segunda-feira, julho 08, 2024
Porque hoje é preciso recordar Fernão Mendes Pinto, na voz imortal de Fausto...
Postado por Pedro Luna às 11:11 0 bocas
Marcadores: descobrimentos, Fausto, Fernão Mendes Pinto, literatura, música, Peregrinação, Quando às vezes ponho diante dos olhos
terça-feira, abril 27, 2021
Música adequada à data...
Fausto Bordalo Dias - Quando às vezes ponho diante dos olhos
Álbum: Por Este Rio Acima (1982)
Quando às vezes ponho diante dos olhos
A lusitana viagem medonha que eu dobrei
Os tormentos passados e os fados que chorei
Arde o corpo em oração entre pecado e perdão
Agonia o coração e arde o corpo
Do cotovelo da terra á pestana do mundo
Fui treze vezes cativo dezassete vendido
Mataram os mares milhares num gemido
Ai de mim sou missionário
Foge cafre já sou corsário
Marinheiro voluntário
Ai de mim
Quando às vezes ponho diante dos olhos
A fúria da onda tremenda rasgada no vento
O assombro da fronha de um monstro
Que horrenda estampada no breu
Ai meu Deus o aperto em que estou
Olha o cobre e o ouro
Olha o bobo que eu sou
Que se escapa o tesouro
Que me dá a fraqueza
Enriquece bandido
A saudade do Tejo
O inventário da presa
Meu amor dá-me um beijo
Afasta-o do sentido
E lá vou eu desvalido
II
Quando às vezes ponho diante dos olhos
Os trabalhos tremendos, os perigos que passei
O Inferno maldito Infinito que afrontei
Vem à boca uma prece
A alma inteira estremece
Arde
Grita
Enlouquece
E vem à boca
Um amargo de morte arrefece-me o corpo
Um grande medo
Meu Deus
Que estala no peito
Só o meu coração respira amores perfeitos
Que eu nem conto em segredo
Que eu risquei do enredo
Num latino arremedo
Que eu nem conto
Quando às vezes ponho diante dos olhos
Cobras
Lagartos
Mostrengos
Horríveis
Sarnentos
O delírio dos rios
Das selvas ardentes
Da febre a queimar
A matar
Terra à vista
Atenção
Espia como mercador
Eu cá sou benfeitor
Assalta como ladrão
Olha o rombo na quilha
Olha a tua quadrilha
Quem me dera estar longe
Empunha o machado
Ser um anjo ser monge
Aguenta safado
Sendo o mais enjeitado
III
De Lisboa p' rá Índia
Da Tartária ao Sião
Da China à Etiópia
De Ormuz ao Japão
P' lo Cabo do Mundo
Passei por um triz
Da Ilha Maluca
À Arábia Feliz
São de todas as cores
As paixões os ardores
Na voragem do cio
O amor aplacado
Entre esteiras deitado
No porão do navio
Vai o sonho entornado
Quando às vezes ponho diante dos olhos
As guerras
Assaltos e gritas
O sangue a jorrar
A alagar
Os turcos
Senhora bendita
Lançados ao mar
A afundar
Tangendo panelas
P'ró diabo que os leve
Infiéis tagarelas
Filhos de Mafamede
Ai da vossa cegueira
Dispara o roqueiro
No rescaldo da afronta
Amordaça o escravo
Rezo pela desconta
És cruzado és um bravo
Dos pecados sem conta
IV
De Lisboa p' rá Índia
Da Tartária ao Sião
Da China à Etiópia
De Ormuz ao Japão
P' lo Cabo do Mundo
Passei por um triz
Da Ilha Maluca
À Arábia Feliz
São de todas as cores
As paixões os ardores
Na voragem do cio
O amor aplacado
Entre esteiras deitado
No porão do navio
Vai o sonho entornado
Foi de fio a pavio
P'ró diabo que os leve
Infiéis tagarelas
Filhos de Mafamede
Ai da vossa cegueira
Dispara o roqueiro
Amordaça o escravo
És cruzado és um bravo
Espia como mercador
Assalta como ladrão
Olha o rombo na quilha
Empunha o machado
Olha a tua quadrilha
Aguenta safado
Dos pecados sem conta
És o mais enjeitado
O aperto em que estás
Olha o cobre e o ouro
Que se escapa o tesouro
Que te dá a fraqueza
Enriquece bandido
No rescaldo da afronta
Ai quem te dera estar longe
Ser um anjo ser monge
Reza pela desconta
Entre apupos e gritas
De mãos alevantadas
Treme o bom jesuíta
Ai Jesus que embrulhada
Em pouco mais de dois credos
Dois mil mortos no chão
Pelejando um milhão
Soçobrados em sangue
Estalam mil bofetadas
No traseiro de um cafre
Sobrevoa o milhafre
Seis cabeças rachadas
Muitas feridas e chagas
Numa grande chacina
Entre insultos e pragas
Chovem panelas de urina
Vinte e três afogados
Trinta e quatro perdidos
Nus e ajoelhados
Sem contar os aflitos
Pelas pernas abaixo
Vai o pobre de mim
De Quedá a Samatra
De Malaca a Pequim
Fugindo a sete pés
Quando estoira o convés
Perde-se ouro o provento
A prata fina a saúde
Mas glória santa me ajude
A dar graças a Deus
Misericórdia infinita
Pois eu não me lamento
Se ao fim de tantos tormentos
Escapei deles com vida
O Senhor seja louvado
Santos apostolados
Viva eu entre os mortais
Pois não mereci mais
Por meus grandes pecados
Postado por Pedro Luna às 11:11 0 bocas
Marcadores: descobrimentos, Fausto, Fausto Bordalo Dias, Fernão de Magalhães, música, Quando às vezes ponho diante dos olhos
sexta-feira, setembro 20, 2019
Música adequada à data...
Fausto Bordalo Dias - Quando às vezes ponho diante dos olhos
Álbum: Por Este Rio Acima (1982)
Quando às vezes ponho diante dos olhos
A lusitana viagem medonha que eu dobrei
Os tormentos passados e os fados que chorei
Arde o corpo em oração entre pecado e perdão
Agonia o coração e arde o corpo
Do cotovelo da terra á pestana do mundo
Fui treze vezes cativo dezassete vendido
Mataram os mares milhares num gemido
Ai de mim sou missionário
Foge cafre já sou corsário
Marinheiro voluntário
Ai de mim
Quando às vezes ponho diante dos olhos
A fúria da onda tremenda rasgada no vento
O assombro da fronha de um monstro
Que horrenda estampada no breu
Ai meu Deus o aperto em que estou
Olha o cobre e o ouro
Olha o bobo que eu sou
Que se escapa o tesouro
Que me dá a fraqueza
Enriquece bandido
A saudade do Tejo
O inventário da presa
Meu amor dá-me um beijo
Afasta-o do sentido
E lá vou eu desvalido
II
Quando às vezes ponho diante dos olhos
Os trabalhos tremendos, os perigos que passei
O Inferno maldito Infinito que afrontei
Vem à boca uma prece
A alma inteira estremece
Arde
Grita
Enlouquece
E vem à boca
Um amargo de morte arrefece-me o corpo
Um grande medo
Meu Deus
Que estala no peito
Só o meu coração respira amores perfeitos
Que eu nem conto em segredo
Que eu risquei do enredo
Num latino arremedo
Que eu nem conto
Quando às vezes ponho diante dos olhos
Cobras
Lagartos
Mostrengos
Horríveis
Sarnentos
O delírio dos rios
Das selvas ardentes
Da febre a queimar
A matar
Terra à vista
Atenção
Espia como mercador
Eu cá sou benfeitor
Assalta como ladrão
Olha o rombo na quilha
Olha a tua quadrilha
Quem me dera estar longe
Empunha o machado
Ser um anjo ser monge
Aguenta safado
Sendo o mais enjeitado
III
De Lisboa p' rá Índia
Da Tartária ao Sião
Da China à Etiópia
De Ormuz ao Japão
P' lo Cabo do Mundo
Passei por um triz
Da Ilha Maluca
À Arábia Feliz
São de todas as cores
As paixões os ardores
Na voragem do cio
O amor aplacado
Entre esteiras deitado
No porão do navio
Vai o sonho entornado
Quando às vezes ponho diante dos olhos
As guerras
Assaltos e gritas
O sangue a jorrar
A alagar
Os turcos
Senhora bendita
Lançados ao mar
A afundar
Tangendo panelas
P'ró diabo que os leve
Infiéis tagarelas
Filhos de Mafamede
Ai da vossa cegueira
Dispara o roqueiro
No rescaldo da afronta
Amordaça o escravo
Rezo pela desconta
És cruzado és um bravo
Dos pecados sem conta
IV
De Lisboa p' rá Índia
Da Tartária ao Sião
Da China à Etiópia
De Ormuz ao Japão
P' lo Cabo do Mundo
Passei por um triz
Da Ilha Maluca
À Arábia Feliz
São de todas as cores
As paixões os ardores
Na voragem do cio
O amor aplacado
Entre esteiras deitado
No porão do navio
Vai o sonho entornado
Foi de fio a pavio
P'ró diabo que os leve
Infiéis tagarelas
Filhos de Mafamede
Ai da vossa cegueira
Dispara o roqueiro
Amordaça o escravo
És cruzado és um bravo
Espia como mercador
Assalta como ladrão
Olha o rombo na quilha
Empunha o machado
Olha a tua quadrilha
Aguenta safado
Dos pecados sem conta
És o mais enjeitado
O aperto em que estás
Olha o cobre e o ouro
Que se escapa o tesouro
Que te dá a fraqueza
Enriquece bandido
No rescaldo da afronta
Ai quem te dera estar longe
Ser um anjo ser monge
Reza pela desconta
Entre apupos e gritas
De mãos alevantadas
Treme o bom jesuíta
Ai Jesus que embrulhada
Em pouco mais de dois credos
Dois mil mortos no chão
Pelejando um milhão
Soçobrados em sangue
Estalam mil bofetadas
No traseiro de um cafre
Sobrevoa o milhafre
Seis cabeças rachadas
Muitas feridas e chagas
Numa grande chacina
Entre insultos e pragas
Chovem panelas de urina
Vinte e três afogados
Trinta e quatro perdidos
Nus e ajoelhados
Sem contar os aflitos
Pelas pernas abaixo
Vai o pobre de mim
De Quedá a Samatra
De Malaca a Pequim
Fugindo a sete pés
Quando estoira o convés
Perde-se ouro o provento
A prata fina a saúde
Mas glória santa me ajude
A dar graças a Deus
Misericórdia infinita
Pois eu não me lamento
Se ao fim de tantos tormentos
Escapei deles com vida
O Senhor seja louvado
Santos apostolados
Viva eu entre os mortais
Pois não mereci mais
Por meus grandes pecados
Postado por Pedro Luna às 11:11 0 bocas
Marcadores: descobrimentos, Fausto, Fausto Bordalo Dias, Fernão de Magalhães, música, Quando às vezes ponho diante dos olhos