domingo, novembro 03, 2013

A Associação Académica de Coimbra faz hoje 126 anos (e nem teve de falsificar a data de nascimento...)

A Associação Académica de Coimbra (sigla: AAC), fundada a 3 de novembro de 1887, é a mais antiga associação de estudantes de Portugal. Representa os cerca de 20.000 estudantes da Universidade de Coimbra, que são automaticamente considerados seus sócios, quando se encontrem inscritos nesta Universidade.
A AAC alberga uma série de secções culturais e desportivas. Entre as secções culturais pontificam, o Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) que realiza anualmente o Festival "Caminhos do Cinema Português", a Rádio Universidade de Coimbra (RUC), a Secção de Jornalismo (que edita o jornal universitário "A Cabra"), a Televisão da Associação Académica de Coimbra, a secção de fado, o Grupo de folclore e etnografia (GEFAC) e os grupos de teatro (TEUC e CITAC). As secções desportivas abrangem um vasto leque de desportos, tais como o hóquei em patins, futebol, andebol, basquetebol, rugby, canoagem, natação, voleibol, ténis, artes marciais e xadrez, entre muitos outros. A "Académica" é assim o "clube" mais eclético do pais, uma vez que "pratica" o maior número de modalidades.
Também referido como "Académica", o clube de futebol profissional mais conhecido de Coimbra, de seu verdadeiro nome Associação Académica de Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol (AAC–OAF), é considerado o herdeiro da secção de futebol da AAC (que se mantém na pratica amadora), mas é hoje um clube independente, cuja ligação com a AAC é cada vez mais ténue.
A AAC é dirigida pela Direcção Geral (DG), composta por estudantes, e eleita anualmente entre Novembro e Dezembro em eleições abertas a todos os sócios, tanto estudantes como os sócios seccionistas. À DG compete a administração da AAC bem como a representação política dos estudantes. Em termos políticos, é ainda de referir a importância das Assembleias Magnas, assembleias sobretudo de discussão da política da Academia, abertas a todos os sócios, cujas decisões têm de ser obrigatoriamente cumpridas, independentemente da opinião da DG. Este poder decisório da Assembleia Magna torna-a no palco de discussões acesas, sobretudo entre os estudantes politizados. No passado recente, tem havido no mínimo 5-6 Assembleias Magnas por ano, com participação oscilante, mas um mínimo de cerca de 200 sócios. Infelizmente, a falta de interesse generalizado por estas questões na nossa sociedade, particularmente nas faixas etárias mais jovens, faz-se reflectir na fraca participação das Assembleias Magnas. No entanto, a AAC continua a lutar para pautar a política educativa do Ensino Superior em Portugal. O actual edifício da AAC foi inaugurado em 1961 e alberga praticamente todas as secções da AAC, estando integrado num quarteirão que inclui ainda uma sala de espectáculos (Teatro Académico de Gil Vicente) e um complexo de cantinas. Rivalidades: A Associação Académica de Coimbra mantém uma rivalidade histórica com Sporting Clube de Portugal, Sport Lisboa e Benfica, Clube de Futebol Os Belenenses, Futebol Clube do Porto e Vitória Sport Club (de Guimarães). A rivalidade com os grandes de Lisboa remonta ao início do campeonato nacional, visto existir uma grande rivalidade estudantil entre Lisboa e Coimbra, como a equipa da AAC era composta por alunos da Universidade de Coimbra e os clubes lisboetas tinham nos seus jogadores mais jovens muitos estudantes universitários, esta rivalidade foi cada vez mais fomentada. Actualmente, o Presidente da DG/AAC é Ricardo Morgado.
  
Culturais
Condecorações

Benvenuto Cellini nasceu há 513 anos

Benvenuto Cellini (Florença, 3 de novembro de 1500Florença, 13 de fevereiro de 1571), foi um artista da Renascença, escultor, ourives e escritor italiano.

Benvenuto nasceu em Florença, onde a sua família teve propriedades rurais durante três gerações. O seu pai, Giovanni Cellini, construía e tocava instrumentos musicais, a sua mãe era Maria Lisabetta Granacci e era o segundo filho. O seu pai desejava que ele o ajudasse a fabricar instrumentos musicais, embora tivesse uma inclinação para trabalhar metais. Mas concordou que, aos quinze anos, ele fosse aprender a profissão de ourives com Antonio di Sandro, chamado Marcone. Durante sua juventude, teve problemas com brincadeiras juvenis, sendo banido durante seis meses para Siena, onde trabalhou com Francesco Castoro, chamado Fracastoro, ourives. Então mudou-se para Bolonha, onde fez progressos como ourives e começou a tocar flauta. Depois de visitar Pisa e voltar duas vezes a Florença, foi para Roma, com dezanove anos. Atraiu a atenção para si com alguns trabalhos para o bispo de Salamanca, que o introduziu perante o Papa Clemente VII. É dessa época um de seus mais celebrados trabalhos, o medalhão Leda e o Cisne (hoje em Viena), com o torso e a cabeça de Leda executados em pedra. O papa contratou-o como flautista.
No ataque a Roma de Constable de Bourbon, que ocorreu logo a seguir, Cellini pegou em armas para defender os estados papais. Nas suas próprias palavras, ele foi a mão que feriu o inimigo do Papa. A sua fama facilitou a sua reconciliação com os magistrados de Florença e ele pode voltar a visitar a sua cidade natal, onde trabalhou em várias medalhas, as mais famosas Hércules e o leão de Neméia, e Atlas suportando o globo, que mais tarde acabaram na posse de Francisco I da França. Depois de uma passagem por Mântua, volta a Roma, trabalhando em jóias e medalhas. Retomando seu lado belicoso, mata o assassino do seu irmão, em 1529, tendo fugido para Nápoles. Pela influência de vários notáveis, obteve o perdão e, com a ajuda do Papa Paulo III, é recolocado no seu cargo, não obstante o homicídio de um ourives, mais por acidente do que por malícia, que comete nesse intervalo de tempo. Amigo de Pierluigi Farnese, filho natural do papa, consegue escapar aos seus captores, no entanto acaba algum tempo preso no Castelo de Sant’Angelo, sob a acusação de trocar as gemas da Tiara Papal. A convite de Francisco I trabalha em Fontainebleau e Paris, mas vê-se envolvido em intrigas da corte e acaba regressando em 1545 a Florença, onde se ocupa de diversas obras e da rivalidade com o também escultor Baccio Bandinelli, que acaba por acusá-lo publicamente de sodomia. Envolve-se nas obras de fortificação de sua cidade durante a guerra com Siena e também nas suas belas obras de arte, acaba vendo o seu valor reconhecido pelos duques e ganha a admiração de seus compatriotas. Cellini morre em Florença, em 1571, e foi enterrado na Igreja de Nossa Senhora da Anunciação, com grande pompa.

Perseu com a cabeça de Medusa, em Florença

Mick Thomson, um dos guitarristas dos Slipknot, faz hoje 40 anos!

Mickael Gordon Thomson (Des Moines, Iowa, 3 de novembro de 1973) é um guitarrista dos Estados Unidos conhecido como Mick ou como Log, ou ainda pelo seu número (#7), é um dos guitarristas dos Slipknot.

Thomson nasceu em Des Moines, Iowa, e na sua juventude, tocou em bandas como Body Pit. Ele entrou nos Slipknot em 1996, substituindo o guitarrista da banda, Craig Jones, que depois se tornou sampler da banda. Thomson usa o pseudónimo de #7 mais do que a maioria dos membros do Slipknot. Por exemplo, além do número da camisa dele, ele também tem a palavra Seven (sete) tatuado no seu braço esquerdo, e inclui o número "7" sobre o desenho da guitarra de, pelo menos, três modelos que usou. Fora dos Slipknot, Thomson tem dado aulas de guitarra na Ye Olde Guitar Shoppe, uma loja local de música de Des Moines. Ele também fez uma aparição como convidado na música do vídeo de Lupara, "No Pity on the Ants". Segundo o vocalista Corey Taylor dos Slipknot, Thomson é um ávido escritor de poesia, adora gatos, e tem um fascínio por serial killers. Sobre o último tema, Thomson afirmou, "Se eu fosse um famoso assassino, eu teria alguns dos melhores pontos de muito poucos deles, como Albert Fish e Ed Gein. Mas eu não sou uma pessoa violenta pela natureza. Não se meta comigo, e você vai ficar bem." Mick tem um elevado número de tatuagens em seu corpo: ele tem um ideograma chinês tatuado no seu braço direito (que significa "odiar" e "desgosto" em mandarim e é "ÓDIO", a palavra "sete" em seu antebraço esquerdo, e uma tatuagem no seu braço, com o diabo violando um anjo, imagem que foi tirada do álbum Dawn of Possession, da banda de death metal immolation, tem também uma cruz invertida na sua parte superior das costas, "Slipknot" nos músculos chamados de gémeos da perna direita, e o símbolo do signo Escorpião em nos gémeos esquerdos).

Máscara(s)
Durante gravação da demo dos Slipknot e de Self-Titled, Thomson usava uma máscara de hóquei no gelo que tinha seis orifícios circulares na área da boca, que foi manchado com uma cor verde. A máscara representava ódio. No Iowa, Thomson usava uma máscara de couro que parecia metal e tinha rachas na área da boca. No vol. 3, ele usava uma máscara de prata que tinham as mesmas rachas, mas mais longas, e os olhos foram alterados, tornando-se o olhar mais agressivo e apresentando um sorriso maligno. A máscara recente de Thomson no All Hope Is Gone tem a mesma aparência mas dessa vez é verdadeiramente metálica.


Olympe de Gouges, percursora dos direitos das mulheres, foi executada pelos revolucionários franceses há 220 anos

Marie Gouze, dite Marie-Olympe de Gouges, née à Montauban le 7 mai 1748 et morte guillotinée à Paris le 3 novembre 1793, est une femme de lettres française, devenue femme politique et polémiste. Elle est considérée comme une des pionnières du féminisme.
Auteure de la Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne, elle a laissé de nombreux écrits en faveur des droits civils et politiques des femmes et de l’abolition de l’esclavage des Noirs.
Elle est devenue emblématique des mouvements pour la libération des femmes, pour l’humanisme en général, et l’importance du rôle qu’elle a joué dans l’histoire des idées a été considérablement estimé et pris en compte dans les milieux universitaires.

Montauban
Née le 7 mai 1748 à Montauban, Marie Gouzes a été déclarée fille de Pierre Gouze, bourgeois de Montauban qui était boucher – qui n’a pas signé au baptême – et d’Anne Mouisset, fille de drapier, mariés en 1737. Cette dernière, née en 1712, était la filleule de Jean-Jacques Lefranc de Pompignan, avec qui elle aurait entretenu une relation amoureuse. Selon le député Jean-Baptiste Poncet-Delpech et d’autres, «tout Montauban» savait que Lefranc de Pompignan était le père adultérin de la future Marie-Olympe de Gouges.
En 1765, à l’âge de seize ans, Marie Gouze fut mariée à un traiteur parisien, Louis-Yves Aubry, officier de bouche de l’Intendant, et probablement un important client de la boucherie familiale des Gouze. Quelques mois plus tard, la jeune femme donna naissance à un fils, Pierre. Son mari expira peu de temps après. Déçue par une expérience conjugale qui ne lui avait guère apporté de bonheur, elle ne se remaria pas, qualifiant le mariage religieux de «tombeau de la confiance et de l’amour». Elle portait couramment les prénoms de «Marie-Olympe» (signant plusieurs textes ainsi) ou plus simplement d’«Olympe», ajoutant une particule à son patronyme officiel «Gouze» que l’on trouve parfois écrit «Gouges», graphie adoptée par certains membres de sa famille dont sa sœur aînée Mme Reynard, née «Jeanne Gouges», épouse d’un médecin.
Rien ne la rattachant à Montauban, sinon sa mère qu’elle aida financièrement par la suite, elle rejoignit sa sœur aînée à Paris. Au début des années 1770, elle était à Paris avec son fils à qui elle fit donner une éducation soignée. Pendant ce séjour à la Cour, elle changera de nom: elle ne sera plus Marie Gouze mais Olympe de Gouges.

Paris et le théâtre
Elle avait rencontré un haut fonctionnaire de la marine, Jacques Biétrix de Rozières, alors directeur d’une puissante compagnie de transports militaires en contrat avec l’État. Lorsqu’il lui proposa de l’épouser, elle refusa et leur liaison dura jusqu’à la Révolution. Grâce au soutien financier de son compagnon, elle put mener un train de vie bourgeoise, figurant dès 1774 dans l’Almanach de Paris ou annuaire des personnes de condition. Elle demeura rue des Fossoyeurs, aujourd’hui rue Servandoni, au no 18-22. Issue par sa mère de la bourgeoisie aisée de Montauban, Olympe de Gouges avait reçu une éducation qui lui permit de s'adapter aux usages de l'élite parisienne. Dans les salons qu’elle fréquentait, elle fit la rencontre de plusieurs hommes de lettres, et elle s'essaya également à l'écriture. Sa filiation supposée avec Lefranc de Pompignan, dramaturge dont la pièce Didon avait été un grand succès, est également un mobile probable à son entrée dans la carrière littéraire. Elle revendiquait l’héritage de son talent dramatique.
Support privilégié des idées nouvelles, le théâtre demeurait à cette époque sous le contrôle étroit du pouvoir. Olympe de Gouges monta sa propre troupe, avec décors et costumes. C'était un théâtre itinérant qui se produisait à Paris et sa région. Le marquis de La Maisonfort raconte dans ses Mémoires comment, en 1787, il racheta le « petit théâtre » de Mme de Gouges, conservant d'ailleurs une partie de la troupe dont faisait partie le jeune Pierre Aubry, son fils.
Indépendamment de son théâtre politique qui fut joué à Paris et en province pendant la Révolution, la pièce qui rendit célèbre Olympe de Gouges est l’Esclavage des Noirs, publié sous ce titre en 1792 mais inscrite au répertoire de la Comédie-Française le 30 juin 1785 sous le titre de Zamore et Mirza, ou l’heureux naufrage. Cette pièce audacieuse dans le contexte de l'Ancien régime, avait été acceptée avec une certaine réticence par les comédiens du Théâtre français qui étaient dépendants financièrement des protections que leur accordaient les gentilshommes de la chambre du roi.
La pièce de Mme de Gouges, dont le but avoué était d’attirer l’attention publique sur le sort des Noirs esclaves des colonies, mêlait modération et subversion dans le contexte de la monarchie absolue. Le Code Noir édicté sous Louis XIV était alors en vigueur et de nombreuses familles présentes à la cour tiraient une grande partie de leurs revenus des denrées coloniales, qui représentaient la moitié du commerce extérieur français à la veille de la Révolution. En septembre 1785, Olympe de Gouges qui s’était plainte de passe-droits et craignait de voir sa pièce reléguée aux oubliettes, se plaignit des comédiens. L’un d’eux, Florence, se sentit insulté et s’en plaignit à son entourage. Le baron de Breteuil et le maréchal de Duras, gentilshommes de la Chambre et ministres, se saisirent de l'occasion pour s'accorder à envoyer Mme de Gouges à la Bastille et retirer la pièce anti-esclavagiste du répertoire du Français. Grâce à diverses protections, notamment le chevalier Michel de Cubières dont le marquis son frère était un favori de Louis XVI, la lettre de cachet fut révoquée.
Avec la Révolution française, la Comédie-Française devint plus autonome grâce notamment à Talma et Mme Vestris, et la pièce sur l’esclavage, inscrite quatre ans plus tôt au répertoire, fut enfin représentée. Malgré les changements politiques, le lobby colonial restait très actif, et Olympe de Gouges, soutenue par ses amis du Club des Amis des Noirs, continua à faire face aux harcèlements, aux pressions et même aux menaces. En 1790, elle composa une autre pièce sur le même thème, intitulée le Marché des Noirs (1790).
Elle avait par ailleurs publié en 1788 des Réflexions sur les hommes nègres (1788), qui lui avaient ouvert la porte de la Société des amis des Noirs dont elle fut membre. Au titre d’abolitionniste, elle est également citée par l’abbé Grégoire, dans la « Liste des Hommes courageux qui ont plaidé la cause des malheureux Noirs » (1808). « L’espèce d’hommes nègres, écrivait-elle avant la Révolution, m’a toujours intéressée à son déplorable sort. Ceux que je pus interroger ne satisfirent jamais ma curiosité et mon raisonnement. Ils traitaient ces gens-là de brutes, d’êtres que le Ciel avait maudits ; mais en avançant en âge, je vis clairement que c’était la force et le préjugé qui les avaient condamnés à cet horrible esclavage, que la Nature n’y avait aucune part et que l’injuste et puissant intérêt des Blancs avait tout fait».

La Revolution
En 1788, le Journal général de France publia deux brochures politiques de Mme de Gouges, dont son projet d’impôt patriotique développé dans sa célèbre Lettre au Peuple. Dans sa seconde brochure, les Remarques patriotiques, par l’auteur de la Lettre au Peuple , elle développait un vaste programme de réformes sociales et sociétales. Ces écrits furent suivis de nouvelles brochures qu’elle adressait épisodiquement aux représentants des trois premières législatures de la Révolution, aux Clubs patriotiques et à diverses personnalités dont Mirabeau, La Fayette et Necker qu’elle admirait particulièrement.
Ses propositions étaient proches de celles des hôtes d'Anne-Catherine Helvétius, qui tenait un salon littéraire à Auteuil, et où l’on défendait le principe d’une monarchie constitutionnelle. En 1790, elle s'installa elle-même à Auteuil, rue du Buis et y demeura jusqu'en 1793. En relation avec le marquis de Condorcet et son épouse née Sophie de Grouchy, elle rejoignit les Girondins en 1792. Elle fréquentait les Talma, le marquis de Villette et son épouse, également Louis-Sébastien Mercier et Michel de Cubières, secrétaire général de la Commune après le 10 août, qui vivait avec la comtesse de Beauharnais, auteur dramatique et femme d’esprit qui tenait un salon très intéressant rue de Tournon. Avec eux, elle devint républicaine comme beaucoup de membres de la société d’Auteuil qui pratiquement tous s’opposèrent à la mort de Louis XVI. Le 16 décembre 1792, Mme de Gouges se proposa d'assister Malesherbes dans la défense du Roi devant la Convention, mais sa demande fut rejetée avec mépris.
Elle considérait que les femmes étaient capables d’assumer des tâches traditionnellement confiées aux hommes et, dans pratiquement tous ses écrits, elle demandait qu’elles fussent associées aux débats politiques et aux débats de société. S’étant adressée à Marie-Antoinette pour protéger «son sexe» qu’elle dit malheureux, elle rédigea une Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne, calquée sur la Déclaration des droits de l'homme et du citoyen de 1789, dans laquelle elle affirmait l’égalité des droits civils et politiques des deux sexes, insistant pour qu’on rendît à la femme des droits naturels que la force du préjugé lui avait retirés. Ainsi, elle écrivait : «La femme a le droit de monter sur l’échafaud; elle doit avoir également celui de monter à la Tribune.» La première, elle obtint que les femmes fussent admises dans une cérémonie à caractère national, «la fête de la loi» du 3 juin 1792 puis à la commémoration de la prise de la Bastille le 14 juillet 1792.
Parmi les premiers, elle demanda l’instauration du divorce – le premier et seul droit conféré aux femmes par la Révolution – qui fut adopté à l’instigation des Girondins quelques mois plus tard. Elle demanda également la suppression du mariage religieux, et son remplacement par une sorte de contrat civil signé entre concubins et qui prenait en compte les enfants issus de liaisons nées d’une «inclination particulière». C’était, à l’époque, véritablement révolutionnaire, de même lorsqu’elle militait pour la libre recherche de la paternité et la reconnaissance d’enfants nés hors mariage. Elle fut aussi une des premières à théoriser, dans ses grandes lignes, le système de protection maternelle et infantile que nous connaissons aujourd’hui et, s’indignant de voir les femmes accoucher dans des hôpitaux ordinaires, elle demandait la création de maternités. Sensible à la pauvreté endémique, elle recommandait enfin la création d’ateliers nationaux pour les chômeurs et de foyers pour mendiants. Toutes ces mesures préconisées «à l’entrée du grand hive » 1788-1789 étaient considérées par Olympe de Gouges comme essentielles, ainsi qu’elle le développe dans Une patriote persécutée, son dernier écrit avant sa mort.

La fin
En 1793, elle s’en était vivement prise à ceux qu’elle tenait pour responsables des atrocités des 2 et 3 septembre 1792: «le sang, même des coupables, versé avec cruauté et profusion, souille éternellement les Révolutions». Elle désignait particulièrement Marat, l’un des signataires de la circulaire du 3 septembre 1792, proposant d’étendre les massacres de prisonniers dans toute la France. Soupçonnant Robespierre d’aspirer à la dictature, elle l’interpella dans plusieurs écrits, ce qui lui valut une dénonciation de Bourdon de l'Oise au club des Jacobins.
Dans ses écrits du printemps 1793, elle dénonça la montée en puissance de la dictature montagnarde, partageant l’analyse de Vergniaud sur les dangers de dictature qui se profilait, avec la mise en place d’un Comité de salut public, le 6 avril 1793, qui s’arrogeait le pouvoir d’envoyer les députés en prison. Après la mise en accusation du parti girondin tout entier à la Convention, le 2 juin 1793, elle adressa au président de la Convention une lettre où elle s’indignait de cette mesure attentatoire aux principes démocratiques (9 juin 1793), mais ce courrier fut censuré en cours de lecture. S’étant mise en contravention avec la loi de mars 1793 sur la répression des écrits remettant en cause le principe républicain – elle avait composé une affiche à caractère fédéraliste ou girondin sous le titre de Les Trois urnes ou le Salut de la patrie, par un voyageur aérien –, elle fut arrêtée par les Montagnards et déférée le 6 août 1793 devant le tribunal révolutionnaire qui l’inculpa.
Malade des suites d’une blessure infectée à la prison de l’abbaye de Saint-Germain-des-Prés, réclamant des soins, elle fut envoyée à l’infirmerie de la Petite-Force, rue Pavée dans le Marais, et partagea la cellule d’une condamnée à mort en sursis, Mme de Kolly, qui se prétendait enceinte. En octobre suivant, elle mit ses bijoux en gage au Mont-de-Piété et obtint son transfert dans la maison de santé de Marie-Catherine Mahay, sorte de prison pour riches où le régime était plus libéral et où elle eut, semble-t-il, une liaison avec un des prisonniers. Désirant se justifier des accusations pesant contre elle, elle réclama sa mise en jugement dans deux affiches qu’elle avait réussi à faire sortir clandestinement de prison et à faire imprimer. Ces affiches – «Olympe de Gouges au Tribunal révolutionnaire» et «Une patriote persécutée», son dernier texte – furent largement diffusées et remarquées par les inspecteurs de police en civil qui les signalent dans leurs rapports.
Traduite au Tribunal au matin du 2 novembre, soit quarante-huit heures après l’exécution de ses amis Girondins, elle fut interrogée sommairement. Privée d’avocat elle se défendit avec adresse et intelligence. Condamnée à la peine de mort pour avoir tenté de rétablir un gouvernement autre que « un et indivisible », elle se déclara enceinte. Les médecins consultés se montrèrent dans l’incapacité de se prononcer, mais Fouquier-Tinville décida qu’il n’y avait pas grossesse. Le jugement était exécutoire, et la condamnée profita des quelques instants qui lui restaient pour écrire une ultime lettre à son fils, laquelle fut interceptée. D’après un inspecteur de police en civil, le citoyen Prévost, présent à l’exécution, et d’après le Journal de Perlet ainsi que d’autres témoignages, elle monta sur l’échafaud avec courage et dignité, contrairement à ce qu’en disent au XIXe siècle l’auteur des mémoires apocryphes de Sanson et quelques historiens dont Jules Michelet. Elle s'écriera, avant que la lame ne tombe : «Enfants de la Patrie vous vengerez ma mort». Elle avait alors 45 ans.
Son fils, l’adjudant général Aubry de Gouges, par crainte d’être inquiété, la renia publiquement dans une «profession de foi civique». Le procureur de la Commune de Paris, Pierre-Gaspard Chaumette, applaudissant à l’exécution de plusieurs femmes et fustigeant leur mémoire, évoque cette «virago, la femme-homme, l’impudente Olympe de Gouges qui la première institua des sociétés de femmes, abandonna les soins de son ménage, voulut politiquer et commit des crimes [...] Tous ces êtres immoraux ont été anéantis sous le fer vengeur des lois. Et vous voudriez les imiter? Non! Vous sentirez que vous ne serez vraiment intéressantes et dignes d’estime que lorsque vous serez ce que la nature a voulu que vous fussiez. Nous voulons que les femmes soient respectées, c’est pourquoi nous les forcerons à se respecter elles-mêmes».

Olympe de Gouges à l’échafaud
 

Hoje é dia de eclipse...!


Este domingo há um eclipse do Sol visível em Portugal. Começa pouco depois das 11.30 horas, o seu máximo é cerca das 12.20 horas e termina pouco depois das 13.10 horas. Nós iremos vê-lo em Leiria, à entrada da Sede do Agrupamento de Escolas Dr. Correia Mateus:


Para saberes mais sobre o eclipse podes ir a este site da NASA (AQUI) e, em particular, a este sobre o eclipse de 3 de novembro de 2013 (AQUI).

O eclipse de domingo é um dos mais raros, é híbrido: começa por ser anular, no centro é total e termina como anular. A sua linha central começa ao largo da costa atlântica dos Estados Unidos, atravessa o Oceano atlântico, entra em África pela Guiné Equatorial e termina na fronteira da Etiópia com a Somália.

Quem estiver perto de Leiria e o quiser ver, estaremos disponíveis junto da Escola Correia Mateus, entre as 11.30 e as 13.30 horas, com telescópio com filtro solar, óculos de observar o Sol e outros materiais...!

sábado, novembro 02, 2013

Pier Paolo Pasolini foi misteriosamente assassinado há 38 anos

Pier Paolo Pasolini (Bolonha, 5 de março de 1922 - Óstia, 2 de novembro de 1975) foi um cineasta e escritor italiano.

Biografia
Era filho de Carlo Alberto Pasolini, militar de carreira, e de Susanna Colussi, professora primária, natural de Casarsa della Delizia (Friul), no norte da Itália.Teve um irmão, Guidalberto Pasolini (1925 - 1945) que faleceu numa emboscada, lutando na Segunda Guerra Mundial. Em 1926 o pai de Pasolini foi preso por dívidas de jogo e a sua mãe mudou-se para casa da sua família, em Casarsa della Delizia, na região de Friuli.

Vida pessoal
Em 1939 Pasolini licenciou-se em Literatura pela Universidade de Bologna. Era homossexual assumido e um artista solitário. Antes de ficar famoso como cineasta tinha sido professor, poeta e novelista. Entre seus livros mais conhecidos estão Meninos da Vida, Uma Vida Violenta e Petróleo (livro). De porte atlético e estatura média, Pasolini usava óculos com lentes muito grossas.

A adesão ao Partido Comunista Italiano
Em 26 de janeiro de 1947 Pasolini escreveu uma declaração polémica para a primeira página do jornal Libertà: "Em nossa opinião, pensamos que, actualmente, só o comunismo é capaz de fornecer uma nova cultura." A controvérsia foi parcialmente devido ao facto de ele ainda não ser um membro do Partido Comunista Italiano PCI. Após a sua adesão aos PCI, participou de várias manifestações e, em maio de 1949, participou do Congresso da Paz em Paris. Observando-se as lutas dos trabalhadores e camponeses, e vendo os confrontos dos manifestantes com a polícia italiana, ele começou a criar seu primeiro romance. No entanto, em outubro do mesmo ano, Pasolini foi acusado de corrupção de menores e atos obscenos em lugares públicos. Como resultado, foi expulso pela secção de Udine do Partido Comunista e perdeu o emprego de professor que tinha obtido no ano anterior em Valvasone. Ficou em uma situação difícil e, em janeiro de 1950, Pasolini mudou-se para Roma, para viver com a sua mãe.

Cinema
Realizou estudos para filmes sobre a Índia, a Palestina e sobre a Trilogia de Orestes, de Ésquilo, que pretendia filmar na África (Apontamento para uma Oréstia Africana). Os seus filmes são muito conhecidos por criticarem a estrutura do governo italiano (na época fortemente ligado à igreja católica), que promovia a alienação e hábitos conservadores na sociedade. Além disso, seu cinema foi marcado por uma constante ligação com o arcaísmo prevalecente no homem moderno. Prova disso é a obra Teorema, em que um indivíduo entra na vida de uma família e a desestrutura por inteiro (cada membro da família representa uma instituição da sociedade). Dirigiu os filmes da Trilogia da Vida com conteúdo erótico e político: Il Decameron, I Raconti di Canterbury e Il fiore delle mille e una notte. Pasolini, num determinado momento da sua vida, renegou esses filmes, afirmando a indústria cultural se tinha apropriado deles e que os classificava como pornográficos.
Essa trilogia foi filmada na Etiópia, Índia, Irão, Nepal e Iémen. Os filmes eram dobrados em italiano. Pelo conteúdo, pretensamente classificado como erótico, foi proibido nos Estados Unidos e só foi exibido na década de 80 (no Brasil só foi exibido após a abertura política). Em Accattone, em 1961, Pasolini pôs em prática a sua visão sobre a classe do proletariado na sociedade italiana da época. Gostava de trabalhar com atores amadores e do povo.

Morte
Foi brutalmente assassinado em novembro de 1975. Tinha o rosto desfigurado e várias lesões no corpo. Foi encontrado no hidro-aeródromo de Ostia. Os motivos do seu assassinato continuam gerando polémica até hoje, sendo associados a crime político ou um mero latrocínio. Um processo judicial concluiu que o cineasta foi assassinado por um prostituto, que teria o intuito de assaltá-lo. Tal versão, porém, não é sustentável. Existem estudos, filmes e programas de TV que põem por terra a versão aceite pela justiça italiana. No ano de 2005, Pino Pelosi declarou não ter sido ele o assassino de Pasolini, depois de ter cumprido a pena como assassino confesso.



Requiem para Pier Paolo Pasolini

Eu pouco sei de ti mas este crime
torna a morte ainda mais insuportável.
Era novembro, devia fazer frio, mas tu
á nem o ar sentias, o próprio sexo
que sempre fora fonte agora apunhalado.
Um poeta, mesmo solar como tu, na terra
é pouca coisa: uma navalha, o rumor
de abril podem matá-lo - amanhece,
os primeiros autocarros já passaram,
as fábricas abrem os portões, os jornais
anunciam greves, repressão, dois mortos na
primeira página,
o sangue apodrece ou brilhará
ao sol, se o sol vier, no meio das ervas.
O assassino, esse seguirá dia após dia
a insultar o amargo coração da vida;
no tribunal insinuará que respondera apenas
a uma agressão (moral) com outra agressão,
como se alguém ignorasse, excepto claro
os meritíssimos juízes, que as putas desta espécie
confundem moral com o próprio cu.
O roubo chega e sobra excelentíssimos senhores
como móbil de um crime que os fascistas,
e não só os de Salò, não se importariam
de assinar.
Seja qual for a razão, e muitas há
que o Capital a Igreja e a Polícia
de mãos dadas estão sempre prontos a justificar,
Pier Paolo Pasolini está morto.
A farsa, a nojenta farsa, essa continua.


Eugénio de Andrade

k. d. lang - 52 anos

k. d. lang (Edmonton, Alberta, 2 de novembro de 1961) é uma cantora canadiana vencedora de vários Grammy Awards. Embora tenha tido considerável êxito ao longo da sua carreira com temas como "Constant Craving" ou "Miss Chatelaine", foi o dueto com Roy Orbison, "Crying", que tornou a sua voz conhecida mundialmente.

Biografia
Em 1983 Lang forma o grupo-tributo a Patsy Cline, The Re-Clines, do qual foi vocalista. O álbum de 1984, Truly Western Experience, teve boa aceitação do público canadiano e fez com que k. d. fosse considerada a "Vocalista Feminina Mais Promissora" nos Juno Awards.
O ano de 1987 foi marcado por Crying, tema cantado por Lang e Roy Orbison e que fez parte da banda sonora do filme Hiding Out.
No início dos anos 90, k. d. lang assumiu-se como lésbica, numa entrevista à revista "The Advocate", tornando-se, desde aí, ativista pelos direitos LGBT.
Em 2008, foi anunciado que teria uma estrela no Passeio da Fama canadiano, o Canada's Walk of Fame.


Keith Emerson, dos Emerson Lake & Palmer, faz hoje 69 anos

Keith Emerson (Todmorden, 2 de novembro de 1944) é um pianista e compositor britânico. Ex-membro das bandas The T-Bones, V.I.P.s e P.P. Arnold (que acabou dando origem aos The Nice), ficou mais conhecido depois de fundar a banda Emerson Lake & Palmer (ELP), um dos primeiros supergrupos, em 1970. Quando os ELP acabaram, em 1979, Emerson teve um sucesso modesto em outras bandas, como Emerson Lake & Powell, 3 e algumas reuniões dos ELP, no começo da década de 90. Em 2002, ele reuniu os The Nice e fez uma turnê e, em 2006, foi em turnê com a The Keith Emerson Band.
Emerson nasceu em Todmorden, Yorkshire, mas cresceu na região costeira de Worthing, West Sussex, na Inglaterra. Quando criança, aprendeu música clássica ocidental, de onde tirou inspiração para criar o seu próprio estilo, que combina música erudita, jazz e temas do rock. Emerson ficou intrigado com um órgão Hammond depois de ouvir o teclista de jazz Jack McDuff tocar "Rock Candy", e com isto acabou escolhendo este órgão para ser o seu instrumento no final dos anos 60. Em 1969, Emerson incorporou um sintetizador Moog nos seus teclados. Outros artistas, como os Beatles e os Rolling Stones, já haviam usado um Moog em gravações em estúdio, mas Emerson foi o primeiro artista a sair em turnê usando um ao vivo.
Ele é conhecido por ser um teclista virtuoso e pelas suas espalhafatosas apresentações ao vivo, em que “fritava” teclas específicas de seu órgão Hammond durante seus solos, tocava o órgão de cabeça para baixo enquanto o instrumento ficava em cima dele, e fazia com que o instrumento ficasse girando enquanto o tocava. Juntamente com os seus contemporâneos Richard Wright, dos Pink Floyd, Tony Banks, dos Genesis, e Rick Wakeman, dos Yes, Emerson é amplamente considerado um dos melhores teclistas de rock progressivo, dono de uma tecnica muito apurada. Inclusive o seu estilo agressivo de tocar piano criou-lhe uma série de complicações nos seus punhos e dedos.
Uma característica marcante das músicas de Keith Emerson são os seus arranjos de rock para composições eruditas, de autores que iam desde Bach e Modest Mussorgsky até compositores do século XX como Béla Bartók, Aaron Copland e Alberto Ginastera.
Em 2004, Emerson publicou a sua aclamada autobiografia, intitulada "Pictures of an Exhibitionist" (uma referência ao disco "Pictures At An Exhibition" do ELP), que perpassa toda a sua carreira, dando enfoque especialmente ao começo, com o The Nice, e uma cirurgia de enxerto nervoso, que quase acabou com ela, em 1993.
Emerson foi responsável pelas bandas sonoras de vários filmes a partir de 1980, como Inferno e World of Horror, de Dario Argento, e os filmes de 1981 Nighthawks, Genma Taisen e Godzilla: Final Wars. Ele também foi o compositor da curta série de televisão Iron Man, de 1994.


Jovelina Pérola Negra morreu há 15 anos

Jovelina Pérola Negra (Rio de Janeiro, 21 de julho de 1944 - Rio de Janeiro, 2 de novembro de 1998), cujo nome de batismo era Jovelina Farias Delford, foi uma cantora brasileira e uma das grandes damas do samba e do pagode. Voz rouca, forte, amarfanhada, de tom popular e força batente. Herdeira do estilo de Clementina de Jesus, foi, como ela, empregada doméstica antes de fazer sucesso no mundo artístico.

Biografia
Nascida em Botafogo (zona sul do Rio de Janeiro), Jovelina Pérola Negra logo fincou pé na Baixada Fluminense, em Belford Roxo. Apareceu para o grande público ao participar do histórico disco "Raça Brasileira", em 1985. Pastora do Império Serrano, ajudou a consolidar o que é chamado hoje de pagode.
Verdadeira tiete do partideiro Bezerra da Silva, Jovelina começou a dizer os seus pagodinhos no Vegas Sport Clube, em Coelho Neto, levada pelo amigo Dejalmir, que também lançou o nome Jovelina Pérola Negra, em homenagem à sua cor reluzente.
Gravou cinco discos individuais, conquistando um Disco de Platina. Atualmente são encontradas apenas as coletâneas com os grandes sucessos como "Feirinha da Pavuna", "Bagaço da Laranja" (gravada com Zeca Pagodinho), "Luz do Repente", "No Mesmo Manto" e "Garota Zona Sul", entre outros. O seu sucesso chegou tardiamente e ela não realizou o sonho de "ganhar muito dinheiro e dar aos filhos tudo o que não teve".
Morreu no dia 2 de novembro de 1998, com 54 anos, de enfarte do miocárdio, no bairro do Pechincha. Deixou três filhos: José Renato (30), Cassiana (24) e Cleyton (10), que teve com Nilton dos Santos, de quem estava separada. O enterro foi realizado no Cemitério da Pechincha.

Estilo
O estilo muito pessoal conquistou muitos fãs no meio artístico, levando até mesmo Maria Bethânia a uma apresentação no Terreirão do Samba, na Praça Onze de Junho, de onde a diva da música popular brasileira só saiu depois de ouvir Dona Jove versar. Alcione já homenageou a "Pérola Negra" num de seus melhores discos, "Profissão Cantora". Enquanto o samba e o verdadeiro partido-alto existirem, Jovelina sempre será lembrada pela voz potente e a ginga própria da raça negra - assim como Clementina de Jesus.


Teixeira de Pascoaes dizia que nasceu nesta data, há 136 anos

Teixeira de Pascoaes por António Carneiro

Teixeira de Pascoaes, pseudónimo literário de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, (Amarante, 8 de novembro de 1877 - Gatão, 14 de dezembro de 1952) foi um poeta e escritor português, principal representante do Saudosismo.
Todas as fontes bibliográficas indicam 2 de novembro de 1877 como a sua data de nascimento. Contudo, o assento de nascimento/batismo refere, indubitavelmente, que ele nasceu às cinco horas da tarde de 8 de novembro de 1877, em Amarante. Segundo Luísa Borges, em O Lugar de Pascoais, Pascoais terá adoptado 2 de novembro como data do seu aniversário por razões puramente simbólicas, por ser o Dia dos Mortos, uma "porta" para o "Mais Além".

Nasceu no seio de uma família aristocrática de Amarante, o segundo filho (de sete) de João Pereira Teixeira de Vasconcelos, juiz e deputado às Cortes, e de Carlota Guedes Monteiro. Foi uma criança solitária, introvertida e sensível, muito propenso à contemplação nostálgica da Natureza.
Em 1883, inicia os estudos primários em Amarante, e em 1887 ingressa no liceu da vila. Em 1895, muda-se para Coimbra onde termina os seus estudos secundários (em Amarante não foi bom aluno, tendo até reprovado em Português) e em 1896 inscreve-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra. Ao contrário da maioria dos seus camaradas, não faz parte da boémia coimbrã, e passa o seu tempo, monasticamente, no quarto, a ler, a escrever e a reflectir.
Licencia-se em 1901 e, renitentemente, estabelece-se como advogado, primeiro em Amarante e, a partir de 1906, no Porto. Em 1911, é nomeado juiz substituto em Amarante, cargo que exerce durante dois anos. Em 1913, com alívio, dá por terminada a sua carreira judicial. Sobre esta sua penosa experiência jurídica dirá: "Eu era um Dr. Joaquim na boca de toda a gente. Precisava de honrar o título. Entre o poeta natural e o bacharel à força, ia começar um duelo que durou dez anos, tanto como o cerco de Tróia e a formatura de João de Deus. Vivi dez anos, num escritório, a lidar com almas deste mundo, o mais deste mundo que é possível — eu que nascera para outras convivências." 
Sendo um proprietário abastado, não tinha necessidade de exercer nenhuma profissão para o seu sustento, e passou a residir no solar de família em São João do Gatão, perto de Amarante, com a mãe e outros membros da sua família. Dedicava-se à gestão das propriedades, à incansável contemplação da natureza e da sua amada Serra do Marão, à leitura e sobretudo à escrita. Era um eremita, um místico natural e não raras vezes foi descrito como detentor de poderes sobrenaturais.
Apesar de ser um solitário, Gatão era local de peregrinação de inúmeros intelectuais e artistas, nacionais e estrangeiros, que o iam visitar frequentemente. No final da vida, seria amigo dos poetas Eugénio de Andrade e Mário Cesariny de Vasconcelos. Este último haveria de o eleger como poeta superior a Fernando Pessoa, chegando a ser o organizador da reedição de alguns dos textos de Pascoais, bem como de uma antologia poética, nos anos 70 e 80.
Pascoais morreu aos 75 anos, em Gatão, de bacilose pulmonar, alguns meses depois da morte da sua mãe, em 1952.

Obra
Com António Sérgio e Raul Proença foi um dos líderes do chamado movimento da "Renascença Portuguesa" e lançou em 1910 no Porto, juntamente com Leonardo Coimbra e Jaime Cortesão, a revista A Águia, principal órgão do movimento.


Amor, Liberdade, Poesia - Entrevista a Mário Cesariny de Vasconcelos
ÓSCAR FARIA
Sábado, 19 de janeiro de 2002 (Mil Folhas)

Cesariny é um sedutor. Cesariny é um danado. O maravilhoso surreal intensamente livre. Conversa acontecida na inauguração da exposição "Do Surrealismo em Portugal".

Cesariny (n. 9/8/1923) gosta de posar. E de fumar. Muito. Cesariny tem o dom das palavras. Às vezes basta-lhe uma linha para construir um mundo: "Ama como a estrada começa". Outras, esse encantamento suscita contínuos estremecimentos: "longe dos jogos civilizados/ livres da hora da mãe e da filha/ jogamos fumo para uma bilha/ jogamos o pocker o king a vrilha/ jogamos tudo como danados". O maravilhoso surreal, ainda vivo, ainda intensamente livre atravessa uma conversa acontecida na inauguração da polémica exposição "Do Surrelismo em Portugal", que esteve patente na Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão. Fala-se aqui de ditadura, de revolução e da dificuldade em cumprir o programa surrealista: "liberdade, amor e poesia". Também se recordam António Maria Lisboa e Pedro Oom, Vieira da Silva e Pascoaes: "Não tenho nada contra o Pessoa, mas para mim o Pascoaes é o velho da montanha, é o mágico". Cesariny é um sedutor. Cesariny é um danado.


(...)
P. - Há um quadro seu em que homenageia Teixeira de Pascoaes...

R. - O Pascoaes é o grande poeta, não tenho nada contra o Pessoa, mas para mim o Pascoaes é o velho da montanha, é o mágico. Sabe que ele tinha lá no solar uma divisão em vidro no exterior, quando havia grandes tempestades devia ser uma coisa formidável, uma trovoada no Marão...

P. - Dizia-se que ele tinha poderes mágicos, druídicos...

R. - O João [um familiar de Pascoaes] contou-me e eu perguntei-lhe: "Você que idade tinha?", "Para aí 19 anos, vi-o sair do escritório com a cabeça em chamas". Isso é corroborado por um simples camponês que viu o Pascoaes vir não sei de onde e disse: "Quem é aquele homem que deita fogo pela cabeça?" Estava a carregar lá naquela coisa de vidro. Mas isto atira tudo para um terreno que as pessoas não gostam, cheira ao paranormal. A poesia dele - e talvez não propriamente os versos,"O Bailado" em prosa, por exemplo - é uma coisa formidável...

P. - "S. Paulo" é um texto notável...

R. - Desses o que ainda gosto mais é "S. Jerónimo e a Trovoada", porque é aflitivo, parece que ele estava lá. Não nego o talento poético do Pessoa, mas tornou-se odioso, porque já se ganha a vida à custa do Pessoa: é demais, já não pode ser. Nós temos grandes poetas desde os galaico-portugueses, não é? Isto acontece porque o Pessoa pegou lá fora, não é por outro motivo. Como pegou lá fora, então a saloiada toca toda a pegar no Pessoa nas universidades. O Camilo Pessanha não é inferior ao Pessoa; há muitos, o Sá-Carneiro...

P. - Foi por isso que escreveu "O Virgem Negra"?

R. - Não é contra ele, mas é contra a igreja dele. Isso tem uma segunda edição onde acrescentei mais duas cartas inventadas, mas muito giras.

P. - Na exposição tem um verso seu: "Ama como a estrada começa". Qual é essa estrada?

R. - Oh, aí é que está. Não sei, é com cada um. "Ama como a estrada começa" é o sentido da criação original, começa e vai...

P. - Falou nos antecessores, como Pascoes ou a própria Vieira da Silva. Actualmente quem é poderia ser visto na continuidade da tradição surrealista? Recordo, por exemplo, Álvaro Lapa...

R.- Se ele quiser entra à vontade, se não quiser não entra: o resultado é igual. E a Paula Rego, com certeza, essa tem a sorte de ter fama internacional; ela disse-me que está dentro. E entre os novos, novíssimos, o Álvaro Lapa. E parece que está a aparecer mais gente, veremos.

Nas Trevas
Como estou só no mundo! Como tudo 
É lágrima e silêncio!

Ó tristeza das Coisas, quando é noite
Na terra e em nosso espírito!… Tristeza
Que se anuncia em vultos de arvoredos,
Em rochas diluídas na penumbra
E soluços de vento perpassando
Na tenebrosa lividez do céu…
Ó tristeza das Coisas! Noite morta!
Pavor! Desolação! Escura noite!
Fantástica Paisagem,
Desde o soturno espaço à fria terra
Toda vestida em sombra de amargura!
Erma noite fechada! Nem um leve
Riso vago de estrela se adivinha…
Somente as grossas lágrimas da chuva
Escorrem pela face do Silêncio…
Piedade, noite negra! Não me beijes
Com esses lábios mortos de Fantasma!
Ó Sol, vem alumiar a minha dor
Que, perdida na sombra, se dilata
E mais profundamente se enraíza
Nesta carne a sangrar que é a minha alma!
Ilumina-te, ó Noite! Oh Vento, cala-te!
Negras nuvens do sul, limpai os olhos,
Desanuviai a brônzea face morta!
Oh, mas que noite amarga, toda cheia
Do teu Fantasma angélico e divino;
Espírito que, um dia, em minha irmã,
Tomou corpo infantil, figura de Anjo…
E para quê, meu Deus? Para partir,
Com seis anos apenas, no primeiro
Riso da vida, em lágrimas, levando
Toda a luz de esperança que floria
Este ermo, este remoto em que divago…
Como estou só no mundo! Como é triste
A solidão que faz a tua Ausência,
E o terrível e trágico silêncio
Da tua alegre Voz emudecida!
Oh noite, oh noite triste! Ó minha alma!
Tu, que o viste e beijaste tantas vezes,
Tu, que sentiste bem o que ele tinha
De angélica Criança sobre-humana,
Não vês as próprias coisas como sofrem,
E como as grandes árvores agitam
As ramagens de lágrimas e sombras?
Repara bem na lúgubre tristeza
Da nossa velha casa abandonada
Da divina Presença da Criança!
Ah, como as portas gemem e o beirais
Têm soluços de vento…
Lá fora, no terreiro onde brincavas,
A noite escura chora…
                        Ó minha alma,
Embebe-te na dor das Coisas ermas;
Chora também, consome-te, soluça,
Junto à Mãe dolorosa, de joelhos…


in Elegias (1912) - Teixeira de Pascoaes

Reginald Arvizu, aka 'Fieldy', faz hoje 44 anos

Reginald Quincy Arvizu (Bakersfield, 2 de novembro de 1969), com origens italianas e mexicanas. Também conhecido por 'Fieldy', começou por tocar no L.A.P.D. (juntamente com o baterista David Silveria e o guitarrista Munky). Reginald é divorciado e tem duas filhas, fruto do seu antigo casamento, cujos nomes estão tatuados no seu pescoço. Atualmente toca contra-baixo no conhecido grupo musical 'Korn', tendo também feito um disco a solo.

Curiosidades
  • Fieldy é conhecido por ter gostado muito de bebidas alcoólicas, mas, quando se converteu ao cristianismo, deixou de beber e ficou muito feliz por isso, pois lembra-se de tudo que aconteceu do início desse período para cá.
  • No final de maio de 1998, Fieldy casou com Shella e o casal teve duas filhas: Sarina Rae Arvizu e Olivia Arvizu.
  • Sobre as suas influências, Fieldy diz: “A única coisa que me influência é o hip-hop, mais o da costa oeste, não que eu tenha preferência por leste ou oeste, mas as batidas e o estilo da oeste parece que me influenciam mais”; no entanto também menciona os Red Hot Chili Peppers.
  • Os seus discos preferidos eram: “Issues”, “Chris Rock's live”, “Erikah Badu Live” e a maior coleção da velha escola do Hip-Hop que conseguisse achar.
  • Fieldy diz, sobre a sua música: “O meu som é mais parecido com uma bateria. Sou um percussionista que toca baixo. Muitas vezes as pessoas pensam que estão a ouvir a bateria, sendo na verdade o meu baixo. Por exemplo, quando Les Claypool (do Primus) ouviu B.B.K. ele disse: 'Esse pedal duplo é potente!'. Mas não tinha nada a ver com a bateria, era o baixo".
  • Ele não gostou de gravar o videoclipe de A.D.I.D.A.S. pois não gostou de ficar deitado nas macas de necrotério.
  • Fieldy teve a ideia da capa do Follow The Leader e chorou quando soube que Life Is Peachy estava no terceiro lugar na lista da Billboard.
  • Fieldy é o membro mais velho dos Korn, não obstante, encontra-se como sendo também o mais divertido.
  • O projeto a solo de Fieldy chama-se Fieldy Nightmares (Pesadelos de Fieldy), no qual supostamente Fieldy explorou o seu lado obscuro (álbum lançado em 2002).
  • A sua comida favorita são os burritos mexicanos.
  • Fieldy é o elemento mais tatuado da banda.
  • Fieldy tem vários problemas nervosos antes dos shows e por vezes vomita durante os espectáculos.
  • Fieldy também tem um filho chamado Israel.

Hoje é dia de recordar os nossos mortos...

(imagem daqui)

Botânica: o cipreste

No canto de terra onde o plantaram,
procura o sentido da linha recta. Não pretende
o círculo, a roda das estações, a fuga ao
eixo que a gravidade lhe impõe. Aceita
que o céu é o seu destino; e por isso
as suas raízes que se alimentam dos mortos,
que lhes cedem as almas para
que o tronco as liberte, no inverno,
quando o frio faz vibrar a luz que
o envolve. Não oferece a sombra
a quem passa; não pede a companhia
dos amantes que o evitam, em busca
de um abrigo de flores. O seu destino
é o ponto que o olhar fixa, para além
do azul, num infinito em que outras
raízes crescem, bebendo o leite negro
das mitologias.

 

in As coisas mais simples (2006) - Nuno Júdice