De acordo com as leis portuguesas, Fernando de Saxe-Coburgo-Gota-Koháry tornou-se Rei de
Portugal jure uxoris apenas após o nascimento do primeiro
príncipe, que foi o futuro Rei D.
Pedro V. Embora fosse Dª
Maria II a detentora do poder, Fernando evitava sempre que possível a política, preferindo envolver-se com a arte.
Ele ficou conhecido na História de Portugal como "O Rei-Artista".
D. Fernando evitou envolver-se no panorama político, preferindo dedicar-se às artes. Por ocasião da fundação da
Academia de Belas-Artes de Lisboa, a 25 de outubro de
1836, D. Fernando e a rainha declaram-se seus protetores.
Após uma visita ao
Mosteiro da Batalha (que se encontrava abandonado, depois das
extinção das ordens religiosas),
D. Fernando passa a dedicar parte das suas preocupações à causas de
cariz nacionalistas com a proteção do património arquitetónico
português edificado, tendo também impulsionado aspetos culturais e
financeiros, a par do estímulo à ação desenvolvida por sociedades
eruditas, como projetos de restauração e manutenção respeitantes não só
a vila da Batalha, mas também ao
Convento de Mafra,
Convento de Cristo, em Tomar, ao
Mosteiro dos Jerónimos,
Sé de Lisboa, e
Torre de Belém.
Como amante de pintura que era, colaborou, com algumas gravuras de sua autoria, na
Revista Contemporânea de Portugal e Brasil (1859-1865).
Brasão Real de D. Fernando II
No tocante à área do antigo convento, promoveu-lhe diversas obras de
restauro, com o intuito de fazer do edifício a sua futura residência de
Verão. O novo projeto foi encomendado ao
mineralogista germânico
Barão von Eschwege,
arquiteto amador. Homem viajado, Eschwege, que nascera em
Hessen, deveria conhecer, pelo menos em forma de projeto, as obras que
Frederico Guilherme IV da Prússia empreendera com o concurso de
Schinkel nos
Castelos do Reno, tendo passado em viagem de estudo por
Berlim,
Inglaterra e
França, pela
Argélia e por
Espanha (
Córdova,
Sevilha e
Granada).
Em Sintra, os trabalhos decorreram rapidamente e a obra estaria quase concluída em
1847,
segundo o projeto do alemão, mas com intervenções decisivas ao nível
dos detalhes decorativos e simbólicos do rei-consorte. Muitos dos
detalhes, nos planos construtivo e decorativo, ficaram a dever-se ao
eclético e exótico temperamento romântico do próprio monarca que, a par
de
arcos ogivais, torres de sugestão
medieval e elementos de inspiração
árabe, desenhou e fez reproduzir, na fachada norte do Palácio, uma imitação do Capítulo do
Convento de Cristo em
Tomar.
A Custódia de Belém foi tomada como saque pelas tropas francesas durante a
Guerra Peninsular, tendo sido levada para França e devolvida após o termo da guerra. Foi
enviada para a Casa da Moeda, aparentemente para fusão, destino do qual
foi resgatada pela intervenção de D.
Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, rei consorte de Portugal pelo seu casamento com a rainha D.
Maria II de Portugal.