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sábado, fevereiro 10, 2024

A Mãe Menininha do Gantois nasceu há cento e trinta anos...!

   
Maria Escolástica da Conceição Nazaré (Salvador, Bahia, 10 de fevereiro de 1894Salvador, 13 de agosto de 1986), conhecida como Mãe Menininha do Gantois, foi uma Iyálorixá (mãe-de-santo) brasileira, filha de Oxum.
    
Biografia
Nasceu em 1894, no dia de Santa Escolástica, na Rua da Assembleia, entre a Rua do Tira Chapéu e a Rua da Ajuda, no Centro Histórico de Salvador, tendo como pais Joaquim e Maria da Glória. Descendente de escravos africanos, ainda criança foi escolhida para ser Iyálorixá do terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, fundado em 1849 pela sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, cujos pais eram originários de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria.
Foi apelidada Menininha, talvez por seu aspecto franzino. “Não sei quem pôs em mim o nome de Menininha… Minha infância não tem muito o que contar… Agora, dançava o candomblé com todos desde os seis anos”.
Foi iniciada no culto dos orixás de Keto aos 8 anos de idade por sua tia-avó e madrinha de batismo, Pulchéria Maria da Conceição (Mãe Pulchéria), chamada Kekerê - em referência à sua posição hierárquica, Iyá kekerê (Mãe pequena). Menininha seria a sua sucessora na função de Iyalorixá do Gantois. Com a morte repentina de Mãe Pulchéria, em 1918, o processo de sucessão foi acelerado. Por um curto período, enquanto a jovem se preparava para assumir o cargo, a sua mãe biológica, Maria da Glória Nazareth, permaneceu à frente do Gantois.
Foi a quarta Iyálorixá do Terreiro do Gantois e a mais famosa de todas as Iyálorixá brasileiras. Sucessora da sua mãe, Maria da Glória Nazareth, foi sucedida por sua filha, Mãe Cleusa Millet. "Minha avó, minha tia e os chefes da casa diziam que eu tinha que servir. Eu não podia dizer que não, mas tinha um medo horroroso da missão (...): passar a vida inteira ouvindo relatos de aflições e ter que ficar calada, guardar tudo para mim, procurar a meditação dos encantados para acabar com o sofrimento." 
O terreiro, que inicialmente funcionava na Barroquinha, na zona central de Salvador, foi posteriormente, transferido para o bairro da Federação onde hoje é o Ilê Axé Iyá Nassô Oká, na Avenida Vasco da Gama, do qual Maria Júlia da Conceição Nazaré, sua avó também fazia parte. Com o falecimento da iyalorixá da Casa Branca Iyá Nassô, sucedeu Iyá Marcelina da Silva Oba Tossi. Após a morte desta, Maria Júlia da Conceição e Maria Júlia Figueiredo, disputaram a chefia do candomblé, cabendo à Maria Júlia Figueiredo que era a substituta legal (Iyakekerê) tomar a posse como Mãe do Terreiro. Maria Júlia da Conceição afastou-se com as demais discidentes e fundaram outra Ilé Axé, o Terreiro do Gantois, instalando-se em terreno arrendado aos Gantois - família de traficantes de escravos e proprietários de terras de origem belga - pelo cônjuge de Maria Júlia, o negro alforriado Francisco Nazareth de Eta. Situado num lugar alto e cercado por um bosque, o local de difícil acesso era bem conveniente numa época em que o candomblé era perseguido pelas forças da ordem. Geralmente, os rituais terminavam subitamente com a chegada da polícia.
Em 1922, através do jogo de búzios, os orixás Oxóssi, Xangô, Oxum e Obaluaiyê confirmaram a escolha de Menininha, então com 28 anos. Em 18 de fevereiro daquele ano, ela assume definitivamente o terreiro. "Quando os orixás me escolheram eu não recusei, mas balancei muito para aceitar", contava.
A partir da década de 30, a perseguição ao candomblé vai arrefecendo, mas uma Lei de Jogos e Costumes, condicionava a realização de rituais à autorização policial, além de limitar o horário de término dos cultos às 22 horas. Mãe Menininha foi uma das principais articuladoras do término das restrições e proibições. "Isso é uma tradição ancestral, doutor", ponderava a iyalorixá diante do chefe da Delegacia de Jogos e Costumes. "Venha dar uma olhadinha o senhor também."
Mãe Menininha abriu as portas do Gantois aos brancos e católicos - uma abertura que, em muitos terreiros, ainda é vista com certa estranheza. Mas, finalmente, a Lei de Jogos e Costumes foi extinta em meados dos anos 70. "Como um bispo progressista na Igreja Católica, Menininha modernizou o candomblé sem permitir que ele se transformasse num espetáculo para turistas", analisa o professor Cid Teixeira, da Universidade Federal da Bahia.
Nunca deixou de assistir à missa e até convenceu os bispos da Bahia a permitir a entrada nas igrejas de mulheres, inclusive ela, vestidas com as roupas tradicionais do candomblé.
Aos 29 anos, Menininha casou-se com o advogado Álvaro MacDowell de Oliveira, descendente de escoceses. Com ele teve duas filhas, Cleusa e Carmem. “Meu marido, quando me conheceu, sabia que eu era do candomblé… A gente viveu em paz porque ele passou a gostar de Candomblé. Mas, quando fui feita Iyalorixá, passamos a morar separados. No meu terreiro, eu e minhas filhas. Marido não. Elas nasceram aqui mesmo”.
Em uma entrevista à revista IstoÉ, mãe Carmem conta que ela adorava assistir telenovelas, sendo que uma de suas preferidas teria sido Selva de Pedra. Era colecionadora de peças de porcelana, louça e de cristais, que guardava muito zelo. Não bebia Coca-Cola, pois certa vez lhe disseram que a bebida servia para desentupir os ralos de pias, e ela temia que a ingestão da bebida fizesse efeito análogo em si.
Mãe Menininha do Gantois faleceu em Salvador, em 1986, de causas naturais, aos 92 anos de idade.
   
Mãe Menininha, aos 8 anos de idade
   
Homenagens
O terreiro está localizado na Rua Mãe Menininha do Gantois (antiga rua da Boa Vista, que  mudou de nome em 1986), no Alto do Gantois, bairro da Federação, em Salvador. Após a sua morte, os seus filhos deixaram o seu quarto intacto, com seus objetos de uso pessoal e ritualísticos. O aposento foi transformado no Memorial Mãe Menininha e é uma das grandes atrações do Gantois.
Ederaldo Gentil e Anísio Félix. "In-Lê-In-Lá", 1976
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá, Oilá
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá
Os candomblés estão batendo, foguetes explodem no ar
Em louvor a Menininha, senhora, mãe e rainha do Gantois

Pelo seu aniversário de cinquentenário de Ialorixá
Pelo seu aniversário de cinquentenário de Ialorixá
Pelo seu aniversário de cinquentenário de Ialorixá
  
Ôôô, ÔôÔôôÔô, salve mamãe Oxum, salve meu pai Xangô
Ôôô, ÔôÔôôÔô, salve mamãe Oxum, salve meu pai Xangô
 
Cinquentenário de batalhas, cinquentenário de fé
Desde quando recebeu os poderes de Maria dos Prazeres Nazaré
Sua vidência se alastrou, iaô iaô iaô ô
Sua vidência se alastrou, iaô iaô iaô ô

Sacerdotisa de uma raça, rainha de uma nação,
na luta e defesa dos descrentes, ela sempre estendeu suas mãos
Hoje os candomblés estão batendo a seu nome venerar

Ia-mi-mojubá, salve o seu axé, seu candomblé do Alto do Gantois
Ia-mi-mojubá, salve o seu axé, seu candomblé do Alto do Gantois

In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá, Oilá
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá


A beleza do mundo, hein Tá no Gantois
E a mãe da doçura, hein
Tá no Gantois...
Dorival Caymmi. "Oração de Mãe Menininha", 1972.
No ano de 1976, foi homenageada pela Escola de Samba carioca Mocidade Independente de Padre Miguel, com o enredo "Mãe Menininha do Gantois", do carnavalesco Arlindo Rodrigues. O samba foi interpretado pela cantora Elza Soares e o puxador Ney Vianna:

Já raiou o dia
A passarela vai se transformar
Num cenário de magia
Lembrando a velha Bahia
E o famoso Gantois

Arerê, arerá
Candomblé vem da Bahia
Onde baixam os orixás

Oh, meu pai Ogum na sua fé
Saravá Nanã e Oxumaré
Xangô, Oxossi
Oxalá e Yemanjá
Filha de Oxum
Pra nos ajudar
Vem nos dar axé
Com os erês dos orixás


Refrão
Oh, minha mãe
Menininha
Vem ver, como toda cidade
Canta em seu louvor com a Mocidade


A agremiação ficou em terceiro lugar e Mãe Menininha, apesar da idade, esteve presente e ajudou com o "pedido" de licença para realização do enredo, junto aos Orixás.

 


sexta-feira, fevereiro 10, 2023

A Mãe Menininha do Gantois nasceu há 129 anos

 
Maria Escolástica da Conceição Nazaré (Salvador, Bahia, 10 de fevereiro de 1894 - Salvador, Bahia, 13 de agosto de 1986), conhecida como Mãe Menininha do Gantois, foi uma Iyálorixá (mãe-de-santo) brasileira, filha de Oxum.
 

 

 

A beleza do mundo, hein
Tá no Gantois 
E a mãe da doçura, hein 
Tá no Gantois...

  

Dorival Caymmi. "Oração de Mãe Menininha", 1972

 

quinta-feira, fevereiro 10, 2022

A Mãe Menininha do Gantois nasceu há 128 anos

 
Maria Escolástica da Conceição Nazaré (Salvador, Bahia, 10 de fevereiro de 1894 - Salvador, Bahia, 13 de agosto de 1986), conhecida como Mãe Menininha do Gantois, foi uma Iyálorixá (mãe-de-santo) brasileira, filha de Oxum.
 

 

 

A beleza do mundo, hein
Tá no Gantois 
E a mãe da doçura, hein 
Tá no Gantois...

  

Dorival Caymmi. "Oração de Mãe Menininha", 1972

quarta-feira, fevereiro 10, 2021

Mãe Menininha do Gantois nasceu há 127 anos

 

 
Maria Escolástica da Conceição Nazaré (Salvador, Bahia, 10 de fevereiro de 1894 - Salvador, Bahia, 13 de agosto de 1986), conhecida como Mãe Menininha do Gantois, foi uma Iyálorixá (mãe-de-santo) brasileira, filha de Oxum.
 
 

A beleza do mundo, hein
Tá no Gantois 
E a mãe da doçura, hein 
Tá no Gantois...

  

Dorival Caymmi. "Oração de Mãe Menininha", 1972

segunda-feira, fevereiro 10, 2020

A Mãe Menininha do Gantois nasceu há 126 anos

Maria Escolástica da Conceição Nazaré (Salvador, Bahia, 10 de fevereiro de 1894 - Salvador, Bahia, 13 de agosto de 1986), conhecida como Mãe Menininha do Gantois, foi uma Iyálorixá (mãe-de-santo) brasileira, filha de Oxum.


A beleza do mundo, hein Tá no Gantois
E a mãe da doçura, hein
Tá no Gantois...
Dorival Caymmi. "Oração de Mãe Menininha", 1972

domingo, fevereiro 10, 2019

A Mãe Menininha do Gantois nasceu há 125 anos

Maria Escolástica da Conceição Nazaré (Salvador, Bahia, 10 de fevereiro de 1894 - 13 de agosto de 1986), conhecida como Mãe Menininha do Gantois, foi uma Iyálorixá (mãe-de-santo) brasileira, filha de Oxum.
Biografia
Nasceu em 1894, no dia de Santa Escolástica, na Rua da Assembleia, entre a Rua do Tira Chapéu e a Rua da Ajuda, no Centro Histórico de Salvador, tendo como pais Joaquim e Maria da Glória. Descendente de escravos africanos, ainda criança foi escolhida para ser Iyálorixá do terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, fundado em 1849 pela sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, cujos pais eram originários de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria.
Foi apelidada Menininha, talvez por seu aspecto franzino. “Não sei quem pôs em mim o nome de Menininha… Minha infância não tem muito o que contar… Agora, dançava o candomblé com todos desde os seis anos”.
Foi iniciada no culto dos orixás de Keto aos 8 anos de idade por sua tia-avó e madrinha de batismo, Pulchéria Maria da Conceição (Mãe Pulchéria), chamada Kekerê - em referência à sua posição hierárquica, Iyá kekerê (Mãe pequena). Menininha seria a sua sucessora na função de Iyalorixá do Gantois. Com a morte repentina de Mãe Pulchéria, em 1918, o processo de sucessão foi acelerado. Por um curto período, enquanto a jovem se preparava para assumir o cargo, a sua mãe biológica, Maria da Glória Nazareth, permaneceu à frente do Gantois.
Foi a quarta Iyálorixá do Terreiro do Gantois e a mais famosa de todas as Iyálorixá brasileiras. Sucessora da sua mãe, Maria da Glória Nazareth, foi sucedida por sua filha, Mãe Cleusa Millet. "Minha avó, minha tia e os chefes da casa diziam que eu tinha que servir. Eu não podia dizer que não, mas tinha um medo horroroso da missão (...): passar a vida inteira ouvindo relatos de aflições e ter que ficar calada, guardar tudo para mim, procurar a meditação dos encantados para acabar com o sofrimento." 
O terreiro, que inicialmente funcionava na Barroquinha, na zona central de Salvador, foi posteriormente, transferido para o bairro da Federação onde hoje é o Ilê Axé Iyá Nassô Oká, na Avenida Vasco da Gama, do qual Maria Júlia da Conceição Nazaré, sua avó também fazia parte. Com o falecimento da iyalorixá da Casa Branca Iyá Nassô, sucedeu Iyá Marcelina da Silva Oba Tossi. Após a morte desta, Maria Júlia da Conceição e Maria Júlia Figueiredo, disputaram a chefia do candomblé, cabendo à Maria Júlia Figueiredo que era a substituta legal (Iyakekerê) tomar a posse como Mãe do Terreiro. Maria Júlia da Conceição afastou-se com as demais discidentes e fundaram outra Ilé Axé, o Terreiro do Gantois, instalando-se em terreno arrendado aos Gantois - família de traficantes de escravos e proprietários de terras de origem belga - pelo cônjuge de Maria Júlia, o negro alforriado Francisco Nazareth de Eta. Situado num lugar alto e cercado por um bosque, o local de difícil acesso era bem conveniente numa época em que o candomblé era perseguido pelas forças da ordem. Geralmente, os rituais terminavam subitamente com a chegada da polícia.
Em 1922, através do jogo de búzios, os orixás Oxóssi, Xangô, Oxum e Obaluaiyê confirmaram a escolha de Menininha, então com 28 anos. Em 18 de fevereiro daquele ano, ela assume definitivamente o terreiro. "Quando os orixás me escolheram eu não recusei, mas balancei muito para aceitar", contava.
A partir da década de 30, a perseguição ao candomblé vai arrefecendo, mas uma Lei de Jogos e Costumes, condicionava a realização de rituais à autorização policial, além de limitar o horário de término dos cultos às 22 horas. Mãe Menininha foi uma das principais articuladoras do término das restrições e proibições. "Isso é uma tradição ancestral, doutor", ponderava a iyalorixá diante do chefe da Delegacia de Jogos e Costumes. "Venha dar uma olhadinha o senhor também."
Mãe Menininha abriu as portas do Gantois aos brancos e católicos - uma abertura que, em muitos terreiros, ainda é vista com certa estranheza. Mas, finalmente, a Lei de Jogos e Costumes foi extinta em meados dos anos 70. "Como um bispo progressista na Igreja Católica, Menininha modernizou o candomblé sem permitir que ele se transformasse num espetáculo para turistas", analisa o professor Cid Teixeira, da Universidade Federal da Bahia.
Nunca deixou de assistir à missa e até convenceu os bispos da Bahia a permitir a entrada nas igrejas de mulheres, inclusive ela, vestidas com as roupas tradicionais do candomblé.
Aos 29 anos, Menininha casou-se com o advogado Álvaro MacDowell de Oliveira, descendente de escoceses. Com ele teve duas filhas, Cleusa e Carmem. “Meu marido, quando me conheceu, sabia que eu era do candomblé… A gente viveu em paz porque ele passou a gostar de Candomblé. Mas, quando fui feita Iyalorixá, passamos a morar separados. No meu terreiro, eu e minhas filhas. Marido não. Elas nasceram aqui mesmo”.
Em uma entrevista à revista IstoÉ, mãe Carmem conta que ela adorava assistir telenovelas, sendo que uma de suas preferidas teria sido Selva de Pedra. Era colecionadora de peças de porcelana, louça e de cristais, que guardava muito zelo. Não bebia Coca-Cola, pois certa vez lhe disseram que a bebida servia para desentupir os ralos de pias, e ela temia que a ingestão da bebida fizesse efeito análogo em si.
Mãe Menininha do Gantois faleceu em Salvador, em 1986, de causas naturais, aos 92 anos de idade.
Mãe Menininha, aos 8 anos de idade
Homenagens
O terreiro está localizado na Rua Mãe Menininha do Gantois (antiga rua da Boa Vista, que  mudou de nome em 1986), no Alto do Gantois, bairro da Federação, em Salvador. Após a sua morte, os seus filhos deixaram o seu quarto intacto, com seus objetos de uso pessoal e ritualísticos. O aposento foi transformado no Memorial Mãe Menininha e é uma das grandes atrações do Gantois.
Ederaldo Gentil e Anísio Félix. "In-Lê-In-Lá", 1976
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá, Oilá
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá
Os candomblés estão batendo, foguetes explodem no ar
Em louvor a Menininha, senhora, mãe e rainha do Gantois

Pelo seu aniversário de cinquentenário de Ialorixá
Pelo seu aniversário de cinquentenário de Ialorixá
Pelo seu aniversário de cinquentenário de Ialorixá
  
Ôôô, ÔôÔôôÔô, salve mamãe Oxum, salve meu pai Xangô
Ôôô, ÔôÔôôÔô, salve mamãe Oxum, salve meu pai Xangô
 
Cinquentenário de batalhas, cinquentenário de fé
Desde quando recebeu os poderes de Maria dos Prazeres Nazaré
Sua vidência se alastrou, iaô iaô iaô ô
Sua vidência se alastrou, iaô iaô iaô ô

Sacerdotisa de uma raça, rainha de uma nação,
na luta e defesa dos descrentes, ela sempre estendeu suas mãos
Hoje os candomblés estão batendo a seu nome venerar

Ia-mi-mojubá, salve o seu axé, seu candomblé do Alto do Gantois
Ia-mi-mojubá, salve o seu axé, seu candomblé do Alto do Gantois

In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá, Oilá
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá


A beleza do mundo, hein Tá no Gantois
E a mãe da doçura, hein
Tá no Gantois...
Dorival Caymmi. "Oração de Mãe Menininha", 1972.
No ano de 1976, foi homenageada pela Escola de Samba carioca Mocidade Independente de Padre Miguel, com o enredo "Mãe Menininha do Gantois", do carnavalesco Arlindo Rodrigues. O samba foi interpretado pela cantora Elza Soares e o puxador Ney Vianna:

Já raiou o dia
A passarela vai se transformar
Num cenário de magia
Lembrando a velha Bahia
E o famoso Gantois

Arerê, arerá
Candomblé vem da Bahia
Onde baixam os orixás

Oh, meu pai Ogum na sua fé
Saravá Nanã e Oxumaré
Xangô, Oxossi
Oxalá e Yemanjá
Filha de Oxum
Pra nos ajudar
Vem nos dar axé
Com os erês dos orixás

Refrão
Oh, minha mãe
Menininha
Vem ver, como toda cidade
Canta em seu louvor com a Mocidade

A agremiação ficou em terceiro lugar e Mãe Menininha, apesar da idade, esteve presente e ajudou com o "pedido" de licença para realização do enredo, junto aos Orixás.

 

segunda-feira, fevereiro 10, 2014

A Mãe Menininha do Gantois nasceu há 120 anos

Maria Escolástica da Conceição Nazaré (Salvador, Bahia, 10 de fevereiro de 1894 - 13 de agosto de 1986), conhecida como Mãe Menininha do Gantois, foi uma Iyálorixá (mãe-de-santo) brasileira, filha de Oxum.

Biografia
Nasceu em 1894, no dia de Santa Escolástica, na Rua da Assembleia, entre a Rua do Tira Chapéu e a Rua da Ajuda, no Centro Histórico de Salvador, tendo como pais Joaquim e Maria da Glória. Descendente de escravos africanos, ainda criança foi escolhida para ser Iyálorixá do terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, fundado em 1849 por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, cujos pais eram originários de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria.
Foi apelidada Menininha, talvez por seu aspecto franzino. “Não sei quem pôs em mim o nome de Menininha… Minha infância não tem muito o que contar… Agora, dançava o candomblé com todos desde os seis anos”.
Foi iniciada no culto dos orixás de Keto aos 8 anos de idade por sua tia-avó e madrinha de batismo, Pulchéria Maria da Conceição (Mãe Pulchéria), chamada Kekerê - em referência à sua posição hierárquica, Iyá kekerê (Mãe pequena). Menininha seria sua sucessora na função de Iyalorixá do Gantois. Com a morte repentina de Mãe Pulchéria, em 1918, o processo de sucessão foi acelerado. Por um curto período, enquanto a jovem se preparava para assumir o cargo, sua mãe biológica, Maria da Glória Nazareth, permaneceu à frente do Gantois.
Foi a quarta Iyálorixá do Terreiro do Gantois e a mais famosa de todas as Iyálorixá brasileiras. Sucessora de sua mãe, Maria da Glória Nazareth, foi sucedida por sua filha, Mãe Cleusa Millet. "Minha avó, minha tia e os chefes da casa diziam que eu tinha que servir. Eu não podia dizer que não, mas tinha um medo horroroso da missão (...): passar a vida inteira ouvindo relatos de aflições e ter que ficar calada, guardar tudo para mim, procurar a meditação dos encantados para acabar com o sofrimento." 
O terreiro, que inicialmente funcionava na Barroquinha, na zona central de Salvador, foi posteriormente, transferido para o bairro da Federação onde hoje é o Ilê Axé Iyá Nassô Oká, na Avenida Vasco da Gama, do qual Maria Júlia da Conceição Nazaré, sua avó também fazia parte. Com o falecimento da iyalorixá da Casa Branca Iyá Nassô, sucedeu Iyá Marcelina da Silva Oba Tossi. Após a morte desta, Maria Júlia da Conceição e Maria Júlia Figueiredo, disputaram a chefia do candomblé, cabendo à Maria Júlia Figueiredo que era a substituta legal (Iyakekerê) tomar a posse como Mãe do Terreiro. Maria Júlia da Conceição afastou-se com as demais discidentes e fundaram outra Ilé Axé, o (Terreiro do Gantois), instalando-se em terreno arrendado aos Gantois - família de traficantes de escravos e proprietários de terras de origem belga - pelo cônjuge de Maria Júlia, o negro alforriado Francisco Nazareth de Eta. Situado num lugar alto e cercado por um bosque, o local de difícil acesso era bem conveniente numa época em que o candomblé era perseguido pelas forças da ordem. Geralmente, os rituais terminavam subitamente com a chegada da polícia.
Em 1922, através do jogo de búzios, os orixás Oxóssi, Xangô, Oxum e Obaluaiyê confirmaram a escolha de Menininha, então com 28 anos. Em 18 de fevereiro daquele ano, ela assume definitivamente o terreiro. "Quando os orixás me escolheram eu não recusei, mas balancei muito para aceitar", contava.
A partir da década de 30, a perseguição ao candomblé vai arrefecendo, mas uma Lei de Jogos e Costumes, condicionava a realização de rituais à autorização policial, além de limitar o horário de término dos cultos às 22 horas. Mãe Menininha foi uma das principais articuladoras do término das restrições e proibições. "Isso é uma tradição ancestral, doutor", ponderava a iyalorixá diante do chefe da Delegacia de Jogos e Costumes. "Venha dar uma olhadinha o senhor também."
Mãe Menininha abriu as portas do Gantois aos brancos e católicos - uma abertura que, em muitos terreiros, ainda é vista com certa estranheza. Mas, finalmente, a Lei de Jogos e Costumes foi extinta em meados dos anos 1970. "Como um bispo progressista na Igreja Católica, Menininha modernizou o candomblé sem permitir que ele se transformasse num espetáculo para turistas", analisa o professor Cid Teixeira, da Universidade Federal da Bahia.
Nunca deixou de assistir à missa e até convenceu os bispos da Bahia a permitir a entrada nas igrejas de mulheres, inclusive ela, vestidas com as roupas tradicionais do candomblé.
Aos 29 anos, Menininha casou-se com o advogado Álvaro MacDowell de Oliveira, descendente de escoceses. Com ele teve duas filhas, Cleusa e Carmem. “Meu marido, quando me conheceu, sabia que eu era do candomblé… A gente viveu em paz porque ele passou a gostar de Candomblé. Mas, quando fui feita Iyalorixá, passamos a morar separados. No meu terreiro, eu e minhas filhas. Marido não. Elas nasceram aqui mesmo”.
Em uma entrevista à revista IstoÉ, mãe Carmem conta que ela adorava assistir telenovelas, sendo que uma de suas preferidas teria sido Selva de Pedra. Era colecionadora de peças de porcelana, louça e de cristais, que guardava muito zelo. Não bebia Coca-Cola, pois certa vez lhe disseram que a bebida servia para desentupir os ralos de pias, e ela temia que a ingestão da bebida fizesse efeito análogo em si.
Mãe Menininha do Gantois faleceu em Salvador, em 1986, de causas naturais, aos 92 anos de idade.

Mãe Menininha, aos 8 anos de idade

Homenagens
O terreiro está localizado na Rua Mãe Menininha do Gantois (antiga rua da Boa Vista, que  mudou de nome em 1986), no Alto do Gantois, bairro da Federação, em Salvador. Após a sua morte, os seus filhos deixaram o seu quarto intacto, com seus objetos de uso pessoal e ritualísticos. O aposento foi transformado no Memorial Mãe Menininha e é uma das grandes atrações do Gantois.

Ederaldo Gentil e Anísio Félix. "In-Lê-In-Lá", 1976
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá, Oilá
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá
Os candomblés estão batendo, foguetes explodem no ar
Em louvor a Menininha, senhora, mãe e rainha do Gantois

Pelo seu aniversário de cinquentenário de Ialorixá
Pelo seu aniversário de cinquentenário de Ialorixá
Pelo seu aniversário de cinquentenário de Ialorixá
  
Ôôô, ÔôÔôôÔô, salve mamãe Oxum, salve meu pai Xangô
Ôôô, ÔôÔôôÔô, salve mamãe Oxum, salve meu pai Xangô
 
Cinquentenário de batalhas, cinquentenário de fé
Desde quando recebeu os poderes de Maria dos Prazeres Nazaré
Sua vidência se alastrou, iaô iaô iaô ô
Sua vidência se alastrou, iaô iaô iaô ô

Sacerdotisa de uma raça, rainha de uma nação,
na luta e defesa dos descrentes, ela sempre estendeu suas mãos
Hoje os candomblés estão batendo a seu nome venerar

Ia-mi-mojubá, salve o seu axé, seu candomblé do Alto do Gantois
Ia-mi-mojubá, salve o seu axé, seu candomblé do Alto do Gantois

In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá, Oilá
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá


A beleza do mundo, hein Tá no Gantois
E a mãe da doçura, hein
Tá no Gantois...
Dorival Caymmi. "Oração de Mãe Menininha", 1972.
No ano de 1976, foi homenageada pela Escola de Samba carioca Mocidade Independente de Padre Miguel, com o enredo "Mãe Menininha do Gantois", do carnavalesco Arlindo Rodrigues. O samba foi interpretado pela cantora Elza Soares e o puxador Ney Vianna:

Já raiou o dia
A passarela vai se transformar
Num cenário de magia
Lembrando a velha Bahia
E o famoso Gantois

Arerê, arerá
Candomblé vem da Bahia
Onde baixam os orixás

Oh, meu pai Ogum na sua fé
Saravá Nanã e Oxumaré
Xangô, Oxossi
Oxalá e Yemanjá
Filha de Oxum
Pra nos ajudar
Vem nos dar axé
Com os erês dos orixás

Refrão
Oh, minha mãe
Menininha
Vem ver, como toda cidade
Canta em seu louvor com a Mocidade

A agremiação ficou em terceiro lugar e Mãe Menininha, apesar da idade, se fez presente e ajudou com o "pedido" de licença para realização do enredo, junto aos Orixás.






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sexta-feira, agosto 16, 2013

Dorival Caymmi morreu há 5 anos

Dorival Caymmi (Salvador, 30 de abril de 1914 - Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2008) foi um cantor, compositor, violonista, pintor e ator brasileiro.
Compôs inspirado pelos hábitos, costumes e as tradições do povo baiano. Tendo como forte influência a música negra, desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos, sensualidade e riqueza melódica. Morreu em 16 de agosto de 2008, aos 94 anos, em casa, às seis horas da manhã, por conta de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos, em consequência de um cancro renal  que possuía há 9 anos e o mantinha doente em casa desde dezembro de 2007. Poeta popular, compôs obras como Saudade de Bahia, Samba da minha Terra, Doralice, Marina, Modinha para Gabriela, Maracangalha, Saudade de Itapuã, O Dengo que a Nega Tem, Rosa Morena.
Filho de Durval Henrique Caymmi e Aurelina Soares Caymmi, era casado com Adelaide Tostes, a cantora Stella Maris. Todos os seus três filhos são também cantores: Dori Caymmi, Danilo Caymmi e Nana Caymmi.
   
Dorival Caymmi em 1938
   
Vida
Caymmi era descendente de italianos pelo lado paterno, as gerações da Bahia começaram com o seu bisavô, que chegou ao Brasil para trabalhar no reparo do Elevador Lacerda e cujo nome era grafado Caimmi. Ainda criança, iniciou sua atividade como músico, ouvindo parentes ao piano. Seu pai era funcionário público e músico amador, tocava, além de piano, violão e bandolim. A mãe, dona de casa, mestiça de portugueses e africanos, cantava apenas no lar. Ouvindo o fonógrafo e depois a vitrola, cresceu sua vontade de compor. Cantava, ainda menino, em um coro de igreja, como baixo-cantante. Com treze anos, interrompe os estudos e começa a trabalhar em uma redação de jornal O Imparcial, como auxiliar. Com o fechamento do jornal, em 1929, torna-se vendedor de bebidas. Em 1930 escreveu sua primeira música: 'No Sertão", e aos vinte anos estreou como cantor e violonista em programas da Rádio Clube da Bahia. Já em 1935, passou a apresentar o musical Caymmi e Suas Canções Praieiras. Com 22 anos, venceu, como compositor, o concurso de músicas de carnaval com o samba A Bahia também dá. Gilberto Martins, um diretor da Rádio Clube da Bahia, o incentiva a seguir uma carreira no sul do país. Em abril de 1938, aos 23 anos, Dorival, viaja de Ita (navio que cruza o Brasil do norte até o sul) para cidade do Rio de Janeiro, para conseguir um emprego como jornalista e realizar o curso preparatório de Direito. Com a ajuda de parentes e amigos, fez alguns pequenos trabalhos na imprensa, exercendo a profissão em O Jornal, do grupo Diários Associados, ainda assim, continuava a compor e a cantar. Conheceu, nessa época, Carlos Lacerda e Samuel Wainer.
Foi apresentado ao diretor da Rádio Tupi, e, em 24 de junho de 1938, estreou na rádio cantando duas composições, embora ainda sem contrato. Saiu-se bem como caloiro e iniciou a cantar dois dias por semana, além de participar do programa Dragão da Rua Larga. Neste programa, interpretou O Que é Que a Baiana Tem, composta em 1938. Com a canção, fez com que Carmen Miranda tivesse uma carreira no exterior, a partir do filme Banana da Terra, de 1938. Sua obra invoca principalmente a tragédia de negros e pescadores da Bahia: O Mar, História de Pescadores, É Doce Morrer no Mar, A Jangada Voltou Só, Canoeiro, Pescaria, entre outras. Filho de santo de Mãe Menininha do Gantois, para quem escreveu em 1972 a canção em sua homenagem: "Oração de Mãe Menininha", gravado por grandes nomes como Gal Costa e Maria Bethânia.
   
Obra
O Dorival é um génio. Se eu pensar em música brasileira, eu vou sempre pensar em Dorival Caymmi. Ele é uma pessoa incrivelmente sensível, uma criação incrível. Isso sem falar no pintor, porque o Dorival também é um grande pintor. Cquote2.svg
Nas composições de Caymmi (Maracangalha - 1956; Saudade de Bahia - 1957), a Bahia surge como um local exótico com um discurso típico que estabelecera-se nas primeiras décadas do século XX. Referências à cultura africana, à comida, às danças, à roupa, e, principalmente à religião. Com a Primeira Guerra Mundial, um lundu de autoria anónima, com o nome de "A Farofa", trata não tão somente do conflito como também de dendê e vatapá, na canção "O Vatapá". O compositor José Luís de Moraes, chamado Caninha, utilizou, ainda em 1921, o vocábulo balangandã, no samba "Quem vem atrás fecha a porta". A culinária baiana foi consagrada no maxixe "Cristo nasceu na Bahia", lançado em 1926. No final da década de 1920, é associado à Bahia a mulher que ginga, rebola, requebra, remexe e mexe as cadeiras quando está sambando, o que surpreende na linguística, tendo em vista que o autor não era nativo do Brasil. O primeiro grande sucesso O que é que a baiana tem? cantada por Carmen Miranda em 1939 não só marca o começo da carreira internacional da Pequena Notável vestida de baiana, mas influenciou também a música popular dentro do Brasil, tornou-se conhecida a ponto de ser imitada e parodiada, como no choro "O que é que tem a baiana" de Pedro Caetano e Joel de Almeida ou na canção "A baiana diz que tem" de Raul Torres. Apesar das produções anteriores, as composições de Caymmi são as mais lembradas sobre a cultura baiana.
Cquote1.svg Eu escrevi 400 canções e Dorival Caymmi 70. Mas ele tem 70 canções perfeitas e eu não. Cquote2.svg