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Adolfo Victor Casais Monteiro (Porto, Massarelos, 4 de julho de 1908 – São Paulo, Perdizes, 24 de julho de 1972) foi um poeta, tradutor, crítico e novelista português.
Nasceu no Porto, a 4 de julho de 1908, tendo sido batizado na igreja
de Massarelos. Era filho de Adolfo de Paiva Monteiro, solicitador, e de
D. Victória de Sousa Casais Monteiro, doméstica, ambos naturais do
Porto.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde foi colega de Agostinho da Silva e Delfim Santos, tendo-se formado em 1933. Foi também nessa cidade que iniciou como professor no Liceu Rodrigues de Freitas, até ao momento em que foi afastado da carreira docente, por motivos políticos, em 1937. Viria a exilar-se no Brasil em 1954, pelas mesmas razões.
Após o afastamento de Miguel Torga, Branquinho da Fonseca e Edmundo de Bettencourt, em 1930, Adolfo Casais Monteiro foi diretor da revista literária coimbrã Presença, juntamente com José Régio e João Gaspar Simões. A revista viria a extinguir-se em 1940,
tendo provavelmente contribuído para o seu encerramento as opções
políticas de Casais Monteiro. Foi preso diversas vezes, devido às suas
opiniões políticas, adversas ao Estado Novo e dirigiu, sob anonimato, o
semanário Mundo Literário
em 1936 e 1937. Expulso do ensino, Casais Monteiro fixa-se em Lisboa,
vivendo da literatura como autor, tradutor e editor. Tal como Agostinho da Silva ou Jorge de Sena, acabaria por partir para o Brasil, dado o seu estatuto de opositor ao Estado Novo, o qual não se adequavam à sua maneira de ser. Também dirigiu a revista Princípio (1930) e colaborou na revista de cinema Movimento (1933-1934) e nas revistas Sudoeste (1935), Prisma (1936-1941), Variante (1942-43) e Litoral (1944-1945).
Tendo participado nas comemorações do 4.º Centenário de Cidade de São Paulo, em 1954, Adolfo Casais Monteiro fixou-se no Brasil, lecionado desde então Literatura Portuguesa em diversas universidades brasileiras, designadamente na Universidade da Bahia (Salvador), até se fixar em 1962 na Universidade Estadual Paulista
(UNESP), Campus de Araraquara-SP. Escreveu por essa altura vários
ensaios, ao mesmo tempo que escrevia, como crítico, para vários jornais
brasileiros, tendo deixado contributos para o estudo de Fernando Pessoa e do grupo da "Presença".
Entre os seus trabalhos de tradução conta-se A Germânia, de Tácito, publicado em 1941. O seu único romance, Adolescentes, foi publicado em 1945.
A sua obra poética, iniciada em 1929 com "Confusão", foi
influenciada pelo primeiro modernismo português, aproximando-se
estilisticamente do esteticismo de André Gide. As suas críticas ao concretismo baseavam-se na ideia de que esta corrente estética promovia a impessoalidade, partindo da "mais pura das abstrações" na construção de uma "uma linguagem nova ao serviço de nada, uma pura linguagem, uma invenção de objetos - em resumo: um lindo brinquedo". Enquanto alguns autores o descrevem como independente do Surrealismo
outros acentuam a influência que esta corrente estética teve no autor,
como se pode verificar nos seus ensaios sobre autores como Jules Supervielle, Henri Michaux e Antonin Artaud (designando o último como "presença insustentável). Muita da sua obra poética dedica-se ao período histórico específico por ele vivido, como acontece no poema "Europa", de 1945, que foi lido pelo seu amigo e companheiro no Mundo Literário António Pedro aos microfones da BBC de Londres.
Casou no Porto, na 3.ª Conservatória do Registo Civil, a 8 de setembro de 1934, com Alice Pereira Gomes, também escritora, e irmã de Soeiro Pereira Gomes, da qual teve um filho, João Paulo Pereira Gomes Casais Monteiro.
Morreu a 24 de julho de 1972, na sua residência, no distrito de Perdizes, município de São Paulo, Brasil, vítima de problemas cardíacos.
A 10 de junho de 1992 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, a título póstumo.
in Wikipédia
Vem vento, varre
Vem vento, varre
sonhos e mortos.
Vem vento, varre
medos e culpas.
Quer seja dia,
quer faça treva,
varre sem pena,
leva adiante
paz e sossego,
leva contigo
noturnas preces,
presságios fúnebres,
pávidos rostos
só covardia.
Que fique apenas
ereto e duro
o tronco estreme
de raiz funda.
Leva a doçura,
se for preciso:
ao canto fundo
basta o que basta.
Vem vento, varre!
Adolfo Casais Monteiro