terça-feira, novembro 19, 2019

O Discurso de Gettysburg foi feito há 156 anos

  
O Discurso de Gettysburg é o mais famoso discurso do Presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln. Foi proferido na cerimónia de dedicação do Cemitério Nacional de Gettysburg, na tarde do dia 19 de novembro de 1863, quatro meses depois da vitória na batalha de Gettysburg, decisiva para o resultado da Guerra de Secessão.
Em apenas 269 palavras, ditas em menos de dois minutos, Lincoln invocou os princípios de igualitarismo da Declaração de Independência e definiu a Guerra Civil como um novo nascimento da Liberdade que iria trazer a igualdade entre todos os cidadãos, criando uma nação unificada em que os poderes dos estados não se sobrepusessem ao "Governo do Povo, Pelo Povo, para o Povo".
A importância do Discurso de Gettysburg é comprovada pela sua recorrência na cultura americana. Além de estar gravado no Memorial de Lincoln em Washington, DC, o discurso é estudado em muitas escolas e é frequentemente mencionado pelos media e em obras de cultura popular.
 
Texto original

Four score and seven years ago our fathers brought forth on this continent a new nation, conceived in liberty and dedicated to the proposition that all men are created equal.

Now we are engaged in a great civil war, testing whether that nation or any nation so conceived and so dedicated can long endure. We are met on a great battlefield of that war. We have come to dedicate a portion of that field as a final resting-place for those who here gave their lives that that nation might live. It is altogether fitting and proper that we should do this.

But in a larger sense, we cannot dedicate, we cannot consecrate, we cannot hallow this ground. The brave men, living and dead who struggled here have consecrated it far above our poor power to add or detract. The world will little note nor long remember what we say here, but it can never forget what they did here.

It is for us the living rather to be dedicated here to the unfinished work which they who fought here have thus far so nobly advanced. It is rather for us to be here dedicated to the great task remaining before us – that from these honored dead we take increased devotion to that cause for which they gave the last full measure of devotion – that we here highly resolve that these dead shall not have died in vain, that this nation under God shall have a new birth of freedom, and that government of the people, by the people, for the people shall not perish from the earth.
 
Tradução
Há 87 anos, os nossos pais deram origem neste continente a uma nova Nação, concebida na Liberdade e consagrada ao princípio de que todos os homens nascem iguais.

Encontramo-nos actualmente empenhados numa grande guerra civil, pondo à prova se essa Nação, ou qualquer outra Nação assim concebida e consagrada, poderá perdurar. Eis-nos num grande campo de batalha dessa guerra. Eis-nos reunidos para dedicar uma parte desse campo ao derradeiro repouso daqueles que, aqui, deram a sua vida para que essa Nação possa sobreviver. É perfeitamente conveniente e justo que o façamos.

Mas, numa visão mais ampla, não podemos dedicar, não podemos consagrar, não podemos santificar este local. Os valentes homens, vivos e mortos, que aqui combateram já o consagraram, muito além do que nós jamais poderíamos acrescentar ou diminuir com os nossos fracos poderes.

O mundo muito pouco atentará, e muito pouco recordará o que aqui dissermos, mas não poderá jamais esquecer o que eles aqui fizeram.

Cumpre-nos, antes, a nós os vivos, dedicarmo-nos hoje à obra inacabada até este ponto tão insignemente adiantada pelos que aqui combateram. Antes, cumpre-nos a nós os presentes, dedicarmo-nos à importante tarefa que temos pela frente – que estes mortos veneráveis nos inspirem maior devoção à causa pela qual deram a última medida transbordante de devoção – que todos nós aqui presentes solenemente admitamos que esses homens não morreram em vão, que esta Nação com a graça de Deus venha gerar uma nova Liberdade, e que o governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desaparecerá da face da terra.

Hoje é o Dia Mundial do Xadrez!

O Xadrez é um jogo de tabuleiro de natureza recreativa e competitiva para dois jogadores, sendo também conhecido como Xadrez Ocidental ou Xadrez Internacional para distingui-lo dos seus predecessores e de outras variantes da atualidade. A forma atual do jogo surgiu no Sudoeste da Europa na segunda metade do século XV, durante o Renascimento, depois de ter evoluído de suas antigas origens persas e indianas. O Xadrez pertence à mesma família do Xiangqi e do Shogi e, atualmente, segundo os historiadores do xadrezismo, todos eles se originaram do Chaturanga, que se praticava na Índia no século VI d.C.
O xadrez é um dos jogos mais populares do mundo, sendo praticado por milhões de pessoas em torneios (amadores e profissionais), clubes, escolas, pela internet, por correspondência e informalmente. Há uma estimativa de cerca de 605 milhões de pessoas em todo o mundo que sabem jogar xadrez e destas, 7,5 milhões são filiadas numa das federações nacionais que existem em 160 países em todo o mundo.
Características de arte e ciência são encontradas nas composições xadrezísticas e na sua teoria que abrange aberturas, meio-jogo e finais, as fases em que subdividem o transcorrer do jogo. Na terminologia enxadrística, os jogadores de xadrez são conhecidos como ou xadrezistas. O xadrez, por ser um jogo de estratégia e tática, não envolve o elemento sorte. A única exceção, nesse caso, é o sorteio das cores no início do jogo, já que as brancas sempre fazem o primeiro movimento e teriam, em tese, uma pequena vantagem por isso. Essa teoria é suportada por um grande número de estatísticas, embora alguns especialistas não aceitem a existência de tal vantagem.
A partida de xadrez é disputada em um tabuleiro de casas claras e escuras, sendo que, no início, cada xadrezista controla dezasseis peças com diferentes formatos e características. O objetivo da partida é dar xeque-mate (também chamado de mate) ao adversário. Teóricos do xadrez desenvolveram uma grande variedade de estratégias e táticas para se atingir este objetivo, muito embora, na prática, ele não seja um facto muito comum, já que os jogadores em grande desvantagem ou iminência de derrota têm a opção de abandonar (desistir) a partida, antes de receberem o mate.
As competições de xadrez oficiais tiveram início ainda no século XIX, sendo Wilhelm Steinitz considerado o primeiro campeão mundial de xadrez. Existe ainda o campeonato internacional por equipes realizado a cada dois anos, a Olimpíada de Xadrez. Desde o início do século XX, duas organizações de caráter mundial, a Federação Internacional de Xadrez e a Federação Internacional de Xadrez Postal vêm organizando eventos que congregam os melhores xadrezistas do mundo. O atual campeão do mundo (2013) é o norueguês Magnus Carlsen e a campeã mundial (2013) é a chinesa Hou Yifan.
O Xadrez foi reconhecido como Desporto pelo Comité Olímpico Internacional em 2001, tendo a sua olimpíada específica e campeonatos mundiais em todas as suas categorias.
O Dia Mundial do Xadrez é comemorado todos os anos no dia 19 de novembro, data de nascimento de José Raúl Capablanca, considerado um dos maiores xadrezistas de todos os tempos e o único hispano-americano a se sagrar campeão mundial.
 

segunda-feira, novembro 18, 2019

Manuel António Pina nasceu há 76 anos

Manuel António Pina (Sabugal, 18 de novembro de 1943 - Porto, 19 de outubro de 2012) foi um jornalista e escritor português, premiado em 2011 com o Prémio Camões.
O escritor licenciou-se em direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e foi jornalista do Jornal de Notícias durante três décadas, tendo sido depois cronista do Jornal de Notícias e da revista Notícias Magazine.
A sua obra incidiu principalmente na poesia e na literatura infanto-juvenil, embora tenha escrito também diversas peças de teatro e de obras de ficção e crónica. Algumas dessas obras foram adaptadas ao cinema e TV e editadas em disco.
A sua obra se difundiu em países como França (francês e corso), Estados Unidos, Espanha (espanhol, galego e catalão), Dinamarca, Alemanha, Países Baixos, Rússia, Croácia e Bulgária.
A 9 de junho de 2005 foi feito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
Faleceu no dia 19 de outubro de 2012, no Hospital de Santo António, no Porto.
  

Lugares da Infância 

Lugares da infância onde
sem palavras e sem memória
alguém, talvez eu, brincou
já lá não estão nem lá estou.

Onde? Diante
de que mistério
em que, como num espelho hesitante,
o meu rosto, outro rosto, se reflecte?

Venderam a casa, as flores
do jardim, se lhes toco, põem-se hirtas
e geladas, e sob os meus passos
desfazem-se imateriais as rosas e as recordações.

O quarto eu não o via
porque era ele os meus olhos;
e eu não o sabia
e essa era a sabedoria.

Agora sei estas coisas
de um modo que não me pertence,
como se as tivesse roubado.

A casa já não cresce
à volta da sala,
puseram a mesa para quatro
e o coração só para três.

Falta alguém, não sei quem,
foi cortar o cabelo e só voltou
oito dias depois,
já o jantar tinha arrefecido.

E fico de novo sozinho,
na cama vazia, no quarto vazio.
Lá fora é de noite, ladram os cães;
e eu cubro a cabeça com os lençóis.

 

in Um Sítio onde Pousar a Cabeça (1991) - Manuel António Pina

O Massacre de Jonestown foi há 41 anos

(imagem daqui)
   
O Massacre de Jonestown ocorreu a 18 de novembro de 1978 na Guiana, com a morte de mais de 900 pessoas, resultando na maior perda de vidas de civis norte-americanas em desastres não naturais até aos ataques de 11 de setembro de 2001.
O Peoples Temple (Templo dos Povos), com sede em San Francisco, EUA, era conduzido pelo líder religioso Jim Jones. O fanatismo religioso é visto como um caso extremo. O reverendo Jones veio até ao Brasil em 1970 e depois decidiu-se instalar na Guiana.
25 anos após o massacre, foi realizada nos Estados Unidos uma cerimónia em homenagem aos mortos. Estavam presentes dois filhos de Jim Jones no cemitério onde foram enterradas 400 pessoas.
  
  
  
Houses in Jonestown
   
"Jonestown" was the informal name for the Peoples Temple Agricultural Project, an intentional community in northwestern Guyana formed by the Peoples Temple led by an American, Jim Jones. It became internationally notorious when on November 18, 1978, 918 people died in the settlement, at a nearby airstrip, and in Georgetown (Guyana's capital). The name of the settlement became synonymous with the incidents at those locations.
A total of 909 Temple members died in Jonestown, all but two from apparent cyanide poisoning, in an event termed "revolutionary suicide" by Jones and some members on an audio tape of the event and in prior discussions. The poisonings in Jonestown followed the murder of five others by Temple members at a nearby Port Kaituma airstrip. The victims included United States Congressman Leo Ryan. Four other Temple members died in Georgetown at Jones' command.
To an extent, the actions in Jonestown were viewed as a mass suicide; some sources, including Jonestown survivors, regard the event as a mass murder. It was the largest such event in modern history and resulted in the largest single loss of American civilian life in a deliberate act until the events of September 11, 2001.
     

O Aleijadinho morreu há 205 anoos...

Suposto retrato póstumo de Aleijadinho, realizado por Euclásio Ventura no século XIX - abaixo, a sua assinatura
António Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, (Ouro Preto, circa 29 de agosto de 1730 ou, mais provavelmente, 1738 - Ouro Preto, 18 de novembro de 1814) foi um importante escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial.
Pouco se sabe com certeza sobre sua biografia, que permanece até hoje envolta em cerrado véu de lenda e controvérsia, tornando muito árduo o trabalho de pesquisa sobre ele e ao mesmo tempo transformando-o em uma espécie de herói nacional. A principal fonte documental sobre o Aleijadinho é uma nota biográfica escrita somente cerca de quarenta anos depois de sua morte. A sua trajetória é reconstituída principalmente através das obras que deixou, embora mesmo neste âmbito sua contribuição seja controversa, já que a atribuição da autoria da maior parte das mais de quatrocentas criações que hoje existem associadas ao seu nome foi feita sem qualquer comprovação documental, baseando-se apenas em critérios de semelhança estilística com peças documentadas.
Toda sua obra, entre talha, projetos arquitetónicos, relevos e estatuária, foi realizada em Minas Gerais, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João del-Rei e Congonhas. Os principais monumentos que têm as suas obras são a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Com um estilo relacionado com o Barroco e Rococó, é considerado pela crítica brasileira quase em consenso como o maior expoente da arte colonial no Brasil e, ultrapassando as fronteiras brasileiras, para alguns estudiosos estrangeiros é o maior nome do Barroco americano, merecendo um lugar destacado na história da arte do ocidente.
Cristo flagelado, Santuário de Congonhas
  

Kim Wilde - 59 anos

Kim Smith (Chiswick, Middlesex, 18 de novembro de 1960), mais conhecida pelo nome artístico de Kim Wilde, é uma cantora pop britânica.
   
 

Bartolomeu de Gusmão morreu há 295 anos

Bartolomeu Lourenço de Gusmão, SJ (Santos, dezembro de 1675 - Toledo, 18 de novembro de 1724), cognominado o padre voador, foi um sacerdote secular, cientista e inventor luso-brasileiro nascido na capitania de São Vicente, em Santos, na colónia portuguesa do Brasil, famoso por ter inventado o primeiro aeróstato operacional, a que chamou de "passarola".
  
Bartolomeu de Gusmão apresenta os seus protótipos à corte de D. João V
  
(...)
   
Em Toledo (Espanha), Bartolomeu adoece gravemente, recolhendo-se ao Hospital da Misericórdia daquela cidade, onde veio a falecer em 18 de novembro de 1724, aos 38 anos. Antes de morrer, porém, confessou-se e recebeu a comunhão, conforme o rito católico, e assim foi sepultado na Igreja de São Romão, em Toledo. Foram feitas, ao longo de décadas, várias tentativas para localizar a sua tumba, o que só ocorreu em 1856. Parte dos restos mortais foi transportada para o Brasil e se encontra, desde 2004, na Catedral Metropolitana de São Paulo.
 
Figura como uma das personagens centrais de Memorial do Convento, romance de José Saramago.
  

domingo, novembro 17, 2019

Rodin morreu há 102 anos

François-Auguste-René Rodin (Paris, 12 de novembro de 1840 - Meudon, 17 de novembro de 1917), mais conhecido como Auguste Rodin, foi um escultor francês
  
O Beijo (detalhe), Paris
    

Heitor Villa-Lobos morreu há sessenta anos

Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 5 de março de 1887 – Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1959) foi um maestro e compositor brasileiro.
Destaca-se por ter sido o principal responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em música, sendo considerado o maior expoente da música do modernismo no Brasil, compondo obras que contém nuances das culturas regionais brasileiras, com os elementos das canções populares e indígenas. No Brasil a sua data de nascimento é celebrada como o Dia Nacional da Música Clássica.
   
  

O Canal de Suez foi oficialmente inaugurado há 150 anos

O Canal de Suez é um canal inaugurado em 1869 que liga Porto Said, porto egípcio no Mar Mediterrâneo, a Suez, no Mar Vermelho.
Com a extensão de 195 quilómetros, permite que embarcações naveguem da Europa à Ásia sem terem que contornar a África pelo cabo da Boa Esperança. Antes da sua construção, as mercadorias tinham que ser transportadas por terra entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho ou fazer a rota do Cabo.
  
O francês Ferdinand de Lesseps, construtor do canal
  
O moderno Canal
A companhia Suez de Ferdinand de Lesseps construiu o canal entre 1859 e 1869. No final dos trabalhos, o Egito e a França eram os proprietários do canal.
Estima-se que 1,5 milhão de egípcios tenham participado da construção do canal e que 120 000 morreram, principalmente de cólera.
Em 17 de fevereiro de 1867, o primeiro navio atravessou o canal, mas a inauguração oficial foi a 17 de novembro de 1869. O imperador da França Napoleão III, não estava presente, estando enfermo, sendo representado pela sua esposa, a Imperatriz Eugénia, sobrinha do próprio Lesseps. Ao contrário da crença popular, a ópera Aida não foi encomendada ao compositor italiano Verdi para ser apresentada na inauguração, que só foi concluída e apresentada dois anos depois. Também presente, como jornalista convidado, o escritor português Eça de Queiroz, que  escreveu uma reportagem para o Diário de Notícias de Lisboa.
A dívida externa do Egito obrigou o país a vender a sua parte do canal ao Reino Unido, que garantia assim a sua rota para as Índias. Essa compra, conduzida pelo primeiro-ministro Disraeli, foi financiada por um empréstimo do banco Rotschild. As tropas britânicas instalaram-se nas margens do canal para protegê-lo em 1882.
  

A Rainha D.ª Leonor morreu há 494 anos

A Rainha, trajando de viúva, rezando no seu magnífico Livro de Horas, por sobre a pintura flamenga Panorama de Jerusalém, oferecida por seu primo, o Imperador Maximiliano I
   
Leonor de Avis ou Leonor de Portugal ou Leonor de Lencastre ou Infanta Leonor, e mais recentemente, no estrangeiro, "Leonor de Viseu", do nome do título secundário de seu pai, o infante Fernando de Portugal, Duque de Viseu (Beja, 2 de maio de 1458 - Paço de Xabregas, Lisboa, 17 de novembro de 1525), foi uma princesa portuguesa da Casa de Avis, e Rainha de Portugal a partir de 1481, pelo casamento com seu primo João II de Portugal, o Príncipe Perfeito. Pela sua vida exemplar, pela prática constante da misericórdia, e mais virtudes cristãs, alcançou de alguns historiadores o epíteto de "Princesa Perfeitíssima", inspirado no cognome do Rei seu marido, a cuja altura sempre se soube manter para o juízo da história.
A rainha D.ª Leonor de Avis é também a terceira e última rainha consorte de Portugal nascida em Portugal, tendo a primeira sido Leonor Teles e a segunda a sua tia, e sogra, Isabel de Avis, mulher de Afonso V. Com o seu casamento acaba o Século de Oiro Português, caracterizado por casamentos endogâmicos continuados entre os descendentes da Ínclita Geração, entre a prole de João I e da sua rainha Filipa de Lancastre. Leonor foi sem dúvida uma das mais notáveis soberanas portuguesas de todos os tempos, pela sua vida, importância, influência, obra, e legado aos vindouros.
Foi também a primeira dos ocupantes do trono português com sangue Bragança, pela sua avó materna, a infante Isabel de Barcelos, filha do 1º duque de Bragança - logo se lhe seguindo seu irmão Manuel I, como primeiro rei reinante, e seu sobrinho Jaime I, Duque de Bragança, como primeiro Bragança herdeiro jurado do trono, na permanente relação entre a Casa Real, de origem ilegítima, e o seu ramo Bragança, igualmente ilegítimo, sempre casando entre si.
   
(...)
  
Leonor reinou no apogeu da fortuna da expansão portuguesa, quando Lisboa se transformara na capital europeia do comércio de riquezas exóticas: e foi por isso mesmo no seu tempo a mais rica princesa da Europa, conforme demonstra uma obra recente a respeito da administração da sua grande casa.
Essa grande fortuna, que cresceu exponencialmente com a chegada à Índia e com o comércio ultramarino, visto seu pai ter sido filho adoptivo e herdeiro universal do Infante D. Henrique, o Navegador, e das grandes mercês que recebeu dos reis seu marido e seu irmão, empregou-a depois de viúva na prática da caridade constante, da devoção verdadeira, no patrocínio de obras religiosas, e sobretudo na assistência social aos pobres: assim, encorajou, fomentou e financiou o projecto de Frei Miguel Contreiras de estabelecimento de Misericórdias gerida por irmandades em todo o reino, notável iniciativa precursora em toda a Europa. A rede de Misericórdias portuguesa chegou até aos nossos dias, sempre activa no papel social e caritativo a que a Rainha a destinou.
     
Armas da Rainha D. Leonor de Aviz, enquanto casada
   

Hoje é dia de ouvir Jethro Tull...

Martin Barre (Kings Heath, Birmingham, 17 de novembro de 1946), algumas vezes creditado como Martin Lancelot Barre, é guitarrista da banda Jethro Tull desde 1969. Ele participou de todos os álbuns do grupo, exceto This Was. Há alguns anos deu início a uma carreira a solo paralela ao seu trabalho com os Tull.
 
 
 
Começou a sua carreira musical tocando com Mick Taylor num grupo chamado Juniors. Participou em outras bandas e, em 1975, entrou para os Jethro Tull e o seu primeiro álbum com o grupo foi Too Old to Rock 'n' Roll: Too Young to Die!. Em 1977 gravou Songs from the Wood, com mais influências folk. No álbum Heavy Horses de 1978, John fez uma excelente atuação com as músicas "Journeyman" e "Heavy Horses". Nesse mesmo ano o Jethro Tull fez a sua turnê pela Europa e Estados Unidos, sendo que durante a última John não pode comparecer à maioria dos shows, inclusive no show histórico dos Tull no Madison Square Garden em Nova York, pois estava em um tratamento em Blackpool. Nessa turnê ele foi substituído temporariamente por Tony Williams.
Os problemas cardíacos de Glascock tornaram-se evidentes quando ele foi incapaz de se apresentar na turnê de Heavy Horses. Apesar de diagnosticados danos numa válvula cardíaca, provocados por uma infecção, ele manteve o seu estilo de vida, que envolvia excesso de bebidas e festas. A sua saúde continuou a deteriorar-se. Ian Anderson tentou aconselhá-lo antes de finalmente afastá-lo, durante a produção de Stormwatch, completando a maioria das gravações de baixo por conta própria. Durante a subsequente turnê promocional do álbum, realizada com um baixista substituto, Anderson ficou sabendo da morte de Glascock e teve de dar a notícia à banda. Barriemore Barlow, amigo mais próximo do baixista no grupo, ficou devastado, deixando a banda no final da turnê.
Embora pouco conhecido hoje em dia, John Glascock é considerado um dos baixistas mais influentes dos anos 70. Foi substituído por Dave Pegg.
  
 

sábado, novembro 16, 2019

Recordar António Aleixo na voz de Adriano Correia de Oliveira



História do Quadrilheiro Manuel Domingos Louzeiro - Adriano Correia de Oliveira
Música de José Niza e Poema de António Aleixo

Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.

Meus senhores vão ouvir
A história do quadrilheiro
Manuel Domingos Louzeiro,
Que foi a pena cumprir,
Enquanto alguém de Salir,
Num primor de descrição,
Lhe chama até “Lampeão”;
Mas, salirenses honrados,
Podeis dormir descansados,
Que lá foi preso o ladrão.

Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.

Pelas coisas que o povo diz,
Para uns, terrível bandido
Para outros, grande infeliz.
Mas eu, sem querer ser juiz,
Vi que ele se despedia
Da mulher com quem vivia
Numa amizade sincera
E não vi nele a tal fera
Que em toda a parte aparecia.

Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.

Desse rei dos criminosos
Direi aos que o conheceram,
Poucos crimes apareceram
E poucos são os queixosos;
Apenas alguns medrosos
Terrível fama lhe dão;
Para a justiça só são
Os seus crimes dois ou três,
Mas coisas que ele não fez
Contam-se mais de um milhão.

Já lá vai preso o ladrão
Que em toda a parte aparecia
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.
Contam-se mais de um milhão
De roubos que ele fazia.

Por alguns sítios passava,
Onde há só gente honradinha,
Que roubava à vontadinha
E que ninguém acusava;
Tudo Domingos pagava,
E ele às vezes nem sabia
Que à sua sombra vivia
Gente que passa por justa,
Fazendo crimes à custa
Dos roubos que ele fazia.
Gente que passa por justa,
Fazendo crimes à custa
Dos roubos que ele fazia.

Música e poesia adequada à data...



José Saramago nasceu há 97 anos

Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.
  
  
Demissão 
 
Este mundo não presta, venha outro.
Já por tempo de mais aqui andamos
A fingir de razões suficientes.
Sejamos cães do cão: sabemos tudo
De morder os mais fracos, se mandamos,
E de lamber as mãos, se dependentes.
 
 

in Os Poemas Possíveis (1966) - José Saramago

Tibério, o segundo Imperador Romano, nasceu nesta data

Tibério Cláudio Nero César (em latim Tiberius Claudius Nero Cæsar; 16 de novembro de 42 a.C.16 de março de 37 d.C.), foi imperador romano de 18 de setembro de 14 até a sua morte, a 16 de março de 37. Era filho de Tibério Cláudio Nero e Lívia Drusa. Foi o segundo imperador de Roma, pertencente à dinastia júlio-claudiana, sucedendo ao padrasto Augusto. Foi durante o seu governo que, na província romana da Palestina, Jesus Cristo foi crucificado.
  
   

António Aleixo morreu há setenta anos

António Fernandes Aleixo (Vila Real de Santo António, 18 de fevereiro de 1899 - Loulé, 16 de novembro de 1949) foi um poeta popular português.

Poeta possuidor de uma rara espontaneidade, de um apurado sentido filosófico e notável pela «capacidade de expressão sintética de conceitos com conteúdo de pensamento moral», António Aleixo tinha por motivos de inspiração desde as brincadeiras dirigidas aos amigos até à crítica sofrida das injustiças da vida. É notável em sua poesia a expressão concisa e original de uma "amarga filosofia, aprendida na escola impiedosa da vida".
A sua conhecida obra poética é uma parte mínima de um vasto repertório literário. O poeta, que escrevia sempre usando a métrica mais comum na língua portuguesa (heptassílabos, em pequenas composições de quatro versos, conhecidas como "quadras" ou "trovas"), nunca teve a preocupação de registar suas composições. Foi o trabalho de Joaquim de Magalhães, que se dedicou a compilar os versos que eram ditados pelo poeta no intuito de compor o primeiro volume de suas poesias (Quando Começo a Cantar), com o posterior registo do próprio poeta tendo o incentivo daquele mesmo professor, a obra de António Aleixo adquiriu algum trabalho documentado. Antes de Magalhães, contudo, alguns amigos do poeta lançaram folhetos avulsos com quadras por ele compostas, mais no intuito, à época, de angariar algum dinheiro que ajudasse o poeta na sua situação de miséria que com a intenção maior de permanência da obra na forma escrita.
Estudiosos de António Aleixo ainda conjugam esforços no sentido de reunir o seu espólio, que ainda se encontra fragmentado por vários pontos do Algarve, algum dele já localizado. Sabe-se também que vários cadernos seus de poesia, foram cremados como meio de defesa contra o vírus infeccioso da doença que o vitimou, sem dúvida, um «sacrifício» impensado, levado a cabo pelo desconhecimento de seus vizinhos. Foi esta uma perda irreparável de um património insubstituível no vasto mundo da literatura portuguesa.

A opinião pública e reconhecidos amigos
A partir da descoberta de Joaquim de Magalhães, o grande responsável por "passar a limpo" e registar a obra do poeta, António Aleixo passou a ser apreciado por inúmeras figuras da sociedade e do meio cultural algarvio. Também é digno de registo José Rosa Madeira, que o protegeu, divulgou e coleccionou os seus escritos, contribuindo no lançamento do primeiro livro, "Quando Começo a Cantar" (1943), editado pelo Círculo Cultural do Algarve.
A opinião pública aceitou a primeira obra de António Aleixo com bom agrado, tendo sido bem acolhida pela crítica. Com uma tiragem de cerca de 1.100 exemplares, o livro esgotou-se em poucos dias, o que proporcionou ao Poeta Aleixo uma pequena melhoria de vida, contudo ensombrada pela morte de uma filha sua, com tuberculose. Desta mesma doença viria o poeta a sofrer pelos tratamentos que a vida lhe foi impondo, tendo de ser internado no Hospital – Sanatório dos Covões, em Coimbra, a 28 de junho de 1943.
Em Coimbra começa uma nova era para o poeta que descobre novas amizades e deleita-se com novos admiradores, que reconhecem o seu talento, de destacar o Dr. Armando Gonçalves, o escritor Miguel Torga, e António Santos (Tóssan), artista plástico e autor da mais conhecida imagem do poeta algarvio, amigo do poeta que nunca o desamparou nas horas difíceis. Os seus últimos anos de vida foram passados, ora no sanatório em Coimbra, ora no Algarve, em Loulé.
A 27 de maio de 1944 recebeu o grau de Oficial da Ordem do Mérito.
Homenagem e Consagração
Em homenagem ao poeta popular e à sua obra, muitos distritos portugueses atribuíram o seu nome a ruas e avenidas e até a diversas escolas, como:
  • O Liceu de Portimão passou a chamar-se Escola Secundária Poeta António Aleixo.
  • Em Coimbra - Na zona de Sta. Clara e em Brasfemes, (arredores).
  • Em Paço de Arcos junto da Escola Náutica também existe uma rua com o nome de António Aleixo.
  • Em Odivelas foi dado o nome do poeta a um largo.
  • Em Setúbal, o nome do poeta foi também atribuído a uma rua de um bairro da cidade, situado na zona do Centro Hospitalar.
  • Em Camarate no Bairro São José
  • Em Albufeira, junto às praias no Algarve, e em muitas ruas espalhadas por esse Portugal fora e não só, pode-se ver e ouvir o nome do Poeta do Povo imortalizado em alguma placa.
  • Há alguns anos também passou a existir a «Fundação António Aleixo» com sede em Loulé e que já usufrui do Estatuto de Utilidade Pública, o que lhe permite atribuir bolsas de estudo aos mais carenciados, facto que deve ser encarado como bastante positivo.
  • O reconhecimento a este poeta tem-se repercutido noutros países de língua portuguesa, nos quais o nome de Aleixo foi imortalizado em instituições como, por exemplo, a Escola Poeta António Aleixo no Liceu Católico de São Paulo no Brasil.

Obra
António Fernandes Aleixo está hoje, bem enraizado e presente. As suas obras foram apresentadas na televisão, rádio e demais sistemas de informação, os seus versos incluídos em diversas antologias, o seu nome figura na história da literatura de língua portuguesa, é patrono de instituições e grupos político-culturais, existem medalhas cunhadas e monumentos erigidos em sua honra. Da sua autoria estão publicadas as seguintes obras:
  • Quando começou a cantar – (1943);
  • Intencionais – (1945);
  • Auto da vida e da morte – (1948);
  • Auto do curandeiro – (1949);
  • Auto do Ti Jaquim - incompleto (1969);
  • Este livro que vos deixo – (1969) - reunião de toda a obra do poeta;
  • Inéditos – (1979); tendo sido, estes quatro últimos, publicados postumamente.



Porque o Povo Diz Verdades 

Porque o povo diz verdades,
Tremem de medo os tiranos,
Pressentindo a derrocada
Da grande prisão sem grades
Onde há já milhares de anos
A razão vive enjaulada.

Vem perto o fim do capricho
Dessa nobreza postiça,
Irmã gémea da preguiça,
Mais asquerosa que o lixo.

Já o escravo se convence
A lutar por sua prol
Já sabe que lhe pertence
No mundo um lugar ao sol.

Do céu não se quer lembrar,
Já não se deixa roubar,
Por medo ao tal satanás,
Já não adora bonecos
Que, se os fazem em canecos,
Nem dão estrume capaz.

Mostra-lhe o saber moderno
Que levou a vida inteira
Preso àquela ratoeira
Que há entre o céu e o inferno.


in Este Livro que Vos Deixo (1969) - António Aleixo

sexta-feira, novembro 15, 2019

A Rainha Dona Maria II morreu há 166 anos

D.ª Maria II (Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança; Rio de Janeiro, 4 de abril de 1819 - Lisboa, 15 de novembro de 1853) foi rainha de Portugal de 1834 a 1853. Era filha do Pedro IV de Portugal (Imperador do Brasil como Pedro I) e da arquiduquesa Dona Leopoldina de Áustria e irmã mais velha do Imperador do Brasil D. Pedro II, também filho de Pedro IV com Leopoldina. Foi cognominada de A Educadora ou A Boa Mãe, em virtude da aprimorada educação que dispensou ao seus muitos filhos. Maria da Glória era loira, de pele muito fina, olhos azuis como a mãe austríaca. Foi a 31ª Rainha de Portugal e dos Algarves, de iure, aquando da abdicação do pai, de 1826 a 1828, e, de facto, de 1834 a 1853.
Bandeira monárquica constitucional de Portugal, cujo primeiro exemplar foi bordado pela Rainha D.ª Maria II
     
(...)
  
Desde sua primeira gravidez, aos dezoito anos de idade, Maria II enfrentou problemas para dar à luz, com trabalhos de parto prolongados e extremamente dificultosos. Exemplo disso foi a sua terceira gestação, cujo trabalho de parto durou 32 horas, findas as quais, foi retirada a fórceps uma menina, batizada in articulo mortis com o nome de Maria (1840).
Aos 25 anos de idade e na sua quinta gestação, a soberana tornou-se obesa e seus partos tornaram-se ainda mais complicados. Em 1847 o sofrimento fetal que precedeu o nascimento do seu oitavo filho – o Infante Dom Augusto – trouxe ao mundo uma criança "bastante arrouxada e com pouca respiração".
A perigosa rotina de gestações sucessivas, somada à obesidade (que terminou por causar-lhe problemas cardíacos) e à frequência de partos distócicos (preocupante, especialmente por tratar-se de uma multípara) levaram os médicos a alertarem a rainha sobre os sérios riscos que corria. Indiferente aos avisos, Dona Maria II limitava-se a retrucar: "Se morrer, morro no meu posto".
Em 15 de novembro de 1853, treze horas após o início do trabalho de parto do natimorto infante Dom Eugénio, seu 11º filho, Dona Maria II morreu, aos 34 anos de idade. O anúncio da morte foi publicada no Diário do Governo de 16 de novembro de 1853:
"Paço das Necessidades, 15 de Novembro de 1853, à meia hora depois do meio dia.
Sua Magestade a Rainha começou a sentir annuncios do parto às nove horas e meia da noite de hontem. Appareceram difficuldades no progresso do mesmo parto, as quaes obrigaram os facultativos a recorrer a operações, pelas quaes se conseguiu a extracção de um Infante, de tempo, que recebeu o baptismo antes de extrahido.
O resultado destas operações teve lugar às dez horas da manhã. Desgraçadamente, passada hora e meia, Sua Magestade, exhausta de todas as forças, rendeo a alma a Deos, depois de haver recebido todos os sacramentos.
- Francisco Elias Rodrigues da Silveira. Dr. Kessler. Ignacio António da Fonseca Benevides. António Joaquim Farto. Manuel Carlos Teixeira."
Em carta datada de 28 de novembro de 1853, a Duquesa de Ficalho, camareira da rainha, relata o desenlace ao seu irmão, o 2° Conde do Lavradio:
"Às duas horas depois da meia-noite do dia 14 para 15, recebi ordem para ir para o Paço, onde cheguei perto das três. Achei já a Imperatriz no quarto da Rainha, para onde entrei logo, achando Sua Majestade incomodada e mesmo pouco fora do seu costume. Assim estivemos até às cinco horas, e então saímos do quarto imediato e perguntámos ao Teixeira o que achava, dizendo-nos: "Sua Majestade vai bem mas devagar". Eu não gostei; e assim se foi passando até às oito horas e meia. Então é que o Teixeira chamou os facultativos, que estavam fora e que não tinham visto a Rainha, e, logo que a examinaram, decidiu-se a horrível operação. Os facultativos eram o Teixeira, o Farto e o Kessler, e os médicos eram o Elias e o Benevides. O Kessler deu logo o caso por muito perigoso.
Começou-se a operação. Eu subi para cima da cama. Do lado direito, a Imperatriz, toda debulhada em lágrimas; a Rainha com ânimo, sem ter um desmaio, mas com muito mau parecer e, queixando-se de que sofria bastante, disse com a sua voz natural: "Ó Teixeira? Se tenho perigo, diga-mo; não me engane".
A Imperatriz desceu da cama, e disse-me: "A Rainha deve-se confessar"; e foi logo dizê-lo a El-Rei, que respondeu: "Chamem o Patriarca". Ora a este tempo já o Farto tinha baptizado o menino. O Patriarca entrou, e a operação não estava de todo acabada, e tudo era horroroso, mas eram mais de dez horas. Acabou-se, e o Patriarca falou com a Rainha, que estava bem mal, e disse-lhe que fizesse com ele o acto de contrição para a absolver, mas, depois disto, pôde Sua Majestade confessar-se, sacramentar-se e ungir-se, e às onze horas e meia expirou.
Não faço reflexões, mas tenho o maior sentimento de que não viessem o José Lourenço e Magalhães Coutinho, que os foram buscar quando não havia remédio.
A Rainha dizia: "- Não é nada como das outras vezes". E Ela já tinha passado por uma operação. Não posso explicar a consternação de El-Rei D. Fernando e de todo o Paço.’’
Triste embalsamação, que se fez no dia 16, estando eu sempre, e durou a do Infante e a da Rainha sete horas. Acabada esta aflição, foi a de se vestir, o que era quase impossível, no estado da dissolução em que estava Sua Majestade, mas do modo possível se fez, levando as Ordens e manto Real, mas foi preciso fechar o caixão, porque não é possível pintar o estado de dissolução." 
    

A imposição da república no Brasil foi há 130 anos

"Proclamação da República", 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853-1927)
  
A Proclamação da República Brasileira foi um golpe de Estado político-militar, ocorrido a 15 de novembro de 1889, que instaurou a forma republicana presidencialista de governo no Brasil, encerrando a monarquia constitucional parlamentarista do Império e, por conseguinte, destituindo o então chefe de estado, o Imperador D. Pedro II, que em seguida recebeu ordens de partir para o exílio na Europa.
A proclamação ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca, destituiu o Imperador e assumiu o poder no país, instituindo um governo provisório republicano, que se tornaria a Primeira República Brasileira.
  

Música adequada à data...



EL-REI

Longe da luz
A que sonhou na infância
Em vez de predomínio e de conquista
Sonhos de amor
Entre visões de artista
Morreu de desconsolo e de distância.
 
Caminho aberto
À morte por essa ânsia
Que mais se exalta
Quanto mais contrista
De quem recorda o lar que nunca avista
E se consome em lúcida constância.
 
Porque acima do trono e da realeza
Havia o céu azul, a claridade
Da sua amada Terra Portuguesa
Havia a Pátria, e dizem, que impiedade
Dizem que não se morre de tristeza
Dizem que não se morre de saudade.
 
Branca Gonta Colaço