sábado, fevereiro 03, 2018

Carlos Filipe Ximenes Belo nasceu há 70 anos

Carlos Filipe Ximenes Belo (Uailacama-Venasse, Baucau, Timor português, 3 de fevereiro de 1948) é um bispo católico timorense que, em conjunto com José Ramos-Horta, foi agraciado com o Nobel da Paz de 1996, pelo seu trabalho "em prol de uma solução justa e pacífica para o conflito em Timor-Leste".
Biografia
Quinto filho de Domingos Vaz Filipe e de Ermelinda Baptista Filipe, Carlos Filipe Ximenes Belo nasceu na aldeia de Uailacama-Venasse, concelho (hoje distrito) de Baucau, na costa norte do então Timor português. O seu pai, professor primário, faleceu quando o jovem Carlos Filipe tinha apenas dois anos de idade. Os anos de infância foram passados nas escolas católicas de Baucau e Ossu, antes de ingressar no Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Daré, nos arredores de Díli, entre 1963 e 1968. Excetuando um pequeno período entre 1974 e 1976 - quando esteve em Timor e em Macau - entre 1969 e 1981, D. Ximenes Belo repartiu o seu tempo entre Portugal e Roma, onde se tornou membro da congregação dos Salesianos e estudou filosofia e teologia antes de ser ordenado padre em 26 de julho de 1980.
De regresso a Timor-Leste, em julho de 1981, D. Ximenes Belo esteve ligado ao Colégio Salesiano de Fatumaca, onde foi professor e diretor. Quando em 1983 se reformou D. Martinho da Costa Lopes, Carlos Filipe Ximenes Belo foi nomeado administrador apostólico da diocese de Díli, tornando-se chefe da igreja católica em Timor-Leste, respondendo exclusivamente perante o Papa. Em 1988, em Lorium, Itália, foi consagrado como Bispo.
A nomeação de Ximenes Belo foi do agrado do núncio apostólico em Jacarta e dos próprios líderes indonésios pela sua aparente submissão. No entanto, cinco meses bastaram para que, num sermão na Sé Catedral, D. Ximenes Belo tecesse veementes protestos contra as brutalidades do massacre de Craras, em 1983, perpetrado pela Indonésia. Nos dias de ocupação, a igreja era a única instituição capaz de comunicar com o mundo exterior, o que levou D. Ximenes Belo a enviar sucessivas cartas a personalidades em todo o mundo, tentando vencer o isolamento imposto pelos indonésios e o desinteresse de grande parte da comunidade internacional.
Em fevereiro de 1989 D. Ximenes Belo escreveu ao presidente de Portugal, Mário Soares, ao Papa João Paulo II e ao Secretário-geral das Nações Unidas, Javier Pérez de Cuellar, reclamando por um referendo sob os auspícios da ONU sobre o futuro de Timor-Leste e pela ajuda internacional ao povo timorense que estava "a morrer como povo e como nação". No entanto, quando a carta dirigida à ONU se tornou pública em abril, D. Ximenes Belo tornou-se uma figura pouco querida pelas autoridades indonésias. Esta situação veio a piorar ainda mais quando o Bispo deu abrigo na sua própria casa a jovens que tinham escapado ao massacre de Santa Cruz, em 1991, e denunciou os números das vítimas mortais.
A sua obra corajosa em prol dos timorenses e em busca da paz e da reconciliação foi internacionalmente reconhecida quando, em conjunto com José Ramos-Horta, lhe foi entregue o Prémio Nobel da Paz em dezembro de 1996. Na sequência deste reconhecimento, D. Ximenes Belo teve oportunidade de se reunir com Bill Clinton dos Estados Unidos e Nelson Mandela da África do Sul.
Após a independência de Timor-Leste, a 20 de maio de 2002, a saúde do Bispo começou a esmorecer, perante a pressão dos acontecimentos que tinha vivido. O papa João Paulo II aceitou a sua demissão como administrador apostólico de Díli em 26 de novembro de 2002. Após se ter retirado, Ximenes Belo viajou para Portugal para receber tratamento médico. No início de 2004, houve numerosos pedidos para que se candidatasse à presidência da república de Timor-Leste. No entanto, em maio de 2004 declarou à televisão estatal portuguesa RTP que não autorizaria que o seu nome fosse considerado para nomeação. "Decidi deixar a política para os políticos" - afirmou.
Com a saúde restabelecida, em meados de 2004, D. Ximenes Belo aceitou a ordem da Santa Sé para fazer trabalho missionário na Arquidiocese de Maputo, como membro da congregação dos Salesianos em Moçambique.
Prémios 
  • Prémio Óscar Romero [Óscar Romero Award], Roma, Itália, 16 de maio de 1996.
  • Prémio John Humphrey [John Humphrey Freedom Award], Montréal, Canadá, 10 de dezembro de 1995.
  • Prémio Nobel da Paz, Oslo, Noruega, 10 de dezembro de 1996.
  • Prémio Della Pace, Taranto, Itália, março de 1997.
  • Prémio Dela Pace, Ostuni, Bari, Itália, 28 de fevereiro de 1998.
  • Prémio Internazionalle della Testimonnianzia, Vibo Valentia, Calábria, Itália, 2 de maio de 1998.
  • Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, Chancelaria das Ordens da Presidência da República Portuguesa, 6 de agosto de 1998.
  • Prémio Personalidade Lusófona do Ano, concedido pelo MIL - Movimento Internacional Lusófono, em 21 de fevereiro de 2010.
Doutoramentos Honoris Causa
  • University of Yale, EUA, 26 de maio de 1997.
  • Pontifícia Universidade Salesiana, Roma, Itália, 19 de fevereiro de 1998.
  • Universidade de Évora, 20 de maio de de 1998.
  • Universidade Federal do Rio de Janeiro, 24 de abril de 2000.
  • Universidade Católica de Brasília, 25 de abril de 2000.
  • Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, 25 de abril de 2000.
  • Providence University, Taichung, Formosa/Taiwan, 19 de maio de 2000.
  • Universidade do Porto, 31 outubro de 2000, juntamente com Xanana Gusmão e José Ramos-Horta.

Serginho Herval, o baterista da banda Roupa Nova, faz hoje sessenta anos

Sérgio Herval Hollanda de Lima (Rio de Janeiro, 3 de fevereiro de 1958) é um baterista e cantor brasileiro, integrante da banda Roupa Nova.

 

Alvar Aalto nasceu há 120 anos

Alvar e Elissa Aalto na década de 50

Hugo Alvar Henrik Aalto (Kuortane, 3 de fevereiro de 1898 - Helsínquia, 11 de maio de 1976) foi um arquiteto finlandês, cuja obra é considerada exemplar da vertente orgânica da arquitetura moderna da primeira metade do século XX.
Alvar Aalto também se notabilizou como designer, em áreas como o projeto de mobília, tecidos e cristais, entre outros.

Teatro Aalto, de Essen

Porque hoje é o dia em que a Música morreu...

Monumento erguido no local do acidente
  
Em 3 de fevereiro de 1959, um pequeno avião caiu próximo de Clear Lake, Iowa, matando três músicos norte-americanos de rock and roll: Buddy Holly, Ritchie Valens e J. P. "The Big Bopper" Richardson, assim como o piloto Roger Peterson. Este dia seria definido posteriormente por Don McLean, na sua canção "American Pie", como "o dia em que a música morreu" – The Day the Music Died.
  
  

sexta-feira, fevereiro 02, 2018

Há 170 anos os Estados Unidos cresceram 1,36 milhões de km²

O Tratado de Guadalupe Hidalgo foi o tratado de paz que pôs fim à Guerra Mexicano-Americana (1846-1848). O tratado previa a cessão de territórios do México aos Estados Unidos, com uma área total de 1,36 milhões de km², em troca de 15 milhões de dólares. Os Estados Unidos concordaram ainda em assumir cerca de 3,5 milhões de dólares de dívidas mexicanas a cidadãos americanos.
A cessão incluía partes dos atuais estados norte-americanos de Colorado, Arizona, Wyoming e Novo México, bem como a totalidade dos actuais estados de Utah, Califórnia e Nevada. O território restante dos actuais estados do Arizona e Novo México foram posteriormente cedidos pelo México, na Compra Gadsden.
O tratado foi assinado em 2 de fevereiro de 1848 por Nicholas P. Thrist, em representação dos Estados Unidos, e por três representantes plenipotenciários, do lado do México, em Guadalupe Hidalgo, ligeiramente a norte da Cidade do México. Seria ratificado pelo Senado dos Estados Unidos em 10 de março e a 19 de maio pelo governo mexicano. Os instrumentos de ratificação foram trocados a 30 de maio em Querétaro.
 
  

Manuel Murguía, pioneiro do Rexurdimento galego, morreu há 95 anos

Manuel Murguía (Froxel, 17 de maio de 1833 - Corunha, 2 de fevereiro de 1923) foi um historiador galego que impulsionou o Ressurgimento e criou a Real Academia Galega.
 
Biografia
Manuel Murguia nasceu no lugar do Froxel, em San Tirso de Oseiro, filho de Concepción Murguía Egaña e Juan Martínez de Castro, farmacêutico na Corunha, estabelecendo-se depois em Santiago de Compostela. Será neste lugar que o menino Manuel Murguia presenciará os acontecimentos de 23 de abril de 1846, que narrará mais tarde num artigo no jornal "La Voz de Galicia", de forma sentimental.
Em 1845 começou a estudar filosofia, de que se formará como bacharel, e, ao mesmo tempo, estudará farmácia, que cursou por desejo do pai. Mas Murguia, mais interessado pela literatura e pela história, abandonará o curso para se dedicar exclusivamente ao seu trabalho de escritor e investigador. Nestes anos a vida cultural de Santiago gira em torno do "Liceu da Juventude", onde viviam estudantes e intelectuais como Pondal, Aurelio Aguirre e Rosalia.
Em 1854 Murguia publicou o seu primeiro texto em galego, no álbum de Elena Avendaño com seguidilhas intituladas "Nena das Soidades". Murguia também colaborava em jornais e revistas da época como La Iberia e Las Novedades, - o que lhe permitiu publicar folhetins com obras como "Desde el Cielo", "Mientras Duerme", "Mi madre Antonia", "El Ángel de la Muerte" e "Los Lirios Blancos", que o fazem aparecer como uma das promessas literárias do momento.
Murguía manteve contactos, em Madrid, com escritores como os irmãos Valeriano e Gustavo Adolfo Bécquer, bem como com Rosalía de Castro; a relação entre ambos levará mesmo ao noivado, e a 10 de outubro de 1858 casam na igreja madrilenha de São Idefonso. Murguía foi um apoio intelectual e social para Rosalía desde o início, e animou-a na sua carreira literária e na publicação de obras como Cantares Galegos, considerada o início do Renascimento literário galego.
Murguía abandonou o seu trabalho de criação literária, no qual teve êxito, para se dedicar por completo à investigação histórica e à sua divulgação, o que o levou a difundir o ideário político decorrente das suas investigações, começando assim o Rexurdimento.
Motivado pelo nascimento da sua primeira filha, publica La Primera Luz, um livro de leituras escolares estruturado em vinte temas de história e Geografia, que o Ministério de Fomento recomendou para o ensino na Galiza. En 1862 Murguia termina o seu Dicionário de escritores Galegos e em 1865 foi viver para Lugo, onde editou a Historia de Galiza. Em 1870 foi nomeado director do Arquivo Geral da Galiza e, mais tarde, em 1885, Cronista Geral do Reino. Em 1886 publica Los precursores, obra em que faz uma descrição de vários personagens da vida cultural galega. Em 1890, Murguía dirigiu em conjunto com Alfredo Brañas La Patria Galega, boletim precursor do que viria a ser, com o tempo, o pensamento regionalista galego. Neste mesmo ano Murguia publicou, durante uns Jogos Florais, um discurso muito aplaudido e que levou à sua nomeação como "Mestre en Gay Saber". Neste discurso fala do sentimento histórico e cultural diferenciador da Galiza.
Com 72 anos, Murguía tem a ideia de criar uma Academia Galega da Língua, o que comunica a outros escritores que frequentavam uma livraria da Corunha conhecida pelo nome d´A Cova Céltica. Murguía insistiu também na criação de um dicionário da língua galega. Crê-se que a inexistência deste dicionário foi determinante para que a sua obra em galego fosse tão escassa. A 25 de agosto de 1906 aprovou-se a criação da Real Academia Galega.
Manuel Murguía morreu a 2 de fevereiro de 1923, na sua casa da rua de Santo Agostinho da Corunha.

A Batalha de Estalinegrado acabou há 75 anos

A Batalha de Estalinegrado foi uma operação militar conduzida pelos alemães e seus aliados contra as forças soviéticas pela posse da cidade de Estalingrado (atual Volgogrado), às margens do rio Volga, na antiga União Soviética, entre 17 de julho de 1942 e 2 de fevereiro de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial. A batalha foi o ponto de virada da guerra na Frente Oriental, marcando o limite da expansão alemã no território soviético, a partir de onde o Exército Vermelho empurraria as forças alemãs até Berlim, e é considerada a maior e mais sangrenta batalha de toda a história, causando a morte e ferimentos em cerca de dois milhões de soldados e civis.
Marcada por sua extrema brutalidade e desrespeito às perdas militares e civis de ambos os lados, a ofensiva alemã sobre a cidade de Estalingrado, a batalha dentro da cidade e a contra-ofensiva soviética que cercou e destruiu todo o 6º Exército alemão e outras forças do Eixo, foi a segunda derrota em larga escala da Alemanha Nazi na Segunda Guerra Mundial e a mais decisiva; a partir daí, a ofensiva no leste forçou os alemães cada vez mais em direção ao seu território, e, com a ajuda vinda do Oeste pelos Aliados, juntamente com os Estados Unidos, com o "Dia D", deu-se a vitória final contra o Terceiro Reich, em 8 de maio de 1945.
Até 1925, "Estalingrado" ou "Estalinegrado", chamava-se "Tsaritsyn", e desde 1961 tem o nome de Volgogrado. Com a mudança de nome, a nomenclatura do memorial dedicado aos defensores da cidade também mudou, mas em 2004, o presidente Vladimir Putin autorizou a mudança da nomenclatura, que hoje encontra-se novamente como Estalingrado.

A poetisa, jornalista, cantora e atriz brasileira Elisa Lucinda faz hoje sessenta anos

Elisa Lucinda dos Campos Gomes (Cariacica, 2 de fevereiro de 1958) é uma poetisa, jornalista, cantora e atriz brasileira. A artista foi um dos galardoados com o Troféu Raça Negra 2010 em sua oitava edição, na categoria Teatro. Também foi premiada no cinema pelo filme A última Estação, de Marcio Curi, no qual protagoniza a personagem Cissa. A estreia do filme foi no Festival de Brasília de 2012.
Além de conhecida pelos seus inúmeros espetáculos e recitais em empresas, teatros e escolas de todo o Brasil, Lucinda tem atuado em telenovelas da Rede Globo, a exemplo de Mulheres Apaixonadas, Páginas da Vida, Insensato Coração e Aquele Beijo, esta última no começo de 2012.

Shakira - 31 anos

Shakira Isabel Mebarak Ripoll (Barranquilla, 2 de fevereiro de 1977), mais conhecida simplesmente como Shakira, é uma cantora, compositora, dançarina e instrumentista colombiana, além de atuar regularmente como dançarina, coreógrafa, arranjadora, produtora, empresária, atriz e modelo. Shakira é também filantropa e embaixadora da Boa Vontade da UNICEF colombiana.
 
 

Há três séculos houve uma nova erupção na costa sul da ilha do Pico

(imagem daqui)

1718 - Erupções em São Mateus e São João do Pico - Na madrugada do dia 2 de fevereiro, com enormes estrondos acompanhados de violentos sismos deu-se uma explosão no lugar da Bragada, entre São Mateus e São João. Começou logo "o fogo a correr em caudalosas ribeiras para o mar, na distância de duas léguas, formando um vasto mistério". No dia 11 de fevereiro rebentou no mar, a distância de 50 braças da terra, defronte da igreja de São João, emitindo grandes pedras ardentes que devastaram aquela freguesia. A 24 daquele mês, uma nova erupção iniciou-se no caminho que liga São João ao Cais do Pico em lugar sobranceiro à freguesia de São João. As erupções cessaram a 15 de agosto, recomeçando em setembro. A actividade terminou em princípios de Novembro.
 

A Canção Nova faz hoje quarenta anos

A Canção Nova é uma comunidade católica brasileira fundada no ano de 1978, seguindo as linhas da Renovação Carismática Católica. Com sede na cidade de Cachoeira Paulista (São Paulo), ocupa uma área de 372 mil m2 e conta com sistema de rádio e televisão de longo alcance, estendendo-se a outros países como Portugal, Itália, Israel, França e Paraguai.

quinta-feira, fevereiro 01, 2018

O vaivém espacial Columbia caiu há quinze anos

O acidente do vaivém espacial Columbia ocorreu no dia 1 de fevereiro de 2003, durante a fase de reentrada na atmosfera terrestre, a apenas dezasseis minutos de tocar no solo, no regresso da missão STS-107, causando a destruição total da nave e a morte dos sete astronautas que compunham a tripulação. Esta missão, de objectivo científico, teve a duração de dezasseis dias, ao longo dos quais foram cumpridas, com sucesso, as cerca de oitenta experiências programadas.
Momentos após a desintegração do Columbia, milhares de destroços em chamas caíram sobre uma extensa faixa terrestre, essencialmente no estado do Texas e na Louisiana, alguns dos quais atingiram casas de habitação, empresas e escolas. Afortunadamente entre a população ninguém ficou ferido.
A recolha dos destroços prolongou-se de forma intensiva até meados de abril daquele ano, ao longo de 40 000 km², dos quais 2 850 km² foram percorridos a pé, e os restantes utilizando meios aéreos ou navais junto à linha costeira da Califórnia. Foram recolhidos 83 mil pedaços do Columbia, correspondentes a 37% da massa total da nave. Entre os destroços, encontravam-se também parte dos restos mortais dos astronautas.
Foi constituída uma comissão independente de inquérito ao acidente, a Columbia Accident Investigation Board (CAIB), que produziu um relatório oficial de quatrocentas páginas após quase sete meses de investigação, no qual foram apontadas as causas técnicas e organizacionais que estiveram directa ou indirectamente envolvidas na origem da destruição do Columbia. Foram ainda perspectivadas hipotéticas soluções de resgate da tripulação e elaboradas 29 recomendações a implementar, quinze das quais de cumprimento obrigatório, sem o qual não poderia haver um regresso aos voos.
 

Música para um triste dia...


Rick James nasceu há setenta anos

Rick James (Buffalo, Nova York, 1 de fevereiro de 1948 - Burbank, Los Angeles, 6 de agosto de 2004) foi um cantor, compositor e produtor norte-americano de funk e soul. O seu nome de batismo era James Johnson, Jr. e nasceu na cidade de Buffalo, estado de Nova York.
Biografia
James era o terceiro de oito filhos de um ex-dançarino que trabalhava na indústria automobilística. Era sobrinho de Melvin Franklin, vocalista do grupo The Temptations. Com 15 anos, James ingressou na Reserva Naval. Quando isto passou a interferir na sua carreira musical, ele começou a faltar no quartel aos finais de semana. Ele foi considerado "ausente sem permissão" do serviço militar e fugiu para Toronto, no Canadá. Lá, continuou a sua carreira musical e formou uma banda chamada The Mynah Birds, que tinha também Neil Young e Bruce Palmer como integrantes. Os processos voltaram a rondá-lo quando o seu sucesso o levou de volta aos Estados Unidos, onde foi preso e cumpriu pena por deserção. Depois de solto, James passou algum tempo no Reino Unido, onde integrou um grupo chamado Main Line. Em 1977 regressou aos Estados Unidos e foi trabalhar com a gravadora Motown, no início como compositor, depois como cantor e produtor. James foi mais produtivo no final dos anos 70 e início dos 80. Foi cantor, teclista, baixista, produtor, arranjador e compositor. Tocava principalmente com a sua banda, a Stone City Band.
O primeiro sucesso de James foi You And I, uma gravação de 8 minutos no seu primeiro álbum, de 1978, Come Get It, do qual fazia sua parte a sua apologia da marijuana chamada simplesmente Mary Jane.
Em 1979 James lançou dois álbuns: Bustin' Out Of L Seven, em janeiro e Fire It Up na segunda metade do ano. Depois do pouco brilhante álbum Garden Of Love de 1980, gravou um álbum conceitual chamado Street Songs. Este incluiu o seu grande sucesso Super Freak (o qual serviu posteriormente como melodia de fundo para a música "U Can't Touch This" de MC Hammer, em 1990). Outros sucessos do disco incluíam Give it to Me Baby e Ghetto Life (no mesmo álbum), e ainda Teardrops, Cold Blooded, 17 (Seventeen), You Turn Me On e Glow, o seu último sucesso de Rhytm'n'Blues (R&B), em 1985. Além disso, ajudou a lançar a cantora branca de R&B Teena Marie e também o grupo Mary Jane Girls.
Mas era o lado obscuro da vida de James que ofuscava a sua carreira. Era um consumidor ocasional de drogas, viciado principalmente em cocaína. Em 1993, James foi acusado de assaltar duas mulheres para comprar droga. Passou dois anos na prisão, porém isto não o impediu de continuar a compor. Foi libertado em 1995.
James tentou retornar em 1997, porém sofreu um pequeno derrame durante um concerto em Denver, que pôs fim à sua carreira musical, apesar da sua última performance ter sido em 2004, no BET Music Awards.
Desconhecido de muitos, James tinha inúmeros fãs. Ele procurava conhecê-los e agradecer o seu apoio. Bandas que beneficiaram disso incluem, entre outras, The University of Waterloo Funk Kings, Hell's Funk e J Funk and Funkalicious Five.
Antes do derrame, James foi entrevistado para uma série de tv chamada Behind The Music (Por Detrás da Música), e pela primeira vez falou abertamente sobre o vício e a sua batalha contra as drogas.
James foi encontrado morto por um empregado, a 6 de agosto de 2004, na sua casa em Los Angeles. James morreu de falência cardíaca e pulmonar, tendo como complicadores os diabetes e o derrame cerebral. Tinha ainda um pacemaker. Na época da sua morte, estava a trabalhar na sua autobiografia, Confessions Of A Superfreak, assim como num novo álbum. Tendo sido casado e posteriormente divorciado, deixou três filhos, Tazman James, Ty James, e Rick James Jr., e duas netas.
  
 

Há três séculos começou uma erupção na ilha do Pico

(imagem daqui)

Santa Luzia é uma freguesia portuguesa do concelho de São Roque do Pico, com 30,69 km² de área e 422 habitantes (2011). A sua densidade populacional é 13,8 hab/km². Localiza-se a uma latitude 38.55 (38°33') Norte e a uma longitude 28.4 (28°24') Oeste, estando a uma altitude de 118 metros.
Esta localidade foi em 1617 elevada à categoria de freguesia, sob a invocação de Santa Luzia, tendo-se na altura construído uma ermida que durante 101 anos, até 1718, guardou a imagem da referida santa.
No dia de 1 de fevereiro de 1718 iniciou-se uma crise sísmica e eruptiva que destruiu praticamente tudo o que era construção humana e cobriu a terra com uma espessa camada de lava que se estendeu em grande largura e por uma extensão de nove quilómetros até ao mar, destruindo o templo então ali existente, datado de 1617 e dedicado à evocação da referida Santa Luzia. 
  

A ópera Manon Lescaut foi estreada há 125 anos

Manon Lescaut é uma ópera em quatro atos de Giacomo Puccini, com libreto em italiano baseado na novela do Abade Prévost, L'Histoire du Chevalier des Grieux et de Manon Lescaut. Estreou a 1 de fevereiro de 1893, no Teatro Regio de Turim.
 
 

El-Rei e o Príncipe das Beiras foram assassinados há 110 anos...

O Regicídio de 1 de fevereiro de 1908, ocorrido na Praça do Comércio (na época mais conhecida por Terreiro do Paço) em Lisboa, marcou profundamente a História de Portugal, uma vez que dele resultou a morte do Rei D. Carlos e do seu filho e herdeiro, o Príncipe Real D. Luís Filipe, marcando o fim da última tentativa séria de reforma da Monarquia Constitucional, e consequentemente, uma nova escalada de violência na vida pública do País.

  
Antecedentes
O atentado foi uma consequência do clima de crescente tensão que perturbava o aspecto político português. Dois factores foram primordiais: em primeiro lugar o caminho traçado desde cedo pelo Partido Republicano Português como solução para a erosão do sistema partidário vigente, e em segundo lugar a tentativa, por parte do rei D. Carlos como árbitro do sistema político, papel que lhe era atribuído pela Constituição, de solucionar os problemas desse mesmo sistema, apoiando o Partido Regenerador Liberal de João Franco (que viria a instaurar uma ditadura). Desde a sua fundação que o objectivo primário do Partido Republicano era o da simples substituição do regime. Esta atitude teve a sua quota parte de responsabilidade no crime, mas os ânimos foram acirrados pelo estabelecimento de uma ditadura administrativa, por parte de João Franco, com o apoio do rei, em 1907.
O progressivo desgaste do sistema político português, vigente desde a Regeneração, em parte devido à erosão política originada pela alternância de dois partidos no Poder: o Progressista e o Regenerador, agravou-se nos primeiros anos do Século XX com o surgimento de novos partidos, saídos directamente daqueles. Em 1901 João Franco, apoiado por 25 deputados, abandonou o Partido Regenerador, criando o Partido Regenerador Liberal. Em 1905 surge a da Dissidência Progressista, fundado por José Maria de Alpoim, que entrou em ruptura com o Partido Progressista, do qual se separou com mais seis deputados eleitos pelo mesmo partido. À intensa rivalidade entre os partidos, agravada por ódios pessoais, juntou-se a atitude e acções críticas do Partido Republicano, contribuindo para o descrédito do regime, já de si bastante desacreditado devido às dividas da Casa Real.
Era esta a conjuntura quando D. Carlos se decidiu, finalmente, a ter uma intervenção activa no jogo político, escolhendo a personalidade de João Franco para a concretização do sempre falhado programa de vida nova. Este, dissidente do Partido Regenerador, solicitou ao Rei o encerramento do Parlamento para poder implementar uma série de medidas com vista à moralização da vida política. Tal pedido já havia sido antes feito ao monarca pelos líderes dos dois partidos tradicionais, mas este sempre recusara, atendendo ao princípio que o rei reina, mas não governa. Agora, no entanto, D. Carlos achou chegado o momento de intervir, depositando a sua confiança no homem que julgava à altura e encerrou o parlamento.
É evidente que o novo governo não podia ser bem recebido pelos que dele não beneficiariam, pelo que se acirrou toda a oposição, desde os partidos monárquicos aos republicanos. Estes, aos quais um renovar do sistema politico monárquico retiraria protagonismo, ou mesmo razão de ser, vão assumir uma atitude maquiavélica: como então dizia Brito Camacho, relativamente a João Franco, "havemos de obrigá-lo a transigências que rebaixam ou às violências que comprometem". Foram eficazes os ataques pessoais, tanto a D. Carlos como a João Franco, tanto da parte daqueles, como dos dissidentes progressistas, com os quais se entenderam. Vão aproveitar a questão dos adiantamentos, logo em novembro de 1906, visando principalmente um ataque à figura do monarca. Mobilizam-se particularmente com a questão da greve académica de 1907. O regicídio foi uma mera consequência indirecta dessa estratégia.
Já marcadas novas eleições, e prevendo-se um resultado favorável ao partido no poder, como era costume, decidiram-se os republicanos e os dissidentes pela força, estes apoiaram indirecta ou directamente organizações secretas como a Carbonária ou a Maçonaria. Esta tentativa de golpe de estado fracassa, devido à inconfidência de um conspirador. A 28 de janeiro de 1908 são presos vários líderes republicanos, naquele que ficou conhecido como o Golpe do Elevador da Biblioteca. Afonso Costa e o Visconde de Ribeira Brava são apanhados de armas na mão no dito elevador, conjuntamente com outros conspiradores, quando tentavam chegar à Câmara Municipal. António José de Almeida, o dirigente carbonário Luz Almeida, o jornalista João Chagas, João Pinto dos Santos, e Álvaro Poppe contavam-se entre os noventa e três conspiradores presos. José Maria de Alpoim consegue fugir para Espanha. Alguns grupos de civis armados, desconhecedores do falhanço, ainda fizeram tumultos pela cidade.
Em resposta a este golpe, e como reflexo de um endurecer de postura por parte do regime, até aí dominado por um fair play que permitia aos republicanos intervenções livres, o governo apresenta ao rei o Decreto de 30 de Janeiro de 1908. Este previa o exílio para o estrangeiro ou a expulsão para as colónias, sem julgamento, de indivíduos que fossem pronunciados em tribunal por atentado á ordem pública, e tem sido durante muito tempo considerado como a principal causa para o regicídio. Conta-se que, ao assiná-lo, o rei declarou: ”Assino a minha sentença de morte, mas os senhores assim o quiseram.” É de notar, no entanto, que o decreto, assinado a 30 de janeiro, só foi publicado a 1 de Fevereiro, e os preparativos para o atentado datam com certeza de antes dessa data: atente-se ao testamento feito pelo regicida Buíça, datado de 28 de janeiro.
 (imagem daqui)
O Atentado
O Rei, a Rainha e o Príncipe Real encontravam-se então em Vila Viçosa, no Alentejo, onde costumavam passar uma temporada de caça no inverno. O infante D. Manuel havia regressado dias antes, por causa dos seus estudos como aspirante na marinha. Os acontecimentos acima descritos levaram D. Carlos a antecipar o regresso a Lisboa, tomando o comboio, na estação de Vila Viçosa, na manhã do dia 1 de Fevereiro. Com cuidado para que a sua já preocupada mãe não se aperceba, o Príncipe real arma-se com o seu revólver de oficial do exército. Durante o caminho o comboio sofre um ligeiro descarrilamento junto ao nó ferroviário de Casa Branca. Isto provocou um atraso de quase uma hora. A comitiva régia chegou ao Barreiro ao final da tarde, onde tomou o vapor "D. Luís", com destino ao Terreiro do Paço, em Lisboa, onde desembarcaram, na Estação Fluvial Sul e Sueste, por volta das 5 horas da tarde, onde eram esperados por vários membros do governo, incluindo João Franco, além dos infantes D. Manuel e D. Afonso, o irmão do rei. Apesar do clima de grande tensão, o monarca optou por seguir em carruagem aberta, envergando o uniforme de Generalíssimo, para demonstrar normalidade. A escolta resumia-se aos batedores protocolares e a um oficial a cavalo, Francisco Figueira Freire, ao lado da carruagem do rei.
Há pouca gente no Terreiro do Paço. Quando a carruagem circulava junto ao lado ocidental da praça ouve-se um tiro e desencadeia-se o tiroteio. Um homem de barbas, passada a carruagem, dirige-se para o meio da rua, leva à cara a carabina que tinha escondida sob a sua capa, põe o joelho no chão e faz pontaria. O tiro atravessou o pescoço do Rei, matando-o imediatamente. Começa a fuzilaria: outros atiradores, em diversos pontos da praça, atiram sobre a carruagem, que fica crivada de balas.
Os populares desatam a correr em pânico. O condutor, Bento Caparica, é atingido numa mão. Com uma precisão e um sangue frio mortais, o primeiro atirador, mais tarde identificado como Manuel Buíça, professor primário expulso do Exército, volta a disparar. O seu segundo tiro vara o ombro do rei, cujo corpo descai para a direita, ficando de costas para o lado esquerdo da carruagem. Aproveitando isto, surge a correr de debaixo das arcadas um segundo regicida, Alfredo Costa, empregado do comércio e editor de obras de escândalo, que pondo o pé sobre o estribo da carruagem, se ergue à altura dos passageiros e dispara sobre o rei já tombado.
A rainha, já de pé, fustiga-o com a única arma de que dispunha: um ramo de flores, gritando “Infames! Infames!” O criminoso volta-se para o príncipe D. Luís Filipe, que se levanta e saca do revólver do bolso do sobretudo, mas é atingido no peito. A bala, de pequeno calibre, não penetra o esterno (segundo outros relatos, atravessa-lhe um pulmão, mas não era uma ferida mortal) e o Príncipe, sem hesitar, aproveitando porventura a distracção fornecida pela actuação inesperada da rainha sua mãe, desfecha quatro tiros rápidos sobre o atacante, que tomba da carruagem. Mas ao levantar-se D. Luís Filipe fica na linha de tiro e o assassino da carabina atira a matar: uma bala de grosso calibre atinge-o na face esquerda, saindo pela nuca. D. Manuel vê o seu irmão já tombado e tenta estancar-lhe o sangue com um lenço, que logo fica ensopado.
A fuzilaria continua. Dª Amélia permanece de pé, gritando por ajuda. Buíça volta a fazer pontaria (sobre o infante? sobre a rainha?) mas é impedido de disparar sobre a carruagem pela intervenção de Henrique da Silva Valente, simples soldado de Infantaria 12, que passava no local, e que se lança sobre ele de mãos nuas. Na breve luta que se segue o soldado é atingido numa perna, mas a sua intervenção é providencial. Tendo voltado o seu cavalo, o oficial Francisco Figueira carrega primeiro sobre o Costa, que ferido pelo príncipe é atingido por um golpe de sabre e preso pela polícia, e de seguida dirige-se a Buíça. Este ainda o consegue atingir numa perna com a sua última bala e tenta fugir, mas Figueira alcança-o e imobiliza-o com uma estocada.
Com os regicidas imobilizados, o zelo excessivo dos polícias presentes levou a que acabassem abatidos no local, o que dificultou as posteriores investigações sobre o atentado. Segundo alguns relatos, Alfredo Costa já estaria moribundo, mas sabe-se que Manuel Buíça, mesmo ferido, resistiu à sua apreensão pela polícia. Também vítima da polícia foi um transeunte inocente, Sabino Costa, empregado de ourivesaria e monárquico, provavelmente confundido com outro regicida oculto na multidão. De facto, o condutor, a golpes de chicote, fez arrancar a carruagem, virando a esquina para a rua do Arsenal, procurando aí refúgio. É nessa altura que um atirador desconhecido ainda consegue atingir D. Manuel num braço (segundo outras versões, o tiro de raspão atingiu-o ainda antes de a carruagem virar para a rua do Arsenal, mas esse tiro já não podia partir dos dois regicidas mencionados, já a braços com a polícia). A carruagem entra no Arsenal da Marinha, onde se verifica o óbito do Rei e o do Herdeiro do Trono. Quando o Infante D. Afonso, que havia começado a correr desde o seu carro no fim do cortejo, chegou ao Arsenal, teve como primeiro instinto acusar João Franco como responsável pela tragédia. A mãe de D. Carlos, a rainha Dª Maria Pia foi chamada ao Arsenal, onde encontrando-se com Dª Amélia lhe diz desolada: “Mataram-me o meu filho.”, ao que esta respondeu: “E o meu também.”
Julgando que se tratava de um novo golpe de estado, a população de Lisboa refugia-se nas suas casas e a cidade fica deserta. Mas as tropas permanecem nos quartéis e a situação permanece calma: o atentado não foi um sinal para o golpe, que já havia sido frustrado, antes o acto de quem ainda tinha armas na mão, porventura influenciados pela repressão que se previa da parte do governo. À noite as rainhas e o novo rei foram escoltados para o palácio das Necessidades, pois temia-se novo atentado. Depois veio a tarefa macabra de levar os corpos para o palácio, o que foi feito sentando-os em duas carruagens, como se fossem vivos, a cabeça de D. Luís Filipe tombando sobre o ombro do seu tio, o infante D. Afonso, agora o novo Príncipe Real. Não foram efectuadas autópsias, sendo os corpos embalsamados sob a supervisão do médico da Casa Real, Tomás de Melo Breyner, tarefa penosa não só pela proximidade às vitimas como também pelo estrago feito pelas balas.
(imagem daqui)
As consequências imediatas
A Europa ficou revoltada com o regicídio, uma vez que D. Carlos era estimado pelos restantes Chefes de Estado europeus, e ainda mais pelo facto de não se ter tratado de um acto isolado, mas sim uma organização metódica. Jornais de todo o mundo publicam imagens do atentado, baseadas nas descrições, com elementos mais ou menos fantasiosos, mas sendo sempre presente a imagem de Dª Amélia, de pé, indiferente ao perigo, fustigando os assassinos com um frágil ramo de flores. Em Londres, os jornais exibiam fotos das campas dos regicidas, cobertas de flores, com a legenda “Lisbon’s shame!”. É preciso não esquecer, para além do próprio carácter do acto, que se tratava de uma Europa à altura maioritariamente monárquica. No entanto, no próprio país, a reacção não foi a esperada, valendo do rei de Inglaterra, Eduardo VII, amigo de D. Carlos e do Príncipe D. Luis Filipe, a frase: “Matam dois cavaleiros da Ordem da Jarreteira na rua como cães e lá no país deles ninguém se importa!”
Após o atentado, pediu a demissão o Governo de João Franco, que não impedira a morte do Rei. De facto, à imprevidência do chefe de governo cabe a maior parte das responsabilidades pela falta de uma escolta adequada, ainda mais tendo em conta o contexto de um golpe falhado, quando civis armados ainda andariam pela cidade. João Franco sabia-se alvo de atentados planeados, mas nunca desconfiou que o ódio visava também o rei. Presidindo ao Conselho de Estado, na tarde de dia 2, com o braço ao peito e envergando o seu uniforme de aspirante da marinha, o novo rei D. Manuel II confessou a sua inexperiência e falta de preparação e pediu orientação ao conselho. Este votou a demissão de João Franco e a formação de um governo de coligação, a que se chamou o Governo "de Acalmação", presidido pelo independente contra-almirante Ferreira do Amaral. Este ministério incluía membros dos partidos Regenerador e Progressista além de independentes, e visava fazer o país voltar à normalidade parlamentar, acabando-se o governo em ditadura. De facto abandonou-se completamente a posição de força seguida por D. Carlos e pelo seu último ministério: anularam-se as medidas ditatoriais anteriormente publicadas, soltaram-se os presos politicos, amnistiaram-se os marinheiros que se haviam revoltado em 1906, e consentiu-se que se fizessem comícios republicanos em que se fazia a apologia do atentado e se considerava os assassinos como beneméritos da Pátria. Outro facto permitido foi a romagem de cerca de vinte e duas mil pessoas às sepulturas dos regicidas. O evento fora organizado pela Associação do Registo Civil, que fornecia as flores e dava além de 500 réis a cada pessoa, 200 réis a cada criança que aparecesse junto das campas.
Esteve presente na reunião do Conselho de Estado que votou estas decisões, e do qual fazia parte, o Marquês de Soveral, embaixador de Portugal em Inglaterra, e que por acaso se encontrava em Portugal à altura. Próximo da família real, também votou pela demissão de João Franco e pelo estabelecimento do Governo de Acalmação. Quando, pouco tempo depois, reassumiu as suas funções de embaixador e se encontrou com o rei da Grã-Bretanha, Eduardo VII, também este seu amigo pessoal, o monarca britânico brindou-o com as palavras: “Então que raio de país é esse, em que se mata um rei e um príncipe e a primeira coisa que se faz é demitir o ministério? A revolução triunfou, não é verdade?" ”Foi só então", diria mais tarde o marquês de Soveral “que compreendi o erro que tínhamos cometido.”
De facto, ao demitir-se o ministério o regime deu aos republicanos o argumento de que só eles é que tinham acabado com a ditadura. Depois da hesitação inicial, em que se chegou a propor um pacto de colaboração com o regime, cedo voltaram à carga, decidindo em congresso o derrube pela força do regime: Congresso de Setúbal, 24 a 25 de abril de 1909. Esta hesitação deveu-se aos próprios conceitos do partido. Aos republicanos mais distintos, alguns dos quais ficaram verdadeiramente chocados pelo crime, o regicídio não interessava a menos que fosse acompanhado pelo triunfar da revolução. Temiam a reacção do povo rural mais conservador, e estavam cientes do desagrado da Inglaterra para com qualquer atentado à pessoa física do rei. No entanto, não podiam virar as costas aos seus apoiantes, o povo miúdo da cidade de Lisboa, já exacerbado pela propaganda republicana no seu ódio ao regime. Condenavam o acto, mas como se fosse por obrigação enquanto piscavam o olho ao povo que lhes enchia os comícios e se filiava no partido. Foi isto, mais o idolatrar dos regicidas e o recurso à violência depois da Proclamação da República, que fez incidir sobre o partido as suspeitas posteriores da autoria do crime. Independentemente da questão de autoria moral, o certo é que, face à fraca reacção, ou mesmo a falta dela, por parte do regime, os republicanos organizaram-se nos seus propósitos de o derrubar pela força, o que viriam a conseguir pela intentona seguinte, a de 5 de outubro de 1910. É de notar que por esta altura, e não tendo nem voltado ao expediente da ditadura, nem evitado as suas costumeiras divisões, os políticos monárquicos já haviam percebido o seu erro: como consequência deste último golpe, o governo deu ao rei para assinar um decreto de suspensão de garantias, para poder lidar firmemente com os agitadores. Infelizmente para a monarquia, essa acção foi invalidada pela vitória republicana no golpe. Embora geralmente mal vista devido às associações negativas com o termo ‘ditadura’, o governo de João Franco, ou um outro do género, apresenta-se em retrospectiva como a única solução prática para a situação que tentou solucionar: basta lembrar que a Primeira República mostrou-se ainda mais ingovernável, e as únicas acções reformistas efectivamente levadas a cabo pelo novo regime tiveram lugar durante a vigência do Governo Provisório, que governou, efectivamente, em ditadura.
  
Os Responsáveis
Dos factos conhecidos não se considera geralmente o assassínio do rei como a execução de qualquer decisão vinda dos republicanos, dos maçons e da dissidência progressista, enquanto grupos. O que não quer dizer que os mesmos grupos não tenham a sua quota parte de responsabilidade neste crime. Admitiram como hipótese eventual esta consequência e não se importaram que esta se concretizasse. Isto porque se os regicidas actuaram por sua própria iniciativa, apenas se encontraram nessa posição pela iniciativa daqueles que os mobilizaram e armaram para outros fins. Certo é que os dois abatidos no local não eram nem os únicos aí presentes, nem os únicos implicados, como se fez crer na altura. Estudos recentes vieram trazer luz sobre os responsáveis e a sua motivação, embora muito ainda esteja envolto em dúvida. Quatro autores são a base principal sobre os factos que se apuraram: Raul Brandão, António de Albuquerque, Aquilino Ribeiro e José Maria Nunes. Destes, os dois primeiros não estavam envolvidos no atentado, tendo recolhido depoimentos de terceiros. Raul Brandão falou com várias pessoas próximas à trama, e extraiu do líder dos dissidentes, José Maria Alpoim, a confissão: “Só há duas pessoas em Portugal que sabem tudo, eu e outra(...) Só eu e outro sabemos em que casa foi a reunião, quem a presidiu e quem trocou ao Buíça o revólver pela carabina.” António da Albuquerque, que estava exilado em Espanha após a publicação do seu romance difamatório para a família real "O Marquês da Bacalhoa", recebeu o testemunho de Fabrício de Lemos, um dos regicidas presentes no Terreiro do Paço, e transcreveu-o no seu livro "A execução do Rei Carlos". Aquilino Ribeiro, embora não tenha participado directamente, esteve envolvido e conhecia o plano e os assassinos, como deixou testemunho na sua obra "Um escritor confessa-se." José Maria Nunes era também um dos regicidas e deixou o seu testemunho, tendencialmente auto elogioso mas no geral credível, no escrito: "E para quê?"
Destes quatro testemunhos, só Aquilino é que refere o plano de emboscar a família real como tendo sido adoptado na ocasião, derivado do plano de assassinar João Franco, e tomado no local. Do testemunho dos outros pode-se presumir que o plano teve lugar algures em fins de 1907. Nesta altura, José Maria Alpoim associa-se à Carbonária o que leva, consecutiva e complementarmente, a um plano de aquisição de armas, o plano para um levantamento revolucionário, um plano para assassinar o primeiro ministro e outro para assassinar o Rei.
Estes planos, segundo o testemunho de José Maria Nunes, teria sido abordado pela primeira vez em Paris, no Hotel Brébant, no Boulevar Poissóniere, entre 2 políticos portugueses e alguns revolucionários franceses. O regicida não nomeia esses políticos, nem nunca se foi capaz de identificá-los, mas os revolucionários franceses provavelmente pertenceriam ao movimento anarquista internacional, dado que o embaixador português em Paris chegou a avisar que se preparava um plano contra a família real portuguesa vindo desses sectores.
Os Dissidentes foram os principais financiadores, tendo a Carbonária fornecido os homens. Sabe-se que as armas usadas no regicídio foram levantadas do armeiro Gonçalo Heitor Freire (republicano e maçon) pelo Visconde da Ribeira Brava, um dos principais membros dos dissidentes.
Aquando do fracasso da intentona do Elevador da Biblioteca, estas armas, guardadas nos Armazéns Leal, foram com sucesso transportadas para casa do dito visconde, onde ficaram escondidas. No rescaldo do fracasso e reacção do governo, sabe-se que um grupo de 18 homens se reuniu num velho casarão de Xabregas, dia 30 ou 31 (os testemunhos são contraditórios quanto à data precisa) onde se decidiu pelo assassinato da família real.
Pelo depoimento dos dois já citados regicidas sabemos a identidade de 8 dos 18 membros. Destes, todos os 8 ou apenas 5 constituíam o primeiro grupo, posicionado no Terreiro do Paço: Alfredo Costa, Manuel Buíça, José Maria Nunes, Fabrício de Lemos, Ximenes, Joaquim Monteiro, Adelino Marques e Domingos Ribeiro. O segundo grupo tomaria posição em Santos e o terceiro em Alcântara, cobrindo assim todo o caminho até ao Paço das Necessidades. Os atacantes não esperavam sobreviver ao atentado: Manuel Buíça já havia feito o seu testamento e Alfredo Costa fez questão de pagar uma dívida a um amigo. Mesmo assim, a maior parte do primeiro grupo conseguiu fugir e esconder-se na multidão, e os outros grupos não tiveram qualquer intervenção.
Pelo conjunto dos relatos pode-se concluir que o plano para matar o rei já existia previamente, não de forma independente, mas como parte do plano geral da revolta. No entanto, existe um factor curioso, provocado pelo descarrilamento da carruagem real ocorrido durante a viagem para Lisboa, referido acima. No dia do atentado, pouco depois das 4 da tarde, a 300 km da capital, em Pínzio, perto da Guarda, dois criados de José Maria Alpoim, regressando de carro depois de terem transportado o seu patrão para e exílio em Salamanca, ficam sem gasolina e são forçados a parar. Numa taberna local, e perante várias testemunhas, afirmam que aquela hora já não havia rei em Portugal, pois já tinha sido morto. Como poderiam saber? Tal seria verdade se o comboio não tivesse descarrilado. Até que ponto estava o plano já estruturado antes do golpe do elevador como plano de recurso e até que ponto estava José Maria Alpoim envolvido nisso? Estas questões permanecem sem resposta. Embora os dois regicidas caídos tenham ficado com as maiores responsabilidades na altura, o envolvimento dos dissidentes não ficou esquecido. Mal grado a sua auto-promoção depois da implantação da República, não se conseguiram livrar do efeito negativo que a suspeita de envolvimento no regicídio lhes transmitiu, e que se nota pela alcunha de Buíssidentes com que foram apodados. José Maria Alpoim e o visconde da Ribeira Brava não conseguiram singrar no novo regime. O primeiro nunca passou de adjunto do procurador e o ex-visconde foi governador civil de Lisboa mas acabou vítima da "leva da morte" de outubro de 1918.