma? - quando
Se foi de Aviz a última estrela
No campo infando.
Novo Alcacer-Kibir na noite!
Novo castigo e mal do Fado!
Por que pecado novo o açoite
Assim é dado?
Só resta a fé, que a sua memória
Nos nossos corações gravou,
Que Deus não dá paga ilusória
A quem amou.
Flor alta do paul da grei,
Antemanhã da Redenção,
Nele uma hora encarnou o el-rei
Dom Sebastião.
O sopro de ânsia que nos leva
A querer ser o que já fomos,
E em nós vem como em uma treva,
Em vãos assomos,
Bater à porta ao nosso gesto,
Fazer apelo ao nosso braço,
Lembrar ao sangue nosso o doesto
E o vil cansaço,
Nele um momento clareou,
A noite antiga se seguiu,
Mas que segredo é que ficou
No escuro frio?
Que memória, que luz passada
Projeta, sombra, no futuro,
Dá na alma? Que longínqua espada
Brilha no escuro?
Que nova luz virá raiar
Da noite em que jazemos vis?
Ó sombra amada, vem tornar
A ânsia feliz.
Quem quer que sejas, lá no abismo
Onde a morte vida conduz,
Sê para nós um misticismo
A vaga luz
Com que a noite erma inda vazia
No frio alvor da antemanhã
Sente, da esp'rança que há no dia,
Que não é vã.
E amanhã, quando houver Hora,
Sendo Deus pago, Deus dirá
Nova palavra redentora
Ao mal que há,
E um novo verbo ocidental
Encarnado em heroísmo e glória,
Traga por seu broquel real
Tua memória!
Precursor do que não sabemos,
Passado de um futuro abrir
No assombro de portais extremos
Por descobrir,
Sê estrada, gládio, fé, fanal,
Pendão de glória em glória erguido!
Tornas possível Portugal
Por teres sido!
Não era extinta a antiga chama
Se tu e o amor puderam ser.
Entre clarins te a glória aclama,
Morto a vencer!
E, porque foste, confiando
Em QUEM SERÁ porque tu foste,
Ergamos a alma, e com o infando
Sorrindo arroste,
Até que Deus o laço solte
Que prende à terra a asa que somos,
E a curva novamente volte
Ao que já fomos,
E no ar de bruma que estremece
(Clarim longínquo matinal!)
O DESEJADO enfim regresse
A Portugal!
Fernando Pessoa
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Geopedrados
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Dinah Washington morreu há 48 anos
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Marcadores: Dinah Washington, gospel, Ive got you under my skin, jazz, música, USA


