É preso em
1964 devido às suas actividades políticas, sendo libertado em
1974, altura em que parte para
Moçambique, onde lidera uma
guerrilha que se opõe ao Governo de minoria branca de
Ian Smith. Com o
acordo de paz de Lancaster House, assinado em Londres em
1979, após meses de negociações, Mugabe voltou para a ex-Rodésia e foi calorosamente recebido pela maioria negra.
Torna-se primeiro-ministro da ex-Rodésia (já depois do fim do governo
liderado por Ian Smith) em 1980, ao vencer as primeiras eleições
democráticas. Em abril do mesmo ano, é declarada a
independência do país que passou a ser designado por
Zimbabwe ("Zimbábue" em português).
Em 1982 passa a liderar o país sozinho, rompendo a coligação de Unidade
Nacional de dois anos com Joshua Nkomo e pondo termo a uma ligação que
imperava, desde 1976, com a União Popular Africana do Zimbábue (ZAPU)
de Joshua Nkomo, em que votava a maioria dos membros da etnia
ndeble.
Este processo de separação despoletou violentos confrontos entre as
duas fações, originando uma onda de repressão contra os membros da ZAPU e
os
ndeble.
Passando a centralizar o poder e obtendo cada vez mais autoridade, termina com o sistema
parlamentar, instaurando um sistema com um maior pendor
presidencialista. É eleito Presidente em 1984, 1990, 1996 e 2002 em eleições consideradas, por muitos, ilegais e fora do controlo
democrático, habitual de um
estado de direito.
A derrota no
referendo de
2000, que possibilitaria uma revisão constitucional, foi um dos únicos reveses do regime
ditatorial de Robet Mugabe, contudo isso não impediu o seu governo de concretizar em pleno os seus objectivos de
Reforma Agrária
por ele preconizados, retirando terras a agricultores brancos e
entregando-as a membros do seu partido. Com isto, a produção agrícola
caiu para valores muito baixos e o país, antes exportador de produtos
agrícolas, passou a importador, a haver fome nas cidades e a um clima de
hiperinflação, que tornou a moeda local com valores ridiculamente
elevados e ao seu posterior desaparecimento. Actualmente, estima-se que o
Zimbabwe seja um dos países com maior número de pessoas a viverem
abaixo do limiar de pobreza.
Nos anos dos seus mandato, Mugabe, sendo um
marxista que se afastou completamente dos seus ideais com o fim da
URSS, deu seguimento a um conjunto de políticas de carácter
socializante,
nacionalizando várias indústrias ao mesmo tempo que expropriava várias
terras dos seus proprietários originais e seguia os seus planos de
aumento de impostos e de controlo de preços, alastrando assim o controle
do estado sobre os diversos setores da economia. Promoveu
investimentos no setor educacional e elevou a qualidade de vida do
Zimbábue a níveis anormais para países emergentes. Em 1991, promoveu um
programa de austeridade visando absorver os profissionais graduados do
seu então brilhante sistema educacional, com o auxílio logístico e
financeiro do FMI, o que resultou em uma queda brusca no estilo de vida
da maioria pobre. Resultando em uma marginalização crescente da
população, o programa foi cancelado pelo FMI. A economia está em grave
declínio e a população severamente afetada pelo desemprego, fome e
SIDA, e mesmo assim a oposição ao regime de Mugabe dificilmente conseguiu ter apoio político para um governo de coligação.
Surgiram vários casos de violência e de intimidação, perpetuados
contras os opositores políticos de Robert Mugabe. O seu governo é
considerado um dos mais corruptos de todo o continente africano, sendo
suspeito de vários esquemas paralelos de venda de diamantes e outros
minerais do país. Governando num regime de caráter autoritário e
antidemocrático, Robert Mugabe, um exacerbado nacionalista, é
responsabilizado por aprovar polémicas restrições ao direito de voto e
uma lei que permite o afastamento dos observadores independentes, além
de uma severa perseguição à imprensa interna. Da mesma forma, limita os
direitos civis dos cidadãos do seu país.
Robet Mugabe venceu as eleições convocadas para o dia 28 de junho de
2008,
sendo reconduzido mais uma vez ao poder, desta feita pela sexta vez
consecutiva, por desistência de Morgan Tsvangirai, que tinha ganho a
primeira volta, após vários dos seus apoiantes terem sido assassinados.
Com o apoio internacional, houve uma partilha de poder que durou cerca
de quatro anos, mas o Governo de Unidade Nacional revelou-se ineficaz
para acabar com as fortes tensões e evitar confrontos sangrentos entre
os apoiantes de Mugabe e Tsvangirai. Em 31 de junho de 2013 Robert
Mugabe foi novamente reeleito, apesar da oposição e observadores
considerarem fraudulenta a eleição.
Em 6 de novembro de 2017, Mugabe dispensou o seu vice-presidente,
Emmerson Mnangagwa. Isso gerou especulações de que ele pretendia nomear sua esposa,
Grace,
para o cargo, com o intuito de faze-la sua sucessora. Grace Mugabe era
impopular dentro do partido e nos círculos políticos. Uma semana mais
tarde, a 15 de novembro de 2017, o
Exército Nacional do Zimbábue perpetrou
um golpe de estado, ocupando prédios governamentais e colocando o presidente Mugabe sob
prisão domiciliar. Oficiais das forças armadas afirmaram que estavam limpando os "criminosos" do círculo de Mugabe.
Em 19 de novembro, Mugabe foi oficialmente dispensado da
liderança do seu partido, o ZANU-PF, e Emmerson Mnangagwa foi apontado
para ocupar seu lugar.
O partido também deu a Mugabe um ultimato para ele renunciar a presidência do país ou um processo de
impeachment seria aberto contra ele. O presidente foi a público na televisão e afirmou que se recusava a renunciar.
No dia seguinte, o seu partido anunciou que pediria formalmente seu
impeachment na Assembleia.
Em 21 de novembro de 2017, após muita pressão interna, foi confirmada a renuncia de Mugabe da presidência do Zimbábue.
Segundo acertado na negociação, os negócios da família de Mugabe
permaneceriam intocados, com a ganhar $10 milhões em troca e também
foi declarado que a sua imunidade processual permaneceria, acabando com a
possibilidade dele ser julgado por crimes financeiros ou contra a
humanidade cometidos durante os trinta anos do seu governo.