terça-feira, fevereiro 16, 2010

Ser professor é…

Mais especificamente, ser professor de Matemática do ensino básico (8º e 9º anos) é essencialmente:

1. Deparar com alunos com imensas dificuldades e com uma enorme falta de bases matemáticas. Só para se ter uma noção, poucos são aqueles que sabem calcular a área de um rectângulo, quanto é “quatro ao cubo”, somar duas fracções, dizer inequivocamente quanto é 5 – 12, resolver um problema simples que envolva apenas uma subtracção ou a tabuada (o resultado das pedagogias científicas que dizem que nada pode ser decorado e que tudo tem de ser aprendido de forma lúdica é perguntar quanto é 8×4 e dificilmente obter a resposta certa). No entanto, fruto das medidas educativas que evitam os chumbos a todo o custo e de um facilitismo avaliativo de muitos professores que autenticamente oferecem notas para não se chatear, estes alunos vão passando de ano, mesmo que dotados de uma ignorância profunda (só mais tarde, estes alunos irão perceber que são eles as principais vítimas deste sistema educativo facilitista e perverso). Isto está de tal forma que há exemplos na minha escola de alunos que chegam ao 5º ano sem praticamente saberem ler nem escrever (!!!).

2. Gerir uma multiplicidade de conflitos no seio da turma, com uma quantidade grande de alunos desmotivados, desinteressados e que não percepcionam na escola uma verdadeira utilidade prática.

3. Sempre que necessário, agir disciplinarmente, sabendo (professores e alunos) que a consequência prática e correctiva destas medidas é praticamente nula. Isto porque por mais faltas disciplinares que um aluno tenha, pouco mais pode acontecer do que efectuar trabalho comunitário durante uns dias (se os pais deixarem, senão o menino fica apenas suspenso, ou seja, férias antecipadas) dado que medidas como a expulsão estão completamente fora dos regulamentos (talvez aí os alunos pensassem duas vezes antes de pisarem o risco, mas não pode ser porque, como diria Eduardo Sá de forma mais eloquente, seria uma experiência verdadeiramente humilhante e traumática, que desrespeitaria o direito fundamental da criança). Tenho o maior respeito e consideração por alunos com casos familiares conturbados e provenientes de um meio social muito complicado (só uma pessoa fria e cruel não teria). Mas, mesmos alunos nessas condições, têm de perceber, a bem ou a mal, que a escola é uma oportunidade que não pode ser desaproveitada, que há regras a cumprir e que há (deveria haver) medidas verdadeiramente severas para quem prevarica. Sob pena de, como acontece, o conceito de “escola inclusiva” ser uma farsa. Que raio de “escola inclusiva” é esta que premeia e dá múltiplas oportunidades aos alunos mais indisciplinados, enquanto aqueles que cumprem, se esforçam e se empenham são dia após dia prejudicados pelo comportamento perturbador e recorrente dos primeiros? É o que dá quando certas leis são elaboradas por gente que não faz a mínima ideia do que é a realidade escolar no seu quotidiano, muito menos do que é o fenómeno da turma e das múltiplas variáveis que lhe estão associadas.

4. Preparar provas de recuperação para um aluno que falte permanentemente, sabendo que, mesmo que ele reprove uma ou duas vezes, a possibilidade de, nestas circunstâncias, chumbar por faltas está sujeita a um longo processo burocrático (que mesmo assim pode não conduzir a nada, pois há sempre pressões fortes para que este não se concretize, nomeadamente algumas usando “falhas” na lei). Ou seja, foi a forma genial encontrada pelo Ministério de ninguém chumbar por faltas, mesmo dando a ideia de que isso supostamente acontece, encarregando os professores de todo o procedimento legal em redor deste embuste.

5. Preparar e pôr em prática criteriosamente planos de acompanhamento e de recuperação, respectivamente para alunos repetentes e/ou em risco de chumbar pelo número elevado de negativas. Há casos onde se percebe essa necessidade, por serem casos com reais dificuldades, que precisam e merecem um acompanhamento mais directo, mas, em muitas situações, este insucesso deve-se muito a falta de estudo, de atenção nas aulas e de esforço (sim, porque aprender exige esforço e sacrifício – essa ideia de que tudo tem de ser aprendido de forma divertida e natural é mais uma das grandes falácias da “escola moderna”) e, nesses casos, estes planos de acompanhamento são mais um exemplo que demonstra a importância excessiva que se dá a quem não dá valor à escola e ao conhecimento, enquanto se despreza os bons alunos que, à custa de mérito próprio, vão tendo verdadeiro sucesso educativo (mas que ficam com a sua evolução limitada pelas prioridades da escola actual – Ken Robinson tem toda a razão: a escola anda mesmo a matar a criatividade e o desenvolvimento de muito boa gente)

6. Tentar encontrar mecanismos diferenciados de avaliar e/ou abordar os conteúdos programáticos a alunos com Necessidades Educativas Especiais ou em Currículos Alternativos.

7. Dar aulas de Área Projecto (a importância desta e de outras Actividades Curriculares Não Disciplinares daria uma análise interessante, mas demasiado longa para se enquadrar neste texto).

8. Participar em múltiplas reuniões, muitas vezes inócuas, mas obrigatórias perante a lei, onde se analisam mil e um aspectos de natureza burocrática referidos anteriormente.

É tudo isto (escapei a aulas de substituição, mas, ainda assim, devo-me ter esquecido de outras coisas) e não sou director de turma. Porque se fosse, teria ainda de, para além de ter uma proximidade maior com a turma e contactar e receber os pais (uma missão interessante, pois permite-nos ter um conhecimento maior do percurso individual dos alunos e o seu enquadramento familiar e socio-cultural, ajudando a perceber certas coisas e a tentar ser útil na orientação do seu futuro), coordenar administrativamente todo o procedimento atrás descrito, no que se refere à assiduidade, ao comportamento, à disciplina e ao aproveitamento, para além de orientar outros aspectos diversos (o dossier respectivo, o Projecto Curricular, as reuniões de conselho de turma, etc). Para todo esse trabalho de direcção de turma, o professor tem no seu horário, para desempenhar esta função, a módica quantia de… 90 minutos semanais (!!!).

Ah!!! Já me esquecia. Quando tenho tempo, quando as minhas missões de educador de infância, psicólogo ou funcionário administrativo me permitem, também consigo, em cerca de 10% do meu trabalho, preparar minimamente as aulas e ensinar matemática do 8º e do 9º anos (para além, naturalmente, de me preocupar com os instrumentos de avaliação). Mas tenho que dizer isto baixinho para que os peritos do eduquês não me ouçam. É que palavras como “ensinar”, “explicar” ou “expor” são para eles termos quase criminosos. Porque, qualquer dia, na forma como as coisas têm evoluído, escola e conhecimento serão conceitos que só tenuemente se interceptam. Porque a escola deixará definitivamente de ser um local onde se aprende e onde se ensina, para ser apenas um espaço de motivação e de vivência. Com estes pressupostos e com o anunciado e vergonhoso aumento da escolaridade obrigatória até ao 12º ano, não é preciso ser grande visionário para que se preveja que, cada vez mais, cheguem às universidades verdadeiros analfabetos. Mesmo que não no sentido literal, pelo menos do ponto de vista cultural, formativo, comportamental ou cognitivo.

Assim sendo, atendendo aos factores que referi anteriormente e ao ordenado relativamente reduzido que se recebe (têm razão os críticos quando dizem que os professores têm um ordenado chorudo: 950€ limpos numa primeira fase é, de facto, uma verdadeira fortuna), parece-me que só pode ser professor do ensino básico quem tem uma vocação absolutamente única para a multiplicidade de tarefas em redor da profissão, capaz de contornar e de superar com facilidade todos estes obstáculos profundos, quem não tem habilitações ou capacidade de desempenhar outra função na sociedade ou quem é estúpido. Como, apesar de ter gosto em ensinar, não tenho essa capacidade de ignorar e me conformar alegremente com toda esta situação e, felizmente, tenho habilitações e capacidade para desempenhar outras tarefas profissionais, não me parece que faça muito sentido continuar a ser professor do ensino básico. A não ser que seja estúpido…

PS - Escrevo este texto numa altura em que acabo de corrigir 74 testes, tendo havido 8 positivas. Tenho perfeita noção que, à luz do sistema e independentemente da falta de bases e métodos de estudo dos alunos e da sua falta de atenção, esforço e empenho, a responsabilidade destes resultados é minha e só minha, por não os ter motivado convenientemente. Mas, claro, é fácil obter a redenção. Basta que assuma o meu pecado e premeie o fraco desempenho com óptimas notas, contribuindo para o “sucesso” educativo português. Nesse instante, tudo me será perdoado e passarei de imediato a ser… um “bom professor”.

in A Mesa do Café - post de João Torgal

Música para celebrar o Carnaval


Poesia para geopedrados

Figura 5 - Estalactite.


Estalactite


I

O céu calcário
duma colina oca,
donde morosas gotas
de água ou pedra
hão-de cair
daqui a alguns milénios
e acordar
as ténues flores
nas corolas de cal
tão próximas de mim
que julgo ouvir,
filtrado pelo túnel
do tempo, da colina,
o orvalho num jardim.

in Micropaisagem - Carlos de Oliveira

ADENDA: faz hoje 85 anos que nasceu Carlos Paredes - recordemos a data com a sua imortal música:


segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Poema para um amigo em dificuldades

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada


Manuel Bandeira

domingo, fevereiro 14, 2010

Às vezes...

Às vezes o Amor - Sérgio Godinho



PS - para a Lai, minha esposa, companheira e namorada, uma canção especial num dia especial...

Cupid's day - músicas para celebrar a data



Namoro

Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
e com letra bonita eu disse ela tinha
um sorrir luminoso tão quente e gaiato
como o sol de Novembro brincando de artista
nas acácias floridas espalhando diamantes
na fímbria do mar
e dando calor ao sumo das mangas

Sua pele macia era sumaúma
Sua pele macia, da cor do jambo,
cheirando a rosas sua pele macia
guardava as doçuras do corpo rijo
tão rijo e tão doce como o maboque
Seus seios, laranjas laranjas do Loje
seus dentes marfim
Mandei-lhe essa carta
e ela disse que não.

Mandei-lhe um cartão
que o amigo Maninho tipografou:
Por ti sofre o meu coração
Num canto "SIM",
noutro canto "NÃO"
E ela o canto do "NÃO" dobrou

Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
pedindo, rogando de joelhos no chão
pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia,
me desse a ventura do seu namoro
E ela disse que não.

Levei à Avó Chica, quimbanda de fama
a areia da marca que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço forte e seguro
que nela nascesse um amor como o meu
E o feitiço falhou.

Esperei-a de tarde, à porta da fabrica,
ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
paguei-lhe doces na calçada da Missão,
ficamos num banco do Largo da Estátua,
afaguei-lhe as mãos
falei-lhe de amor
e ela disse que não.

Andei barbudo, sujo e descalço,
como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
-Não viu (ai não viu?) não viu Benjamim?
E perdido me deram no morro da Samba.

Para me distrair
levaram-me ao baile do Sô Januário
mas ela lá estava num canto a rir
contando o meu caso
às moças mais lindas do Bairro Operário.

Tocaram uma rumba dancei com ela
e num passo maluco voámos na sala
qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: Aí Benjamim !
Olhei-a nos olhos sorriu para mim
pedi-lhe um beijo
lá lá lá lá lá
lá lá lá lá lá
E ela disse que sim e ela disse que sim.



Namoro II

Ai se eu disser que as tremuras
Me dão nas pernas, e as loucuras
Fazem esquecer-me dos prantos
Pensar em juras

Ai se eu disser que foi feitiço
Que fez na saia dar ventania
Mostrar-me coisas tão belas
Ter fantasia
E sonhar com aquele encontro
Sonhar que não diz que não

Tem um jeito de senhora
E um olhar desmascarado
De céu negro ou céu estrelado, ou Sol
Daquele que a gente sabe.
O seu balanço gingado
Tem os mistérios do mar
E a certeza do caminho certo
que tem a estrela polar.

Não sei se faça convite
E se quebre a tradição
Ou se lhe mande uma carta
Como ouvi numa canção
Só sei que o calor aperta
E ainda não estamos no verão.

Quanto mais o tempo passa
Mais me afasto da razão
E ela insiste no passeio à tarde
Em tom de provocação
Até que num dia feriado
P´ra curtir a solidão
Fui consumir as tristezas
P´ró baile do Sr. João

Não sei se foi por magia
Ou seria maldição
Dei por mim rodopiando
Bem no meio do salão
Acabei num tal convite
Em jeito de confissão
E a resposta foi tão doce
Que a beijei com emoção
Só que a malta não gritou
Como ouvi numa canção

sábado, fevereiro 13, 2010

Música para os amigos que estão hoje nos Açores


Humor solar


«Sol»: as reacções e as piadas no Twitter

Anónimos, jornalistas, bloguers e até Fernanda Câncio comentam providência cautelar na Internet


Mais ou menos conhecidos, os aficionados do Twitter não deixaram de «noticiar» e comentar a providência cautelar que tem como objectivo impedir a publicação de escutas na edição desta sexta-feira do jornal Sol. Entre anónimos, jornalistas e bloguers muitos foram os que deixaram a sua opinião/piada e até Fernanda Câncio, jornalista e ex-namorada do primeiro-ministro, comentou o tema.

«fcancio estou banza: será q vi um deputado do pcp a dizer sobre a providência cautelar q é "inquietante"?», disse a jornalista. Já o blogue blasfémias comentou questão privada/pública do tema.

«Blasfémias: Alguém me consegue explicar o que é privado numa conversa em que detentores de cargos em empresas estatais ou onde o Estado detém uma golden share resolvem explicar com pensam aplicar o nosso dinheiro- A não ser o receio de que se estrague o negócio - e esse problema já não se coloca - se um senhor da PT fala com um senhor da REN sobre investimentos nos media não com o dinheiro deles mas sim com o nosso, o que é privado nesse colóquio? Expurgue-se a coisa de tudo o que for privado - cumprimentos, o adeus, o até já - porque o resto é mesmo público.»

Deixando do lado o registo sério do tema, pelo menos no twitter, a maioria dos post aproveitaram o momento para deixar algumas piadas sobre o acontecimento que está a dominar a actualidade política e social, uma vez que cada vez mais o caso Face Oculta transcende estas esferas. O conhecido blogue do 31 armada não resista à «graçola de oportunidade: Sol e o brilhantismo táctico do PS - Vai ser a primeira vez que um jornal bate recordes de vendas sem notícias lá dentro.

Numa segunda graçola o blogue escreve: Consta que o Instituto Sá Carneiro estará disponível para publicar um PDF do Sol, numa alusão à crónica de Mário Crespo que, depois de ter visto a sua publicação negada no Jornal de Notícias, «apareceu» publicada no referido instituto.

Já Pedro Sales, assessor de imprensa do Bloco de Esquerda optou pela ironia. «A edição de amanhã do SOL vai fazer mais pelo combate à iliteracia do q qualquer plano nacional de leitura. O Governo devia estar agradecido.»

Entre os jornalistas, Henrique Monteiro, director do jornal Expresso, declarou «A providência cautelar é um escândalo, é abrir a porta à censura prévia». A afirmação foi subscrita por vários outros jornalistas, nomeadamente Luciano Alvarez, editor de política do jornal Público.

Ainda entre os jornalistas, coube a Carlos Lima, jornalista do Diário de Notícias, outro tipo de registo Hoje ficou provado que o senhor Rui Pedro Soares tem jeito para o Marketing. Num dia fez mais pelo SOL do que 500 campanhas publicitárias.

Houve ainda muitos outros twets, nomeadamente, de vários cidadãos. Ficam aqui alguns dos escolhidos.

boloposte As escutas sofrem do complexo de Ícaro: chegaram demasiado perto do Sol e caíram. (Desculpem se já alguém se tinha lembrado desta.)

sfoliveira O Sol está a vender escutas por fascículos, não é?

vitorcunha Porque é que o Sol não pede uma providência cautelar que impeça Sócrates de falar? Isso resolvia o problema das escutas pela raiz.

in IOL Diário - ler notícia aqui

Música para um dia com Sol...!





PS - dedicamos esta música aos jornalistas do Sol e de outros media que abriram a caixa de pandora - só limpando a porcaria se pode depois viver em paz...

O triste caso da fruta mais cara do mundo, paga por todos nós


Diz o hoje o Correio da Manhã que a PT (Portugal Telecom - aquela empresa que paga o mísero salário do boy Rui Pedro Soares) pagou 750.000 euros para o Figo (o jogador...) ir a um pequeno almoço do secretário geral do PS a dizer que o apoiava:


Não sei o comeram (a este preço houve de certeza muitas delicatessen envolvidas) ou se o Figo precisou de tomar antes algum medicamento anti-náusea (eu precisaria...) mas parece-me que o preço foi um bocadinho excessivo.

Ana Gomes (eurodeputada do PS) dixit...

Boys will be... bóis

Eu não sei quem é esse tal Rui Pedro Soares, o boy sem cv que aos 32 anos foi alçado a administrador-executivo da PT pelo Estado, a ganhar escandalosamente mais num ano do que o meu marido ganhou em toda a vida, ao longo de 40 anos como servidor do Estado nos mais altos escalões.

Socialista encartado, dizem. Será, nunca dei por ele, que eu saiba nunca sequer me cruzei com ele.

Fraquinho no descernimento é, de certeza. Porque se não quis encalacrar os socialistas, foi exactamente isso que logrou ao accionar uma providência cautelar para impedir a saída do jornal SOL com mais escutas das suas ruminações telefónicas, justamente numa semana em que os socialistas procuraram desmentir quem clamava contra a falta de liberdade da imprensa.

E se investiu para abafar o jornal, a criatura também não percebeu que, ao contrário, projectava ainda mais longe a radiação solar.

Com bóis destes, para que servem ao PS os boys?

in Blog Causa Nossa


PS - ouvi dizer que Ana Gomes substituiu a expressão “atrasado mental” por “fraquinho no (SIC) descernimento”. Em boa hora...

A propósito de cefalópodes


Face Oculta
O boy de Sócrates na PT e o seu assessor
Por Luís Rosa

A confiança de José Sócrates e a ajuda de jovens dirigentes do PS levaram Rui Pedro Soares a uma subida meteórica. Penedos foi atrás


A 13 de Março de 2006, a PT SGPS informa o mercado dos nomes dos novos administradores propostos pela Caixa Geral de Depósitos e pelo Banco Espírito Santo para o triénio 2006/2008. É a primeira lista no novo ciclo político iniciado por José Sócrates em Março de 2005 e a nomeação de Henrique Granadeiro para presidente da Comissão Executiva reflecte isso mesmo. Mas há uma nova cara no órgão máximo do grupo que surpreende totalmente o mercado: Rui Pedro Soares. «Quem?» – perguntaram os especialistas e os quadros superiores da PT.

Natural do Porto, Rui Pedro Barroso Soares licenciou-se em Gestão de Marketing pelo Instituto Português de Administração de Marketing. Mas foi na Juventude Socialista (JS) liderada por Sérgio Sousa Pinto que conheceu dois homens fulcrais para o seu futuro: Marcos Perestrello e Paulo Penedos.

Em 2000, após dois anos em Estrasburgo como assessor dos eurodeputados do PS), uma candidatura falhada a sucessor de Sousa Pinto na JS e uma passagem pelo departamento de marketing do Banco Cetelem (crédito por telefone), Rui Pedro Soares tenta cair sem sucesso nas boas graças de João Soares – então presidente da Câmara de Lisboa. Com a vitória de Santana em 2001, subiu a vereador do PS sem pelouro.

Em 2004, além de colaborar com o Gabinete de Estudos do PS dirigido por Luís Nazaré, o seu amigo Marcos Perestrello (hoje secretário de Estado da Defesa) começa a introduzi-lo no inner circle do então mais forte candidato à sucessão de Ferro Rodrigues: José Sócrates.

O primeiro trabalho como ‘socrático’ foi coordenar a elaboração do site do candidato a secretário-geral do PS. Saiu-se bem e começou a ganhar a confiança de Sócrates, com o apoio de Perestrello. Este, ganha dimensão política como secretário nacional para a Organização e, após a obtenção da maioria absoluta em 2005, convence Sócrates de que Rui Pedro pode ser o novo homem forte do PS na PT. O primeiro-ministro concorda e indica o seu nome a Ricardo Salgado, presidente do Banco Espírito Santo.

O problema da falta de currículo foi um pormenor facilmente contornável com a ajuda da maioria absoluta conquistada nas urnas. Rui Pedro passa logo em 2005 para o lugar de assessor da Comissão Executiva da PT Multimédia para os sectores de Business Inteligence, Imobiliário e Segurança (áreas até então desconhecidas do seu currículo).

Em Abril de 2006, Soares toma posse com 32 anos como administrador executivo da holding do Grupo PT, com um salário anual de 2,5 milhões de euros – meses mais tarde renova o seu mandato como dirigente da Comissão Nacional do PS no Congresso de Santarém. Ficou com os importantes pelouros das relações com as Regiões Autónomas e as autarquias, do Imobiliário e do Marketing e Publicidade – além de ter sido nomeado administrador executivo da PT Compras, onde coordenou as compras centralizadas do grupo. No caso da publicidade, passou a ter uma palavra decisiva sobre a escolha dos media onde a PT (o mais importante anunciante do mercado português) coloca publicidade. Mas o Imobiliário (a PT tem um património avaliado em 400 milhões de euros) não foi menos importante. Desde 2006 que a PT iniciou um processo de alienação de prédios, prevendo-se uma receita antes da crise no sector na ordem dos 100 milhões de euros.

Rui Pedro Soares ganhou notoriedade na comunicação social com polémicas relacionadas com futebol. Em entrevista a ‘A Bola’, este ‘Dragão de Ouro’ falou sobre o seu orçamento de 15 milhões de euros de patrocínios ao Benfica, Sporting e Porto e propôs a criação de uma Liga Ibérica. Poucas semanas depois, anunciou o apoio da PT ao Boavista – clube condenado por corrupção desportiva pela Liga de Clubes. Já este ano, Rui Pedro Soares ‘reapareceu’ como interlocutor do Sporting ao adiantar parte dos 15 milhões de euros que os ‘leões’ gastaram em jogadores no mercado de Inverno – a título de renovação do contrato de patrocínio e da criação de um novo canal de televisão semelhante ao Benfica TV.


O miúdo terrível

Rui Pedro Soares contratou logo em 2006 o seu amigo Paulo Penedos para assessorá-lo na Comissão Executiva. O filho de José Penedos (presidente da REN, obrigado a demitir-se uma vez constituído arguido no ‘Face Oculta’) tem muito mais notoriedade do que Rui Pedro, fruto das suas vistosas (e derrotadas) candidaturas à Câmara de Vila Nova de Poiares e a secretário-geral do PS. Na primeira mostrou-se num Ferrari vermelho, enquanto na segunda (em 2002) foi rival de Ferro Rodrigues.

in Sol - ler notícia

Pintura alusiva à época


O Sol - Edvard Munch

Música adequada à época


sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Música adequada à data




I Won´t Let The Sun Go Down On Me

Forty winks in the lobby, make mine a G&T
Then to our favorite hobby, searching for an enemy
Here in our paper houses, stretching for miles and miles
Old men in stripy trousers rule the world with plastic smiles

Good or bad, like it or not
It's the only one we've got

I won't let the sun go down on me
I won't let the sun go down
I won't let the sun go down on me
I won't let the sun go down

Mother nature isn't in it, three hundred million years
Goodbye in just a minute, gone forever, no more tears
Pinball man, power glutton, vacuum inside his head
Forefinger on the button, is he blue or is he red

Break your silence if you would
Before the sun goes down for good

I won't let the sun go down on me
I won't let the sun go down
I won't let the sun go down on me
I won't let the sun go down

I won't let the sun go down on me
I won't let the sun go down

I won't let the sun go down on me
I won't let the sun go down
I won't let the sun go down on me
I won't let the sun go down

Hoje há cefalópode...


... pois amanhã quem se lixa é o mexilhão...

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Mandela foi libertado há 20 anos


Todos pela Liberdade - há que assinar a Petição

Todos pela liberdade

O manifesto Todos pela Liberdade está a atingir os 9000 signatários.

Henrique Neto, Rui Ramos, Maria Filomena Mónica, Francisco Sarsfield Cabral, Maria João Avillez, José Luís Saldanha Sanches, Eduardo Cintra Torres e Francisco José Viegas são alguns dos subscritores.

Assine também a Petição e marque presença na concentração em frente à Assembleia da República, hoje, às 13.30 horas.

Hoje há manifestação!

Todos pela liberdade

E não estarei lá - há que ganhar o pão e Lisboa é longe... - mas estarei a torcer por que corra tudo bem...

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Seminário na Universidade de Évora

First Mini Seismology Seminar - Universidade de Évora


PROGRAM

Opening

14.30 - 14.40 - Hugo Silva

  • Welcome and Introduction
Lectures

14.40 - 15.00 - Bruno Romeira Prémio Gulbenkian 2009

  • Nonlinear dynamics and chaos: applications to physics and optical communications (Invited talk)
15.00 - 15.10 - Ekaterina Zadonina

  • Slip distribution, coseismic deformation and Coulomb stress change for the 12 May 2008 Wenchuan earthquake & Influence of model parameters on synthesized high-frequency strong-motion waveforms
15.10 - 15.20 - Ricardo Torres

  • Construction of a 3D Model of the Lower Tagus Basin
15.20 - 15.30 - Augusto Furtado

  • Confirmation of the 3D Structure model using ambient-noise measurement for lower Tagus Basin
15.30 - 15.40 - Rubén Santos

  • Modulation of active tectonic processes through displacement theory
15.40 - 15.50 - Nuno Pereira Santos

  • Fronteira Astronomical Observatory: observations of transiting extrasolar planets
15.50 - 16.00 - João Pedro Rocha

  • Imaging 3D seismic velocity along the seismogenic zone of Algarve region (southern Portugal)

16.00 - 16.30 - Discussion


http://www.cge. uevora.pt/ mss2010/

Música para quem quiser entender





FREEDOM '90

I won't let you down
I will not give you up
Gotta have some faith in the sound
It's the one good thing that I've got
I won't let you down
So please don't give me up
cause I would really, really love to stick around, oh yeah

Heaven knows I was just a young boy
Didn't know what I wanted to be
I was every little hungry schoolgirl's pride and joy
And I guess it was enough for me
To win the race? A prettier face!
Brand new clothes and a big fat place
On your rock and roll TV
But today the way I play the game is not the same
No way
Think I'm gonna get myself happy

I think there's something you should know
I think it's time I told you so
There's something deep inside of me
There's someone else I've got to be
Take back your picture in a frame
Take back your singing in the rain
I just hope you understand
Sometimes the clothes do not make the man

All we have to do now
Is take these lies and make them true somehow
All we have to see
Is that I don't belong to you
And you don't belong to me yea yea
Freedom,
Freedom,
Freedom
You've gotta give for what you take
Freedom,
Freedom,
Freedom
You've gotta give for what you take

Heaven knows we sure had some fun boy
What a kick just a buddy and me
We had every big shot good-time band on the run boy
We were living in a fantasy
We won the race
Got out of the place
I went back home got a brand new face
For the boys on MTV
But today the way I play the game has got to change
Oh yeah
Now I'm gonna get myself happy

I think there's something you should know
I think it's time I stopped the show
There's something deep inside of me
There's someone I forgot to be
Take back your picture in a frame
Don't think that I'll be back again
I just hope you understand
Sometimes the clothes do not make the man

All we have to do now
Is take these lies and make them true somehow
All we have to see
Is that I don't belong to you
And you don't belong to me, yea yea
Freedom,
Freedom,
Freedom
You've gotta give for what you take
Freedom,
Freedom,
Freedom
You've gotta give for what you take

Well it looks like the road to heaven
But it feels like the road to hell
When I knew which side my bread was buttered
I took the knife as well
Posing for another picture
Everybody's got to sell
But when you shake your ass
They notice fast
And some mistakes were built to last

That's what you get,
That's what you get,
That's what you get,
I say that's what you get
That's what you get for changing your mind
That's what you get for changing your mind

That's what you get,
That's what you get,
And after all this time
I just hope you understand
Sometimes the clothes
Do not make the man

All we have to do now is take these lies
And make them true somehow
All we have to see is that i don't belong to you
And you don't belong to me yea yea
Freedom,
Freedom,
Freedom
You've got to give for what you take
Freedom,
Freedom,
Freedom
You've got to give for what you take
Yea you've got to give for what you, give for what you give

May not be what you want from me
Just the way it's got to be
Lose the face now
I've got to live I've got to live

Mais uma poesia

Circo

No circo cheio de luz
Há tanto que ver!...

"Senhores!"
-Grita o palhaço da entrada,
Todo listrado de cores-
"Entrai, que não custa nada!
À saída é que se paga..."
..................................
O palhaço entrou em cena,
Ri, cabriola, rebola,
Pega fogo à multidão.

Ri, palhaço!

Corpo de borracha e aço
Rebola como uma bola,
Tem dentro não sei que mola
Que pincha, emperra, uiva, guincha,
Zune, faz rir!
.....................................

in As Encruzilhadas de Deus, José Régio

Homens da Luta solidários com Mário Crespo...


Todos pela Liberdade

"Todos pela Liberdade": blogues mobilizam-se e lançam petição


Autores de blogues de direita e esquerda criticam primeiro-ministro pela "alegada estratégia de condicionamento da liberdade de imprensa em Portugal". Marcaram uma manifestação para quinta-feira, frente ao parlamento e lançaram hoje uma petição.



Depois de o i ter anunciado hoje a realização de uma concentração em frente à Assembleia da República na quinta-feira, convocada por um grupo alargado de autores de blogues de esquerda e de direita, surge agora uma petição pública na internet (www.peticaopublica.com/?pi=P2010N1213) em que se escreve que "o primeiro-ministro não pode continuar a recusar-se a explicar a sua concreta intervenção em cada um dos sucessivos casos que o envolvem."

Assinada pela porta-voz do movimento, Ana Margarida Craveiro, a petição conta, entre outros subscritores, com Vasco M. Barreto, Manuel Falcão, Henrique Raposo, Luís Rainha e Gabriel Silva. "Todos pela Liberdade" é o lema dos peticionários que apelam "aos órgãos de soberania para que cumpram os deveres constitucionais que lhes foram confiados e para que não hesitem, em nome de uma aparente estabilidade, na defesa intransigente da Liberdade."

A manifestação está convocada para as 13.30 horas de quinta-feira em frente da Assembleia da República. O grupo já tem página no Facebook e um Blogue.


Como o i adianta na sua edição de hoje, “Todos pela liberdade, concentração à frente da Assembleia” é o lema que um grupo de autores de blogues políticos lança hoje na Internet. Convocam deste modo uma concentração pela liberdade de imprensa em frente ao Parlamento na próxima quinta-feira. Num dos textos que está a ser publicado em diversos blogues e também enviado por email, escreve-se que “o primeiro-ministro de Portugal tem sérias dificuldades em lidar com a diferença de opinião.” Mais: “É para nós claro que o primeiro-ministro não pode continuar a recusar-se a explicar a sua concreta intervenção em cada um dos sucessivos casos que o envolvem.”

Afirmando-se independentes, “da esquerda à direita”, os bloggers dizem que “um Estado de Direito democrático não pode conviver com um primeiro-ministro que insiste em esconder-se e com órgãos de soberania que não assumem as suas competências.”. Em conclusão, adiantavam que “é a liberdade de expressão, acima de qualquer conflito partidário, que está em causa” e os "órgãos de soberania" devem cumprir "os deveres constitucionais que lhes foram confiados (...) na defesa intransigente da Liberdade."

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Poema adequado à época

Sóifo e a rocha.

Sísifo

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.


in Diário XIII - Miguel Torga



ADENDA: passam hoje 20 anos desde que Del Shannon se suicidou. Recordemos um dos seus maiores êxitos:

domingo, fevereiro 07, 2010

Recordar Sebastião da Gama



O Sol já se escondeu


O Sol já se escondeu...
Precisamente quando,
feliz,
eu desatei a cantar.
(Só por feliz eu cantei.)

Agora quero acabar,
que já me dói a garganta,
mas vou ainda cantando,
temendo
dar por mim de novo triste
assim que esteja calado.
(...Como se a minha Alegria
nascesse de eu ter cantado.)

in Serra-mãe - Sebastião da Gama

Sebastião da Gama deixou-nos há 58 anos...

Sebastião Artur Cardoso da Gama (Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal, 10 de abril de 1924Lisboa, 7 de fevereiro de 1952) foi um poeta e professor português, licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1947. Foi professor em Lisboa, (Escola Veiga Beirão, hoje, Fernão Lopes), Setúbal (na agora Escola Secundária Sebastião da Gama, tendo recebido o nome em homenagem ao poeta) e Estremoz (Escola Industrial e Comercial).

Colaborou nas revistas Árvore e Távola Redonda.

A sua obra encontra-se ligada à Serra da Arrábida, onde vivia e que tomou por motivo poético de primeiro plano (desde logo no seu livro de estreia, Serra-Mãe, de 1945), e à sua tragédia pessoal motivada pela tuberculose.

Fundador da Liga para a Protecção da Natureza em 1948.

O seu Diário, editado postumamente em 1958, é um interessantíssimo testemunho da sua experiência como docente e uma valiosa reflexão sobre o ensino.

As Juntas de Freguesia de São Lourenço e de São Simão, instituíram, com o seu nome, um Prémio Nacional de Poesia. No dia 1 de Junho de 1999, foi inaugurado em Vila Nogueira de Azeitão, o Museu Sebastião da Gama, destinado a preservar a memória e a obra do Poeta da Arrábida, como era também conhecido.

Faleceu vitima de tuberculose renal, de que sofria desde adolescente.

in wikipédia

Poesia alusiva à época


Soneto da pedra na floresta antiga


Somos a pedra que na terra antiga
fora afeiçoada pelas mãos pacientes,
e abandonada à chuva dos milénios,
as árvores lhe entraram pelo rosto

A dor nos invadiu e dilacera
e a humidade da selva nos devasta.
Tudo o que outrora foi forma e quebranto
desfaz-se hoje no abraço das raízes.

Resta a esperança de salvar a vida,
acolhendo um destino vegetal,
que envolva a rocha mas preserve os olhos.

E pela humilde aceitação da sorte,
mutilados embora, mas presentes,
guardaremos as almas na floresta.

Odylo Costa Filho

sábado, fevereiro 06, 2010

A batalha de Jarama começou há 73 anos

La Batalla del Jarama se desarrolló entre el 6 y el 27 de febrero de 1937 dentro de la Guerra Civil Española.

La ofensiva la inició ejército sublevado con la intención de cortar las comunicaciones de Madrid. Para algunos historiadores, esta ofensiva entra dentro de la Batalla de Madrid

El diseño de la operación inicial era una acción de gran envergadura por el este de Madrid que incluía la toma de Arganda del Rey cortando las comunicaciones hacia Valencia y subir hasta Alcalá de Henares para alcanzar la carretera de Barcelona.

La batalla toma el nombre de las primeras operaciones con la conquista en poco más de cuatro días de la zona del río Jarama. Las unidades republicanas, dispersas en el inicio de las ofensiva, se agruparon al mando del general José Miaja el día 15 de febrero, conformando en total cuatro Divisiones o Agrupaciones que consiguen evitar el avance hacia Arganda. El ejército republicano contó entre los combatientes con las Brigadas Internacionales, en concreto la XI, la XII, la XIV y la XV, que combatieron entre el Jarama y Morata de Tajuña.

La victoria republicana no solo retrasó los planes rebeldes de cercar Madrid, sino que hizo lo mismo con el final de la guerra.




Haja vontade...

O Sonho

Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

-Partimos. Vamos. Somos.

in Pelo Sonho é que Vamos, Sebastião da Gama

ADENDA: faz amanhã 58 anos que morreu o poeta e professor Sebastião da Gama - é para a minha mãe (que é uma fã deste escritor, que a morte nos roubou ainda na frescura da mocidade) que dedicamos o poema...

Recordar Bob Marley

Bob Marley nasceu há 65 anos

Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley (Saint Ann, 6 de Fevereiro de 1945Miami, 11 de Maio de 1981) foi um cantor, guitarrista e compositor jamaicano, o mais conhecido músico de reggae de todos os tempos, famoso por popularizar o género. Grande parte do seu trabalho lidava com os problemas dos pobres e oprimidos.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Poema para um dia bonito

LETRA PARA UM HINO

É possível falar sem um nó na garganta.
É possível amar sem que venham proibir.
É possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão.
É possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros.
Se te apetece dizer não, grita comigo: não!

É possível viver de outro modo.
É possível transformar em arma a tua mão.
É possível viver o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre, livre, livre.

in O Canto e as Armas - Manuel Alegre

Plutão revisitado pelo Hubble

Novas imagens de planeta despromovido
Plutão revisitado pelo Telescópio Espacial Hubble

Platão está longe de ser uma rocha congelada despida de interesse (NASA)

Mesmo através de telescópios espaciais como o Hubble, sem a atmosfera da Terra a atrapalhar a visão, Plutão é um pontinho de luz. Nada de vermos um pormenor que seja da sua superfície: estará cravejado de crateras? Terá montanhas? Mas é esse ponto de luz longínquo, nas franjas do sistema solar, que o telescópio Hubble revela agora com maior nitidez. As imagens divulgadas pela agência espacial NASA deixaram os cientistas surpreendidos: o planeta (despromovido a anão) ficou mais avermelhado e o pólo norte tornou-se mais brilhante.

A equipa de Mike Brown, do Instituto de tecnologia da Califórnia (Estados Unidos), comparou imagens obtidas pelo Hubble em 1994 com um conjunto tirado entre 2000 e 2003. Resultado, no período entre 2000 e 2002 foi quando ocorreram as maiores mudanças.

O que está na origem destes fenómenos é um mistério, embora os cientistas tenham algumas hipóteses. Provavelmente, devem-se a mudanças na superfície gelada de Plutão, agora que, na sua órbita de 248 anos, começa a sair do ponto mais perto do Sol. Em relação ao brilho, a luz solar terá provocado o “descongelamento” da superfície no pólo norte e os gases resultantes terão voltado a congelar no outro pólo. Quanto ao aspecto avermelhado, pode estar relacionado com a presença de metano, já detectado na superfície do planeta.

Para a equipa, as novas imagens, as mais nítidas de Plutão obtidas pelo Hubble, confirmam que é um mundo bastante dinâmico, cuja atmosfera sofre mudanças assinaláveis ao longo da sua viagem em torno do Sol. Está longe de ser uma rocha congelada despida de interesse.

Mas se por ora teremos de nos contentar com as fotos do Hubble, por melhores que sejam, em 2015 esperam-se novas revelações do planeta-anão, nunca visitado por qualquer sonda. Tal lacuna mudará com a sonda New Horizons, em viagem neste momento pelo sistema solar, e que daqui a cinco anos chegará a Plutão e à sua lua Caronte.

As descobertas angolanas de paleontólogo português

Paleontologia

Português descobre em Angola nova espécie de tartaruga

Crânio de tartaruga "Angolachelys mbaxi" de Angola e o paleontólogo Octávio Mateus

O paleontólogo Octávio Mateus disse hoje ter confirmado cientificamente a descoberta de um novo género e nova espécie de tartaruga, por si encontrada em 2005 ao integrar uma expedição de cientistas de vários países a Angola.

Denominada “Angolachelys mbaxi”, ou seja “Tartaruga de Angola”, “a tartaruga representa um novo género e uma nova espécie para a ciência”, disse em declarações à Lusa Octávio Mateus, paleontólogo do Museu da Lourinhã e investigador da Universidade Nova de Lisboa.

Segundo o paleontólogo, pelas suas características anatómicas é possível concluir que a tartaruga pertence a um novo grupo até agora desconhecido para a ciência.

“Há as tartarugas que encolhem o pescoço para dentro da carapaça (criptodira) e as que encolhem para o lado. Esta recolhe o pescoço para o interior da carapaça e é a mais antiga em África a pertencer a este grupo”, explicou o paleontólogo.

Sendo a mais antiga tartaruga criptodira do continente africano com 90 milhões de anos (Cretácico Superior), caracteriza-se por ser “uma grande tartaruga marinha de mais de um metro de comprimento e com um crânio de 20 centímetros”.

“É um dos primeiros répteis marinhos que cruzam o Atlântico de Norte para Sul”, sublinhou o paleontólogo, comprovando assim que há 90 milhões de anos os continentes americano e africano já estavam separados pelo oceano.

Além disso, o que a diferencia em relação às outras tartarugas são as “narinas separadas”.

Em 2005, o paleontólogo, que participou numa expedição com paleontólogos e geólogos norte-americanos, angolanos, holandeses e o português Miguel Telles Antunes, descobriu o crânio, fragmentos da carapaça, vértebras e garras do animal.

Após trabalhos laboratoriais e estudos de anatomia e relações de parentesco, Octávio Mateus viu agora a sua descoberta ser reconhecida pela comunidade científica, com a publicação do artigo “A mais antiga tartaruga criptodira de África do Cretácico de Angola” numa revista da especialidade.

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

No dia em que o José Cid faz anos...

José Cid (Chamusca, 4 de Fevereiro de 1942), de seu nome completo José Albano Salter Cid de Ferreira Tavares, é um popular cantor, teclista e compositor português.






NOTA: um dos melhores álbuns de sempre de Rock Progressivo Português é deste Senhor - e ainda há quem ache que ele não presta...

Parabéns José Cid!

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Poesia para malta amiga


A meu favor

A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer

A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.

in Tempo de Fantasmas (1951) - Alexandre O'Neill

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Torga foi libertado da prisão há 70 anos

Foi a 30 de Novembro de 1939 que a PSP o prendeu, sob orientação da PVDE e por ordem do Ministro do Interior, Mário Pais de Sousa.

(...)

Miguel Torga é conduzido para a esquadra, situada então nas imediações do edifício do Governo Civil, a caminho do castelo. Depois de interrogado, é encarcerado, em regime de incomunicabilidade. O dia seguinte era feriado, dia da Restauração da Independência. Torga permaneceu em estrita reclusão, a sua solidão apenas quebrada pelos contactos indispensáveis com os guardas. Só no dia 3, depois de pagar do seu bolso a estadia no «cuarto particolar» [sic] da PSP, o autor foi conduzido a Lisboa na «carreira», por um agente de Leiria.

É aí que reencontra os seus amigos, que, para surpresa sua, decidem acompanhá-lo clandestinamente na viagem.

«Mal entrei na camioneta da carreira, avistei o Dr. Olívio calmamente sentado a um canto, a folhear o jornal e a fumar o seu cigarro. Fez um gesto imperceptível, num discreto sinal de cumplicidade, e mergulhou de novo na leitura. (…) Em Alcobaça, o Dr. Olívio saiu e o lugar foi ocupado imediatamente pela D. Gena. (…)

Nas Caldas da Rainha, a D. Gena apeou-se, sorriu mais uma vez antes de desaparecer, e entrou o marido a substituí-la. Só então intuí o que algumas espreitadelas furtivas pelo vidro traseiro da viatura logo confirmaram: que o Tomé nos acompanhava de perto no Ford escalavrado, a apoiar aqueles revezamentos.

Comovido por semelhante dedicação, tão delicadamente manifestada – os quatro a dizerem-me todo o caminho, num testemunho sem palavras, que não estava sozinho no mundo, que algumas almas solidárias iam ali fiéis a meu lado – o resto da viagem foi quase de inteira placidez.»

Em Lisboa, a PVDE voltou a interrogá-lo, sem grande resultado, identificou-o e encaminhou-o para a cadeia do Aljube. Levantada a incomunicabilidade, foi encafuado numa cela colectiva, onde conviveu durante uns dias com cerca de uma dezena de outros prisioneiros. Mas os seus problemas com uma úlcera gástrica fizeram com que, a 18 de Dezembro, fosse internado na enfermaria da prisão, onde permaneceu até à sua libertação.

Ao longo desse tempo, recebeu visitas e manteve correspondência com os amigos de Leiria, que continuaram a apoiá-lo em tudo aquilo que estivesse ao seu alcance. Foi a eles que Torga pediu ajuda quando Andrée Crabbé, sua futura mulher, sofreu um acidente de automóvel em Caldas da Rainha, quando se dirigia a Lisboa para o visitar, ficando internada durante mais de um mês. Foi também com a sua ajuda que conseguiu iludir os pais sobre a situação, evitando assim um desgosto que considerava desnecessário. A correspondência entre Lisboa e S. Martinho de Anta passava obrigatoriamente por Leiria, onde recebia o carimbo do correio.

Mas a prisão de Torga provocou algumas reacções na sociedade portuguesa daquele tempo. Destaca-se, por exemplo, a existência, no processo da Pide sobre Torga, de um “memorial” [sic], sem data, do deputado, médico e professor António de Almeida, natural de Penalva do Castelo, que se insurge com tal medida.

Exaltando as qualidades literárias e “nacionalistas” de Torga, sugere que, «para castigo basta a apreensão do livro». E ainda que «a completar os ensinamentos que da prisão resultaram, deixá-lo estar mais uns dias na cadeia e, depois, deixá-lo ir tratar da vida».

Mas, como se sabe, só a 2 de Fevereiro de 1940 o ministro do Interior resolve dar ordem para a sua libertação, cerca de dois meses depois da sua detenção em Leiria.

A encruzilhada do destino - Um balanço do período leiriense de Miguel Torga - texto de Carlos Alberto R. S. Silva publicado nas Actas do I Colóquio "Miguel Torga em Leiria" - 2009

A música planetária de Houston

Houston Symphony's The Planets - An HD Odyssey



Do Youtube: "The Houston Symphony has commissioned celebrated producer/director Duncan Copp to assemble state-of-the-art, high definition images from NASAs exploration of the solar system to accompany Holsts exciting, cosmic score, along with commentary by the worlds leading planetary scientists."

Ler aqui a crítica da actuação da Orquestra de Houston no Carnegie Hall em Nova Iorque na quinta-feira passada. O filme em alta definição é digital e deve estar disponível. Uma boa ideia, portanto, para uma orquestra portuguesa...


in Blog De Rerum Natura - post de Carlos Fiolhais

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Censura à moda de Sócrates


Censura.jpg


Poema para um bonito dia de Sol de Inverno

Quem tem consciência...

Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
e no centro da própria engrenagem
inventa a contra-mola que resiste

Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade, decepado
entre os dentes segura a primavera

in Morse de Sangue (1955) - João Apolinário

PS - o filho luso-brasileiro do poeta João Apolinário, membro do grupo "Secos & Molhados", transformou o poema em música, com o nome de "Primavera nos dentes" - aqui fica ela:


Música histórica para um triste dia


Música para triste dia


Um bonito poema para um triste dia


D. Dinis

Toma nos dedos reais a tua cítara
E canta, do fundo do tempo, para nós
Uma canção de amigo
Com a pálida flor da tua voz
E as flores do pinhal florido.

Na singeleza
Duma toada de jogral à amada
Em estrofes de lírica beleza,
Que alva rompe as cordas da tua lira
Brisa simples suspira
Nas ondas do mar de Vigo ou do Destino?

Por obra e graça da tua Poesia,
Tens ainda actual soberania,
Tens ainda vassalos.
Mas hás-de vir uni-los e ordená-los
Na linha portuguesa do teu verso
Feito de Amor, de Morte e de Magia.

................................................................

Faz-nos tanta falta uma canção de amigo!


in Verbo do Verbo - João Maia