Dois herbívoros gigantes e um carnívoro vieram renovar a paleontologia da Austrália
Canção Waltzing Matilda dá nome a dinossauros australianos
03.07.2009 - 21h10 Nicolau Ferreira
O hino não oficial australiano Waltzing Matilda alastrou a sua influência para a paleontologia, depois de dar nome a dois dinossauros que morreram num billabong – o nome nativo para lagos em forma de U formados a partir de antigos meandros de rio – há 98 milhões de anos. Na Austrália, o billabong está associado a fantasmas e monstros e é uma peça importante no poema de Banjo Patterson. A partir de agora os répteis gigantes fazem parte deste imaginário.
Os paleontólogos que fizeram esta associação pertencem à Australian Age of Dinosaurs Museum e ao Queensland Museum, e descobriram três novos dinossauros entre outras espécies animais do Cretácico médio, em dois lugares da formação geológica de Winton, no Estado de Queensland, no Nordeste da Austrália. O artigo sobre a descoberta foi publicado na “Public Library of Science One”.
As três novas espécies de dinossauros têm 98 milhões de anos, e caminhavam na Terra numa altura em que a Austrália ainda não se tinha separado completamente da Antárctida. Os paleontólogos descobriram ossadas de dois saurópodes – dinossauros gigantes herbívoros, com pescoços longos – e de um terópode, um carnívoro bípede que Scott Hocknull, o primeiro autor do artigo, definiu como “a chita do seu tempo”.
O Australovenator wintonensis, apelidado de Banjo, era ágil, leve e “a reposta australiana ao velociraptor, mas maior e mais aterrador”, disse em comunicado o paleontólogo do museu de Queensland. “Ele podia ir atrás das presas facilmente em campo aberto. A sua característica mais distintiva eram três grandes garras em cada mão, os seus braços eram a sua arma principal.” O fóssil encontrado é o esqueleto mais completo de dinossauros carnívoros que se conhece na Austrália e lança luz para o grupo ancestral que evoluiu nos maiores carnívoros de sempre, como o Carcharodontosaurus.
Os dois herbívoros pertencem ao grupo dos titanossauros, os maiores saurópodes de sempre. Witonotitan wattsi, também conhecido como Clancy, seria um animal maior e mais grácil que estaria num nicho ecológico equivalente ao da girafa, já Matilda, Diamantinasaurus matildae, representaria uma espécie mais parecida com um hipopótamo.
Matilda foi encontrada junto de Banjo, provavelmente morreram os dois dentro de um billabong. “É fenomenal encontrar dois dinossauros no mesmo local”, disse ao “Times” Hocknull. “Há uma ponta de mistério para a causa dos dois estarem ali. Talvez se tenham afogado ou o herbívoro pode ter ficado preso na lama, o que atraiu o carnívoro para a sua própria morte.” Nunca se saberá o que aconteceu, mas ainda hoje há gado a cair em lagos como este.
Os paleontólogos apelidaram-nos com estes nomes em memória do poeta australiano Banjo Patterson que compôs em 1885 Waltzing Matilda, uma canção famosa na Austrália que foi feita em Winton, a região onde se descobriram os fósseis. A canção conta a história de um vagabundo de trouxa às costas que descansava à beira de um billabong e caçou uma ovelha selvagem que estava a beber água no lago. Quando aparece um grupo de polícias, o vagabundo esconde-se no lago com a sua ovelha e acaba por morrer. “Os billabong fazem parte do imaginário da Austrália porque associamos ao mistério, aos fantasmas e monstros”, disse Hocknull.
Esta história ficou contada, mas a região guarda ainda muitos fósseis, abrindo uma nova etapa para a paleontologia na Austrália. “Esta é apenas a ponta do iceberg”, refere o autor.
03.07.2009 - 21h10 Nicolau Ferreira
O investigador australiano Hocknull defende que ainda há muitos fósseis por descobrir
O hino não oficial australiano Waltzing Matilda alastrou a sua influência para a paleontologia, depois de dar nome a dois dinossauros que morreram num billabong – o nome nativo para lagos em forma de U formados a partir de antigos meandros de rio – há 98 milhões de anos. Na Austrália, o billabong está associado a fantasmas e monstros e é uma peça importante no poema de Banjo Patterson. A partir de agora os répteis gigantes fazem parte deste imaginário.
Os paleontólogos que fizeram esta associação pertencem à Australian Age of Dinosaurs Museum e ao Queensland Museum, e descobriram três novos dinossauros entre outras espécies animais do Cretácico médio, em dois lugares da formação geológica de Winton, no Estado de Queensland, no Nordeste da Austrália. O artigo sobre a descoberta foi publicado na “Public Library of Science One”.
As três novas espécies de dinossauros têm 98 milhões de anos, e caminhavam na Terra numa altura em que a Austrália ainda não se tinha separado completamente da Antárctida. Os paleontólogos descobriram ossadas de dois saurópodes – dinossauros gigantes herbívoros, com pescoços longos – e de um terópode, um carnívoro bípede que Scott Hocknull, o primeiro autor do artigo, definiu como “a chita do seu tempo”.
O Australovenator wintonensis, apelidado de Banjo, era ágil, leve e “a reposta australiana ao velociraptor, mas maior e mais aterrador”, disse em comunicado o paleontólogo do museu de Queensland. “Ele podia ir atrás das presas facilmente em campo aberto. A sua característica mais distintiva eram três grandes garras em cada mão, os seus braços eram a sua arma principal.” O fóssil encontrado é o esqueleto mais completo de dinossauros carnívoros que se conhece na Austrália e lança luz para o grupo ancestral que evoluiu nos maiores carnívoros de sempre, como o Carcharodontosaurus.
Os dois herbívoros pertencem ao grupo dos titanossauros, os maiores saurópodes de sempre. Witonotitan wattsi, também conhecido como Clancy, seria um animal maior e mais grácil que estaria num nicho ecológico equivalente ao da girafa, já Matilda, Diamantinasaurus matildae, representaria uma espécie mais parecida com um hipopótamo.
Matilda foi encontrada junto de Banjo, provavelmente morreram os dois dentro de um billabong. “É fenomenal encontrar dois dinossauros no mesmo local”, disse ao “Times” Hocknull. “Há uma ponta de mistério para a causa dos dois estarem ali. Talvez se tenham afogado ou o herbívoro pode ter ficado preso na lama, o que atraiu o carnívoro para a sua própria morte.” Nunca se saberá o que aconteceu, mas ainda hoje há gado a cair em lagos como este.
Os paleontólogos apelidaram-nos com estes nomes em memória do poeta australiano Banjo Patterson que compôs em 1885 Waltzing Matilda, uma canção famosa na Austrália que foi feita em Winton, a região onde se descobriram os fósseis. A canção conta a história de um vagabundo de trouxa às costas que descansava à beira de um billabong e caçou uma ovelha selvagem que estava a beber água no lago. Quando aparece um grupo de polícias, o vagabundo esconde-se no lago com a sua ovelha e acaba por morrer. “Os billabong fazem parte do imaginário da Austrália porque associamos ao mistério, aos fantasmas e monstros”, disse Hocknull.
Esta história ficou contada, mas a região guarda ainda muitos fósseis, abrindo uma nova etapa para a paleontologia na Austrália. “Esta é apenas a ponta do iceberg”, refere o autor.
NOTA: o tal hino não oficial do continente-ilha, referido na notícia, é este, aqui em duas versões (eu prefiro a da voz rouca de Tom Waits):