sexta-feira, agosto 16, 2013

António Nobre nasceu há 146 anos


António Pereira Nobre (Porto, 16 de agosto de 1867 - Foz do Douro, 18 de março de 1900), mais conhecido como António Nobre, foi um poeta português cuja obra se insere nas correntes ultra-romântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra, (Paris, 1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e com a rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas. Apesar da sua produção poética mostrar uma clara influência de Almeida Garrett e de Júlio Dinis, ela insere-se decididamente nos cânones do simbolismo francês. A sua principal contribuição para o simbolismo lusófono foi a introdução da alternância entre o vocabulário refinado dos simbolistas e um outro mais coloquial, reflexo da sua infância junto do povo nortenho. Faleceu com apenas 32 anos de idade, após uma prolongada luta contra a tuberculose pulmonar.


O Meu Cachimbo

Ó meu cachimbo! Amo-te imenso!
Tu, meu turíbudo sagrado!
Com que, bom Abade, incenso
A Abadia do meu passado.

Fumo? E ocorre-me à lembrança
Todo esse tempo que lá vai,
Quando fumava, ainda criança,
Ás escondidas do meu Pai.

Vejo passar a minha vida,
Como n'um grande cosmorama:
Homem feito, pallida Ermida,
Infante, pela mão da ama...

Por alta noite, ás horas mortas,
Quando não se ouve pio, ou voz,
Fecho os meus livros, fecho as portas
Para falar contigo a sós.

E a noite perde-se em cavaco,
Na Torre d'Anto, aonde eu moro!
Ali, metido no buraco,
Fumo e, a fumar, ás vezes... choro.

Chorando (penso e não o digo)
Os olhos fitos neste chão,
Que tu és leal, és meu amigo...
Os meus amigos onde estão?

Não sei. Trá-los-á o «nevoeiro»...
Os três, os íntimos, Aqueles,
Estão na Morte, no estrangeiro...
Dos mais não sei, perdi-me d'eles.

Morreram-me uns. Por eles peço
A Deus, quando está de maré:
E, ás noites, quando eu adormeço,
Fantasmas, vêm, pé ante pé...

Tristes, nostálgicos da cova,
Entram. Sorrio-lhes e falo...
Deixam-se estar na minha alcova,
Até se ouvir cantar o galo...

Outros, por esses cinco oceanos,
Por esse mundo erram, talvez...
Não me escreveis, há tantos anos!
Que será feito de vocês?

Hoje, delicias do abandono!
Vivo na paz, vivo no limbo:
Os meus amigos são o Outono,
O Mar e tu, ó meu Cachimbo!

Ah! quando for do meu enterro,
Quando eu partir gelado, enfim,
No meu caixão de mogno e ferro,
Quero que vás ao pé de mim.

Santa mulher que me tratares,
Quando em teus braços desfaleça,
Caso meus olhos não cerrares,
Embora! Que isto não te esqueça:

Coloca, sob a travesseira,
O meu cachimbo singular
E enche-o, solícita enfermeira,
Com Gold-Fly, para eu fumar...

Como passar a noite, amigo!
No Hotel da Cova sem conforto?
Assim, levando-te comigo,
Esquecer-me-ei de que estou morto...


in Só (1892) - António Nobre

Dorival Caymmi morreu há 5 anos

Dorival Caymmi (Salvador, 30 de abril de 1914 - Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2008) foi um cantor, compositor, violonista, pintor e ator brasileiro.
Compôs inspirado pelos hábitos, costumes e as tradições do povo baiano. Tendo como forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos, sensualidade e riqueza melódica. Morreu em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, em casa, às seis horas da manhã, por conta de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos, em consequência de um cancro renal  que possuía há 9 anos e o mantinha doente em casa desde dezembro de 2007. Poeta popular, compôs obras como Saudade de Bahia, Samba da minha Terra, Doralice, Marina, Modinha para Gabriela, Maracangalha, Saudade de Itapuã, O Dengo que a Nega Tem, Rosa Morena.
Filho de Durval Henrique Caymmi e Aurelina Soares Caymmi, era casado com Adelaide Tostes, a cantora Stella Maris. Todos os seus três filhos são também cantores: Dori Caymmi, Danilo Caymmi e Nana Caymmi.
   
Dorival Caymmi em 1938
   
Vida
Caymmi era descendente de italianos pelo lado paterno, as gerações da Bahia começaram com o seu bisavô, que chegou ao Brasil para trabalhar no reparo do Elevador Lacerda e cujo nome era grafado Caimmi. Ainda criança, iniciou sua atividade como músico, ouvindo parentes ao piano. Seu pai era funcionário público e músico amador, tocava, além de piano, violão e bandolim. A mãe, dona de casa, mestiça de portugueses e africanos, cantava apenas no lar. Ouvindo o fonógrafo e depois a vitrola, cresceu sua vontade de compor. Cantava, ainda menino, em um coro de igreja, como baixo-cantante. Com treze anos, interrompe os estudos e começa a trabalhar em uma redação de jornal O Imparcial, como auxiliar. Com o fechamento do jornal, em 1929, torna-se vendedor de bebidas. Em 1930 escreveu sua primeira música: 'No Sertão", e aos vinte anos estreou como cantor e violonista em programas da Rádio Clube da Bahia. Já em 1935, passou a apresentar o musical Caymmi e Suas Canções Praieiras. Com 22 anos, venceu, como compositor, o concurso de músicas de carnaval com o samba A Bahia também dá. Gilberto Martins, um diretor da Rádio Clube da Bahia, o incentiva a seguir uma carreira no sul do país. Em abril de 1938, aos 23 anos, Dorival, viaja de Ita (navio que cruza o Brasil do norte até o sul) para cidade do Rio de Janeiro, para conseguir um emprego como jornalista e realizar o curso preparatório de Direito. Com a ajuda de parentes e amigos, fez alguns pequenos trabalhos na imprensa, exercendo a profissão em O Jornal, do grupo Diários Associados, ainda assim, continuava a compor e a cantar. Conheceu, nessa época, Carlos Lacerda e Samuel Wainer.
Foi apresentado ao diretor da Rádio Tupi, e, em 24 de junho de 1938, estreou na rádio cantando duas composições, embora ainda sem contrato. Saiu-se bem como caloiro e iniciou a cantar dois dias por semana, além de participar do programa Dragão da Rua Larga. Neste programa, interpretou O Que é Que a Baiana Tem, composta em 1938. Com a canção, fez com que Carmen Miranda tivesse uma carreira no exterior, a partir do filme Banana da Terra, de 1938. Sua obra invoca principalmente a tragédia de negros e pescadores da Bahia: O Mar, História de Pescadores, É Doce Morrer no Mar, A Jangada Voltou Só, Canoeiro, Pescaria, entre outras. Filho de santo de Mãe Menininha do Gantois, para quem escreveu em 1972 a canção em sua homenagem: "Oração de Mãe Menininha", gravado por grandes nomes como Gal Costa e Maria Bethânia.
   
Obra
O Dorival é um génio. Se eu pensar em música brasileira, eu vou sempre pensar em Dorival Caymmi. Ele é uma pessoa incrivelmente sensível, uma criação incrível. Isso sem falar no pintor, porque o Dorival também é um grande pintor. Cquote2.svg
Nas composições de Caymmi (Maracangalha - 1956; Saudade de Bahia - 1957), a Bahia surge como um local exótico com um discurso típico que estabelecera-se nas primeiras décadas do século XX. Referências à cultura africana, à comida, às danças, à roupa, e, principalmente à religião. Com a Primeira Guerra Mundial, um lundu de autoria anónima, com o nome de "A Farofa", trata não tão somente do conflito como também de dendê e vatapá, na canção "O Vatapá". O compositor José Luís de Moraes, chamado Caninha, utilizou, ainda em 1921, o vocábulo balangandã, no samba "Quem vem atrás fecha a porta". A culinária baiana foi consagrada no maxixe "Cristo nasceu na Bahia", lançado em 1926. No final da década de 1920, é associado à Bahia a mulher que ginga, rebola, requebra, remexe e mexe as cadeiras quando está sambando, o que surpreende na linguística, tendo em vista que o autor não era nativo do Brasil. O primeiro grande sucesso O que é que a baiana tem? cantada por Carmen Miranda em 1939 não só marca o começo da carreira internacional da Pequena Notável vestida de baiana, mas influenciou também a música popular dentro do Brasil, tornou-se conhecida a ponto de ser imitada e parodiada, como no choro "O que é que tem a baiana" de Pedro Caetano e Joel de Almeida ou na canção "A baiana diz que tem" de Raul Torres. Apesar das produções anteriores, as composições de Caymmi são as mais lembradas sobre a cultura baiana.
Cquote1.svg Eu escrevi 400 canções e Dorival Caymmi 70. Mas ele tem 70 canções perfeitas e eu não. Cquote2.svg


quinta-feira, agosto 15, 2013

Napoleão Bonaparte nasceu há 244 anos

O primeiro-cônsul Napoleão cruzando os Alpes na passagem de Grande São Bernardo, por Jacques-Louis David, 1800, no Kunsthistorisches Museum

Napoleão Bonaparte (em francês: Napoléon Bonaparte, nascido Napoleone di Buonaparte; Ajaccio, 15 de agosto de 1769 - Santa Helena, 5 de maio de 1821) foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Adotando o nome de Napoleão I, foi imperador da França de 18 de maio de 1804 a 6 de abril de 1814, posição que voltou a ocupar, por poucos meses, em 1815 (20 de março a 22 de junho). A sua reforma legal, o Código Napoleónico, teve uma grande influência na legislação de vários países. Através das guerras napoleónicas, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa na maior parte da Europa.
Napoleão nasceu em Córsega, filho de pais com ascendência da nobreza italiana e foi preparado para oficial de artilharia, na França continental. Em 2011, um exame de DNA de costeletas de Napoleão que eram guardadas em relicário confirmou a origem caucasiana de Napoleão desmentindo uma possível ascendência árabe do imperador.
Bonaparte ganhou destaque no âmbito da Primeira República Francesa e liderou com sucesso campanhas contra a Primeira Coligação e a Segunda Coligação. Em 1799, liderou um golpe de Estado e instalou-se como primeiro cônsul. Cinco anos depois, o senado francês proclamou-o Imperador. Na primeira década do século XIX, o império francês, sob comando de Napoleão envolveu-se numa série de conflitos com todas as grandes potências europeias, as Guerras Napoleónicas. Após uma sequência de vitórias, a França garantiu uma posição dominante na Europa continental e Napoleão manteve a esfera de influência da França, através da formação de amplas alianças e a nomeação de amigos e familiares para governar os outros países europeus como dependentes da França. As campanhas de Napoleão são até hoje estudadas nas academias militares de quase todo o mundo.

Hoje é o dia da Dormição de Maria, a Mãe de Jesus...

A morte da Virgem - Caravaggio (1606) - Museu do Louvre

A Assunção da Virgem Maria , informalmente conhecido apenas por A Assunção, de acordo com as crenças da Igreja Católica Romana, da Igreja Ortodoxa, das Igrejas Ortodoxas Orientais e partes do Anglicanismo, foi a assunção do corpo da Virgem Maria no Céu ao final de sua vida terrestre.
O catolicismo romano ensina como um dogma que a Virgem Maria "tendo completado o curso de sua vida terrestre, foi assumida, de corpo e alma, na glória celeste". Esta doutrina foi definida dogmaticamente pelo papa Pio XII em 1 de novembro de 1950 na constituição apostólica Munificentissimus Deus dentro do exercício da infalibilidade papal. Ainda que as Igrejas Católica e Ortodoxa acreditem na Dormição de Maria, que é o mesmo que a Assunção, a morte de Maria não foi definida dogmaticamente.
Em Munificentissimus Deus (item 39), Pio XII aponta para o Génesis (Génesis 3:15) como o apoio nas escrituras para o dogma, destacando a vitória de Maria sobre o pecado e sobre a morte, como também aparece em I Coríntios 15:54 :: "então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória".
Nas igrejas fieis, a Assunção é uma festa maior, geralmente celebrada em 15 de agosto.

Ícone da Dormição de Maria

A festa católica romana da Assunção é celebrada em 15 de agosto enquanto que os ortodoxos e católicos orientais celebram a Dormição de Maria (a Mãe de Deus "indo dormir") na mesma data, mas precedido de um período de 14 dias de jejum. Os ortodoxos acreditam que Maria teria tido uma morte natural, que sua alma foi recebida por Cristo após a morte, que seu corpo foi ressuscitado no terceiro dia após a morte (depois do túmulo ter sido encontrado vazio) e que ela foi corporalmente elevada aos céus numa antecipação da ressurreição dos mortos geral. "...a tradição ortodoxa é clara e firme sobre o ponto central [da Dormição]: a Santa Virgem passou, como seu Filho, pela morte física, mas seu corpo - como o d'Ele - foi posteriormente ressuscitado dos mortos e ela foi elevada ao céu, de corpo e, também, alma. Ela passou para além da morte e o julgamento, e vive plenamente na era que está por vir. A ressurreição do corpo... foi, no caso dela, antecipada e já é um fato consumado. Isto não significa, porém, que ela teria se desassociado do resto da humanidade e se colocado numa categoria diferente: pois todos nós esperamos compartilhar um dia desta mesma glória da ressurreição dos corpos que ela já usufrui".
Muitos católicos também acreditam que Maria primeiro morreu antes de ser assumida, mas eles acrescentam que ela foi milagrosamente ressuscitada antes do evento, enquanto que outros acreditam que ela foi assumida com seu corpo ao céu antes de morrer. Como já foi explicado, ambas as crenças são aceitáveis do ponto de vista da doutrina católica. Os católicos orientais, por exemplo, celebram a festa como "Dormição". Muitos teólogos notam como forma de comparação que, para a Igreja Católica, a Assunção foi dogmaticamente definida, enquanto que para os ortodoxos, a Dormição é menos dogmática e mais litúrgica e misticamente definida. Esta diferença é resultado de um padrão maior em ambas as tradições, pelo qual as doutrinas católicas geralmente são dogmaticamente definidas - em parte pela estrutura centralizada da Igreja Católica - enquanto que na Ortodoxia, muitas doutrinas tem uma carga menos "autoritativa".

Hoje é o aniversário do Santo da Igreja Católica que mais rapidamente foi canonizado

Santo António de Lisboa, também conhecido como Santo António de Pádua, (Lisboa, 15 de agosto de 1191-1195 ? - Pádua, 13 de junho de 1231), de sobrenome incerto mas batizado como Fernando, foi um Doutor da Igreja que viveu na viragem dos séculos XII e XIII.
Primeiramente foi frade agostiniano, no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa, indo posteriormente para o Convento de Santa Cruz, em Coimbra, onde aprofundou os seus estudos religiosos através da leitura da Bíblia e da literatura patrística, científica e clássica. Tornou-se franciscano em 1220 e viajou muito, vivendo inicialmente em Portugal, depois na Itália e na França. No ano de 1221 fez parte do Capítulo Geral da Ordem de Assis, a convite do próprio Francisco, o fundador, que o convidou também a pregar contra os albigenses em França. Foi transferido depois para Bolonha e de seguida para Pádua, onde morreu aos 36 (ou 40) anos.
A sua fama de santidade levou-o a ser canonizado pela Igreja Católica pouco depois de falecer, distinguindo-se como teólogo, místico, asceta e sobretudo como notável orador e grande taumaturgo. Santo António de Lisboa é também tido como um dos intelectuais mais notáveis de Portugal do período pré-universitário. Tinha grande cultura, documentada pela coletânea de sermões escritos que deixou, onde fica evidente que estava familiarizado tanto com a literatura religiosa como com diversos aspetos das ciências profanas, referenciando-se em autoridades clássicas como Plínio, o Velho, Cícero, Séneca, Boécio, Galeno e Aristóteles, entre muitas outras. O seu grande saber tornou-o uma das mais respeitadas figuras da Igreja Católica do seu tempo. Lecionou em universidades italianas e francesas e foi o primeiro Doutor da Igreja franciscano. São Boaventura disse que ele possuía a ciência dos anjos. Hoje é visto como um dos grandes santos do Catolicismo, recebendo larga veneração e sendo o centro de rico folclore.

Boas notícias para a Universidade de Coimbra...!

Coimbra entra no ranking mundial das 500 melhores universidades
Andreia Sanches - 15.08.2013

Lisboa melhora classificação. Portugal passa a ter quatro universidades no Ranking de Xangai, “o mais influente e badalado” do mundo

A Universidade de Coimbra aparece pela primeira vez no ranking nesta edição de 2013

A Universidade de Coimbra entra pela primeira vez num dos mais conhecidos rankings de universidades do mundo. A Universidade de Lisboa (antiga “Clássica” que, entretanto se fundiu com a Técnica) sobe na classificação. A Universidade do Porto e a Técnica de Lisboa mantêm as suas posições, com a do Porto à frente. O Ranking de Xangai 2013 acaba de ser divulgado.
Como lhe chama António Nóvoa, o ex-reitor da Universidade de Lisboa, este “é de longe o mais influente e badalado” ranking de universidades, apesar de todas a críticas que lhes são feitas.
A edição de 2013 pode ser consultada no site http://www.shanghairanking.com/. O topo é, como sempre, dominado pelas universidades norte-americanas, com as universidades de Harvard, Stanford e da Califórnia nos três primeiros lugares. O Massachusetts Institute of Technology (MIT) desceu uma posição em relação a 2012 e é agora quarto. A Universidade de Cambridge é a primeira europeia a aparecer - em 5.º lugar.
Até à edição de 2011, havia no ranking das 500 melhores do mundo apenas duas universidades portuguesas: Porto e Lisboa. Em 2012, entrou também a Técnica de Lisboa. Para este ano, António Nóvoa resume assim os dados mais significativos para Portugal: “A entrada, pela primeira vez, de Coimbra, e a subida, muito significativa, de Lisboa.”
A tabela publicada só discrimina as posições das instituições até ao lugar 100. A partir daí coloca-as em grandes intervalos. A Universidade do Porto e a Universidade de Lisboa aparecem ambas nas posições 301-400 (no ano passado o Porto já ocupava essa posição mas Lisboa estava no patamar abaixo, no 401-500).

A Universidade de Coimbra e Universidade Técnica de Lisboa estão ambas nos lugares que compreendem o intervalo 401-500. Dentro de cada intervalo as universidades de um mesmo país aparecem por ordem alfabética, explica Nóvoa.

O recém eleito reitor da Universidade de Lisboa, que agora integra a Técnica, congratula-se com a melhoria do desempenho da universidade lisboeta e espera que "o orçamento de Estado acompanhe esta melhoria".

António Cruz Serra diz também que acredita que a universidade que resulta da fusão da "Clássica" e da Técnica vai subir, na próxima edição, mais de cem lugares na tabela e que "deverá ficar acima da melhor universidade espanhola". Isto porque "o ranking contabiliza o conjunto dos investigadores" das duas instituições. "São boas notícias para o país."

O reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, afirma, por seu lado, que a entrada no ranking era esperada, mais dia, menos dia, e que esta é uma óptima notícia para a instituição. “Era o único grande ranking internacional em que não estávamos presentes.”
Aproveita também para dar os parabéns à  “Clássica” de Lisboa, pela melhoria do desempenho. E diz que estes dois factos - a entrada de Coimbra na lista e a melhoria de Lisboa - são ainda mais significativos quando o país atravessa “tantas dificuldades”.
Deixa, contudo, um alerta: estes rankings resultam do trabalho feito pelas instituições há alguns anos. “Os efeitos dos cortes orçamentais impostos às universidades ainda não se reflectem aqui.” Dá um exemplo: um dos indicadores do Ranking de Xangai é o número de citações de artigos científicos de investigadores das universidades. O que significa que os artigos são publicados e só ao fim de alguns anos reúnem um número significativo de citações. Quanto mais artigos publicados, maior a probabilidade de haver um número relevante de citações. Ora com a redução de financiamento que se tem imposto ao ensino superior, há o sério risco de se fazer menos investigação e publicar-se menos.
Em Coimbra, nos últimos três anos, o corte no financiamento público foi de cerca de 30%, diz o reitor. “E todas as instituições são tratadas por igual, independentemente dos resultados que têm. Se toda a administração pública tivesse sofrido cortes desta ordem já estávamos a pagar a dívida pública e não a aumentá-la”, afirma, lembrando que, na verdade, os cortes começaram ainda em 2005, só que não só não eram tão “violentos”, como nessa altura ainda era possível encontrar fontes de receita nos contratos com empresas. Hoje, muitas empresas estão mais preocupadas em sobreviver, nota Gabriel Silva, do que em financiar projectos.

Como funciona o ranking
O Ranking de Xangai começou a ser publicado em 2003 pela Universidade Jiao Tong de Xanhai, China (no intervalo 151-200), e é actualizado anualmente. Tem tal influência internacional que muitas universidades se preocupam em adoptar estratégias pensadas neste ranking e no que ele avalia.
Os avaliadores baseiam-se na análise de seis indicadores: número de alunos e professores que receberam o Prémio Nobel ou Fields Medals; número de pesquisadores citados em 21 áreas de investigação das Ciências da Vida, da medicina, física, engenharia e ciências sociais; artigos publicados na Nature e na Science; artigos internacionalmente referenciados; desempenho académico per capita.
Muitos têm questionado, contudo, a forma como os dados são recolhidos e convertidos em pontuação. Certo é que todos os anos mais de mil universidades são analisadas. E no ranking só entram as 500 que melhor se saem.

in Público - ler notíca

NOTA: finalmente alguma justiça e a Universidade de Coimbra entra no único ranking que lhe faltava...!



(imagem daqui)

A Batalha de Roncesvales, que deu origem à Canção de Rolando, foi há 1235 anos...

Batalha de Roncesvales: Carlos Magno junto ao corpo de Rolando (iluminura de Jean Fouquet, "Grandes Chroniques de France", 1455-1460)

A Batalha de Roncesvales foi uma batalha, travada em 15 de agosto de 778, na qual a retaguarda do exército do rei franco (e Imperador) Carlos Magno foi dizimada por um ataque de guerreiros vascões. O confronto ocorreu próximo da localidade de Roncesvales (Roncesvalles em castelhano, Roncevaux em francês, Orreaga em basco), localizada em Navarra, próximo da atual fronteira entre Espanha e França.
Entre os francos mortos na batalha figurava Rolando, prefeito da marca da Bretanha e comandante da retaguarda de Carlos Magno. Esse facto é conhecido através da Vita Caroli Magni, a biografia de Carlos Magno, escrita por Eginhardo por volta de 830. Essa biografia e os Anais Reais carolíngios são as únicas fontes documentais contemporâneas da batalha.
Ao longo da Idade Média, a batalha de Roncesvales foi objeto de recriações literárias por parte de jograis e poetas. Nessas obras o exército que ataca os guerreiros francos já não é composto por vascões, mas sim por mouros muçulmanos, o que se explica pelo contexto em que foram escritas, em plena época da Reconquista e das Cruzadas. A mais antiga das obras a referir-se à batalha é A Canção de Rolando, uma canção de gesta escrita em francês antigo, por volta de 1100.


I

Carles li reis, nostre emper[er]e magnes
Set anz tuz pleins ad estet en Espaigne:
Tresqu’en la mer cunquist la tere altaigne.
N’i ad castel ki devant lui remaigne;
Mur ne citet n’i est remes a fraindre,
Fors Sarraguce, ki est en une muntaigne.
Li reis Marsilie la tient, ki Deu nen aimet;
Mahumet sert e Apollin recleimet:
Nes poet guarder que mals ne l’i ateignet.


II

Li reis Marsilie esteit en Sarraguce.
Alez en est en un verger suz l’umbre;
Sur un perrun de marbre bloi se culchet,
Envirun lui plus de vint milie humes.
Il en apelet e ses dux e ses cuntes:
« Oëz, seignurs, quel pecchet nus encumbret:
Li emper[er]es Carles de France dulce
En cest païs nos est venuz cunfundre.
Jo nen ai ost qui bataille li dunne,
Ne n’ai tel gent ki la sue derumpet.
Cunseilez mei cume mi savie hume,
Si m(e) guarisez e de mort et de hunte. »
N’i ad paien ki un sul mot respundet,
Fors Blancandrins de Castel de Valfunde.


NOTA: tradução, para o atual francês:

I
Le roi Charles, notre empereur, le Grand, sept ans tout pleins est resté dans l’Espagne: jusqu’à la mer il a conquis la terre hautaine. Plus un château qui devant lui résiste, plus une muraille à forcer, plus une cité, hormis Saragosse, qui est dans une montagne. Le roi Marsile la tient, qui n’aime pas Dieu. C’est Mahomet qu’il sert, Apollin qu’il prie. Il ne peut pas s’en garder: le malheur l’atteindra.

II
Le roi Marsile est à Saragosse. Il s’en est allé dans un verger, sous l’ombre. Sur un perron de marbre bleu il se couche; autour de lui, ils sont plus de vingt mille. Il appelle et ses ducs et ses comtes: « Entendez, seigneurs, quel fléau nous frappe. L’empereur Charles de douce France est venu dans ce pays pour nous confondre. Je n’ai point d’armée qui lui donne la bataille; ma gent n’est pas de force à rompre la sienne. Conseillez-moi, vous, mes hommes sages, et gardez-moi et de mort et de honte!» Il n’est païen qui réponde un seul mot, sinon Blancandrin, du château de Val-Fonde.

Música para celebrar o verão...


quarta-feira, agosto 14, 2013

Enzo Ferrari morreu há 25 anos

Enzo Anselmo Ferrari (Módena, Itália, 18 de fevereiro de 1898 - Maranello, 14 de agosto de 1988) foi o fundador da Scuderia Ferrari e da fábrica de automóveis Ferrari.
Apaixonou-se pelo desporto automóvel com apenas dez anos, quando visitou o autódromo de Bolonha. Enzo Ferrari trabalhou como mecânico até ao início da I Guerra Mundial, altura em que entrou na Contruzioni Mecaniche National, como piloto de testes. Aos 21 anos tentou trabalhar na Fiat, mas foi recusado. Pouco depois ingressou na Alfa Romeo, mas desta vez como piloto. Criou a Scuderia Ferrari no ano de 1925, em Módena, mas durante a II Guerra Mundial viu-se obrigado a transferir a fábrica de automóveis para Maranello, a dezoito quilómetros de Módena. Depois da II Guerra Mundial, a Ferrari ganhou dois títulos mundiais em 1952 e 1953.
Alfredino Ferrari, filho de Enzo, morreu em 1956, aos 26 anos, sofrendo de distrofia muscular progressiva, o que fez com que se tornasse uma pessoa triste e amarga. Desde então Enzo nunca mais pisou uma pista de corrida e passou a usar os inseparáveis óculos escuros. Autodidata em mecânica, recebeu em 1960, da Universidade de Bolonha, o título de Doutor "honoris causa" em engenharia, e mais tarde, em física. O governo italiano deu-lhe o título de Comendador. Enzo Ferrari morreu em Maranello com 90 anos, tendo, durante o período em que viveu, a sua equipa obtido 19 vitórias nas 24 Horas de Le Mans e nove títulos na Fórmula 1.

Notícia sobre mais um velho democrata de longa data...

"Enforquem-se", aconselha Mugabe aos que não aceitam a sua vitória


Presidente do Zimbabwe lança violento ataque à oposição que tenta anular nos tribunais as presidenciais de 31 de julho

Mugabe sobre a oposição: "Mesmo que morram, nem os cães irão comer a sua carne”


Ao seu melhor e mais clássico estilo agressivo, o Presidente do Zimbabwe Robert Mugabe aproveitou o discurso do dia dos Heróis, esta segunda-feira para atacar a oposição que contesta a legalidade da sua folgada vitória nas presidenciais de 31 de julho “Aqueles que perderam as eleições podem-se suicidar se quiserem. Mesmo que morram, nem os cães irão comer a sua carne”.
“Nunca iremos abdicar da nossa vitória”, continuou Mugabe, “os que não tiverem estômago para aceitar isto, que se vão enforcar”. Mugabe soma 89 anos de vida, 33 de poder e prepara-se para assumir mais um mandato de cinco anos, depois de um escrutínio que a oposição considerou fraudulento.
O seu adversário, o primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, apresentou na passada sexta-feira um recurso nos tribunais para tentar invalidar a eleição presidencial, argumentando que as listas eleitorais tinham sido manipuladas para favorecer a vitória de Mugabe. Este foi eleito à primeira volta com 61% dos votos contra os 34% de Tsvangirai.
“Tudo aquilo que eu vejo”, disse Tsvangirai num comunicado, “é uma nação de luto por causa da audácia de tão poucos que conseguira roubar a tantos”.
“Os ladrões deixaram um grande número de provas nos locais do crime”, continuou o líder do Movimento para a Mudança. Provas essas que agora apresentou à justiça para tentar anular a eleição.
“Iremos servir-lhe a democracia num prato”, respondeu Mugabe. “É pegar ou largar”.



NOTA: este senhor, que destruiu a economia local, a moeda do país, as infraestruturas produtivas, os seus adversários, vem agora preparar-se para mais cinco anos de puro terror para o seu país. Para quem o não conhece, aqui ficam, como exemplo significativo do que é capaz, cópias de alguns exemplares de notas do Dólar do Zimbabwe, hoje curiosamente inexistente:

Bertholt Brecht morreu há 57 anos

Eugen Berthold Friedrich Brecht (Augsburg, 10 de fevereiro de 1898Berlim Leste, 14 de agosto de 1956) foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Os seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações de sua companhia, o Berliner Ensemble, realizadas em Paris durante os anos de 1954 e 1955.
No final dos anos 20, Brecht tornou-se marxista, vivendo o intenso período das mobilizações da República de Weimar, desenvolvendo o seu teatro épico. Sua praxis é uma síntese dos experiências teatrais de Erwin Piscator e Vsevolod Emilevitch Meyerhold, do conceito de estranhamento do formalista russo Viktor Chklovski, do teatro chinês e do teatro experimental da Rússia Soviética, entre os anos de 1917 a 1926. O seu trabalho como artista concentrou-se na crítica artística ao desenvolvimento das relações humanas no sistema capitalista.


Louvor do Aprender

Aprende o mais simples! Pra aqueles
Cujo tempo chegou
Nunca é tarde de mais!
Aprende o abc, não chega, mas
Aprende-o! E não te enfades!
Começa! Tens de saber tudo!
Tens de tomar a chefia!

Aprende, homem do asilo!
Aprende, homem na prisão!
Aprende, mulher na cozinha!
Aprende, sexagenária!
Tens de tomar a chefia!

Frequenta a escola, homem sem casa!
Arranja saber, homem com frio!
Faminto, pega no livro: é uma arma.
Tens de tomar a chefia.

Não te acanhes de perguntar, companheiro!
Não deixes que te metam patranhas na cabeça:
Vê c'os teus próprios olhos!
O que tu mesmo não sabes
Não o sabes.
Verifica a conta:
És tu que a pagas.
Põe o dedo em cada parcela,
Pergunta: Como aparece isto aqui?
Tens de tomar a chefia.



in Poesias (2007) - Bertold Brecht (tradução de Paulo Quintela)

Maximiliano Kolbe morreu há 72 anos

O primeiro monumento dedicado a Maximiliano Kolbe na Polónia, em Chrzanów

São Maximiliano Maria Kolbe nascido Rajmund Kolbe, (Zduńska Wola, Polónia, 8 de janeiro de 1894Auschwitz, 14 de agosto de 1941), foi um frade missionário franciscano da Polónia que foi voluntário para morrer de fome no lugar de um pai de família no campo de concentração nazi de Auschwitz, como castigo pela fuga de um outro prisioneiro.
Podemos pensar dele como uma figura-símbolo no panorama do século XX. O próprio Santo Padre, o Papa João Paulo II, em numerosos textos, chama-o de “Santo do nosso século difícil”.
Foi canonizado pelo seu compatriota, o Papa João Paulo II, em 10 de outubro de 1982, na presença de Franciszek Gajowniczek, o homem cujo lugar tomou e que sobreviveu aos horrores de Auschwitz.
Fundador do Milícia da Imaculada que criou um boletim de enorme tiragem, entre outros meios de divulgação da acção cristã, pelo seu intenso apostolado, é considerado o patrono da imprensa. É igualmente visto como padroeiro especial das famílias em dificuldade, dos que lutam pela vida, da luta contra os vícios, da recuperação da droga e do alcoolismo; é considerado também padroeiro dos presos comuns e políticos.
Em julho de 1998 a Igreja de Inglaterra ergueu uma estátua de Kolbe na parte frontral da Abadia de Westminster, em Londres, como parte de um conjunto monumental dedicado à memória de dez mártires do século XX.

Franciscano conventual desde 1907, nos três primeiros anos na Pontifícia Universidade Gregoriana, dedicou-se à ciência e matemática, incluindo trigonometria, física e química, em seguida, o estudo da filosofia e da teologia.
Em 1914, no ano em que professa votos perpétuos, o seu pai, um oficial das legiões polacas, foi feito prisioneiro pelos russos e a sua mãe retirou-se para um convento.
Em 28 de abril 1918, foi ordenado sacerdote na igreja de Sant'Andrea della Valle, em Roma, e no dia seguinte celebra sua primeira missa na vizinha Basílica de Sant'Andrea delle Frate.
Estando em Roma, num período que se faziam sentir grandes hostilidade contra a Igreja e o Papa por parte da maçonaria, em 16 de outubro de 1917, cria, conjuntamente com seis seus irmãos franciscanos, a Milícia da Imaculada (M.I.).
Em 1919 doutorou-se em Teologia na Faculdade Teológica de São Boaventura, voltando imediatamente em casa em Cracóvia, onde ensinou Teologia.
Começou igualmente por desenvolver o que chamou de "Cidade da Imaculada" e que abrigava 672 religiosos, onde instalou uma tipografia católica e, em 1922, edita a revista mariana "Cavaleiro da Imaculada", destinada aos operários e camponeses.
Depois ao se deslocar, como missionário, para Nagasaki, no Japão, fundou aí uma segunda Cidade da Imaculada, onde reproduz a mesma revista mariana conhecida por "Revista Azul", impressa em japonês, que alcançou, em 1938, a tiragem de um milhão de exemplares. Chegou a instalar uma emissora de rádio e a estender as suas atividades apostólicas no Japão, entre 1930 e 1936.
Regressado à Polónia, durante a II Guerra Mundial, deu abrigo a muitos refugiados, incluindo cerca de 2.000 judeus.
Em 17 de fevereiro de 1941, estando esse território ocupado pela Alemanha, é preso pela Gestapo, já que os nazis temiam a sua influência pessoal e daquela que a revista e publicações marianas exerciam, dirigidas por ele. É condenado a trabalhos forçados e transferido para Auschwitz em 25 de maio como prisioneiro n.º 16670.
Em julho de 1941, um homem do campo do mesmo bloco de Kolbe foge e, como represália, os nazistas escolhem 10 outros prisioneiros para morrer de fome e sede no bunker (o prisioneiro fugitivo é mais tarde encontrado morto, afogado numa latrina). Um dos dez, Franciszek Gajowniczek, lamenta-se pela família que deixa, dizendo que tinha mulher e filhos, e Kolbe pede para tomar o seu lugar. O pedido é aceite. Na realidade, o Padre Kolbe aceitava o martírio para praticar heroicamente seu munus sacerdotal, dando assistência religiosa e ajudando a morrer virtuosamente aqueles pobres condenados. Duas semanas depois, só quatro dos dez homens sobrevivem, incluindo Kolbe. Os nazis decidem então executá-los com uma injecção de ácido carbólico.

El-Rei D. João I morreu há 580 anos, 48 depois da Batalha de Aljubarrota

El-Rei D. João I de Portugal (Lisboa, 11 de abril de 1357 - Lisboa, 14 de agosto de 1433), foi o décimo Rei de Portugal e o primeiro da Dinastia de Avis, cognominado O de Boa Memória pelo legado que deixou. Filho ilegítimo do rei D. Pedro I e 3º Mestre da Ordem de Avis (com sede em Avis), foi aclamado rei na sequência da crise de 1383-1385 que ameaçava a independência de Portugal. Com o apoio do condestável do reino, Nuno Álvares Pereira, e aliados ingleses travou a batalha de Aljubarrota contra o Reino de Castela, que invadira o país. A vitória foi decisiva: Castela retirou-se, acabando bastantes anos mais tarde por o reconhecer oficialmente como rei. Para selar a aliança Luso-Britânica casou com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, dedicando-se desde então ao desenvolvimento do reino. Em 1415 conquistou Ceuta, praça estratégica para a navegação no norte de África, o que iniciaria a expansão portuguesa. Aí foram armados cavaleiros os seus filhos D. Duarte, D. Pedro e o Infante D. Henrique, irmãos da chamada ínclita geração.

D. João era filho ilegítimo do rei D. Pedro I e de D. Teresa, uma dama galega (ms. 352 do Arquivo Nacional da Torre do Tombo da Crónica de el-rei D. Pedro I, de Fernão Lopes). Em 1364 foi consagrado Grão Mestre da Ordem de Avis.

Interregno
À data da morte do rei D. Fernando I, Portugal parecia em risco de perder a independência. A rainha D. Leonor Teles de Menezes era impopular e olhada com desconfiança. O facto de se ter tornado pública a sua ligação amorosa com o nobre galego João Fernandes Andeiro, personagem influente no paço, atraiu todas as críticas contra a sua pessoa e a do seu amante. Para além do mais, a sucessão do trono recaía sobre a princesa D. Beatriz, única filha de Fernando I e de Leonor Teles de Menezes, casada aos onze anos de idade com o rei João I de Castela.
No entanto, a burguesia e parte da nobreza juntaram-se à voz popular que clamava contra a perda da independência, tão duramente mantida por D. Fernando I. Dois pretendentes apareceram para competir com João I de Castela e D. Beatriz pela coroa portuguesa:
e
  • D. João, filho de D. Pedro I e de Teresa Lourenço, que veio a tornar-se rei.
Acicatado por um grupo de burgueses e nobres, entre os quais Álvaro Pais e o jovem D. Nuno Álvares Pereira, e tomando em linha de conta o descontentamento geral, o Mestre de Avis assassina o conde de Andeiro no paço a 6 de Dezembro de 1383. Com a posterior fuga de Leonor Teles de Lisboa para Alenquer inicia-se a sucessão de acontecimentos que lhe entregará a regência, a qual de início planeia exercer em nome de seu meio-irmão, o Infante D. João. Mas como este último já fora aprisionado por D. João I de Castela, abria-se então a possibilidade política de o Mestre de Aviz vir a ser rei.
O assassinato do conde Andeiro explica-se, bem mais do que pela vontade de vingar a honra do falecido rei Fernando I, ainda que este tenha sido um dos motivos, pela razão de que João I de Castela havia começado a violar o pacto antenupcial de Salvaterra de Magos logo no primeiro dia em que se fez aclamar, em Toledo, "Rei de Castela e Portugal". Aquele tratado antenupcial apenas conferia a si e à sua mulher Beatriz, sendo esta herdeira de Fernando I, o título nominal de reis e senhores de Portugal, mas sem deterem poderes de efectiva governação. Além disso, os reinos de Castela e Portugal deviam manter-se separados. Para além de logo ter mesclado as armas dos dois reinos, João I de Castela, continuando a desrespeitar o tratado, entra em Portugal pela Guarda nos finais de dezembro de 1383. Queria ser soberano pleno, e não de dois reinos separados mas dum único, considerando que não tinha que atender em nada ao tratado de Salvaterra porque a sua mulher Beatriz era a herdeira do trono português. Quem o diz de forma mais clara não é Fernão Lopes, mas sim o cronista castelhano Pero Lopez Ayala, contemporâneo dos acontecimentos, na sua Crónica do Rei Dom João o primeiro de Castela e Leão. Consultem-se, para o constatar, os capítulos IX e XI do ano quinto e os capítulos I e II do ano décimo segundo desta Crónica. Seguiu-se a Crise de 1383-1385, ou Interregno, um período de anarquia e instabilidade política onde as diferentes cidades e vilas de Portugal se declaravam umas por D. Leonor Teles (a maioria destas até ela abdicar da regência em benefício de João I de Castela e da filha), outras por D. Beatriz e o seu marido, outras ainda pelo Mestre de Aviz, além das que se mantiveram neutras, na expectativa do desenlace.
A guerra civil arrastou-se por mais de um ano. D. Nuno Álvares Pereira, posteriormente Condestável de Portugal, revelou-se um general de grande valor, ao contrário, ao início, do próprio pretendente ao trono. Fernão Lopes é um crítico feroz das acções militares do Mestre durante o primeiro ano de guerra, dado que tinha tendência a preferir os cercos e a assistência dos grandes fidalgos, sem outros resultados que não fossem traições, ao contrário da luta militarmente inovadora e terrivelmente eficaz de Nuno Álvares, que arrancou muitas vitórias no Alentejo e deu boa ajuda a Lisboa, onde o Mestre ficou sitiado sem se ter podido abastecer das provisões necessárias para aguentar durante muito tempo o cerco. No entanto, depois das Cortes de Coimbra em 6 de abril de 1385, o rei D. João I mostrou-se um bom seguidor das tácticas militares de D. Nuno Álvares, e do conselho de guerra deste constituído por escudeiros.

Reinado
Finalmente a 6 de abril de 1385, as Cortes portuguesas reunidas em Coimbra elevam o Grão-Mestre de Aviz, como D. João I, a rei de Portugal. Esta tomada de posição significava na prática que a guerra com Castela prosseguiria sem quartel, visto que declarava nulo o estatuto de D. Beatriz de Portugal, rainha consorte de Castela, como herdeira de D. Fernando, e isto devido em especial à violação do tratado de Salvaterra tanto pelo seu marido como por ela (com 11 anos de idade tivera de jurar o tratado em Badajoz, aquando do casamento). «Venhamos a outra maior contradição», disse João das Regras, ao começar a falar da «quebra dos trautos» no seu discurso perante as Cortes de Coimbra (Crónica de el-rei D. João I, cap. CLXXXV). E como os quebrara, não podia suceder ao pai, o «postumeiro (último) possuidor» destes reinos. É por isso que na História de Portugal Beatriz não figura como Rainha, pois foram as próprias Cortes de 1385 a proclamar que ao rei D. Fernando I, postumeiro possuidor do reino de Portugal, quem sucedeu foi o rei D. João I.
Pouco depois, em junho de 1385, João I de Castela invade pela 2ª vez Portugal com o objectivo de tomar Lisboa e ver-se livre do «Mestre D'avis que se chamava rei» (era o modo como os castelhanos o designavam). Com os castelhanos vinha então um grande contingente de cavalaria francesa. A França era aliada de Castela enquanto os ingleses haviam tomado o partido de D. João I (Guerra dos Cem Anos). Como resposta D. João I prepara-se com Nuno Álvares para a batalha decisiva. O Condestável de Portugal, que o rei nomeara aquando das Cortes de Coimbra, e o seu conselho de escudeiros montaram então uma tremenda armadilha ao exército castelhano.
A invasão castelhana transformou-se em debandada durante o Verão, depois da decisiva batalha de Aljubarrota travada a 14 de agosto, perto de Alcobaça, onde o exército castelhano foi quase totalmente aniquilado, apesar de se encontrarem em vantagem numérica de 4 para 1. Castela teve de retirar-se do combate e a estabilidade da coroa de D. João I ficou solidamente garantida. Muitos anos depois um tratado de paz será definitivamente confirmado, reconhecendo Castela sem quaisquer reservas D. João I como rei de Portugal.
Casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre

Em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, Duque de Lencastre, fortalecendo por laços familiares os acordos do Tratado de Aliança Luso-Britânica, que perdura até hoje. Depois da morte em 1390 de João de Castela, sem herdeiros de D. Beatriz, a ameaça castelhana ao trono de Portugal estava definitivamente posta de parte. A partir de então, D. João I dedicou-se ao desenvolvimento económico e social do país, sem se envolver em mais disputas com a vizinha Castela ou a nível internacional. A excepção foi a conquista de Ceuta, no Norte de África, em 1415, uma praça de importância estratégica no controle da navegação na costa de África que é conquistada a 21 de agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na mesquita daquela cidade, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.


Bandeira pessoal de D. João I com a sua divisa: «Pour bien»

Cronistas contemporâneos descrevem D. João I como um homem arguto, cioso em conservar o poder junto de si, mas ao mesmo tempo benevolente e de personalidade agradável. Na juventude, a educação que recebeu como Grão Mestre da Ordem de Aviz transformou-o num rei invulgarmente culto para a época.
O seu amor ao conhecimento passou também para os filhos, designados por Luís Vaz de Camões, nos Lusíadas, por "Ínclita geração": o rei D. Duarte de Portugal foi poeta e escritor, D. Pedro, Duque de Coimbra o "Príncipe das Sete Partidas", foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo e muito viajado, e o Henrique, Duque de Viseu, "o navegador", investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos Descobrimentos.
A sua única filha, D. Isabel de Portugal, casou com o Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nas suas terras.
No reinado de D. João I foram descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Ilha da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Teve início, igualmente, o povoamento dos arquipélagos dos Açores e da Madeira.
D. João faleceu a 14 de agosto de 1433. Jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
Foi cognominado O de Boa Memória, pela lembrança positiva do seu reinado na memória dos portugueses, também podendo ser chamado de O Bom ou O Grande.