terça-feira, junho 11, 2013

Richard Strauss nasceu há 149 anos

Richard Georg Strauss (Munique, 11 de junho de 1864 - Garmisch-Partenkirchen, 8 de setembro de 1949) foi um compositor e maestro alemão. Ele é considerado um dos mais destacados representantes da música entre o final da Era Romântica e o início da Idade Moderna.

O seu pai, Franz Strauss, era primeiro trompetista da orquestra da Ópera de Munique, tendo participado da estreia de Tristão e Isolda e Die Meistersinger, sendo muito elogiado pelo próprio Wagner, que gostava de ouvi-lo tocar solos das partes de trompa das suas óperas e pediu-lhe que revisse as partes desse instrumento na partitura de Siegfried. Ainda criança, Strauss estudou violino e harpa com membros dessa mesma orquestra, e antes de completar dez anos, já havia escrito uma serenata para instrumentos de sopro.
Em 1885 Richard Strauss tornou-se assistente do célebre regente Hans von Bülow em Meiningen e, um mês mais tarde, tornou-se regente titular daquela orquestra. Foi também diretor da Ópera de Weimar (1886), Berlim (1898), e Viena (1919-1924).
Em 1894 ele foi convidado por Cosima Wagner a reger Tannhäuser em Bayreuth, tornando-se amigo da viúva de Wagner.
Entre 1886 e 1898 Richard Strauss assombrou o mundo com uma série de poemas sinfónicos e sinfonias. Em 1893 ele se casou com a soprano Pauline de Ahna, a primeira a cantar o papel de Freihild na sua primeira ópera, Guntram. Mas quando ele conheceu o poeta Hugo von Hofmannsthal por volta de 1909, uma nova fase se abriu na produção musical de Richard Strauss, dedicada principalmente à ópera.
Durante a Primeira Guerra Mundial Richard Strauss foi ardente partidário da dinastia dos Hohenzollern. Apesar disso, durante a década que se seguiu à derrota da Alemanha o músico foi acolhido internacionalmente com calor e respeito.
Em 1923 Richard Strauss esteve no Brasil, onde deu memoráveis concertos no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Após a subida ao poder de Hitler (1933), Richard Strauss aceitou ser nomeado diretor do Reichsmusikkammer (1934). Isso tem levado a suspeitas de simpatia com os nazis, o que fez com que o compositor sofresse o desdém de outros músicos que protestaram veementemente contra o regime nazi, entre os quais Toscanini, Arthur Rubinstein e Otto Klemperer. É sabido que Strauss dedicou uma canção a Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha Nazi. Richard Strauss não seria antissemita. Isso pode ser provado pelo facto de ele ter colaborado com um escritor judeu, Stefan Zweig, autor do libreto de uma de suas óperas, Die Schweigsame Frau (Stefan Zweig foi para o Rio, onde cometeu suicídio), e pelo facto de que ele fez tudo para defender a sua nora, que era judia. Após a derrota de Hitler em 1945 os Aliados instalaram na Alemanha um comité de desnazificação, e Richard Strauss foi chamado a depor, mas o tribunal inocentou-o de qualquer filiação ou apoio ao partido nazi. Convidado a reger os seus concertos em Londres, em 1947, foi recebido entusiasticamente.
Pouco depois Richard Strauss compôs sua última obra, Vier Letzte Lieder ("Quatro Últimas Canções"). Morreu pacificamente em sua casa em Garmish-Partenkirchen, a 8 de setembro de 1949. Encontra-se sepultado em Richard Strauss Villa, Garmisch, Baviera na Alemanha.
Strauss era ateu, duvidava de todas as religiões, exceto talvez a religião da razão. "Eu nunca me converterei, e eu permanecerei fiel a minha velha religião clássica até o fim de minha vida", declarou pouco tempo antes de sua morte.
A sua obra mais popular é o poema sinfónico Also sprach Zarathustra (Assim falava Zaratustra, Opus 30, de 1891), cuja introdução foi utilizada pelo cineasta e diretor Stanley Kubrick como tema central do famoso filme 2001: Odisseia no espaço (1968).

Óperas
Como compositor de óperas, pode-se dizer que a maioria das óperas de Richard Strauss tem por título um nome de mulher e está centrada numa personagem feminina. O mesmo acontece com Puccini, mas há uma diferença. As heroínas de Puccini são criaturas dóceis e submissas, inteiramente dedicadas aos seus amantes, a quem são fiéis até à morte, com excepção de Turandot. Já nas óperas de Richard Strauss há todo os tipos de mulher: a revoltada como Elektra; a perversa, protótipo da femme fatale (Salomè); a doçura, a sabedoria e a delicadeza da Marechala de Der Rosenkavalier; a mulher doente de amor (Ariadne auf Naxos); o bom gosto e o refinamento da Condessa Madeleine em Capriccio, incapaz de escolher entre um poeta e um músico - e Strauss aproveita para fazer a apologia da poesia e da música, as duas artes irmãs nesta ópera. Um subtítulo geral para as óperas de Richard Strauss poderia ser "a mulher no divã" ou psicanálise feminina. O poeta Hugo von Hofmannsthal, amigo do compositor, compartilhava dos mesmos gostos e das mesmas tendências, eis por que a colaboração entre os dois foi tão frutífera.
Musicalmente, Richard Strauss levou a atonalidade a paroxismos de histeria em Salomè e, principalmente, em Elektra, a mais atonal das partituras do compositor. No entanto, em Der Rosenkavalier, ele resolveu voltar atrás, misturando valsas e suaves melodias tonais com todo o arrojo das tendências musicais contemporâneas, e este foi mais ou menos o caminho que ele trilhou até o fim. Strauss nunca escondeu que seus compositores favoritos eram Wagner e Mozart, e de facto encontramos forte influência de ambos nas partituras de Richard Strauss, o que não impede que ele seja uma personalidade musical única.
Strauss deixou estas reflexões, através das quais penetramos na sua mente e nas ideias que o norteavam, especialmente no que se refere à composição operística:
Quando somos jovens, imagina-se que um libreto só é interessante se contém cenas violentas e assassinatos terríveis. Depois começa-se a compreender que também nos pequenos acontecimentos da vida quotidiana há coisas que merecem ser notadas e exaltadas com intenso lirismo. É preciso aprender a descobrir quanto existe de profundo nos factos e nas coisas que parecem humildes. Debaixo de um manto de púrpura muitas vezes vive uma mesquinha criatura; sob a roupa desalinhada de um pequeno burguês dos nossos dias palpita às vezes um coração de herói. Temos que nos curar da mania do heroísmo cenográfico, e especialmente renunciar aos venenos, aos punhais e aos incestos.


Robert Ervin Howard, o criador de Conan, morreu há 77 anos

Robert Ervin Howard (Peaster, Texas, 22 de janeiro de 1906 - Cross Plains, Texas, 11 de junho de 1936) foi um escritor dos géneros de fantasia e aventura histórica. Os seus contos eram publicados em revistas pulp.
Nasceu em Peaster, Texas, filho do Dr. Isaac Mordecai Howard e Hester Jane Ervin Howard, ambos naturais da Georgia e oriuntos de famílias americanas de raízes escocesas. A sua família morou em várias cidades no Texas (a sul, leste e oeste), e também no oeste de Oklahoma, antes de estabelecer-se em Cross Plains, Texas, em 1919.
Começou a escrever com 9 anos (inspirado nas histórias de Harold Lamb e Talbot Mundy, publicadas na revista ""Adventures"") mas só aos 15 anos começou a escrever profissionalmente, e somente em 1924, quando estudava na academia Howard Payne, em Brownwood, teve uma história publicada, o conto Spear and Fang (Lança e Presa), que apareceu na edição de julho de 1925 da revista Weird Tales. Muitas das suas histórias vieram a ser publicadas na Weird Tales como ("The Hyena" - A Hiena - e "The Lost Race" - A Raça perdida) e teve a sua primeira capa em 1926.
A sua inspiração deve-se aos contos de horror que ouvia da sua avó e da sua velha tia Mary Bohanoon, e, enquando criança ,sempre sonhava ser um bárbaro a combater contra o Império Romano, tornando-se assim um rebelde contra o mundo civilizado.
Escreveu histórias de muitos estilos mas suas criações mais famosas são as do género sword and sorcery (espada e feitiçaria) - um género de fantasia, caracterizado por sua ênfase em combates violentos e intervenções sobrenaturais (deuses, monstros, magos, etc.). Howard criou um dos personagens fantásticos mais populares de todos os tempos; o bárbaro Conan, que fez a sua estreia no conto The Phoenix on the Sword, em dezembro de 1932. Para hospedar a sua criação Howard inventou a Era Hiboriana, que se passa na própria Terra (mas num passado pré-cataclísmico, do qual a história atual não guarda lembranças). Outros personagens célebres incluem o rei Kull, o aventureiro puritano Salomão Kane,e o picto Bran Mak Morn. Criou também as guerreiras Dark Agnes de la Fere e Red Sonya de Rogatino, esta última a base para a criação da personagem Red Sonja da editora Marvel Comics. Com Conan e seus outros heróis, Howard criou o género que viria a ser conhecido como “Espada e Feitiçaria” (sword and sorcery) entre os anos 20 e 30. O seu trabalho originou uma serie de imitadores, fazendo de Howard um dos grandes influenciadores no género da fantasia, apenas rivalizando com J.R.R. Tolkien.

(...)

Em 11 de junho de 1936, aproximadamente às oito da manhã, depois de ficar sabendo que a sua mãe provavelmente nunca sairia do estado de coma, Howard suicidou-se. Sentou-se no banco da frente do seu carro e atirou na própria cabeça, mas só morreu oito horas depois. A sua mãe morreu no dia seguinte e compartilharam o funeral. Ambos estão enterrados no cemitério de Greenleaf, em Brownwood.


Gustave Courbet nasceu há 194 anos

Gustave Courbet (Ornans, 10 de junho de 1819 - La Tour-de-Peilz, 31 de dezembro de 1877) foi um pintor francês. Foi acima de tudo um pintor da vida camponesa de sua região. Ergueu a bandeira do realismo contra a pintura literária ou de imaginação.


Enterro em Ornans,1849-1850, Musee d'Orsay,

Há 58 anos um acidente matou 84 pessoas nas 24 Horas de Le Mans

(imagem daqui)

A tragédia de Le Mans em 1955 foi um acidente durante a corrida automobilística 24 Horas de Le Mans, em 11 de junho de 1955. Os carros envolvidos no acidente atingiram vários espectadores, matando 84 deles. Este foi o pior acidente das 24 Horas de Le Mans.

Esquema gráfico do acidente

Quando Mike Hawthorn se dirigia às boxes com o seu Jaguar, quase colide com o Austin-Healey de Lance Macklin, que para o evitar desviou-se para a esquerda, atingindo o Mercedes do piloto francês Pierre Levegh, que vinha atrás.
Ocorreu então, um grande estrondo, com o carro de Levegh passando por cima de Macklin, batendo na barreira e começando a arder. O francês morreu imediatamente e pedaços do seu carro voaram sobre o público.
Como resultado do acidente, houve morte de vários espectadores, no pior acidente da história do automobilismo.

Jacques Cousteau nasceu há 103 anos

Jacques-Yves Cousteau (Saint André de Cubzac, 11 de junho de 1910 - Paris, 25 de junho de 1997) foi um oficial da marinha francesa, documentarista, cineasta e oceanógrafo mundialmente conhecido por suas viagens de pesquisa, a bordo do Calypso.
Cousteau foi um dos inventores, juntamente com Émile Gagnan, do aqualung, o equipamento de mergulho autônomo que substituiu os pesados escafandros, e também participou como piloto de testes da criação de aparelhos de ultra-som para levantamentos geológicos do relevo submarino e de equipamentos fotocinematográficos para trabalhos em grandes profundidades.
Jacques Cousteau conquistou um Óscar em 1956 com o documentário O mundo silencioso, filmado no Mediterrâneo e no Mar Vermelho. Mas o próprio Cousteau confessa que, nos seus primeiros filmes, não tinha nenhum tipo de preocupação ecológica. No total, foram quatro longas-metragens e setenta documentários para a televisão.
Em 1965, Cousteau criou uma casa submarina onde seis pessoas viveram durante um mês, a cem metros de profundidade.
Em 1990, o músico francês Jean Michel Jarre lançou um álbum em homenagem aos seus 80 anos, com o título Waiting For Cousteau.


Há 456 anos morreu o Rei D. João III e sucedeu-lhe o seu neto, El-Rei D. Sebastião

Estátua de Dom João III - Coimbra

D. João III de Portugal (Lisboa, 6 de junho de 1502 - Lisboa, 11 de junho de 1557) foi o décimo quinto Rei de Portugal, cognominado O Piedoso ou O Pio pela sua devoção religiosa. Filho do rei Manuel I de Portugal, sucedeu-lhe em 1521, aos 19 anos. Herdou um império vastíssimo e disperso, nas ilhas atlânticas, costas ocidental e oriental de África, Índia, Malásia, Ilhas do Pacífico, China e Brasil. Continuou a política centralizadora do seu pai. Durante o seu reinado foi obrigado a negociar as Molucas com Espanha, no tratado de Saragoça, adquiriu novas colónias na Ásia - Chalé, Diu, Bombaim, Baçaim e Macau e um grupo de portugueses chegou pela primeira vez ao Japão em 1543, estendendo a presença portuguesa de Lisboa até Nagasaki. Para fazer face à pirataria, iniciou a colonização efectiva do Brasil, que dividiu em capitanias hereditárias, estabelecendo o governo central em 1548. Ao mesmo tempo, abandonou diversas cidades fortificadas em Marrocos, devido ao custos da sua defesa face aos ataques muçulmanos. Extremamente religioso, permitiu a introdução da inquisição em Portugal em 1536, obrigando à fuga muitos mercadores judeus e cristãos-novos, forçando o recurso a empréstimos estrangeiros. Inicialmente destacado entre as potências europeias económicas e diplomáticas, viu a rota do Cabo fraquejar, pois a rota do Levante recuperava, e em 1548 teve de mandar fechar a feitoria Portuguesa de Antuérpia. Viu morrer os dez filhos que gerou e a crise iniciada no seu reinado amplificou-se sob o governo do seu neto e sucessor, o rei D. Sebastião de Portugal.


Litografia representando D. Sebastião quando criança

D. Sebastião I de Portugal (Lisboa, 20 de janeiro de 1554 - Alcácer-Quibir, 4 de agosto de 1578) foi o décimo sexto rei de Portugal, cognominado O Desejado por ser o herdeiro esperado da Dinastia de Avis, mais tarde nomeado O Encoberto ou O Adormecido. Foi o sétimo rei da Dinastia de Avis, neto do rei João III de quem herdou o trono com apenas três anos. A regência foi assegurada pela sua avó Catarina da Áustria e pelo Cardeal Henrique de Évora.
Aos 14 anos assumiu a governação manifestando grande fervor religioso e militar. Solicitado a cessar as ameaças às costas portuguesas e motivado a reviver as glórias do passado, decidiu a montar um esforço militar em Marrocos, planeando uma cruzada após Mulei Mohammed ter solicitado a sua ajuda para recuperar o trono. A derrota portuguesa na batalha de Alcácer-Quibir em 1578 levou ao desaparecimento de D. Sebastião em combate e da nata da nobreza, iniciando a crise dinástica de 1580 que levou à perda da independência para a dinastia Filipina e ao nascimento do mito do Sebastianismo.

segunda-feira, junho 10, 2013

Este país te mata lentamente...


Camões e a tença

Irás ao paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce.

Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou ser mais que a outra gente.

E aqueles que invocaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto.

Irás ao paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência.

Este país te mata lentamente.




in
Dual (1972) - Sophia de Mello Breyner Andresen

Hoje é dia da Poesia Portuguesa...

(imagem daqui)

Camões dirige-se aos seus contemporâneos


Podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para os outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.

Assis, 11.06.1961



 

in Metamorfoses (1963) - Jorge de Sena

Porque hoje foi Dia de Portugal

Luís Vaz de Camões (Lisboa[?], circa 1524 - Lisboa, 10 de junho de 1580) foi um poeta de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa e um dos grandes poetas do ocidente.


Google Doodle de 10.06.2013, dedicado ao Dia de Portugal

Ray Charles morreu há 9 anos

Ray Charles (Albany, 23 de setembro de 1930Los Angeles, 10 de junho de 2004) foi um pianista pioneiro e cantor de música soul que ajudou a definir o seu formato ainda no fim dos anos 50, além de um inovador intérprete de R&B.
Seu nome de nascimento, por ser Ray Charles Robinson, foi encurtado para Ray Charles quando entrou na indústria da música, para evitar confusão com o famoso boxeador Sugar Ray Robinson. Considerado um dos maiores génios da música negra americana, Ray Charles também foi um dos responsáveis pela introdução de ritmo gospel nas músicas de R&B.
Foi eleito pela Rolling Stone o 2º maior cantor de todos os tempos e 10º maior artista da música de todos os tempos.
 
 

Hoje é preciso recordar Lídice...

Monumento às Crianças de Lídice (imagem daqui)

The Murder of Lidice


It was all of six hundred years ago,
It was seven and if a day,
That a village was built which you may know
By the name of Lidice.

Not a stick, not a stake and stone remain
To mark where the fair Danubian plain
Was rich in cattle and rich in grain
In far Bohemia,
In a village called Lidice.
(At least, that is what they say)

But all of the villagers worked as one
(As ever since then these folks have done)
To build them a village to sit in the sun
As long as the Danube River should run
Through far Bohemia:
And they named it Lidice…

They built them a church and they built them a mill.
And on the fair Danubian plain,
For to shrive their souls and to grind their grain,
And to feed them wholesomely.. .

And close together like swallows’ nests
They built their houses on the low crests
Of the banks of the river that turned the mill.
And each man helped his neighbor to lay
The stones of his house, and to lift its beams;
Till strong in its timbers and tight in its seams
A village arose called Lidice…

**

How did the year turn, how did it run,
In a village like Lidice?
First came Spring, with planting and sowing;
Then came Summer, with haying and hoeing;
Then came Autumn, and the Harvest Home

And always in Winter, with its brief bright day,
Toward the end of the quiet afternoon.
(Children at school, but cominging home soon.
With crisp young voices loud and gay;
Husband at Kladno, miles away.
But home for supper, expected soon)
Toward the end of the Winter afternoon…

The wise, kind hands and contented face
Of a woman at the window, making lace…
A peaceful place … a happy place…

How did the year turn–how did it run
In the year of nineteen-forty-one?–
In a village called Lidice?
First came Spring, with planting and sowing;
Then came Summer, with haying and hoeing:
Then came Autumn, and the Harvest Home…

Then came Heydrich the Hangman, the Hun…

“Mirko, the Rakos barns are full;
It’s time to harvest the sugar beets.”
“Hush with your clack while a man eats!
I’ll think of the harvest and sugar beets
When the evening meal is done.
I’ve much on my mind, wife–I heard say
From the metal-workers in Kladno today
That Heydrich the Hangman comes our way–
God’s curse on him!”

“Husband, the things you say!
Heydrich’s but Hitler’s tool.”

What do you take me for,–a fool?
God’s curse on him, anyway.
“Cross yourself, Mirko!” “I did.” “And pray.”
“I’ll pray when my supper’s done.”

Husband…why is your face so grey?”

My face is grey from fear.
Heydrich the Hangman died today
Of his wounds, the men in Kladno say.”

Good riddance to wicked rubbish, I say…
No man was he, but a ravening beast…
Do they know who killed him?”

“Not yet, they say:
Though they’ve smoked him out for many a day…
But they claim we hid him here.”

“Here? Here in Lidice?”
“Here in Lidice.”
“If I knew where they hid, I’d not give them away”
“Yes… All of the village feels that way.
But heavy’s the price we’ll have to pay,
If they’re not found, I fear.
How it will turn I could not learn…
But my face with fear is grey.”

An officer walked in Wilson Street,
A German officer jaunty and smart;
A sabre-cut on his cheek he bore,
And tailored well were the clothes he wore,
His uniform dapper and smart.
And he hummed a waltz, as he strolled toward
A group of men by a high bill-board.
And he smiled and softly stopped in his tracks
As he studied the stooped and troubled backs
Of poor men reading the word ‘Reward!”

(REWARD! … REWARD! … REWARD! … REWARD!
TWO HUNDRED THOUSAND CROWNS IN GOLD!
FOR INFORMATION LEADING TOWARD
THE CAPTURE OF THE COWARDLY AND RUTHLESS KILLERS
OF REINHARD HEYDRICH!
REINHARD HEYDRICH!
HEYDRICH THE PURE IN HEART!)

He looked at their backs and smiled, and thought,
“Heydrich’s killer’s as good as caught!”
For well he knew what money can do
To a poor man’s mind (and a rich man’s, too–
For the more a man owns the more he owes,
And the more he must have, and so it goes).

**

They marched them out to the public square.
Two hundred men in a row;
And every step of the distance there,
Each stone in the road, each man did know–
And every alley in doorway where
As a carefree boy, not long ago,
With boys of his age he would hide and run
And shout, in the days when everyone
Was safe, and free,–and school was out…
Not very long ago…
And he felt on his face the soft June air,
And thought, “This cannot be so!”

The friendly houses, the little inn
Where times without number he had been
Of an evening, and talked with his neighbors there
Of planting and politics– (not a chair
At any table he had not sat in)
And welcomed the newcomer coming in
With nod of greeting, of “Look, who’s here!”–
Spoken friendly across the rim
Of a mug of Pilsen beer…

And the men he had greeted with loving shout,
And talked about football with, and about
The crops. and how to keep Hitler out…
Were lined up with him here…

And one man thought of the sunny row
In his garden, where he had left his hoe;
And one man thought of the walnut trees
He had climbed, and the day he broke his arm,
But it had not hurt, as his mind hurt now–
How happy his boyhood, how free from harm!

And one who was dying opened his eyes,
For he smelled smoke, and stared at the skies
Cloudy and lurid with smoke and flame;
From every building it billowed; it came
From every roof, and out it burst
From every window,–none was the first;
From every window about him burst
The terrible shape of flame,
And clawed at the sky, and leapt to the ground,
And ran through the village with a crackling sound
And a sudden roar where a roof fell in
And he thought of his mother, left alone
In the house, not able to rise from her chair;
And he got to his elbows, and tried to crawl
To his home, across the blood in the square,
But at every step did slip and fall,
For the slippery blood was everywhere.

Oh, many a faithful dog that day
Stood by his master’s body at bay.
And tugged at the sleeve of an arm outflung;
Or laid his paws on his master’s breast,
With panting jaws and whimpering cries,
Gazing into his glazing eyes
And licking his face with loving tongue;
Nor would from his dead friend depart,
Till they kicked in his ribs and crushed his heart…

The women and children out to the Square
They marched, that there they might plainly see
How mighty a state is Germany–
That can drag from his bed unawake, unaware,
Unarmed, a man, to be murdered where
His wife and children must watch and see;
Then carted them off in truck and cart
Into Germany, into Germany,–
The wives to be slaves of German men;
The children to start life over again,
In German schools, to German rules,–
As butchers’ apprentices,
And hail and salute the master mind
Of the world’s chief butcher of human-kind…

They knocked on the door where a young wife bore
Her first, her last man-child;
She heard them coming down Wilson Street,
She heard from the square the machine-gun shots
That told her her man was dead;
And she bit and tied in a slippery knot
The cord of the fine man-child he’d got,
And slung him under the bed…
She rose on trembling arms to greet
The men who entered Wilson Street;
‘There’s nobody here but me!” she cried;
And her eyes were bright and hot in her head…
“I’m far too sick of the fever,” she said,
“Into Germany, into Germany
For to be marched or led…”
But the baby wailed from under the bed–
And they by the heels with a harsh shout
Did drag him out–but the baby bled–
So against the wall they banged his head,
While the mother clawed at their clothes and screamed,
And screamed and screamed, till they shot her dead.

Now, not a stake was left on a stone,
Nor the frame of a window-sill
Where a woman could lean in the dusk alone,
Her arms aware of the warmth of the stone,–
In Lidice, in Lidice–
Yet they say that it stands there still!

Yes, those who have been there solidly say
That every night when the moon is right,
That during the tenth of June all day,
And thin and strange when the sun sets
And the moon comes out, Ste. Margaret’s–
Spire and nave and people at prayer
Are plainly seen and you can pass
Your hand through the beautiful colored glass
And draw it back… and no blood there!

And they say that men of an evening meet
And talk together in Wilson Street
And draw deep breaths of the air…
Though Wilson Street with the rest of the town
Burned down on the tenth of June, burned down,
And there is nothing there…
The Germans say there is nothing there.

**

Good people, all from our graves we call
To you, so happy and free;
Whether ye live in a village small
Or in a city with buildings tall,
Or the sandy lonesome beach of the sea,
Or the woody hills, or the flat prairie;
Hear us speak; oh, dear what we say;
We are the people of Lidice.
Hear us speak; oh, hear what we say.
Who and where soever ye be…
Unless you would die as we!

Dead mouths of men once happy as you,
As happy as you and as free,
Till they entered our country and slaughtered and slew,
And made us do what we hated to do,
And then–oh, never forget the day!–
On the tenth of June in ‘42
They murdered the village of Lidice!

Dead men, dead men,
Up through the ashes of Lidice
Telling you not to be caught as they
All in the morning of a June day
Were caught, and shot and put out of the way…
(At least, that is what they say)
Telling you not to eat or drink
One morsel of food, one swallow of drink
Before you think, before you think
What is the best way
To keep your country from the foe you hate–
Keep it from sloping bit by bit
Down to what is the death of it–

**

The whole world holds in its arms today
The murdered Village of Lidice,
Like the murdered body of a little child
Happy and innocent, caught at play,
The murdered body, stained and defiled,
Tortured and mangled, of a helpless child,–

And moans of vengeance frightful to hear
From the throat of a world, must reach his ear.
The maniac killer who still runs wild,
Where he sits, wah his long and cruel thumbs,
Eating pastries, rolling the crumbs
Into bullets (for the day is always near
For another threat, another fear,
Another killing of the gentle and mild)
But a moaning whine of vengeance comes,
Sacred vengeance awful and dear;
From the throat of a world that has been too near
And seen too much, at last too much–
Whines of vengeance sacred and dear,
For the murdered body of a helpless child–
And terrible sobs unreconciled!

**

Careless America, crooning a tune!–
Catch him! Catch him and stop him soon!
Never let him come here!

Think a moment: are we immune?

Oh, my country, so foolish and dear,
Scornful America. crooning a tune,
Think. Think: are we immune?–
Catch him, catch him and stop him soon!
Never let him come here!

Ask yourself, ask yourself: What have we done?–
Who, after all. are we?–
That we should sit at ease in the sun,
The only country, the only one,
Unmolested and free?

Catch him! Catch him! Do not wait!
Or will you wait, and share the fate
Of the village of Lidice?
Or will you wait, and let him destroy
The Village of Lidice, Illinois?
Oh, catch him! Catch him, and stop him soon!
Never let him come here!


Edna St. Vincent Millay

A Guerra dos Seis Dias terminou há 46 anos

A Guerra dos Seis Dias foi um conflito armado que opôs Israel a uma frente de países árabes - Egito, Jordânia e Síria, apoiados pelo Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão.
O crescimento das tensões entre os países árabes e Israel, em meados de 1967, levou ambos os lados a mobilizarem as suas tropas. A Força Aérea Israelita lançou um ataque preventivo e arrasador contra a Força Aérea Egípcia. Segundo Menahem Begin, "em junho de 1967, tivemos novamente uma alternativa. As concentrações do exército egípcio nas proximidades do Sinai não provavam que Nasser estivesse realmente a ponto de atacar-nos. Temos que ser honestos. Nós decidimos atacá-lo." Yitzhak Rabin, chefe do Estado Maior de Israel em 1967, declarou: "Não penso que Nasser buscava uma guerra. As duas divisões que enviou ao Sinai não seriam suficientes para lançar uma guerra ofensiva. Ele sabia e nós o sabíamos."
O plano traçado pelo Estado-Maior de Israel, chefiado pelo general Moshe Dayan (1915-1981), começou a ser posto em prática às 07.45 horas da manhã do dia 5 de junho de 1967, quando caças israelitas atacaram nove aeroportos militares, aniquilando a força aérea egípcia antes que esta saísse do chão e causando danos às pistas de aterragem, inclusive com bombas de efeito retardado para dificultar as reparações. Ao mesmo tempo, forças blindadas de Israel investiam contra a Faixa de Gaza, o sul da Síria, os Montes Golã e o norte do Sinai. A Jordânia abriu fogo em Jerusalém, e a Síria interveio no conflito depois de ser atacada.
No terceiro dia de luta, todo o Sinai já estava sob o controle de Israel. Nas 72 horas seguintes, Israel impôs a sua superioridade militar, ocupando também a Cisjordânia, o sector oriental de Jerusalém e as Montes Golã, na Síria.
Como resultado da guerra, aumentou o número de refugiados palestinos na Jordânia e no Egito. Síria e Egito estreitaram ainda mais as relações com a URSS, aproveitando também para renovarem seu arsenal de blindados e aviões, além de conseguirem a instalação de novos mísseis, mais perto do Canal de Suez.

(...)

Em 8 de junho, os israelitas começam o seu ataque no Deserto do Sinai e, sob a liderança do General Ariel Sharon, empurraram os egípcios para o Canal do Suez. No final do dia, as Tzahal alcançaram o canal e a sua artilharia continuou a batalha ao longo da linha de frente, enquanto a força aérea atacava as forças egípcias, que, em retirada, tentavam recuar utilizando as poucas estradas não controladas. No final do dia os israelitas controlavam toda a Península do Sinai e, em seguida, o Egito, por intervenção da ONU, aceitou um cessar-fogo com Israel.
Às primeiras horas do mesmo dia 8 de Junho, Israel bombardeou acidentalmente o navio de guerra americano USS Liberty, ao largo da costa de Israel, que havia sido confundido com um barco de tropas árabes. 34 americanos morreram. Isso obrigou Israel a anteceder a sua aceitação dos acordos de cessar fogo da ONU que surgiriam em poucos dias.
Com o Sinai sob controle, Israel começa o assalto às posições sírias nos Montes Golã, no dia 9 de junho. Foi uma ofensiva difícil devido às bem entrincheiradas forças sírias e ao terreno acidentado. Israel envia uma brigada blindada para as linhas da frente, enquanto a infantaria atacava as posições sírias, e ganha o controle das colinas, hoje divididas com tropas sírias e da ONU.
Às 18.30 horas do dia 10 de junho, a Síria retirou-se da ofensiva faces ao apelo da ONU e foi assinado o armistício, apesar dos soviéticos iniciarem um re-armamento do estado sírio.
Era o fim da guerra nos campos de batalha e inicio da guerra burocrática nas dependências da ONU, como tais países o assinaram. Mas alguns resultados se estenderam por anos posteriores.

Há 69 anos, a cidade francesa de Oradour-sur-Glane sofreu o mesmo destino de Lídice

Brasão de Oradour-sur-Glane

Oradour-sur-Glane é uma comuna francesa situada no departamento de Haute-Vienne, na região Limousin.
A cidade tornou-se famosa por ter sido o local de um dos maiores massacres cometidos pelos soldados nazis das Waffen-SS durante a Segunda Guerra Mundial.
Dias após o desembarque das tropas aliadas na Normandia em 6 de junho de 1944, no que ficou conhecido como Dia D, tropas alemães estacionadas na França dirigiam-se aos locais de desembarque para travar combate com as forças aliadas. Uma delas, a 2ª Divisão Panzer SS Das Reich, da Waffen-SS, as tropas de combate de elite da SS, atravessava boa parte do país em direção à costa, tendo sido diversas vezes fustigada no caminho por sabotagens e ações da resistência francesa, os maquis.

Dentro desta igreja, conservada em suas ruínas exatamente como era em 1944, 452 mulheres e crianças foram queimadas vivas pelas tropas da SS

Massacre
Em 10 de junho de 1944, nas proximidades da vila de Oradour-sur-Glane, o comandante de um dos batalhões da divisão, Sturmbannführer Adolf Diekmann, comunicou aos seus oficiais subordinados que havia sido avisado por dois civis franceses da região que um oficial SS tinha sido preso pelos guerrilheiros na cidade e seria executado e queimado publicamente nos próximos dias.
No começo da tarde, os pelotões da SS cercaram e fecharam a pequena cidade de Oradour e o comando convocou toda a população para a praça principal a fim de fazer uma verificação de documentos. Homens e mulheres foram separados, os homens levados para celeiros e garagens das redondezas e as mulheres e crianças fechadas na igreja do lugar.
Nos celeiros, onde os habitantes masculinos eram esperados por metralhadoras montadas em tripés, todos foram fuzilados e os celeiros queimados, com os corpos dentro. Dos 195 homens de Oradour presos, apenas cinco escaparam. Enquanto isso, outros SS jogavam tochas incendiárias dentro da igreja onde se encontravam trancadas as mulheres e crianças, causando um incêndio generalizado.
Os sobreviventes que tentavam escapar pelas janelas eram metralhados pelos soldados colocados em posição do lado de fora. Apenas uma mulher, Marguerite Rouffanche, conseguiu escapar entre as 452 mulheres e crianças que morreram carbonizadas na chacina, pulando por um pedaço de janela quebrada pelo fogo sem que os soldados se apercebessem. Após a imolação, a tropa queimou a cidade até o chão. No total, 642 habitantes de Oradour foram mortos pelas Waffen-SS em algumas horas, de um total de pouco mais de mil habitantes.

Lídice viverá eternamente...!

Poster da propaganda de guerra britânica sobre Lídice

Lídice (Lidice em língua checa, Liditz em alemão) é um pequena cidade da antiga Checoslováquia, hoje República Checa, famosa durante a Segunda Guerra Mundial quando foi totalmente destruída e a grande maioria de seus habitantes assassinados pelos alemães, a 10 de junho de 1942, como vingança pela morte de seu comandante e segunda maior autoridade nas SS nazis, Reinhard Heydrich.

Massacre e genocídio
Em 27 de maio de 1942, Heydrich, então designado como Protetor do Terceiro Reich na Boémia e Morávia, área ocupada pelas tropas nazis há mais de três anos, dirigia-se da vila onde morava para seu escritório no centro de Praga, capital do país. Numa esquina perto de seu local de destino, o carro em que viajava foi emboscado a tiros por dois integrantes da resistência checa, treinados na Inglaterra e lançados de para-quedas sobre a Checoslováquia. Atingido pelos tiros no atentado, o oficial da SS protegido de Himmler e Hitler e um dos mais cruéis da SS, um dos idealizadores da Solução Final, morreria uma semana depois, de infeção generalizada no hospital.
Enraivecido pela morte de um de seus seguidores mais leais, Hitler ordenou ao substituto de Heydrich que fizesse de tudo e não poupasse vidas para achar os responsáveis pela morte do oficial nazi e se vingar dos checos.
Seguiu-se uma retaliação sangrenta e generalizada das tropas nazis contra a população civil checa. Em 10 de junho, aconteceria aquela que se tornaria a mais tristemente famosa por sua crueldade. A pequena vila de Lídice, uma comunidade de mineiros, perto da capital, foi cercada pelas tropas nazis, impedindo a saída de seus moradores. Todos os habitantes homens com mais de quinze anos foram separados de mulheres e crianças, colocados em um celeiro e fuzilados em pequenos grupos no dia seguinte. As mulheres e crianças da cidade foram todas enviadas para o campo de concentração feminino de Ravensbruck, onde a grande maioria viria a morrer de tifo e exaustão pelos trabalhos forçados. Após o assassinato e o desterro de toda a população, a cidade inteira foi demolida com explosivos e deixada apenas em terra, aplainada por tratores. Os alemães espalharam grãos e cevada pelo chão de toda a área para transformá-la em pasto e riscaram-na dos mapas da Europa. Cerca de 340 habitantes de Lídice morreram no massacre alemão, 173 homens, 60 mulheres e provavelmente 88 crianças. Uma outra pequena aldeia de Lezaky a este de Praga, também foi destruída e seus habitantes executados.
A vingança alemã causou perto de 1500 mortes em toda a Checoslováquia e se estendeu a parentes e amigos de resistentes, integrantes da elite do país suspeitos de deslealdade e factos como o de Lídice, que foi escolhida para o massacre por ser reconhecidamente uma vila hostil aos conquistadores e suspeita de ser ponto de reunião dos assassinos de Heydrich (que acabariam suicidando-se em Praga, quando estavam prestes a serem presos pela SS).
Diferente de outros crimes de guerra que os nazis cometiam na época e mantinham em segredo, a propaganda alemã fez questão de anunciar publicamente ao mundo os eventos de Lídice, como uma ameaça e um aviso à população cativa da Europa então ocupada pela Alemanha. A notícia causou uma onda de terror e indignação mundial e a propaganda britânica aproveitou o facto para alardear os crimes do III Reich e fez um filme sobre o genocídio, “A Vila Silenciosa”.

O local onde se situava a vila de Lídice, hoje um cemitério sagrado e um memorial nacional

Lídice hoje
Lídice tornou-se um símbolo da crueldade nazi durante a guerra e diversos países batizaram cidades e vilas com o seu nome, para que ela jamais fosse esquecida, como era a intenção de Adolf Hitler, inclusive no Brasil, no estado do Rio de Janeiro. Mulheres nascidas no pós-guerra também foram batizadas com o nome de Lídice por seus pais.
Mesmo tendo sido totalmente apagada do mapa, Lídice foi novamente reconstruída e ampliada em 1949, a setecentos metros da área onde havia a vila destruída pelos nazis, mantido intocado como um cemitério sagrado e o terreno onde existiu é marcado apenas por um memorial - onde arde uma chama eterna - sendo um monumento nacional mantido pelo governo checo.


Canção de Lídice

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
No morrer não diferente do que na vida inteira,
Não irás render-te a estes, companheiro bravo.
Estás hoje vencido, e és por isso hoje escravo.
Mas a guerra só acaba co'a última batalha
A guerra não acaba antes da última batalha.

Irmão, é a a hora
Apronta-te agora
Passa a outras mãos a invisível bandeira!
Violência ou Justiça e a balança vacila
Mas, passada a servidão, outro dia cintila.
Estás hoje vencido, mas a coragem não te falta. 
Que a guerra só acaba co'a última batalha
Que a guerra não acaba antes da última batalha.


in Poemas (2007) - Bertold Brecht (tradução de Paulo Quintela)

NOTA: poema escrito por Bertold Brecht para o filme Hangmen Also Die, em cujo argumento e guião colaborou.

Porque hoje é Dia de Portugal

(imagem daqui)

Terra natal

E cá mesmo no extremo Ocidental
Duma Europa em farrapos, eu
Quero ser europeu. Quero ser europeu
Num canto qualquer de Portugal.

Como as ondas do mar sabem ao sal,
A ave amacia o ninho que teceu;
Mas não será do mar, e nem do céu,
Porque me quero assim tão natural.

E se a esperança ainda me consente
No sonho do futuro, ao mal presente
Se digo adeus, - é adeus até um dia…

Um presídio será, mas é meu berço!
Nem noutra língua escreveria um verso
Que me soubesse ao sal desta harmonia.

 

in Post-Scriptum de um Combatente (1949) - Afonso Duarte

domingo, junho 09, 2013

Hoje é preciso recordar Daniel Faria

(imagem daqui)

O homem lança a rede e não divide a água


O homem lança a rede e não divide a água
O pobre estende a mão e não divide o reino

É tempo de colheitas e não tenho uma seara
Nem um pequeno rebento de oliveira




 

in Explicação das Árvores e de Outros Animais (1998) - Daniel Faria

Companheira

(imagem daqui)

Dá-me a tua mão 

Dá-me a tua mão.

Deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua
— para aqui os dois de mãos dadas
nas noites estreladas,
a ver os fantasmas a dançar na lua.

Dá-me a tua mão, companheira,
até o Abismo da Ternura Derradeira.


in
Poeta Militante I (1978) - José Gomes Ferreira