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domingo, dezembro 15, 2024

Poema para recordar que os poetas também celebram aniversários



A Noite Abre Meus Olhos
 
Caminhei sempre para ti sobre o mar encrespado
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azulado
 
Ferrugens cintilam no mundo,
atravessei a corrente
unicamente às escuras
construí minha casa na duração
de obscuras línguas de fogo, de lianas, de líquenes
 
A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta
 
o amor é uma noite a que se chega só
  
   
in A Estrada Branca (2005) - José Tolentino Mendonça

 


D. José Tolentino Mendonça, cardeal e poeta, nasceu há 59 anos


José Tolentino Calaça Mendonça
, mais conhecido por José Tolentino de Mendonça (Machico, Madeira, 15 de dezembro de 1965) é um cardeal, poeta e teólogo português.

Atualmente é prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, na Cúria Romana. No dia 5 de outubro de 2019 foi elevado a Cardeal pelo Papa Francisco durante o Consistório Ordinário Público de 2019.

Teólogo e professor universitário, José Tolentino de Mendonça é também considerado uma das vozes mais originais da literatura portuguesa contemporânea e reconhecido como um eminente intelectual católico. A sua obra inclui poesia, ensaios e peças de teatro assinados como José Tolentino Mendonça.
 
Foi distinguido com o Prémio Pessoa em 2023.


A casa onde às vezes regresso é tão distante

A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos

Durmo no mar, durmo ao lado do meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo

Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração
  

in
A Que Distância Deixaste o Coração (1998) - José Tolentino Mendonça

sábado, junho 01, 2024

Há 43 anos tive o mais triste dia da criança...

Passam hoje 43 anos que o senhor Joaquim Fernandes, meu padrinho de abtismo e avô materno, nos deixou. Ele, que em velhinho virou criança (e partiu num inesquecível e triste dia da criança...), foi, entre os adultos, o meu melhor amigo de infância. Lá, onde eu sei que está, quero que saiba que não o esquecemos e não esquecemos o muito que nos ensinou... E que ainda sabemos quem somos e para onde vamos.

 


   

Pontos luminosos


No silêncio basta um sopro e todo o tempo estremece
como se afasta cantando mais para dentro
a própria noite

Guardei para ti relâmpagos inúteis
prata feita de medidas vagas
a inclinada superfície implacável
cordas e alçapões


Do ponto mais alto do céu a 56 milhões de quilómetros
um dia me dirás
"desde a idade do gelo nunca estivemos tão próximos"

 

in A Estrada Branca (2005) - José Tolentino Mendonça

sexta-feira, dezembro 15, 2023

Olhai os lírios do campo...


 

Pontos luminosos


No silêncio basta um sopro e todo o tempo estremece
como se afasta cantando mais para dentro
a própria noite

Guardei para ti relâmpagos inúteis
prata feita de medidas vagas
a inclinada superfície implacável
cordas e alçapões


Do ponto mais alto do céu a 56 milhões de quilómetros
um dia me dirás
"desde a idade do gelo nunca estivemos tão próximos"

 

in A Estrada Branca (2005) - José Tolentino Mendonça

D. José Tolentino Mendonça, o cardeal e poeta que é Prémio Pessoa 2023, nasceu há 58 anos


José Tolentino Calaça Mendonça
, mais conhecido por José Tolentino de Mendonça (Machico, Madeira, 15 de dezembro de 1965) é um cardeal, poeta e teólogo português.

Atualmente é prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, na Cúria Romana. No dia 5 de outubro de 2019 foi elevado a Cardeal pelo Papa Francisco durante o Consistório Ordinário Público de 2019.

Teólogo e professor universitário, José Tolentino de Mendonça é também considerado uma das vozes mais originais da literatura portuguesa contemporânea e reconhecido como um eminente intelectual católico. A sua obra inclui poesia, ensaios e peças de teatro assinados como José Tolentino Mendonça.
 
Foi distinguido com o Prémio Pessoa em 2023.


A casa onde às vezes regresso é tão distante

A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos

Durmo no mar, durmo ao lado do meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo

Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração
  

in
A Que Distância Deixaste o Coração (1998) - José Tolentino Mendonça

quinta-feira, junho 01, 2023

Porque há 42 anos tive um triste dia da criança...

Passam hoje quarenta e dois anos que Joaquim Fernandes,  meu padrinho e avô materno, deixou este mundo. Ele, que em velhinho virou criança (e partiu num inesquecível e triste dia da criança...), foi, entre os adultos, o meu melhor amigo de infância. Lá, onde eu sei que está, quero que saiba que não o esquecemos e não esquecemos o muito que nos ensinou... E que ainda sabemos quem somos e para onde vamos.

 


   

Pontos luminosos


No silêncio basta um sopro e todo o tempo estremece
como se afasta cantando mais para dentro
a própria noite

Guardei para ti relâmpagos inúteis
prata feita de medidas vagas
a inclinada superfície implacável
cordas e alçapões


Do ponto mais alto do céu a 56 milhões de quilómetros
um dia me dirás
"desde a idade do gelo nunca estivemos tão próximos"

 

in A Estrada Branca (2005) - José Tolentino Mendonça

quinta-feira, dezembro 15, 2022

Olhai os lírios do campo...



A Noite Abre Meus Olhos
 
Caminhei sempre para ti sobre o mar encrespado
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azulado
 
Ferrugens cintilam no mundo,
atravessei a corrente
unicamente às escuras
construí minha casa na duração
de obscuras línguas de fogo, de lianas, de líquenes
 
A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta
 
o amor é uma noite a que se chega só
  
   
in A Estrada Branca (2005) - José Tolentino Mendonça

D. José Tolentino Mendonça, Cardeal e Poeta, nasceu há 57 anos


José Tolentino Calaça Mendonça
, mais conhecido por José Tolentino de Mendonça (Machico, Madeira, 15 de dezembro de 1965) é um cardeal, poeta e teólogo português.

Atualmente é Arquivista do Arquivo Apostólico do Vaticano e Bibliotecário da Biblioteca Apostólica Vaticana, na Cúria Romana. No dia 5 de outubro de 2019 foi elevado a Cardeal pelo Papa Francisco durante o Consistório Ordinário Público de 2019.

Teólogo e professor universitário, José Tolentino de Mendonça é também considerado uma das vozes mais originais da literatura portuguesa contemporânea e reconhecido como um eminente intelectual católico. A sua obra inclui poesia, ensaios e peças de teatro, assinados como José Tolentino Mendonça.


A casa onde às vezes regresso é tão distante

A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos

Durmo no mar, durmo ao lado do meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo

Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração
  

in
A Que Distância Deixaste o Coração (1998) - José Tolentino Mendonça

quarta-feira, junho 01, 2022

Adeus Padrinho - dia de saudades...

Quero recordar que passam hoje 41 anos que o meu padrinho (e avô materno), Joaquim Fernandes, nos deixou; ele, que em velhinho virou criança (e partiu num inesquecível e triste dia da criança...), foi, entre os adultos, o meu melhor amigo de infância. Lá, onde eu sei que está, quero que saiba que não o esquecemos e não esquecemos o muito que nos ensinou...

 


   

Pontos luminosos


No silêncio basta um sopro e todo o tempo estremece
como se afasta cantando mais para dentro
a própria noite

Guardei para ti relâmpagos inúteis
prata feita de medidas vagas
a inclinada superfície implacável
cordas e alçapões


Do ponto mais alto do céu a 56 milhões de quilómetros
um dia me dirás
"desde a idade do gelo nunca estivemos tão próximos"

 

in A Estrada Branca (2005) - José Tolentino Mendonça

quarta-feira, dezembro 15, 2021

D. José Tolentino Mendonça, Cardeal e Poeta, nasceu há 56 anos


José Tolentino Calaça Mendonça
, mais conhecido por José Tolentino de Mendonça (Machico, Madeira, 15 de dezembro de 1965) é um cardeal, poeta e teólogo português.

Atualmente é Arquivista do Arquivo Apostólico do Vaticano e Bibliotecário da Biblioteca Apostólica Vaticana, na Cúria Romana. No dia 5 de outubro de 2019 foi elevado a Cardeal pelo Papa Francisco durante o Consistório Ordinário Público de 2019.

Teólogo e professor universitário, José Tolentino de Mendonça é também considerado uma das vozes mais originais da literatura portuguesa contemporânea e reconhecido como um eminente intelectual católico. A sua obra inclui poesia, ensaios e peças de teatro, assinados como José Tolentino Mendonça.


A casa onde às vezes regresso é tão distante

A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos

Durmo no mar, durmo ao lado do meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo

Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração
  

in
A Que Distância Deixaste o Coração (1998) - José Tolentino Mendonça

quarta-feira, julho 14, 2021

Poema alusivo à data...

 
Da verdade do amor


Da verdade do amor se meditam
relatos de viagens confissões
e sempre excede a vida
esse segredo que tanto desdém
guarda de ser dito

pouco importa em quantas derrotas
te lançou
as dores os naufrágios escondidos
com eles aprendeste a navegação
dos oceanos gelados

não se deve explicar demasiado cedo
atrás das coisas
o seu brilho cresce
sem rumor

 
  
 

in Baldios (1999) - José Tolentino Mendonça

sábado, outubro 05, 2019

Porque os Cardeais também podem ser Poetas...



A Noite Abre Meus Olhos
 
Caminhei sempre para ti sobre o mar encrespado
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azulado
 
Ferrugens cintilam no mundo,
atravessei a corrente
unicamente às escuras
construí minha casa na duração
de obscuras línguas de fogo, de lianas, de líquenes
 
A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta
 
o amor é uma noite a que se chega só
  
   
in A Estrada Branca (2005) - José Tolentino Mendonça

domingo, julho 14, 2013

Poema para a minha mana velha que hoje é bebé...

(imagem daqui)

Da verdade do amor

Da verdade do amor se meditam
relatos de viagens confissões
e sempre excede a vida
esse segredo que tanto desdém
guarda de ser dito

pouco importa em quantas derrotas
te lançou
as dores os naufrágios escondidos
com eles aprendeste a navegação
dos oceanos gelados

não se deve explicar demasiado cedo
atrás das coisas
o seu brilho cresce
sem rumor

 

in Baldios (1999) - José Tolentino Mendonça

sábado, julho 14, 2012

Poema para a minha mana velha que hoje é bebé...


Pontos luminosos


No silêncio basta um sopro e todo o tempo estremece
como se afasta cantando mais para dentro
a própria noite

Guardei para ti relâmpagos inúteis
prata feita de medidas vagas
a inclinada superfície implacável
cordas e alçapões


Do ponto mais alto do céu a 56 milhões de quilómetros
um dia me dirás
"desde a idade do gelo nunca estivemos tão próximos"


in A Estrada Branca (2005) - José Tolentino Mendonça

quinta-feira, dezembro 15, 2011

O padre e poeta José Tolentino Mendonça nasceu há 46 anos

(imagem daqui)

José Tolentino Calaça Mendonça (Machico, 15 de Dezembro de 1965) é um sacerdote e poeta português.
Deu início ao estudo de Teologia em 1982. Uma vez ordenado padre, em 28 de Julho de 1990, deslocou-se para a Roma, onde terminou o seu mestrado em Ciências Bíblicas. Regressado a Portugal ingressou na Universidade Católica Portuguesa, onde foi capelão e leccionou as disciplinas de Hebraico e Cristianismo e Cultura. Aí se doutorou em Teologia Bíblica, tornando-se professor auxiliar. Dirige o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura e a revista Didaskalia, editada pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa. Em dezembro de 2011 foi nomeado consultor do Conselho Pontifício da Cultura.


A casa onde às vezes regresso é tão distante

A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos

Durmo no mar, durmo ao lado do meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo

Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração

in
A Que Distância Deixaste o Coração (1998) - José Tolentino Mendonça

domingo, dezembro 11, 2011

Quando a Fé, a Cultura e a Poesia dão as mãos...

No Conselho Pontifício da Cultura
José Tolentino Mendonça nomeado para consultor de Cultura no Vaticano

O cardeal patriarca de Lisboa, Guilherme d'Oliveira Martins, Bento XVI, Tolentino Mendonça e Manoel de Oliveira, durante a visita do Papa a Lisboa em 2010 O cardeal patriarca de Lisboa, Guilherme d'Oliveira Martins, Bento XVI, Tolentino Mendonça e Manoel de Oliveira, durante a visita do Papa a Lisboa em 2010

O papa Bento XVI nomeou o padre português José Tolentino Mendonça consultor do Conselho Pontifício da Cultura, divulgou o serviço de imprensa do Vaticano.

A nomeação do actual director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura foi feita sob proposta do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, organismo do Vaticano, acrescenta uma nota da Pastoral da Cultura.

As nomeações para este conselho incluem ainda o arquitecto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava, o compositor estoniano Arvo Pärt e o filósofo francês Jean-Luc Marion, discípulo de Jacques Derrida.

De acordo com a nota da Pastoral, José Tolentino Mendonça diz que a nomeação para consultor reconhece trabalho desta entidade em Portugal.

O poeta, autor de Os Dias Contados e A Estrada Branca, também biblista, que escreveu As estratégias do desejo: um discurso bíblico sobre a sexualidade, diz que recebeu a notícia “com alegria”, na nota divulgada pela Pastoral portuguesa, uma vez que a nomeação “também é um reconhecimento por todo o trabalho que está realizado em Portugal há uma década e que vai ganhando uma expressão cada vez maior”.

O director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura disse que encara a missão com “sentido de responsabilidade” e vontade “de estar disponível e ser útil para assessorar naquilo que for necessário”, ainda segundo a mesma nota.

Se eu quiser falar com Deus, textos pastorais, Baldios e De Igual para Igual são algumas das obras de Tolentino Mendonça, reunidas na colectânea A Noite abre os meus Olhos.

in Público - ler notícia

(imagem daqui)


Da verdade do amor

Da verdade do amor se meditam
relatos de viagens confissões
e sempre excede a vida
esse segredo que tanto desdém
guarda de ser dito

pouco importa em quantas derrotas
te lançou
as dores os naufrágios escondidos
com eles aprendeste a navegação
dos oceanos gelados

não se deve explicar demasiado cedo
atrás das coisas
o seu brilho cresce
sem rumor

in
Baldios (1999) - José Tolentino Mendonça