terça-feira, julho 09, 2024

António Quadros (pintor) nasceu há 91 anos...

 

Auto-retrato

António Augusto de Melo Lucena e Quadros (Viseu, 9 de julho de 1933 - Santiago de Besteiros, 2 de julho de 1994), também referido pelos heterónimos João Pedro Grabato Dias, Frey Ioannes Garabatus e Mutimati Barnabé João, foi um pintor e poeta português. Viveu em Moçambique, entre 1964 e 1984. 

 

Percurso

Diplomou-se em pintura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Entre 1958 e 1959 esteve em Paris (Ecole des Beax-Arts de Paris), como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, onde fez os cursos de gravura e pintura a fresco.

Participou em diversas exposições coletivas, podendo destacar-se: I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 1957); Art Portugais: Peinture et Sculpture du Naturalisme à nos Jours (Paris, 1968). Foi galardoado com o Prémio Marques de Oliveira e o Prémio Armando Basto (S.N.I.).

Parte para Moçambique em 1964. Em 1968 revela-se como poeta ao obter um prémio para "40 Sonetos de Amor e Circunstância e Uma Canção Desesperada" assinado por João Pedro Grabato Dias, negando durante vários anos ser o seu autor.

Nesse período colaborou com grupos de teatro em Lourenço Marques, como o TALM (Teatro Amador de Lourenço Marques), em que foi autor do cenário da peça "Jardim Zoológico" de Eduardo Albee, encenada e interpretada por Mário Barradas, e o TEUM (Teatro dos Estudantes da Universidade de Moçambique), sendo autor dos cenários e o guarda roupa de "O Velho da Horta" e "Quem tem Farelos?" de Gil Vicente, ambas encenadas por Matos Godinho.

Colaborou no Núcleo de Arte de Lourenço Marques, como professor, onde contactou, entre outros, com Malangatana Valente. Ganhou o 1º Prémio no concurso da Sociedade de Estudos de Moçambique que, na cerimónia oficial, não foi entregue, dado que o Secretário Provincial de Educação considerou a obra indecorosa.

Em 1971, lançou as odes O Morto e A Arca e ainda as Laurentinas. Grabato Dias e Rui Knopfli, criam nesse ano a revista Caliban.

Em 1972, por ocasião dos 400 anos da morte de Camões, lançou o poema épico Quybyrycas, assinadas por Frey Ioannes Garabatus, com prefácio de Jorge de Sena, onde glosava e parodiava "Os Lusíadas".

Depois do 25 de abril, inventou o livrinho Eu, o povo, supostamente deixado por Mutimati Barnabé João, guerrilheiro moçambicano morto em combate, não assumindo inicialmente a sua autoria. Escreveu o novo livro de poemas didático O Povo e nós, já de autoria de João Pedro Grabato Dias.

Publicou um livro de divulgação da biotecnologia, para aplicação nas zonas rurais moçambicanas.

Publicou o poema pseudobibliográfico "Facto/Fado", considerado pelo crítico literário Eugénio Lisboa um dos melhores livros em português.

Em Moçambique, foi ainda o co-autor do monumento aos heróis, na Praça dos Heróis Moçambicanos, em Maputo.

No regresso a Portugal e a Santiago de Besteiros, em 1984, dedicou-se ao ensino, à escrita e pintura.

Publicou em 1992 Sete Contos para um Carnaval.

Foi cantado por cantores como José Afonso e Amélia Muge.

Como pintor, atividade principal da sua criação, tem extensa e rica obra, de extrema beleza, realizada em Portugal e Moçambique. Dedicou-se ainda a outras artes plásticas, como cerâmica, pintura em cerâmica, esculturas metálicas, cartazes, ilustração de livros e desenhos criados por computador.

1998 - Grã-Cruz da Ordem do Infante D.Henrique, atribuída, a título póstumo, pelo Presidente Jorge Sampaio, pela obra plástica e literária, particularmente pela autoria de As Quybyrycas.

 

 

in Wikipédia

 

A menina e o lagarto (1956, Centro de Arte Moderna - FCG)
 
Raparigas (1950-1958, Museu Nacional Soares dos Reis)

Sem título (gravura) (1958)
 
Cinzeiro serviço "Verde Negro" (1959, Museu Nacional do Azulejo)

Bon Scott, o primeiro vocalista dos AC/DC, nasceu há 78 anos...

   

Ronald Belford Scott (Kirriemuir, 9 de julho de 1946 - Londres, 19 de fevereiro de 1980), mais conhecido pelo nome artístico de Bon Scott, foi um cantor escocês que ficou mundialmente conhecido por ser vocalista e compositor da banda de rock australiana AC/DC, de 1974 a 1980.
Em 2006, a revista Hit Parader considerou Scott como o melhor vocalista de heavy metal de todos os tempos.
Iniciou a sua carreira com a banda The Spektors, logo depois formando The Valentines, onde conheceu o seu amigo Vince Lovergrove, que trabalharia no seu próximo projeto, os Fraternity; logo após a separação do grupo, integrou os AC/DC, onde lançou sete discos, vindo a falecer logo após o lançamento do álbum Highway to Hell, que os levou à fama mundial. Depois da sua morte foi substituído por Brian Johnson
    
 (...)   
    
A sua morte até hoje não foi bem explicada. Após a turnê de divulgação do álbum Highway to Hell pela Europa, Bon resolveu passar uns dias em Londres, para rever amigos. A tragédia teve início numa tradicional noite de bebedeira, coisa a que Bon estava realmente acostumado. Bon e um amigo seu, chamado Alistar Kinnear, foram tomar alguns copos no Music Machine, um clube noturno localizado em Camden Town. Depois de muitas rodadas, a dupla foi para Ashby Court, onde Bon vivia naquela época. No caminho, Bon desmaiou no banco de trás do veículo. Kinnear não deu muita importância e seguiu adiante. Quando chegou à casa do vocalista do AC/DC, Kinnear tentou acordar Bon e levá-lo para a cama, porém não conseguiu acordar o seu companheiro, que estava num avançado estado de embriaguez. Kinnear desistiu da ideia e seguiu dirigindo para seu próprio apartamento. Chegando lá, nova tentativa frustrada de tirar o amigo bêbado do veículo. Decidiu então deixar Bon a dormir’ no banco de trás do automóvel, um Renault 5, em Overhill Road, uma estrada em Dulwich. Quando Kinnear voltou, na manhã seguinte, para ver o seu amigo, já era tarde demais. Bon estava morto, praticamente congelado dentro do pequeno automóvel. Ele ainda o levou à pressa para o Kings College Hospital, de Londres, que declarou que o músico já chegou sem vida às Urgências. O atestado de óbito informou que Bon Scott havia falecido no decorrer de overdose e ‘death by misadventure’ (morte por desventura, ou por desgraça). Nos jornais da época foi também noticiado que o músico teria se sufocado com o próprio vómito e que a baixa temperatura da madrugada e as suas constantes crises de asma colaboraram para a tragédia, daquela fria manhã de 19 de fevereiro de 1980, um dos dias mais tristes do rock n’ roll. O corpo de Bon Scott foi cremado e as suas cinzas foram levadas pela sua família para o Cemitério de Fremantle, em Fremantle, no estado da Austrália Ocidental.
Após a entrada de Brian Johnson o som do AC/DC mudou, mas sem perder as suas características, perdendo um pouco do balanço e da influência dos blues que emanavam de Bon, mas ganhando outras que, com Bon, talvez nunca seriam exploradas. Bon também é considerado por várias pesquisas um dos melhores cantores de rock. Numa lista divulgada pela revista Kerrang, Bon Scott está na 5ª posição dos maiores ícones do rock.
         

 


Courtney Love nasceu há sessenta anos...!

  
Courtney Michelle Cobain, nascida Harrison, (São Francisco, 9 de julho de 1964) é uma cantora, compositora, atriz e pintora norte-americana.  
Love ganhou notoriedade com a sua banda Hole, que formou em 1989, com Eric Erlandson. O álbum de estreia da banda, Pretty on the Inside (1991), recebeu aclamação da crítica, e os Hole tornaram-se mundialmente conhecido com os seus álbuns seguintes, Live Through This (1994) e Celebrity Skin (1998).
Courtney também é atriz e iniciou sua carreira interpretando pequenos papéis em filmes de Alex Cox em 1986. Em 1996, estrelou o filme The People vs. Larry Flynt, e foi indicada ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Mais tarde, na década de 2000, Courtney teve uma breve carreira solo após a dissolução do Hole, lançando um álbum, America's Sweetheart (2004) e teve diversos problemas com a lei e sentenças a clínicas de reabilitação até atingir a sobriedade.
Em 2009, Courtney reformou o Hole com novos membros e lançou Nobody's Daughter (2010). Em 2012, estreou em uma exposição de arte com uma coleção de suas próprias pinturas e desenhos intitulado "And She's Not Even Pretty". No mesmo ano, anunciou o retorno à carreira solo e está atualmente preparando um novo álbum. Desde 2014, tem voltado a se dedicar à atuação, trabalhando em Sons of Anarchy, Empire e Revenge.
       

 


segunda-feira, julho 08, 2024

A Itália tem dois vulcões emblemáticos em erupção...!

Fumo, lava e cinzas: Sicília assiste à erupção dos vulcões Stromboli e Etna

A Sicília está em alerta máximo, com as autoridades a apelarem à população para seguir as instruções de segurança e precaução

 

 Fumo, lava e cinzas: Sicília assiste à erupção dos vulcões Stromboli e Etna  | Fotogaleria | PÚBLICO

O vulcão Etna expele lava durante uma erupção, visto a partir da ilha da Sicília, Itália

Manuel de Arriaga nasceu há 184 anos


Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue (Horta, Matriz, 8 de julho de 1840Lisboa, Santos-o-Velho, 5 de março de 1917) foi um advogado, professor, escritor e político português. Grande orador e membro destacado da geração doutrinária do republicanismo português, foi dirigente e um dos principais ideólogos do Partido Republicano Português. A 24 de agosto de 1911 tornou-se no primeiro presidente eleito da República Portuguesa, sucedendo na chefia do Estado ao Governo Provisório presidido por Teófilo Braga. Exerceu aquelas funções até 29 de maio de 1915, data em que foi obrigado a demitir-se, sendo substituído no cargo pelo mesmo Teófilo Braga, que, como substituto, completou o tempo restante do mandato.

 

Ferdinand von Zeppelin nasceu há 186 anos

            
Ferdinand Adolf Heinrich August Graf von Zeppelin (Constança, 8 de julho de 1838 - Berlim, 8 de março de 1917) foi um nobre e militar, general alemão, fundador da companhia dirigível Zeppelin.
O nome da banda de rock britânica Led Zeppelin remete para os balões de Ferdinand. A Kriegsmarine desenvolveu o projeto para a construção de um porta-aviões batizado Graf Zeppelin em homenagem ao conde.
  
(...)
  

Primeira ascensão do LZ-1, em 2 de julho de 1900

Zeppelin, baseado nas ideias de Schwartz, um engenheiro austríaco que havia tentado construir um balão de alumínio em 1887, projetou um aeróstato sob comando, partindo então para tentativas arrojadas, em Friedrichshafen, onde morava.
Além de orientar a edificação de uma fábrica de alumínio, o ousado conde iniciou a construção e montagem dos primeiros dirigíveis rígidos em 1889, e, a despeito das dificuldades, terminou o seu primeiro modelo no ano seguinte. No entanto, o protótipo LZ-1 somente foi aprovado cinco anos depois, sendo que os modelos testados levavam as iniciais LZ, de Ludwig (assistente do conde) e do próprio Zeppelin, antecedendo a numeração.
Apesar do seu projeto ter sido rejeitado pelo Kaiser Guilherme II em 1894, o nobre militar, contando com o apoio da população do povoado na margem do Lago Constança e utilizando todos os seus recursos financeiros, se empenhou na construção de aeronaves com estrutura rígida, numa época em que os balões carregados de gás tinham estrutura flexível.
Em 2 de julho de 1900, fez o voo inaugural do LZ-1, às margens do lago Constança. Porém, o tecido que cobria a estrutura de alumínio do balão se rompeu no pouso; mas o milionário não desistiu. Já estava na bancarrota quando, em 1908, ganhou fama com o LZ-4, ao cruzar os Alpes, numa viagem de 12 horas, sem escalas. Daí por diante, Zeppelin pôde contar com o dinheiro do governo alemão em suas façanhas e os seus dirigíveis transformaram-se em orgulho nacional. Zeppelin instituiu a primeira companhia aérea, a Luftschiffbau-Zeppelin GmbH, em 1909, com uma frota de cinco dirigíveis. Até 1914, quando iniciou a Primeira Grande Guerra, foram mais de 150 mil quilómetros voados, 1.600 voos e mais de 37 mil passageiros transportados. Durante o conflito mundial, ao lado dos nascentes aviões, os dirigíveis alemães foram utilizados para bombardear Paris. Ao longo de sua vida, Zeppelin construiu mais de cem dirigíveis.
 

Porque hoje é preciso recordar Fernão Mendes Pinto, na voz imortal de Fausto...

Poesia de aniversariante de hoje...

 

 

A mulherinha

 

A mulherinha estava a pedir pega-me

naquele olhar de corna mansa, e então

fiz das tripas menores um coração

embrulhei-o em luxúria e num béguin

impetuoso e urgente, qual salame

perverso a mugir trinca-me glutão

abalei a voar no avião

rotativo daquele olhar. Eu chame-me

cão gravata se não valeu a pena!

Ó licor da vingança, ó bruta cena!

Tinha, enfim, sob a espora, sob a mão

soba espúrio, soba ex-puro a esposa

grata do chefe, e sob a esposa a musa

ingrata dum tinteiro da nação.

 

João Pedro Grabato Dias aka António Quadros (pintor)

Moraes Moreira celebra hoje 77 anos

      
Antônio Carlos Moreira Pires, (Ituaçu, 8 de julho de 1947), mais conhecido como Moraes Moreira, é um cantor, compositor e músico brasileiro, ex-integrante do grupo Novos Baianos e que hoje segue uma carreira a solo.
   
Durante a década de 1970, ele foi membro do grupo Novos Baianos, entrando mais tarde numa carreira a solo que rendeu 29 álbuns. Moreira esteve envolvido na gravação de 40 álbuns completos com os Novos Baianos e o trio elétrico Dodô e Osmar, além de mais dois álbuns com o guitarrista Pepeu Gomes. Tornando-se um dos compositores mais versáteis do Brasil, sintetizou géneros como rock, samba, choro, frevo, baião e música erudita. Em 2012, foi eleito como a 98ª maior voz da música brasileira pela Rolling Stone Brasil. Acabou Chorare, lançado pelos Novos Baianos em 1972, foi classificado pela mesma revista como o maior álbum brasileiro de todos os tempos.
       

 


Andy Fletcher nasceu há 63 anos...


Andrew John Leonard Fletcher (Nottingham, 8 July 1961 – Brighton, 26 May 2022), also known as Fletch, was an English keyboard player, DJ, and founding member of the electronic band Depeche Mode. In 2020, he and the band were inducted into the Rock and Roll Hall of Fame.

 

in Wikipédia

 


Joan Osborne nasceu há sessenta e dois anos

   
Joan Elizabeth Osborne (Anchorage, 8 de julho de 1962) é uma cantora norte-americana, mais conhecida pelo nome artístico de Joan Osborne. A sua fama deve-se não só ao seu trabalho com os membros dos The Grateful Dead, mas principalmente devido ao enorme sucesso da canção "One of Us" durante a década de 90.
  

 


Vasco da Gama partiu, com ordem para descobrir o caminho marítimo para a Índia, há 527 anos

Pintura de Vasco da Gama na chegada à Índia, ostentando a bandeira usada nos Descobrimentos: as armas de Portugal e a cruz da Ordem de Cristo, patrocinadores do movimento de expansão iniciado pelo Infante D. Henrique
     
Primeira viagem realizada diretamente da Europa para a Índia, pelo Atlântico, sob o comando do navegador português Vasco da Gama, no reinado do rei D. Manuel I, em 1497-1499. Uma das mais notáveis viagens da era dos Descobrimentos, consolidou a presença marítima e o domínio das rotas comerciais pelos portugueses.
O projeto para o caminho marítimo para a Índia foi delineado por D. João II como medida de redução dos custos nas trocas comerciais com a Ásia e tentativa de monopolizar o comércio das especiarias. A juntar à cada vez mais sólida presença marítima portuguesa, D. João almejava o domínio das rotas comerciais e expansão do reino de Portugal que já se transformava em Império. Porém, o empreendimento não seria realizado durante o seu reinado. Seria o seu sucessor, D. Manuel I que iria designar Vasco da Gama para esta expedição, embora mantendo o plano original.
Porém, este empreendimento não era bem visto pelas altas classes. Nas Cortes de Montemor-o-Novo de 1495 era bem patente a opinião contrária quanto à viagem que D. João II tão esforçadamente havia preparado. Contentavam-se com o comércio da Guiné e do Norte de África e temia-se pela manutenção dos eventuais territórios além-mar, pelo custo implicado na expedição e manutenção das rotas marítimas que daí adviessem. Esta posição é personificada na personagem do Velho do Restelo que aparece, n'Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões, a opor-se ao embarque da armada.
El-Rei D. Manuel não era dessa opinião. Mantendo o plano de D. João II, mandou aparelhar as naus e escolheu Vasco da Gama, cavaleiro da sua casa, para capitão desta armada. Curiosamente, segundo o plano original, D. João II teria designado seu pai, Estêvão da Gama, para chefiar a armada; mas a esta altura tinham ambos já falecido.
A 8 de julho de 1497 iniciava-se a expedição semi-planetária que terminaria dois anos depois, com a entrada da nau Bérrio rio Tejo adentro, trazendo a boa-nova que elevaria Portugal a uma posição de prestígio marítimo.
   

Caminho da expedição (preto); para comparação, caminho de Pêro da Covilhã (laranja) e de Afonso de Paiva (azul) depois da viagem juntos (verde)

Fernão Mendes Pinto morreu há quatrocentos e quarenta e um anos...

Escultura erigida em memória de Fernão Mendes Pinto, em Almada

 

Fernão Mendes Pinto (Montemor-o-Velho, 1510-1514 - Pragal, Almada, 8 de julho de 1583) foi um escravo, mercador, pirata, corsário, jesuíta, missionário, aventureiro e explorador português.

Em 2011 foi homenageado, no ano em que se supôs ser o do 500.º aniversário do seu nascimento, numa Moeda comemorativa de 2 euros. A TAP Air Portugal homenageou-o ao atribuir o seu nome a uma das suas aeronaves. Na freguesia do Pragal foi erigida uma escultura homenageando-o. Essa peça foi inaugurada em 31 de dezembro de 1983, esculpida por António Duarte.
 

Ainda pequeno, um seu tio levou-o para Lisboa onde o pôs ao serviço na casa de D. Jorge de Lencastre, Duque de Aveiro e Mestre da Ordem de Santiago, filho do rei D. João II. Manteve-se aqui durante cerca de cinco anos, dois dos quais como moço da câmara da casa do próprio D. Jorge, facto importante para a comprovação da sua descendência duma classe social que contradizia a precária situação económica que a família então detinha.

No início da sua primeira viagem, o seu navio foi atacado por piratas, que deixaram a tripulação e os passageiros respetivos nus e descalços na praia de Melides, onde foram auxiliados por Margarida de Sousa, mulher de Pedro Pantoja, cavaleiro, comendador de Santiago do Cacém e alcaide-mor do castelo de Santiago do Cacém na acima referida Ordem de Santiago, aliás prima-irmã de D. Jorge de Lencastre. Posteriormente, entrou em conhecimento com Francisco de Faria, que servia o mesmo D. Jorge e era filho bastardo do avô paterno de António de Faria, que mais tarde viria a conhecer e a acompanhar.

Em 1537, parte para a Índia, ao encontro dos seus dois irmãos. De acordo com os relatos da sua obra Peregrinação, foi durante uma expedição ao mar Vermelho em 1538, que Mendes Pinto participou num combate naval com os otomanos, onde foi feito prisioneiro e vendido como escravo a um grego e por este a um judeu sefardita, que o levou para Ormuz, onde foi resgatado por portugueses.

Acompanhou a Malaca Pedro de Faria ou Pero de Faria, onde começou por ser mercador de tecidos e donde fez o ponto de partida para as suas aventuras, tendo percorrido, durante 21 acidentados anos, as costas do Pegu, Arracão, Birmânia, Aiutaia, Sucotai, Sunda, Molucas, China e Japão, grande parte desse tempo ao lado do pirata e corsário António de Faria, que andava por capitão de navios em Malaca e era primo em quinto grau de Pedro ou Pero de Faria. Numa das suas viagens a este país conheceu São Francisco Xavier e, influenciado pela sua personalidade, decidiu entrar para a Companhia de Jesus e promover uma missão jesuíta no Japão.

Sabe-se hoje que não fez realmente parte da primeira expedição portuguesa que logrou alcançar o Japão, a 23 de setembro de 1543, mas sim duma das primeiras. Acontece que os governantes locais que o receberam não tinham ainda visto outros ocidentais e por isso reagiram dizendo-lhe que tinha sido o primeiro a chegar àquelas paragens. A chegada dos portugueses ao Japão foi muito celebrado, e perdura ainda na memória cultural japonesa, porque foi o episódio que permitiu a introdução das armas de fogo naquele país. O próprio Fernão Mendes Pinto insere-se nesse papel, descrevendo o espanto e o interesse do dito rei local (na verdade um daimio) quando viu um dos seus companheiros disparar uma espingarda enquanto caçava.

Em 1554, depois de libertar os seus escravos, vai para o Japão como noviço da Companhia de Jesus e como embaixador do vice-rei e governador D. Afonso de Noronha junto do daimyo de Bungo. Esta viagem constituiu um desencanto para ele, quer no que se refere ao comportamento do seu companheiro, quer no que respeita ao comportamento da própria Companhia. Desgostoso, abandona o noviciado e regressa a Portugal.

Com a ajuda do ex-governador da Índia Francisco Barreto, conseguiu arranjar documentos comprovativos dos sacrifícios realizados pela pátria, que lhe deram direito a uma tença, que nunca recebeu. Desiludido, foi para a sua Quinta de Palença, em Almada, onde se manteve até à morte e onde escreveu, entre 1570 e 1578, a obra que nos legou, a sua inimitável Peregrinação. Esta só viria a ser publicada 20 anos após a morte do autor, receando-se que o original tenha sofrido alterações às quais não seriam alheios os Jesuítas.

Deixou-nos um relato tão fantástico do que viveu (a Peregrinação, publicada postumamente em 1614), que durante muito tempo não se acreditou na sua veracidade; de tal modo que até se fazia um jocoso dito com o seu nome: Fernão Mentes Minto, ou então ainda: Fernão, mentes? Minto!.

Esta ideia de que o que contava era demasiado fantasioso para poder ter-lhe realmente acontecido parte do princípio que se pode julgar um texto do século XVI com os critérios de hoje, mas na verdade o texto é uma inestimável fonte de informação para conhecermos o que sucedia aos navegadores e aventureiros que iam a caminho do extremo-oriente nas caravelas portuguesas, mesmo que nem todas essas coisas tenham acontecido realmente a Fernão Mendes Pinto e que ele tenha compilado alguns relatos que ouviu.

 

Efígie de Fernão Mendes Pinto no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa


Fernão Mendes Pinto fora contemporâneo do auge da expansão marítima portuguesa e da paradoxal decadência interna que assolava as terras lusitanas. Chegou a presenciar a unificação de Portugal com a Espanha sob o governo do Rei Filipe II de Espanha (1556-1598). A presença da Inquisição fez-se particularmente forte nesse período, promulgada por decreto papal do Papa Paulo III em 1536, um ano antes da partida do autor, e efetivada em 1547, sob a instância de D. João III de Portugal.

Em 1558, Fernão Mendes Pinto estabeleceu-se na Quinta de Vale do Rosal, situada na Charneca de Caparica, e acredita-se que foi na mesma que escreveu, entre 1569 e 1578, aquela que viria a tornar-se numa famosa obra literária: Peregrinação. O texto original foi deixado à Casa Pia dos Penitentes que só iria publicá-lo 31 anos após a morte de seu escritor. A tamanha demora na sua publicação é creditada ao temor do autor frente à Inquisição.

De facto, o temor de Fernão Mendes Pinto provou-se justificado uma vez que a versão impressa tem muitas frases apagadas e "corrigidas". Mais gritante ainda é o completo desaparecimento de referências a Companhia de Jesus, uma das mais ativas congregações religiosas no Oriente, e que possuía claras relações com Fernão Mendes Pinto (pois fora membro da mesma anos antes da escrita da obra). O tamanho da obra também era um obstáculo considerável naquela época, ainda mais sem o auxílio financeiro de nenhuma instituição ou mecenas.

Independente disso, a Casa Pia submete os escritos de Pinto ao crivo da Inquisição, que o aprova em 1603, o mesmo ano em que o processo de análise se iniciou. Somente em 1614 o famoso editor Pedro Craesbeeck aceita a empreitada, ainda que o contexto da época não lhe fosse favorável.

Pesavam contra a obra o grande distanciamento temporal e as drásticas mudanças no cenário oriental que Fernão Mendes presenciara e o daquele momento, com as fortes presenças dos ingleses e holandeses na região. Além disso, os seus escritos fariam concorrência com autores muito mais recentes e eruditos, como João de Barros, Luís Vaz de Camões e Fernão Lopes de Castanheda. A Peregrinação deixara de tratar de um assunto de momento para se tornar a descrição de um tempo passado.

Contrariando as expectativas, a Peregrinação torna-se um sucesso, recebendo 19 edições em seis línguas. Abrem-se imediatamente discussões a respeito da veracidade dos eventos narrados. Essa questão é trabalhada por autores como P. G. Adams, Mary Campbell, Maurice Collis e A. Pagden, não se limitando apenas à Peregrinação, mas abrangendo o género de relatos de viagem como um todo. Serão levantadas dúvidas e questões que resultarão numa delimitação mais profunda entre o registo histórico e a ficção.

Percebe-se com isso uma clara mudança nos referenciais da narrativa, não mais os mesmos pelos quais Mendes Pinto se pautava. Já não era mais suficiente para o leitor desse tempo a alegoria medieval. Ele agora exigia uma factualidade efetiva e comprovável, pois ele sentia-se estimulado a ir ver por conta própria essas terras desconhecidas e explorar suas riquezas. Nesse contexto, a precisão do testemunho ocular fazia-se fundamental.