sábado, julho 18, 2009

Luar Na Lubre



Madrugada, o porto adormeceu, amor,
a lúa abanea sobre as ondas
piso espellos antes de que saia o sol
na noite gardei a túa memoria.

Perderei outra vez a vida
cando rompa a luz nos cons,
perderei o día que aprendín a bicar
palabras dos teus ollos sobre o mar,
perderei o día que aprendín a bicar
palabras dos teus ollos sobre o mar.

Veu o loito antes de vir o rumor,
levouno a marea baixo a sombra.
Barcos negros sulcan a mañá sen voz,
as redes baleiras, sen gaivotas.

E dirán, contarán mentiras
para ofrecerllas ao Patrón:
quererán pechar cunhas moedas, quizais,
os teus ollos abertos sobre o mar,
quererán pechar cunhas moedas, quizais,
os teus ollos abertos sobre o mar.

Madrugada, o porto despertou, amor,
o reloxo do bar quedou varado
na costeira muda da desolación.
Non imos esquecer, nin perdoalo.

Volverei, volverei á vida
cando rompa a luz nos cons
porque nós arrancamos todo o orgullo do mar,
non nos afundiremos nunca máis
que na túa memoria xa non hai volta atrás:
non nos humillaredes NUNCA MÁIS.


PS - como estão tão próximas as datas (a da conquista da Lua e a do Dia da Galiza), celebremo-las antecipadamente com música dos Luar Na Lubre, numa canção que fala da Lua reflectida no mar e do desastre do Prestige (como é possível que o Homem, com a sua tecnologia, consiga em tão pouco tempo ir à Lua e matar fauna e flora das rias galegas...) - NUNCA MAÍS...

sexta-feira, julho 17, 2009

Lua


Para celebrar os 40 anos da conquista da Lua...

(fonte: Wikipédia - clicar para aumentar)

...nada melhor do que a Poesia ou a Música.

Assim, nos próximos dias, até 24 de Julho (data de regresso dos três heróis), iremos celebrar este feito com alguns posts especiais, começando com uma poesia.

Lua

Entre a terra e os astros, flor intensa.
Nascida do silêncio, a lua cheia
Dá vertigens ao mar e azula a areia,
E a terra segue-a em êxtases suspensa.

in Dia do Mar - Sophia de Mello Breyner Andresen

A Lua de Cat Stevens

Cat Stevens - Boy With A Moon And Star



A gardeners daughter stopped me on my way, on the day I was
To wed
It is you who I wish to share my body with she said
Well find a dry place under the sky with a flower for a bed
And for my joy I will give you a boy with a moon and
Star on his head.
Her silver hair flowed in the air laying waves across the sun
Her hands were like the white sands, and her eyes had
Diamonds on.
We left the road and headed up to the top of the
Whisper wood
And we walked till we came to where the holy magnolia stood.
And there we laid cool in the shade singing songs and
Making love...
With the naked earth beneath us and the universe above.
The time was late my wedding wouldnt wait I was sad but
I had to go,
So while she was asleep I kissed her cheek for cheerio.
The wedding took place and people came from many
Miles around
There was plenty merriment, cider and wine abound
But out of all that I recall I remembered the girl I met
cause she had given me something that my hear could not
Forget.
A year had passed and everything was just as it was a year
Before...
As if was a year before...
Until the gift that someone left, a basket by my door.
And in there lay the fairest little baby crying to be fed,
I got down on my knees and kissed the moon and star on
His head.
As years went by the boy grew high and the village looked
On in awe
Theyd never seen anything like the boy with the moon and
Star before.
And people would ride from far and wide just to seek the
Word he spread
Ill tell you everything Ive learned, and love is all...he said.


NOTA: post conjunto dos Blogues AstroLeiria, GeoLeiria e Geopedrados...

quinta-feira, julho 16, 2009

Crianças dizem adeus a pedaço de Lua


Informação recebida do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra, via Blog De Rerum Natura:


Dia 24 de Julho, nos 40 anos da Missão Apollo 11, crianças dizem adeus a pedra da Lua

A pedra da Lua (na foto) está quase a deixar o Museu da Ciência de Coimbra e a regressar à NASA precisamente no dia em que, há 40 anos, terminava a missão que levou à Lua o primeiro homem. Na despedida, as pedras de estimação dos mais pequenos vão ser estrelas por uma noite...

A pedra foi recolhida por James Irwin naquela que a NASA considerou a missão tripulada mais bem sucedida de sempre. Em Portugal desde Maio, prepara-se agora para regressar à agência espacial norte-americana. A pedra da Lua da missão Apollo 15 deixará o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra no dia 24 de Julho (sexta-feira), precisamente na data em que se comemoram os 40 anos do regresso dos primeiros homens que pisaram a superfície lunar (missão Apollo 11).

Na despedida, o Museu da Ciência desafia os mais pequenos a fazerem das suas pedras de estimação estrelas por uma noite. Das 21 às 24 horas, a ideia é que as crianças e as suas famílias descubram no Laboratorio Chimico, com a ajuda de duas geólogas da Universidade de Coimbra, as verdadeiras origens das pedras de que tanto gostam. Para além de uma viagem pelos mistérios das pedras de estimação, os mais pequenos poderão ainda encarnar um astronauta e levar para casa uma fotografia do momento.

No anfiteatro do Museu, as famílias terão oportunidade de espreitar vídeos das missões Apollo e reviver a ida do Homem à Lua.A entrada é livre.

A iniciativa "Um Pezinho na Lua" é organizada pelo Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e integra as comemorações do Ano Internacional da Astronomia, que assinalam os 400 anos das primeiras observações astronómicas de Galileu. De resto, a missão Apollo 15 (26 de Julho a 7 de Agosto de 1971), que trouxe a pedra da Lua em exibição no museu, foi palco de uma experiência que confirmou a teoria do cientista acerca da queda dos corpos: sem o efeito da atmosfera, uma pena e um martelo largados em simultâneo atingem o solo precisamente ao mesmo tempo.

Em exposição desde 22 de Maio, a pedra da Lua tem estado em Portugal graças a uma parceria entre o Museu da Ciência, a NASA e a Critical Software.

Dia histórico - há 40 anos a Apollo XI partiu rumo à Lua

Do Blog AstroLeiria publicamos o seguinte post:


Faz hoje quarenta anos que a Apollo XI partiu do Cabo Canaveral (Flórida) para a conquista do nosso satélite natural, às 14.32 horas (hora portuguesa).

Iremos, neste Blog e noutros que o queiram acompanhar, recordar a par e passo estes eventos históricos nos próximos dias, pois há que honrar os heróis astronautas neste Ano Internacional da Astronomia.

Para quem quer recordar como deve de ser o evento, os Museu e Biblioteca Presidenciais que honram John F. Kennedy têm um site que todos deveriam visitar:

Ófaxavor, expiliquem-me lá

Do Fuchsiabrava's Blog publicamos, com recomendação de visita ao site, o seguinte post:

Hoje foi publicada a portaria que regulamenta a designação de professores bibliotecários em agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas. A Portaria 756/2009 (pode ser lida aqui na DGRHE) tem data de idos de 14 de JULHO de 2009. Curiosamente no âmbito dos prazos de procedimentos para que todo o processo interno se desenrole tem o prazo definido até … 30 de JUNHO.


Ora leiam lá o artigo 6.º e…


image

… expiliquem-me lá como se eu fosse o Dias da Silva que, como qualquer professor deste país, não entende o que está claramente escrito.

ADENDA: lamento imenso a minha incompetência em scanar (os limites estão muito à… badalhoca) mas eu sou apenas uma professorazeca iletrada e incompetente. Prometo uma “reciclage” nas Novas Oportunidades na área de “Scanas e tiques


ADENDA: para quem não sabe, o Dias da Silva citado no texto é um dirigente sindical dos professores (da FNE/UGT) que, num debate radiofónico com um secretário de estado qualquer lhe foi dito (por essa patética personagem que tutela a Educação...) que não percebeu o relatório porque está escrito em inglês (é mau confundir um especialista em Inglês Técnico, quase um engenheiro reconhecido pela Ordem, com um Professor...) - se não acreditam vejam/ouçam AQUI.

OCDE elogia coragem da Ministra da Educação

Do Blog Outra Forma de Ver publicamos, com a devida vénia, o seguinte post:



Lembrei-me de imediato de um episódio da série da BBC "Sim, Sr. Ministro". Nele era explicado ao Ministro o verdadeiro significado dos elogios às decisões políticas. "Uma medida corajosa" era um dos elogios mais temidos, significava que com essa medida o Ministro arriscava a sua permanência no governo.

A Ministra da Educação sabe que não fará parte do próximo governo, pelo que já não tem medo de ser classificada de "corajosa". Ainda bem, porque por estes dias será o único elogio que conseguirá ouvir.

Ciência Viva no Verão 2009



Depois do filme, aqui fica uma lista das actividades em que já estou inscrito, da Geologia no Verão 2009:
Fica ainda a informação de que havia outra acção (Hei-de voltar a Viana) que adoraria fazer, mas condicionamentos escolares impedem-me de participar (mas a malta de Viana há-de-me fazer relato, que aqui publicaremos...).

Duplica, É O Dobro, Triplica Ou É 1+2 Abonos de Família?

Mais um delicioso post do Paulo Guinote, do Blog A Educação do meu Umbigo:

Volta Guterres, tu ao menos eras engenheiro… e a multiplicação não era por 2 ou 3.

E eu que tinha perdido esta pérola e só agora dei por ela graças ao Miguel.

terça-feira, julho 14, 2009

Músicas para mana velha...

Marião - Brigada Victor Jara



Delicadamente p'ra ti - Fausto





PS - não se habituem, mas não é todos o dias que se faz anos...

segunda-feira, julho 13, 2009

As inscrições para a Ciência Viva no Verão começaram...!


Começaram hoje as inscrições para as actividades de 2009 da Ciência Viva no Verão 2009. Como no ano passado, as inscrições são on-line e muito fáceis de fazer, havendo cinco opções:
Em breve iremos aqui colocar sugestões e curiosidades, em particular no caso da Geologia...


ADENDA - faz hoje 55 anos que morreu Frida Kahlo...

sexta-feira, julho 10, 2009

Vende-se retrato de dodó

Desenho holandês tem cerca de 350 anos

Ilustração até agora desconhecida do dodó vendida por mais de 71 mil euros
09.07.2009 - 18h35 PÚBLICO

A ilustração data do século XVII

Uma ilustração com 350 anos do dodó, até agora desconhecida, foi leiloada pela Christie’s londrina por 44.450 libras (71.609 euros), informa a casa leiloeira. O preço da venda superou muito as estimativas, que apontavam para um valor entre oito mil e 11 mil euros.

A ilustração é da escola holandesa, mas não tem autor conhecido. Há algumas possibilidades de ter sido feita a partir de um modelo vivo. Algumas destas grandes aves das Maurícias, que não voavam e não fugiam dos humanos (antes da chegada dos homens ao seu habitat, em 1598, não tinham de enfrentar predadores naturais), foram transportadas para a Europa.

A ave deve o nome popular à designação “pássaro doido”, que lhe deram os marinheiros portugueses – que podem ter visitado a ilha em 1507, ainda antes dos holandeses, que a baptizaram. Leva por nome científico “Raphus cucullatus” e seria um parente dos actuais pombos.

Os relatos dos marinheiros dizem que a sua carne sabia mal e era dura – ainda assim, foi caçado até à extinção em 1700. Não resta nenhum exemplar empalhado sequer, apenas alguns restos de ossos. No entanto, em 2005, em escavações nas ilhas Maurícias, foram descobertos vários ossos fossilizados.

A ilustração tem inscrito a palavra “Dronte”, a designação que os holandeses davam a este animal no século XVII. Julian Hume, especialista em dodós e paleontólogo no Museu de História Natural de Londres, comentou ao jornal britânico “The Telegraph” que a imagem é “muito interessante” e inovadora, dado que o animal aparece a três dimensões em lugar do habitual perfil. O desenho tem 26 por 21 centímetros.

“Há sempre muito interesse em material destes porque o dodó despertava uma grande curiosidade. Esta é, certamente, uma imagem pouco comum, apesar de a imagem não ser, francamente, muito boa”, disse outro especialista, Anthony Cheke.



NOTA - havendo um excelente livro de Clara Pinto Correia sobre dodós, é uma pena que não se explore mais estes assuntos e se continue a publicar textos com alguns erros científicos...

Calvino nasceu há 500 anos

O reformador protestante francês, em cuja terra natal assisti ao eclipse total do Sol de 1999 (a 11 de Agosto) nasceu há 500 anos:
João Calvino (Noyon, 10 de Julho de 1509 — Genebra, 27 de Maio de 1564) foi um teólogo cristão francês. Calvino teve uma influência muito grande durante a Reforma Protestante, uma influência que continua até hoje. Portanto, a forma de Protestantismo que ele ensinou e viveu é conhecido por alguns pelo nome Calvinismo, mesmo se o próprio Calvino teria repudiado contundentemente este apelido. Esta variante do Protestantismo viria a ser bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países Baixos, África do Sul (entre os africânderes), Inglaterra, Escócia e Estados Unidos da América.



quinta-feira, julho 09, 2009

Pesquisa de petróleo em Portugal


Informação recebida da Fábrica Ciência Viva de Aveiro - via Blog De Rerum Natura:

Espaço Ciência – Café de Ciência

«O petróleo e a pesquisa em Portugal» é tema de conversa com o geólogo Rui Alves Vieira. No dia 15 de Julho, quarta-feira, pelas 21h30, acontece mais um Espaço Ciência – Café de Ciência. O geólogo Rui Alves Vieira é o convidado deste encontro e conversará sobre o petróleo e a sua pesquisa em Portugal. A organização está a cargo da Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro e da Câmara Municipal de Estarreja. A sessão terá lugar na Casa Museu Egas Moniz, em Avanca.

Petróleo (do latim petrus, pedra e oleum, óleo) significa "óleo de rocha" e conhece-se desde a mais remota antiguidade. A primeira menção à sua utilização, figura na Bíblia, que nos diz que Noé, antes de navegar, impermeabilizou a arca com betume, o que nos levaria a cerca de 6000 anos antes de Cristo. Os chineses, egípcios e assírios usaram-no para diversas finalidades – na medicina, na construção, no embalsamamento, etc. – e, em França, a exploração do petróleo de Péchelbronn, começou em 1498. Quando no dia 27 de Agosto de 1859, o Coronel Drake (que não era Coronel) encontrou petróleo numa sondagem realizada a 23 metros de profundidade e iniciou uma produção diária de 25 barris em Titusville, na Pennsylvania (Estados Unidos), certamente não imaginaria que iria moldar para sempre a história da humanidade com o nascimento da indústria petrolífera. Estava finalmente feita a prova de que o petróleo, tão procurado para a iluminação, podia ser encontrado em grandes quantidades.

Rui Alves Vieira tem 30 anos de experiência na pesquisa de hidrocarbonetos em vários países do mundo, nomeadamente em Portugal, onde, durante os últimos 13 anos, tem colaborado com a empresa americana Mohave Oil and Gas Corporation e vem à Casa Museu Egas Moniz conversar sobre petróleo e a sua pesquisa em Portugal, que remonta a 1844 com a descoberta da mina de asfalto denominada Canto de Azeche, situada numa falésia próximo da Praia da Vitória (concelho de Alcobaça). Para além da pavimentação de estradas, o asfalto retirado dessa mina terá sido usado para pavimentar as estações de caminho-de-ferro construídas no final do século XIX e início do século XX.

O Espaço Ciência acontece na Casa Museu Egas Moniz, em Avanca, integrado nas comemorações do 60º aniversário da atribuição do Prémio Nobel da Medicina ao Prof. Egas Moniz. A entrada é livre. Contamos consigo!

Almoço do Agrupamento...

The Clash - Should I stay or should I go




Darling you got to let me know
Should I stay or should I go?
If you say that you are mine
I’ll be here ’til the end of time
So you got to let me know
Should I stay or should I go?

Always tease tease tease
You’re happy when I’m on my knees
One day is fine, next day is black
So if you want me off your back
Well come on and let me know
Should I stay or should I go?

Should I stay or should I go now?
Should I stay or should I go now?
If I go there will be trouble
An’ if I stay it will be double
So come on and let me know!

This indecision’s bugging me
Esta indecision me molesta
If you don’t want me, set me free
Si no me quieres, librame
Exactly who’m I’m supposed to be
Dime que tengo que ser
Don’t you know which clothes even fit me?
¿sabes que ropas me quedan?
Come on and let me know
Me tienes que decir
Should I cool it or should I blow?
¿me debo ir o quedarme?

Split!
Yo me enfrio o lo sufro

Should I stay or should I go now?
yo me enfrio o lo sufro
Should I stay or should I go now?
yo me enfrio o lo sufro
If I go there will be trouble
Si me voy - va a haber peligro
And if I stay it will be double
Si me quedo es doble
So you gotta let me know
Pero me tienes que decir
Should I cool it or should I go?
yo me enfrio o lo sufro

Should I stay or should I go now?
yo me enfrio o lo sufro
If I go there will be trouble
Si me voy - va a haber peligro
And if I stay it will be double
Si me quedo es doble
So you gotta let me know
Pero me tienes que decir
Should I stay or should I go?

Bué...

Para complementar o post anterior, roubado ao Blog De Rerum Natura publicamos outro post, também de Helena Damião:

“Bué da bem”

"Foi fácil. Para mim foi fácil.
Correu bem, espero ter uma nota como deve ser
Correu.
Correu “bué da bem”.
Muito bem.
Muito bem.
O exame correu muito bem, era muito fácil.
Era difícil.
Não, eu acho que era bastante acessível.
Foi acessível, foi relativamente fácil.
Era muito fácil, era para atrasados mentais.
Era facílimo.
Era básico, completamente.
Completamente
Exactamente."


Não, não se trata de um poema experimental, pós-moderno. É, na óptica da Senhora Ministra da Educação e de um Senhor Secretário de Estado, o resultado da "campanha de facilitismo" de jornalistas, comentadores, associações científicas e outros.

Pode o leitor ver aqui o filme de onde foram extraídas as palavras de alunos, acima transcritas.

A Ministra da Educação e o facilitismo

Do Blog De Rerum Natura publicamos o seguinte post, da pedagoga Helena Damião:

A propósito da publicação dos primeiros resultados dos exames nacionais do Ensino Secundário li hoje coisas extraordinárias que, a esta hora, já devem ser do conhecimento dos leitores.

Uma delas foi o facto de, quando confrontada com as baixas classificações obtidas num dos exames, a Senhora Ministra da Educação ter percebido o que muita gente minimamente atenta ao estado da educação, com destaque para os professores, tem vindo a sugerir: os alunos demonstram progressivamente “menos investimento, menos trabalho e menos estudo”.

É evidente que tal afirmação e tal conjectura são impossíveis de provar de modo inequívoco, pois os exames não têm mantido grande estabilidade de ano para ano, tanto em termos de estrutura como de grau de dificuldade. Porém, ao levantarem uma forte suspeita de existência de um problema, seria razoável que a responsável máxima pela educação nacional dissesse ou pensasse algo do género: “é preciso percebermos o significado deste abaixamento do rendimento escolar. De onde é que ele decorre? Quais são as suas consequências? O que poderemos fazer para o superar?”.

Provavelmente ficaríamos um pouco admirados, pois já nos habituámos a que a Senhora Ministra nos diga estar tudo a correr na perfeição, mas creio que aceitaríamos que, por fim, partilhasse um sentimento aparentemente transversal na nossa sociedade.

Não foi isso, no entanto, que sucedeu. O que sucedeu foi ainda mais extraordinário: a Senhora Ministra afirmou que a responsabilidade pelo abaixamento de resultados académicos dos alunos é da… comunicação social. E porquê? Porque tem dado a ideia de que os exames são fáceis!

É claro que não se esperava que a Senhora Ministra imputasse esta responsabilidade ao seu próprio Ministério, e bem podia tê-lo feito, pois os currículos e os programas têm a sua chancela, os exames e as respectivas grelhas de correcção são construídos lá, isto para não falar das sinuosidades da formação de professores, da impraticabilidade do modelo de avaliação do desempenho docente, do muito polémico estatuto do aluno, da caixa de Pandora que é as "Novas Oportunidades".

Mas sempre podia ter imputado a responsabilidade aos professores (já é comum, ninguém estranharia, a menos que neste momento não seja conveniente); aos pais e encarregados de educação (por eventualmente não cuidarem que seus educandos estudem, mas talvez isso quebrasse a paz instalada); ou aos próprios alunos (pois são eles, afinal, que, como se diz, "constroem a sua própria aprendizagem")…

Não: a Senhora Ministra responsabilizou quem menos se esperava: os jornalistas, que vão dando conta do que acontece, daquilo que as pessoas fazem e dizem. Para mim é impensável a medida que, adoptando uma lógica básica, ela pode querer tomar para que os alunos voltem a ter sucesso...

Ainda mais extraordinário foi o eco ampliado que as palavras da Senhora Ministra tiveram nas de um Secretário de Estado da Educação, que, além desses responsáveis, encontrou outros, a saber: comentadores, partidos, pessoas com encargos políticos e, pasme-se, a Sociedade Portuguesa de Matemática, que tem efectuado um trabalho muito meritório de observação sistemática e atempada dos exames e das condições em que eles decorrem.

Nas palavras da Senhora Ministra e do Senhor Secretário de Estado são estes e não outros os grandes culpados das classificações que os nossos estudantes obtêm. Pois estão, certamente, todos concertados, numa "campanha de facilitismo", "preconceituosa", reveladora de "ignorância", induzindo os alunos e as suas famílias em erro quanto à facilidade dos exames. São estes e não outros os que promovem “um desincentivo ao estudo e ao trabalho”...

Asas Velhas

Do Blog Ciência Ao Natural, do paleontólogo Luís Azevedo Rodrigues, com a devida vénia, roubámos o seguinte post:

Megatypus schucherti_wing (Small).jpgDe um tempo em que não eram aves ou mamíferos os voadores.

Outros cavalgavam os ventos, em florestas cerradas.
Com alas imensas.
Ventos passados, outras asas.


"The largest insect to have ever lived was Meganeuropsis permiana, from the Early Permian of Elmo, Kansas, and Midco, Oklahoma (...). This magnificent griffenfly attained wingspans of approximately 710 mm, which dwarfs the largest odonates found today. Protodonatans were almost certainly predaceous, as all nymphal and adult odonates are today.
Most fossils of these insects consist only of wings, but among the few preserved body parts are large, toothed mandibles, enormous compound eyes, and stout legs with spines, thrust forward in a similar manner to Odonata - all indicative of their being aerial predators."

Evolution of Insects, pp. 175-176


Referrências:
David Grimaldi and Michael S. Engel. Evolution of the Insects. Cambridge University Press 2005

Imagem:
Megatypus schucherti (Meganeuridae: Protodonata), Evolution of the Insects.

Mais uma bonita música




And now, the end is near,
And so I face the final curtain.
My friends, I'll say it clear;
I'll state my case of which I'm certain.

I've lived a life that's full -
I've travelled each and every highway.
And more, much more than this,
I did it my way.

Regrets? I've had a few,
But then again, too few to mention.
I did what I had to do
And saw it through without exemption.

I planned each charted course -
Each careful step along the byway,
And more, much more than this,
I did it my way.

Yes, there were times, I'm sure you knew,
When I bit off more than I could chew,
But through it all, when there was doubt,
I ate it up and spit it out.
I faced it all and I stood tall
And did it my way.

I've loved, I've laughed and cried,
I've had my fill - my share of losing.
But now, as tears subside,
I find it all so amusing.

To think I did all that,
And may I say, not in a shy way -
Oh no. Oh no, not me.
I did it my way.

For what is a man? What has he got?
If not himself - Then he has naught.
To say the things he truly feels
And not the words of one who kneels.
The record shows I took the blows
And did it my way.

quarta-feira, julho 08, 2009

terça-feira, julho 07, 2009

Música adequada ao dia

Como hoje tive de usar gravata, ao dar posse ao novo Director da minha Escola, uma música sempre actual para disfarçar...





Homem do leme - Xutos & Pontapés

Sozinho na noite
um barco ruma para onde vai.
Uma luz no escuro brilha a direito
ofusca as demais.

E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo, impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme...

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...

No fundo do mar
jazem os outros, os que lá ficaram.
Em dias cinzentos
descanso eterno lá encontraram.

E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo, impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme...

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...

No fundo horizonte
sopra o murmúrio para onde vai.
No fundo do tempo
foge o futuro, é tarde demais...

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...

O Blog Geopedrados faz 4 anos!

O Blog Geopedrados faz hoje 4 aninhos...!

Aos nossos leitores, colaboradores e afins os nossos agradecimentos - sem vocês há muito que tínhamos desistido...!




segunda-feira, julho 06, 2009

Saíram as Listas...

Para os colegas cujo longo calvário de andar com a trouxa às costas, de Escola em Escola, ainda perdura, aqui fica a informação - AS LISTAS DE DGRHE SAÍRAM...!

Página das Listas - AQUI:

Pagina das Colocações/Não colocações - AQUI:

Outra tourada...

Fernando Tordo - Tourada



Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro aos milhões.

E diz o inteligente
que acabaram as canções...

domingo, julho 05, 2009

Música para a ocasião


Há cultura e tradição no Parlamento...!

(Clicar para aumentar - os nossos agradecimentos ao Blog Arrastão, pela execução, e ao António Maduro, pelo envio...)

Ciência na Rua 09 - Evento Científico-Cultural nas ruas de Estremoz


Artes e Ciências unidas em Estremoz, em torno do tema "Evolução"

11 e 12 de Julho de 2009

Passados 200 anos do nascimento de Darwin e 150 anos de Darwin ter escrito "A origem das espécies", matemáticos, químicos, físicos, geólogos e biólogos juntam-se a 9 companhias artísticas, nacionais e estrangeiras, criando e interpretando, à sua maneira, algumas das etapas mais significativas da Evolução da Vida no Nosso Planeta.

(clicar para aumentar)

A Teoria da Evolução, sem dúvida, faz já parte do nosso imaginário. No entanto, muitos de nós desconhecemos alguns dos princípios básicos que lhe estão associados.

O Centro Ciência Viva de Estremoz em colaboração com a Câmara Municipal de Estremoz, propõem-se reviver algumas das principais etapas da evolução da Vida no nosso Planeta. A ideia base da Ciência na Rua 2009 consiste na recriação, durante duas noites consecutivas, de 7 grandes etapas evolutivas que serão levadas a efeito em 7 locais públicos da cidade de Estremoz. Nestas recriações, o teatro, a música e a dança serão formas de expressão privilegiadas.

Associado a cada momento haverá um "quiosque da ciência" onde experiências, ao dispor do visitante, permitem que este se aperceba da explicação científica do fenómeno.



sábado, julho 04, 2009

Maria Teresa de Noronha


Caminhos sem fim - Maria Teresa de Noronha

Paleontologia australiana - novidades

Dois herbívoros gigantes e um carnívoro vieram renovar a paleontologia da Austrália

Canção Waltzing Matilda dá nome a dinossauros australianos
03.07.2009 - 21h10 Nicolau Ferreira


O investigador australiano Hocknull defende que ainda há muitos fósseis por descobrir

O hino não oficial australiano Waltzing Matilda alastrou a sua influência para a paleontologia, depois de dar nome a dois dinossauros que morreram num billabong – o nome nativo para lagos em forma de U formados a partir de antigos meandros de rio – há 98 milhões de anos. Na Austrália, o billabong está associado a fantasmas e monstros e é uma peça importante no poema de Banjo Patterson. A partir de agora os répteis gigantes fazem parte deste imaginário.

Os paleontólogos que fizeram esta associação pertencem à Australian Age of Dinosaurs Museum e ao Queensland Museum, e descobriram três novos dinossauros entre outras espécies animais do Cretácico médio, em dois lugares da formação geológica de Winton, no Estado de Queensland, no Nordeste da Austrália. O artigo sobre a descoberta foi publicado na “Public Library of Science One”.

As três novas espécies de dinossauros têm 98 milhões de anos, e caminhavam na Terra numa altura em que a Austrália ainda não se tinha separado completamente da Antárctida. Os paleontólogos descobriram ossadas de dois saurópodes – dinossauros gigantes herbívoros, com pescoços longos – e de um terópode, um carnívoro bípede que Scott Hocknull, o primeiro autor do artigo, definiu como “a chita do seu tempo”.

O Australovenator wintonensis, apelidado de Banjo, era ágil, leve e “a reposta australiana ao velociraptor, mas maior e mais aterrador”, disse em comunicado o paleontólogo do museu de Queensland. “Ele podia ir atrás das presas facilmente em campo aberto. A sua característica mais distintiva eram três grandes garras em cada mão, os seus braços eram a sua arma principal.” O fóssil encontrado é o esqueleto mais completo de dinossauros carnívoros que se conhece na Austrália e lança luz para o grupo ancestral que evoluiu nos maiores carnívoros de sempre, como o Carcharodontosaurus.

Os dois herbívoros pertencem ao grupo dos titanossauros, os maiores saurópodes de sempre. Witonotitan wattsi, também conhecido como Clancy, seria um animal maior e mais grácil que estaria num nicho ecológico equivalente ao da girafa, já Matilda, Diamantinasaurus matildae, representaria uma espécie mais parecida com um hipopótamo.

Matilda foi encontrada junto de Banjo, provavelmente morreram os dois dentro de um billabong. “É fenomenal encontrar dois dinossauros no mesmo local”, disse ao “TimesHocknull. “Há uma ponta de mistério para a causa dos dois estarem ali. Talvez se tenham afogado ou o herbívoro pode ter ficado preso na lama, o que atraiu o carnívoro para a sua própria morte.” Nunca se saberá o que aconteceu, mas ainda hoje há gado a cair em lagos como este.

Os paleontólogos apelidaram-nos com estes nomes em memória do poeta australiano Banjo Patterson que compôs em 1885 Waltzing Matilda, uma canção famosa na Austrália que foi feita em Winton, a região onde se descobriram os fósseis. A canção conta a história de um vagabundo de trouxa às costas que descansava à beira de um billabong e caçou uma ovelha selvagem que estava a beber água no lago. Quando aparece um grupo de polícias, o vagabundo esconde-se no lago com a sua ovelha e acaba por morrer. “Os billabong fazem parte do imaginário da Austrália porque associamos ao mistério, aos fantasmas e monstros”, disse Hocknull.

Esta história ficou contada, mas a região guarda ainda muitos fósseis, abrindo uma nova etapa para a paleontologia na Austrália. “Esta é apenas a ponta do iceberg”, refere o autor.



NOTA: o tal hino não oficial do continente-ilha, referido na notícia, é este, aqui em duas versões (eu prefiro a da voz rouca de Tom Waits):




Maria Teresa de Noronha - 16 anos de saudade


A outra Amália do século XX, a aristocrática cantora de fado que muitos ainda recordam, tem nome e muitos ainda a reconhecem: Maria Teresa de Noronha.

Morreu faz hoje 16 anos - aqui fica a sua voz para matar a saudade:


FADO DAS HORAS - MARIA TERESA DE NORONHA


Chorava por te não ver...

Por te ver eu choro agora,

Mas choro só por querer,

Querer ver-te a toda a hora!



Deixa-te estar a meu lado

E não mais te vás embora

P´ra o meu coração, coitado,

Viver na vida uma hora!



Passa o tempo de corrida;

Quando falas eu te escuto.

Nas horas da nossa vida

Cada hora é um minuto!



Quando estás ao pé de mim

Sinto-me dona do Mundo,

Mas o tempo é tão ruim...

Tem cada hora um segundo!

sexta-feira, julho 03, 2009

Música para a ocasião

The Pogues - Fiesta

quinta-feira, julho 02, 2009

Saudades de Sophia

Regressarei

Eu regressarei ao poema como à pátria à casa
Como à antiga infância que perdi por descuido
Para buscar obstinada a substância de tudo
E gritar de paixão sob mil luzes acesas

in O nome das coisas (1977) - Sophia de Mello Breyner Andresen

Pega de cernelha político-poética

"Ai, flores, ai, flores do verde pinho,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?

(...)

E eu ben vos digo que é sano e vivo
e seerá vosco ante o prazo saido.
Ai, Deus, e u é?"


in Blog 31 da Armada

Prisão de Coimbra acolhe Exposição de Astronomia


Informação recebida da organização do Ano Internacional da Astronomia, via Blog De Rerum Natura:

O Estabelecimento Prisional de Coimbra (EPC) acolhe "Da Terra ao Universo" ("From Earth To The Universe" - FETTU), uma exposição fora de comum, que apresenta alguns dos mais belos elementos do nosso Universo.

Encontro invulgar com a ciência promovido pelo Ano Internacional da Astronomia (AIA2009), "Da Terra ao Universo" não tem lugar marcado. Com o apoio das câmaras municipais e de diversas instituições, mostra, durante todo o ano, de Norte a Sul de Portugal (nas paragens de autocarros, nos jardins, museus, centros comerciais, nas estações de metro, nos parques públicos e desde Maio nas prisões), a estonteante beleza do Universo.

O conjunto de 10 imagens astronómicas de grandes dimensões que compõe a exposição dá a conhecer, entre outros, a Nebulosa da Cabeça de Cavalo, a Galáxia Whirlpool, o relevo da Lua, as protuberâncias solares e o remanescente de Supernova da Vela.

O projecto "From Earth To The Universe" (FETTU) foi apresentado na sede da UNESCO em Paris, em Janeiro passado. Perto de 50 países estão neste momento envolvidos na exposição que pretende, de uma maneira inesperada mas, contudo, acessível, fazer chegar a astronomia ao público em geral.

O Ano Internacional de Astronomia desafiou por outro lado todos os amadores de fotografia a sair para a rua e a "imortalizar" a presença inédita dessas imagens astronómicas no quotidiano das nossas cidades. As mais belas fotografias do certame estão publicadas online (aqui).

O AIA 2009 é coordenado em Portugal pela Sociedade Portuguesa de Astronomia, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, da Agência Nacional Ciência Viva, do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e da Fundação Calouste Gulbenkian.

Fanhais canta Sophia


Cantata da Paz - Francisco Fanhais

Cantata de paz

Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror

A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças

D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado.

PS - a mesma canção, em versão um pouco diferente, com homenagem ao António Aleixo, aqui em filme:

Sophia - 5 anos de saudade

Partiu, faz hoje 5 anos, como uma onda que morre suavemente ao embater na praia, uma das grandes poetisas portuguesas - a que eu mais amo... Porque nunca morrerá nos nossos corações, aqui fica uma sua poesia transformada em canção de protesto pelo ex-padre Francisco Fanhais:

Porque - Francisco Fanhais


Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.

Por que os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

AQUI POSTO DE COMANDO...



Por não querer aquilo que me é dado
Por não querer nem governo nem estado
Por não ter nada e por tudo querer
Esquadrão da morte faz-me correr

Por não querer aquilo que me é dado
Por não querer nem governo nem estado
Por não ter nada e por tudo querer
Esquadrão da morte faz-me correr

Eles ai ai estão, já lhes sinto o bafo
Dobro uma esquina a ver se me safo
Por aí não que não tem saída
Muito cuidado que arriscas a vida

A noite é dia, e o dia é de noite
Não tenho sítio onde me acoite
Esquadrão da morte avança no escuro
E sigo em frente a sombra do muro
E sigo o cheiro na escuridão
Que me conduz onde está a razão
E sigo o cheiro da escuridão
Que me conduz onde está a razão

Sangue na boca da queda de há pouco
Tento falar só sai um grito rouco
Num beco sujo, num vão de escada
Dois tiros secos e não resta nada

Por isso eu ponho, eu ponho a questão
Onde mas onde se esconde a razão
Por isso eu ponho, eu ponho a questão
Onde mas onde se esconde a razão

Por isso eu ponho, eu ponho a questão
Onde mas onde se esconde a razão
Por isso eu ponho, eu ponho a questão
Onde mas onde se esconde a razão

quarta-feira, julho 01, 2009

Música para conhecedores




Longa se torna a espera - Sétima Legião

E quando eu descobrir o segredo
Da neblina cinzenta
O que torna a agua barrenta
E sem perdão me esmaga o peito

E quando se levanta de repente
A névoa que cobre o rio
Que gela tudo de frio
E escurece a corrente

Longa se torna a espera
Na névoa que cobre o rio
Lenta vem a galera
Na noite quieta de frio
E quando...

E quando eu apanhar finalmente
O barco para a outra margem
Outra que finde a viagem
Onde se espere por mim

Terei, terei mais uma vez a forca
Para enfrentar tudo de novo
Como a galinha e o ovo
Num repetir de desgraças

Longa se torna a espera
Na névoa que cobre o rio
Lenta vem a galera
Na noite quieta de frio
E quando...

PS - para os puristas, a versão (quase) original dos Xutos, de 1996 (a primeira é de 84...):


NOTA: fez ontem 50 anos que morreu o poeta Reinaldo Ferreira, bastante conhecido por algumas letras imortais de canções - recordemos este grande poeta, que morreu tão novo, com uma sua poesia:


Haja névoa

Haja névoa!
Dancem os véus na minha alma
(E externos nas luzes próximas,
Que se recusam como estrelas na distância).
Haja névoa!
Paire nela a memória dos maníacos
Sonhando na penumbra dos portais
Assassínios brutais.
Haja, haja névoa!
Aqui e além no mar.
No mar, nos mares, para que todas as viagens,
Para que todos os barcos em todas as paragens,
Na iminência dos naufrágios improváveis
- Improváveis, possíveis -,
Se gastem nos avisos aflitos
Das luzes, dos rádios, dos radares,
Dos gritos
Dos apitos.
Haja, haja névoa...
Desgastem-se os contornos
Das coisas excessivamente conhecidas.
Não haja céu sequer.
Névoa, só névoa!
E eu, nas ruas distorcidas,
Livre e tão leve
Como se fosse eu próprio a névoa
Da noite longa duma existência breve.


domingo, junho 28, 2009

Música que não me sai do ouvido há anos

EZ Special - Daisy


sexta-feira, junho 26, 2009

Dia Mundial de Luta Contra a Droga

Pink - Sober




I don't wanna be the girl who laughs the loudest
Or the girl who never wants to be alone
I don't wanna be that call at four o'clock in the morning
'Cause I'm the only one you know in the world that won't be home

Aahh, the sun is blinding
I stayed up again
Oohh, I am finding
That's not the way I want my story to end

I'm safe
Up high
Nothing can touch me
But why do I feel this party's over?
No pain
Inside
You're my protection
But how do I feel this good sober?

I don't wanna be the girl who has to fill the silence...
The quiet scares me 'cause it screams the truth
Please don't tell me that we had that conversation
When I won't remember, save your breath, 'cause what's the use?

Aahh, the night is calling
And it whispers to me softly, "come and play"
Aahh, I am falling
And if I let myself go, I'm the only one to blame

I'm safe
Up high
Nothing can touch me
But why do I feel this party's over?
No pain
Inside
You're like perfection
But how do I feel this good sober?


Comin' down
Comin' down
Comin' down
Spinnin' round
Spinnin' round
Spinnin' round
Looking for myself... Sober

When it's good, then it's good, it's so good, 'till it goes bad
Till you're trying to find the you that you once had
I have heard myself cry
Never again
Broken down in agony
And just trying to find a friend

I'm safe
Up high
Nothing can touch me
But why do I feel this party's over?
No pain
Inside
You're like perfection
But how do I feel this good sober?


How do I feel this good sober?

In memoriam - Michal Jackson

Morreu o Rei da Música Pop...


Poesia para a ocasião


Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.


Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

in Poemas de Deus e do Diabo - José Régio

quinta-feira, junho 25, 2009

A primeira Taça é foi dos estudantes, há 70 anos



A Académica de Coimbra assinala hoje a passagem de 70 anos sobre a conquista da primeira edição da Taça de Portugal de futebol, que subsiste como feito desportivo mais importante da história do clube.

"Esse facto significa o ponto alto da Académica. Não diminui o desempenho dos anos 60 (2.º lugar no campeonato e presença em duas finais da Taça de Portugal), mas esta foi a única Taça que conquistámos", disse à Agência Lusa o vice-presidente da Académica para a Cultura, Gonçalo Reis Torgal, de 78 anos.

Reis Torgal recordou que, com oito anos, acompanhou a final de 25 de Junho de 1939 através de um aparelho de rádio que o pai colocou na varanda de casa, em Souselas, para toda a gente ouvir o relato da vitória da Académica sobre o Benfica, por 4-3, no campo das Salésias, "Depois fui com ele à chegada dos jogadores a Coimbra", disse o dirigente.

As memórias de Reis Torgal não se ficam por aqui: acompanhou ao vivo as outras três finais no Estádio Nacional: em 1951, com a Académica a perder com o Benfica por 1-5; em 1967, derrota da Briosa por 2-3 com o Vitória de Setúbal, após três prolongamentos e em 1969, derrota por 1-2, com o Benfica, também após prolongamento.

"Foi uma odisseia tremenda. Tenho uma imagem muito grande da minha participação activa, como adepto, nestas quatro finais", concluiu Reis Torgal.

Reis Torgal, após a saída do vice-presidente para o futebol, Jorge Alexandre, ascendeu na hierarquia do clube a vice-presidente efectivo, mas rejeitou qualquer eventual subida a vice-presidente do futebol, continuando com este pelouro da cultura.

Até à final de 1939, a Briosa eliminou o Sporting da Covilhã, o Académico do Porto e o Sporting Clube de Portugal na sua caminhada imparável até à final.

Tibério, José Maria Antunes, Portugal, Faustino, César Machado, Octaviano, Manuel Costa, Arnaldo Carneiro, Alberto Gomes, Nini e Pimenta foram os jogadores que alinharam na altura. O treinador era Albano Paulo e os marcadores foram Pimenta (36), Alberto Gomes (46) e Arnaldo Carneiro (52 e 53).

Música a pedido

EZ-SPECIAL - My Explanation