A primeira vez que subiu a um palco foi em
1974 numa reunião de moradores do Bairro de Santa Cruz, em
Benfica,
quando o amigo que se encontrava a actuar para encerrar a sessão a
chamou para assobiar a melodia da flauta do tema do Sérgio Godinho "Pode
alguém ser quem não é". A sua inesperada estreia verdadeiramente a
solo seguiu-se, quando se acompanhou à guitarra para cantar o tema "Ne
Me Quitte Pas", de Jacques Brel.
Lena d'Água foi a primeira mulher em Portugal a integrar como vocalista uma banda de rock, (os
Beatnicks, grupo musical de
Rock Progressivo com base na Amadora). A sua estreia na banda aconteceu na festa de finalistas do Liceu de
Sintra, em maio de
1976.
Seguiram-se dois anos de bastantes concertos ao vivo pelo país, tendo a banda viajado para os Açores em julho de
1977,
onde participou no Festival Musical Açores, na ilha Terceira. A sua
última actuação com a banda aconteceu em março de 1978, na noite em que
os Beatnicks fizeram a 1ª parte do concerto de
Jim Capaldi, no
Coliseu dos Recreios de
Lisboa. Não chegou a participar no EP que a banda viria a gravar nesse ano.
Pouco depois é convidada a participar nos coros do grupo Gemini, no Festival da Canção da RTP e acompanha-os à Eurovisão em
Paris com a canção "
Dai-li, dai-li dou".
Começara já na época a ser contratada para trabalho de estúdio, em
publicidade ou em coros para artistas consagrados. É também neste ano
de
1978 que participa na gravação do álbum "Ascensão e Queda" do grupo "Petrus Castrus".
Concluíra o Curso do Magistério Primário e no final desse ano fez
parte da "Oficina de Teatro e Comunicação", a companhia de teatro
independente com quem levou à cena a peça para crianças "Ou isto ou
aquilo". Esta encenação de José Caldas de poemas de
Cecília Meirelles, tinha adereços e figurinos de Dalton Salem Assef e coreografia de
Águeda Sena.
Lena Águas participou como actriz e foi a diretora musical. Este
espetáculo foi apresentado em vários bairros pobres da periferia de
Lisboa, no âmbito das campanhas de dinamização cultural que tiveram
lugar na altura. As canções da peça, todas da autoria de
Luís Pedro Fonseca, viriam a ser gravadas em 1992 no álbum para crianças "Ou isto ou aquilo".
No ano de 1979 grava o seu primeiro disco, o
single "O nosso livro" (
Florbela Espanca) /"Cantiga da babá" (
Cecília Meirelles), ambos os poemas musicados por
Luís Pedro Fonseca. Grava o seu primeiro disco de longa duração para as crianças, "Qual é coisa qual é ela?" com adivinhas de
Maria João Duarte musicadas por
Luís Pedro Fonseca e
José da Ponte editado pela recente editora
Edipim. Com os dois músicos funda, em 1980, a banda
Salada de Frutas
na qual Lena d'Água é a vocalista principal. O álbum "sem açúcar" é
editado em novembro desse ano e seguem-se meses de atuações ao vivo em
Portugal. Em maio de 1981 é lançado o
single "Robot/Armagedom", que
teve entrada direta para o 1º lugar do TOP 20 de vendas e foi um dos
maiores sucessos da década de 80 em Portugal.
Em setembro de 1981, Lena e Luis Pedro abandonam o grupo para formarem
a Banda Atlântida e em outubro Lena d'Água assina contrato
discográfico com a editora
Valentim de Carvalho. Em novembro é lançado o
single "Vigaro Lá Vigaro Cá/Labirinto" e é dado início aos concertos ao vivo com a nova banda.
O primeiro álbum em nome próprio, "Perto de Ti", de 1982, contou com
produção do inglês Robin Geoffrey Cable e foi disco de prata, falhando
por pouco a marca de ouro - nessa altura a marca de prata era atingida
com 10 mil unidades vendidas e a de ouro as 20 mil. O álbum Perto de
ti vendeu perto de 18 mil cópias.
Segue-se em 1983 o single ecológico "Jardim Zoológico/Papalagui" e em
1984 o álbum "Lusitânia", novamente produzido por Robin Geoffrey Cable,
e que atinge igualmente a marca de prata. Neste álbum figura o tema
que virá a ser considerado o ex-libris da cantora, "Sempre que o amor
me quiser", criação de Luís Pedro Fonseca.
Também em 1984 é lançado o livro ("A Mar Te"), coletânea de poemas da sua juventude, editado pela editora
Ulmeiro.
Em 1986 muda para a editora CBS e grava o álbum "Terra Prometida", com
produção de Robin Geoffrey Cable e de Luís Pedro Fonseca. Dou-te um doce
é o primeiro single e será o primeiro videoclipe português escolhido
para passar no programa "Countdown", de Adam Curry, na Europa TV. Foi
igualmente disco de prata.
Em 1987 é editado "Aguaceiro", arranjado e produzido por
António Emiliano. Foi disco de prata. Neste disco foi gravado o tema "Estou além", de António Variações. Ida ao Brasil.
Em 1992 é lançado o álbum "Ou isto ou aquilo", álbum para crianças,
composto por Luís Pedro Fonseca em 1978 a partir dos poemas de
Cecília Meirelles.
Em 1993 junta-se a
Helena Vieira e
Rita Guerra para uma produção musical do maestro
Pedro Osório gravada ao vivo com orquestra no
Casino do Estoril.
"As canções do século" foi disco de prata. Este espetáculo foi
apresentado um pouco por todo o país ao vivo com orquestra até finais de
1999.
Entre 1995 e 1996 divide o palco com
Adelaide Ferreira,
numa série de concertos em que as duas cantoras se fizeram acompanhar
por um septeto para interpretarem temas de ambos os reportórios com
arranjos do maestro Pedro Osório.
Ainda em 1999 estreia no
Hot Clube de Portugal um concerto dedicado ao repertório de
Billie Holiday,
que apresentou entre 2000 e 2003. Também por esta altura montou o
tributo a Elis Regina, com o qual fez alguns espetáculos de inverno.
Foi nesta fase que aprofundou os seus conhecimentos musicais no contacto
em palco com os excelentes músicos da cena
jazzística portuguesa.
Em 2000, colaborou na versão da sua canção emblemática “Sempre Que o Amor Me Quiser” gravada pelo grupo angolano
SSP. Ida a Angola para participar num espetáculo do grupo em
Luanda. Ida ao México onde participou no Festival da OTI, em Acapulco, afamada estância balnear mexicana. Também nesse ano gravou com
Jorge Palma o tema “Laura”, canção principal do telefilme da SIC “A Noiva”, incluída no álbum “Perdidamente, as Canções de
João Gil“.
Em 2006 produz a festa-concerto de comemoração dos seus 50 anos, no
Cabaret Maxime, em Lisboa. Este espetáculo em três atos - Billie
Holiday, Elis Regina, Lena d'Água - foi gravado em DVD para futura
edição.
É editado em maio de 2007 pela EMI Portugal, com o selo de qualidade
da prestigiada Blue Note, o CD/DVD "Lena d'Água SEMPRE, ao vivo no
Hot Clube de Portugal" gravado em dezembro de 2005.
O álbum "Perto de Ti" foi reeditado em 2008 pela iPlay na coleção "Tempo do Vinil".
Filha primogénita de
José Águas, glória inesquecível do futebol do
Benfica e da selecção portuguesa no período entre 1950 e 1963, Helena escreveu o livro «
José Águas, o Meu Pai Herói», que foi lançado em 2011 pela Oficina do Livro, do grupo Leya.
Lena d’Água voltou a estúdio em 2013 na companhia da banda "Rock’n’Roll
Station", para o registo de 13 recriações dos seus clássicos, entre os
quais "Sempre Que O Amor Me Quiser", "Robot", "Dou-te Um Doce",
"Vígaro Cá, Vígaro Lá", "Demagogia", "Perto de Ti" e "Beco". O álbum,
"Carrossel", foi editado pela "Farol" em Junho de 2014.
Participou no
Festival RTP da Canção 2017, com o tema "Nunca Me Fui Embora", da autoria de
Pedro da Silva Martins, tendo sido apurada para a final e ficado classificada em sétimo lugar na final.
Participa na banda sonora de série da RTP
1986, de
Nuno Markl, como intérprete na canção de abertura "Eletrificados".
Em maio de 2019 é editado o álbum "Desalmadamente" composto
inteiramente por originais escritos por Pedro da Silva Martins e que
teve produção de Benjamim, Mariana Ricardo, Sérgio Nascimento e
Francisca Cortesão. "Queda Para Voar" e "Desalmadamente" eram outros dos
temas previstos para a participação no Festival RTP de 2017 e que
agora aparecem em disco.
PS - recordemos a cantora, que eu vi ao vivo algumas vezes na minha terra, quando namorava um irmão de um colega meu, com uma música que nestes dias está muito atual...