Os répteis que precisam de uma lição, pá...
O
Correio da Manhã de hoje foi desencantar umas escutas entre José
Sócrates e Luís Arouca, a propósito do caso da licenciatura daquele,
pela Independente.
O jornal não diz onde apanhou as escutas, onde
foram realizadas e agora uma coisa é certa: perante decisões recentes
dos tribunais, estas escutas revestem insofismável interesse público e
daí a legitimidade absoluta da sua publicação. A questão da sua validade
jurídico-processual agora " não interessa nada", embora mereça
discussão a fazer noutra altura.
O que releva destas conversas de
José Sócrates com Luís Arouca? Uma evidência: José Sócrates no auge da
polémica do caso Independente, combinou com Luís Arouca, reitor da
Universidade acertar versões sobre aldrabices.
O mesmo José Sócrates
vai ao fundo da questão quando lhe disse: " anda para aí uma
campanha(...) que visa no fundo, dizer o seguinte: ele não concluiu a
licenciatura."
A tal campanha passava " ao nivel deses répteis...ao nível da blogosfera e do anonimato...e da ordinarice".
A
blogosfera em causa, era evidentemente o blog Do Portugal Profundo,
cujo autor, António Caldeira foi processado criminalmente por José
Sócrates e buscado, interrogado, vilipendiado como poucos o foram, por
tais motivos, em Portugal. Acabou sem condenação alguma e sendo-lhe
reconhecida implicitamente a atitude valorosa, corajosa e determinada
nessa acção de denúncia de uma vigarice comprovada, praticada por um
governantes em funções. Na altura contavam-se pelos dedos os que tinham a
coragem de dizer publicamente, escrever e indignarem-se com as
aldrabices notórias que vinham a lume.
Agora repare-se nesta ordinarice e no comportamento reptilíneo do que apoda de répteis os anónimos da blogosfera:
"O
que eu acho importante...nós podíamos combinar, e que é verdade;
primeiro, nós só nos conhecemos pessoalmente depois de eu terminar a
licenciatura." E responde o interlocutor Arouca "é a pura das verdades".
Sendo
verdade este facto, não é o facto também dito na altura por José
Sócrates acerca de só ter conhecido o seu professor António Morais, na
altura em que entrou na Independente. José Sócrates sabe perfeitamente
que tal não é verdade e quem o poderia ter desmentido na altura seria a
mulher de Morais. Não o fez porque estava em processo de separação e
divórcio do tal Morais. E teve medo. Medo era algo que nessa altura as
pessoas sentiam a propósito do governo de José Sócrates. Medo de ser
prejudicado no emprego, socialmente e na sua vida particular.
Portanto,
talvez por isso mesmo, na conversa a seguir dá-se a chave para o
entendimento desta questão: quando José Sócrates evoca o jornalista (um só, do Público, José António Cerejo e que repescou o que vinha no
blog Do Portugal Profundo) que lhe queria traçar o perfil como estudante
na Independente, tomou a precaução de assinalar ao reitor que não
queria que se soubesse o nome dos seus professores.
Nisso é claríssimo:" Não, não...não...não...não há nomes de professores, nem o professor se lembra...nem tem...enfim..."
José
Sócrates nesta fase da conversa já dá ordens ao reitor da Independente.
Claríssimo. E este obedece e assenta. E por fim um pedido explícito de
favor concreto:
" Se o professor chamasse a si estes papéis e lhes desse uma vista de olhos, ainda poderíamos voltar a falar..."
"Com
certeza..." responde solícito o reitor. Que acrescenta: "... realmente
esses gajos ( os tais répteis) precisam de uma lição pá..."
Esta
conversa, contextualizada no tempo e no modo dá o retrato quase completo
de um indivíduo que nos governou durante seis anos.
Quando estas
coisas aconteceram, os "répteis" da blogosfera alertaram para o perigo
destes predadores maiores e armados em caça répteis. Poucos quiseram
ouvir.
Aquando de outro escândalo ainda maior que este, no caso Face
Oculta, continuaram a fazer ouvidos de mercador e a ocultar dolosamente
factos gravíssimos.
Só resta perguntar porquê. Porquê?! Mas porquê?!!!
A
resposta, como diria Bob Dylan, anda no vento. A não ser que também
tenham recebido garantias como as que foram então dadas ao reitor: " ..e
quando eu puder ajudar, que agora não posso, bem sei, mas quando eu
puder ajudar cá estarei...cá estarei..."
Actualmente está em
Paris, numa outra aldrabice do género. Disse que ia estudar Filosofia.
Não foi. Vive em condições pessoais e em circunstâncias que são um
mistério para a generalidade das pessoas. Faz uma vida pessoa que não
deveria interessar a ninguém porque é privada mas usa-a para continuar a
intervir no espaço público e político. Saiu completamente impune do que
fez durante seis anos e a sensação de injustiça é evidentemente
gritante e brada aos céus.
Por vezes anda por cá, ameaçando entrar
novamente no jogo político, influenciando votações democráticas e
tentando fazer o mesmo que sempre fez.
E já fez notar para não se esquecerem dele, emigrado de Paris, porque ele também não se esqueceria...
Resta saber desta vez a quem prometeu. Publicamente, porque deveria saber-se.
Enquanto
este indivíduo não for irradiado definitivamente da política corremos
sérios riscos de o apanhar outra vez nas curvas das votações
partidocráticas. Depois não digam que não foram avisados...