quinta-feira, outubro 10, 2019

Piaf morreu há 56 anos

Édith Giovanna Gassion, (Paris, 19 de dezembro de 1915 - Plascassier, 10 de outubro de 1963), ou simplesmente, Édith Piaf foi uma cantora francesa de música de salão e variedades, mas foi reconhecida internacionalmente pelo seu talento no estilo francês da chanson.
O seu canto expressava claramente sua trágica história de vida. Entre os seus maiores sucessos estão "La vie en rose" (1946), "Hymne à l'amour" (1949), "Milord" (1959), "Non, je ne regrette rien" (1960). Participou de peças teatrais e filmes. Em junho de 2007 foi lançado um filme biográfico sobre ela, chegando ao cinemas brasileiros em agosto do mesmo ano com o título "Piaf – Um Hino Ao Amor" (originalmente "La Môme", em inglês "La Vie En Rose"), direção de Olivier Dahan.
Édith Piaf está sepultada na mais célebre necrópole parisiense, o cemitério do Père-Lachaise. O seu funeral foi acompanhado por uma multidão poucas vezes vista na capital francesa. Hoje, o seu túmulo é um dos mais visitados por turistas do mundo inteiro.
(...)
Edith Piaf faleceu em 10 de outubro de 1963, vítima de cancro do fígado, em Plascassier, na localidade de Grasse nos Alpes Marítimos, aos 47 anos. O seu alcoolismo e uso excessivo de cigarros, juntamente a exorbitantes quantidades de barbitúricos para tratar as suas insónias, misturado com antidepressivos e opióides para tratar da sua artrite tiveram um severo impacto na sua saúde.
Poucos meses antes de sua morte, ela alugara uma mansão de 25 divisões frente à praia, onde passou dois meses de descanso com amigos e com o marido. Segundo o seu acordeonista, Marc Bonel, foi um período de muitas festas: almoços e jantares para 30 a 40 pessoas todos os dias, regados a muito champagne, uísque e música.
Por medida de economia, transferiu-se para uma casa em Plascassier, apenas com os seus funcionários principais: a enfermeira, o acordeonista, secretária e o empresário. Mesmo muito ocupado profissionalmente com viagens, o seu marido foi junto, onde na época trabalhava num filme em Paris para "assegurar o dinheiro do casal", como dizia a própria Piaf.
Édith Piaf faleceu em consequência de uma hemorragia interna no fígado: A cantora estava em coma há duas semanas.
Como disse certa vez um documentário, "sem um grito, sem uma palavra..." O transporte de seu corpo para Paris foi feito clandestina e ilegalmente e seu falecimento foi anunciado oficialmente no final do dia 11 de outubro. Faleceu no mesmo dia que o seu amigo Jean Cocteau e foi enterrada no cemitério do Père-Lachaise (divisão 97).
   
   

quarta-feira, outubro 09, 2019

Poema de aniversariante de hoje...

Estátua de João Cabral de Melo Neto no Recife

A Educação pela Pedra
 
Uma educação pela pedra: por lições;
Para aprender da pedra, frequentá-la;
Captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
Ao que flui e a fluir, a ser maleada;
A de poética, sua carnadura concreta;
A de economia, seu adensar-se compacta:
Lições da pedra (de fora para dentro,
Cartilha muda), para quem soletrá-la.
 
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
E se lecionasse, não ensinaria nada;
Lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
Uma pedra de nascença, entranha a alma.
 
 
João Cabral de Melo Neto

John Entwistle nasceu há 75 anos

John Alec Entwistle (Chiswick, 9 de outubro de 1944 - Las Vegas, 27 de junho de 2002) foi um baixista, compositor, cantor e trompetista britânico, mais conhecido por seu trabalho no baixo com a banda de rock The Who. Foi considerado o melhor baixista de todos os tempos pela revista Rolling Stone. A sua sonoridade agressiva no instrumento influenciou várias gerações de baixistas, levando-o a ser definido como "o maior baixista da história do rock" por publicações como Greenwich Time e The Ledger.
O som base do seu instrumento era alcançada através da utilização de linhas pentatónicas e um som agudo pouco comum, alcançado através da utilização de cordas de aço RotoSound. Entwistle possuía uma coleção de mais de 200 instrumentos, refletindo as diferentes marcas que utilizou durante a sua carreira: baixos Fender e Rickenbacker nos anos 60, Gibson e Alembic nos anos 70, Warwick nos anos 80 e baixos Status de fibra de carbono nos anos 90.
 
   

John Lennon nasceu há 79 anos

John Lennon ganhou notoriedade mundial como um dos fundadores do grupo de rock britânico The Beatles. Na época da existência dos Beatles, John Lennon formou com Paul McCartney o que seria uma das melhores e mais famosas duplas de compositores de todos os tempos, a dupla Lennon/McCartney. John Lennon foi casado com Cynthia Powell, e com ela teve o filho Julian. Em 1966, conheceu a artista plástica japonesa Yoko Ono. Em 1968, Lennon e Yoko produziram um álbum experimental, Unfinished Music No.1: Two Virgins, que causou controvérsia por apresentar o casal nu, de frente e de costas, na capa e contracapa. A partir deste momento, John e Yoko iniciariam uma parceria artística e amorosa. Cynthia Powell pediu o divórcio no mesmo ano, alegando adultério. Em 1969, o casal se casou numa cerimónia privada em Gibraltar. Usaram a repercussão de seu casamento para divulgar um evento pela paz, chamado de "Bed in", ou "John e Yoko na cama pela paz", como um resultado prático de sua lua-de-mel, realizada no Hotel Hilton, em Amesterdão. No final do mesmo ano, Lennon comunicou aos seus parceiros de banda que estava deixando os Beatles. Ainda no mesmo período, Lennon devolveu a sua medalha de Membro do Império Britânico à Rainha Elizabeth, como uma forma de protesto contra o apoio do Reino Unido à guerra do Vietname, o envolvimento do Reino Unido no conflito de Biafra e "as fracas vendas de Cold Turkey nas paradas de sucessobritânicas".
Em 10 de abril de 1970, Paul McCartney anunciou oficialmente o fim dos Beatles. Antes disso, John Lennon havia lançado outros dois álbuns experimentais, Life with lions e Wedding album. Também lançara o compacto "Cold Turkey" e o disco ao vivo Live peace in Toronto, creditados à banda Plastic Ono Band, com a participação de Eric Clapton. No final do ano, sai o primeiro disco solo de Lennon, após o fim dos Beatles: John Lennon/Plastic Ono Band, que contou com a participação de Ringo Starr, Yoko Ono e Klaus Voormann.
Durante a década de 1970, John e Yoko envolveram-se em vários eventos políticos, como promoção à paz, pelos direitos das mulheres e trabalhadores e também exigindo o fim da Guerra do Vietname. O seu envolvimento com líderes da extrema-esquerda norte-americana, com Jerry Rubin, Abbie Hoffman e John Sinclair, além do seu apoio formal ao Partido dos Panteras Negras, deu início a uma perseguição ilegal do governo Nixon ao casal. A pedido do Governo, a Imigração deu início a um processo de extradição de John Lennon dos EUA, que durou cerca de três anos, período em que John ficou separado de Yoko Ono por 18 meses, entre 1973 e 1975.
Após reconciliar-se com Yoko, vencer o processo de imigração e conseguir o Green Card, Lennon decidiu afastar-se da música para dedicar-se à criação de seu filho Sean Taro Ono Lennon, nascido no mesmo dia de seu aniversário, em 1975. O casal voltou aos estúdios em 1980 para gravar um novo álbum, Double Fantasy, lançado em novembro. Era como um recomeço. Porém, a 8 de dezembro do mesmo ano, John foi assassinado em Nova York por Mark David Chapman, quando regressava do estúdio de gravação, com a mulher.
De entre as composições de destaque de John Lennon (creditadas à dupla Lennon/McCartney) estão "Help!", "Strawberry Fields Forever" e "All You Need Is Love", "Revolution", "Lucy in the Sky with Diamonds", "Come Together", "Across the Universe, "Don't Let Me Down" e na carreira solo "Imagine", "Instant Karma!", "Happy Xmas (War is Over)", "Woman", "(Just Like) Starting Over" e "Watching the Wheels".
Recebeu uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, a 30 de setembro de 1988.
Em 2002, John Lennon ficou em oitavo lugar em uma pesquisa feita pela BBC como os 100 mais importantes britânicos de todos os tempos.
Recentemente, em 2008, John foi considerado pela revista Rolling Stone o 5º melhor cantor de todos os tempos e o o 55º melhor guitarrista de todos os tempos, pela mesma revista norte-americana.
 
  

Che Guevara foi executado há 52 anos

Che Guevara (fotografia de Alberto Korda intitulada Guerrilheiro Heroico)
   
Ernesto Guevara de la Serna, conhecido como "Che" Guevara (Rosário, 14 de junho de 1928 - La Higuera, 9 de outubro de 1967), foi um guerrilheiro, político, jornalista, escritor e médico argentino-cubano.
  
(...)
  
Em 4 de outubro de 1965 Fidel Castro anunciou que Ernesto Che Guevara deixara a ilha para lutar contra o denominado "imperialismo". 
  
Retorno à guerrilha e morte
Ele parte primeiramente para o Congo com um grupo de 100 cubanos "internacionalistas", tendo chegado em abril de 1965. Comandante supremo da operação, atuou com o nome de código Tatu (do suaíle), e encontrou-se com Kabila. Por seu total desconhecimento da região, dos seus costumes, das suas crenças religiosas, das relações intertribais e da psicologia de seus habitantes, o "delírio africano" de Che resultou numa total decepção. Em seguida parte para a Bolívia onde tenta estabelecer uma base guerrilheira para lutar pela unificação dos países da América Latina e de onde pretendia invadir a Argentina. Enfrenta dificuldades com o terreno desconhecido, não recebe o apoio do partido comunista boliviano e não consegue conquistar a confiança dos poucos camponeses que moravam na região que escolheu para suas operações, quase desabitada. Nem Che nem nenhum de seus companheiros falavam a língua indígena local. É cercado e capturado em 8 de outubro de 1967 e morto, no dia seguinte, pelo soldado boliviano Mario Terán, a mando do Coronel Zenteno Anaya e também do vice-presidente René Barrientos, na aldeia de La Higuera. Os boatos que cercaram a execução de Che Guevara levantaram dúvidas sobre a identidade real do guerrilheiro, que se utilizou de uma miríade de documentos falsos, de vários países, para entrar e viver na Bolívia.
Em 1997 os seus restos mortais foram encontrados por pesquisadores numa vala comum, junto a outras ossadas, na cidade de Vallegrande, a cerca de 50 km de onde ocorreu a sua morte. A sua ossada estava sem as mãos, que foram amputadas logo após a sua morte. Os seus restos mortais foram transferidos para Cuba, onde, a 17 de outubro do mesmo ano, foram sepultados com honras de Chefe de Estado, na presença de membros da sua família e do líder cubano e antigo companheiro de revolução Fidel Castro. O seu corpo encontra-se no Mausoléu Guevara, em Santa Clara, província de Villa Clara.

Jacques Brel morreu há 41 anos...

Jacques Romain Georges Brel (Schaerbeek, Bélgica, 8 de abril de 1929 - Bobigny, França, 9 de outubro de 1978) foi um autor de canções, compositor e cantor belga francófono. Esteve ainda ligado ao cinema de língua francesa. Tornou-se internacionalmente conhecido pela música Ne me quitte pas, interpretada e composta por ele.

   
 
  
Jacques Brel - Ne Me Quitte Pas

Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit deja
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
A savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
A coups de pourquoi
Le coeur du bonheure
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...

Moi je t'offrirai
Des perles du pluie
Venues de pays
Ou il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'apres ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumiere
Je ferai un domaine
Ou l'amour sera roi
Ou l'amour sera loi
Ou tu seras reine
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...

Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants là
Qui ont vu deux fois
Leurs coeurs s'embraser
Je te racont'rai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...

On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...

Ne me quitte pas
Je ne veux plus pleurer
Je ne veux plus parler
Je me cacherai là
A te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...

Schindler morreu há 45 anos

  
Oskar Schindler (Svitavy, 28 de abril de 1908 – Hildesheim, 9 de outubro de 1974) foi um industrial alemão da região sudeta, espião e membro do Partido Nazi, que teria salvo da morte 1200 judeus durante o Holocausto, empregando-os nas suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas nas actuais Polónia e República Checa, respectivamente. É o tema principal do romance de 1982, Schindler's Ark, e do filme de 1993, Schindler's List, que mostra a sua vida como um oportunista interessado no lucro, inicialmente, mas que acabou por mostrar uma iniciativa e dedicação extraordinárias com o objectivo de salvar as vidas dos seus empregados judeus.
Schindler cresceu em Zwittau, Morávia, e teve vários trabalhos até se juntar à Abwehr, o serviço de informação da Alemanha Nazi, em 1936. Aderiu ao Partido Nazi em 1939. Antes da ocupação alemã da Checoslováquia, em 1938, Schindler recolhia informações sobre caminhos-de-ferro e movimentos de tropas para o governo alemão. Foi preso por espionagem pelo governo checoslovaco, mas foi libertado, segundo os termos do Acordo de Munique, em 1938. Schindler continuou o seu trabalho de recolha de informações para os nazis, na Polónia, em 1939, antes da invasão daquele território, no início da Segunda Guerra Mundial.
Em 1939, Schindler obteve uma fábrica de esmaltes em Cracóvia, Polónia, que empregava 1.750 trabalhadores, dos quais cerca de mil eram judeus no auge da produção da fábrica, em 1944. As suas ligações da Abwehr ajudaram Schindler a proteger os trabalhadores judeus de uma deportação certa e da morte nos campos de concentração nazis. De início, Schindler estava apenas interessado em fazer dinheiro fácil com o negócio. Mais tarde começou a proteger os seus trabalhadores, sem olhar a custos. Com o tempo, Schindler teve que subornar os oficiais nazis com dinheiro e ofertas de luxo, obtidas no mercado-negro, para manter os seus empregados seguros.
Quando a Alemanha começou a perder a guerra, em julho de 1944, as Schutzstaffel (SS) começaram a fechar os campos de concentração a leste e a evacuar os restantes prisioneiros para oeste. Muitos foram mortos no campo de concentração de Auschwitz e Gross-Rosen. Schindler convenceu o SS-Hauptsturmführer Amon Göth, comandante do Campo de contração de Kraków-Płaszów, a transferir a sua fábrica para Brünnlitz, na Região dos Sudetas, poupando, assim, os seus trabalhadores da morte nas câmaras de gás. Utilizando os nomes fornecidos pelo oficial da polícia dos guetos judeus Marcel Goldberg, o secretário de Göth, Mietek Pemper, compilou, e passou a papel, uma lista de 1200 judeus que viajaram para Brünnlitz em outubro de 1944. Schindler continuou a subornar os oficiais das SS para impedir o massacre dos seus empregados, até ao final da Segunda Guerra Mundial na Europa, em maio de 1945, altura em que tinha já gasto a sua fortuna em subornos e no mercado-negro para comprar provisões para os seus funcionários.
Schindler foi viver para a Alemanha a seguir à guerra, onde foi apoiado, financeiramente, por organizações judaicas de salvamento. Depois de receber um reembolso parcial pelos seus gastos em tempo de guerra, viajou para a Argentina, com a sua esposa, para uma quinta. Quando entrou em bancarrota em 1958, Schindler deixou a sua mulher e regressou à Alemanha, onde foi mal-sucedido em vários negócios, e teve que ser ajudado pelos seus Schindlerjuden ("Judeus de Schindler") – aqueles cujas vidas ele salvou durante a guerra. Schindler recebeu a designação de Justos entre as nações pelo governo de Israel em 1963, e morreu a 9 de outubro de 1974.
  

Há trinta anos, os alemães de leste fartaram-se...

Mais de 70 mil pessoas saíram à rua a 9 de outubro de 1989 em Leipzig
  
Foi em Leipzig que a manifestação de 70 mil pessoas no dia 9 de outubro de 1989 deixou o regime da RDA sem resposta. Ninguém imaginava que um mês depois o muro caísse. Foi há 25 anos.
 

A polícia estava na rua, com escudos, bastões, e cães. O jornal oficial do partido avisara que o exército estava de armas na mão, pronto a esmagar qualquer ameaça à ordem socialista. Os hospitais de Leipzig tinham recebido sangue extra. A imagem na cabeça das pessoas da cidade do Leste da Alemanha era uma: Tiananmen.
  
Apesar disso, mais de 70 mil pessoas saíram à rua a 9 de outubro de 1989 em Leipzig, e é essa data que o Presidente alemão, Joachim Gauck, vai assinalar esta quinta-feira nas comemorações dos 25 anos da queda do Muro de Berlim. Não o 9 de novembro, o dia em que a barreira foi finalmente derrubada, mas sim um mês antes, quando se deu a manifestação que tudo mudou, em Leipzig.
 
No dia 9 de outubro de 1989, Irmtraut Hollitzer saiu de casa para ir, como ia sempre, à oração pela paz numa das igrejas de Leipzig. Nestes círculos de relativa liberdade que eram as igrejas e nestes encontros eram há alguns anos discutidas questões decisivas para o Estado – dos problemas ambientais à proibição de viajar. Estes encontros começaram a chamar a atenção e em setembro saíram do interior das igrejas. “Imagine, na RDA era tudo sempre sossegado, não se passava nada, e de repente todas as segundas-feiras acontecia alguma coisa na Igreja de S. Nicolau”, contou Irmtraut numa conversa telefónica com o PÚBLICO. Na segunda-feira, dia 2 de outubro, o regime achou que chegava e mandou a polícia reprimir uma manifestação no exterior da igreja à bastonada.
  
Na segunda-feira seguinte, dia 9, as quatro principais igrejas da cidade estavam cheias. Irmtraut estava na Igreja de S. Tomás. “Não cabia nem mais uma pessoa. Havia gente no pátio, cá fora.” Com todas as ameaças do regime, o ambiente era muito tenso. “Falou-se sobre quão difícil estava a situação. Os nossos sentimentos, as nossas emoções, estavam todas dominadas pelo medo”, lembra.
   
As portas da igreja abriram-se e Irmtraut teve de decidir: “Ou ia para a esquerda, para casa, ou para a direita.” Viu a polícia, “pronta para atacar, com escudos, com cães”. Lembrou-se dos avisos: “O exército estava com armas na mão para reprimir a manifestação.” O Presidente da RDA, Erich Honecker, tinha elogiado as autoridades chinesas pelo modo como acabaram com o protesto de Tiananmen. “Eu tinha quatro filhos. Estava cheia de medo.” Irmtraut decidiu e acelerou o passo: “Para casa, para casa.”
   
Muitas outras pessoas foram, apesar disso, para o lado oposto, “com incrível coragem”, sublinha Irmtraut. Juntaram-se a pessoas vindas das outras igrejas, incluindo a Igreja de S. Nicolau, onde havia orações pela paz desde 1982. Tinham velas na mão. Diziam “Somos o povo” ou “não à violência”.
    
Não sabiam se iam ser atacadas, espancadas, se ia haver tiros. Não sabiam se no dia a seguir iam ter emprego. “Para mim foi espantoso como foram”, resume Irmtraut. “Se tivessem sido menos, certamente a manifestação teria sido reprimida.”
  
A polícia, que na semana anterior tinha sido violenta, não soube reagir a tanta gente. Os agentes da Stasi infiltrados que tentaram causar problemas foram isolados pelos manifestantes. Na superordenada RDA, o trânsito estava caótico, condutores deixaram carros no meio da rua para se juntar à marcha, as forças do regime não sabiam o que fazer – então acabaram por não fazer nada. “Eles estavam prontos para tudo”, comentou Christian Führer, um dos padres da Igreja de S. Nicolau que liderou as orações pela paz desde 1982 (e que morreu este ano). “Excepto para orações e velas.”
   
Irmtraut chegou a casa e ligou a televisão num canal da Alemanha Ocidental. “Passado um bocado falou-se de Leipzig e de uma manifestação pacífica. E foi como uma libertação.”
  
Na segunda-feira seguinte, tudo era diferente. “Já não tínhamos medo”, conta Irmtraut. Não foi preciso decidir se a seguir à oração ia para a casa ou para a manifestação: “Lembro-me de um sentimento in-crí-vel, estar ligada a esta massa de pessoas e podermos fazer alguma coisa, demonstrar a nossa oposição a este sistema, dizer: ‘Basta de mentiras.’”
  
Imagens de Leipzig chegaram a outras cidades e as manifestações multiplicavam-se de cidade em cidade e cresciam. A pressão sobre o regime continuava.
  
Na altura, o máximo que Irmtraut imaginou foi que o regime da RDA mudasse. Até que umas semanas mais tarde alguém gritou numa manifestação: “Fora com o muro.” E eu pensei: ‘Oh meu Deus, será que é possível?’ Para mim o muro acabar era como um sonho.”
  
E a 9 de novembro, depois de 28 anos de existência, o muro caiu.
  
Irmtraut tinha 46 anos. “A reunificação foi a maior sorte da minha vida. Vinte e cinco anos em liberdade, não é nada mau!”, diz a rir.
  
Esta quinta-feira, dezenas de milhares de pessoas vão reviver, levando velas, o percurso da manifestação. O Presidente Gauck convidou os chefes de Estado da Polónia, República Checa, Eslováquia e Hungria para a cerimónia.
  
A queda do Muro de Berlim foi tão inesperada como fruto de uma complexa teia de circunstâncias, desde em Moscovo ser Presidente Gorbatchov, ao surgimento do movimento Solidariedade na Polónia (na comemoração dos 20 anos da queda do muro, Lech Walesa, o líder do Solidariedade, deitou abaixo o primeiro dominó de uma cadeia simbolizando o Muro de Berlim), passando pela abertura das fronteiras da Hungria e Checoslováquia que levaram a uma saída em massa de alemães de leste para o oeste.
  
Como resumiu em 2009 o jornalista da BBC que era o correspondente em Moscovo Brian Hanrahan (e que entretanto morreu): “Uma semana depois Honecker foi-se embora, um mês depois foi-se o Muro de Berlim, deitado abaixo pela coragem dos manifestantes de Leipzig.”
  
Para o padre Christian Führer, citado pela revista Spiegel, não há dúvidas: “Foi uma auto-libertação.” A queda do muro “foram as pessoas daqui que a fizeram”.
    
in Público - ler notícia
  
Nota - notícia já com cinco anos, mas sempre atual - e viva a Liberdade...!

João Cabral de Melo Neto morreu há vinte anos

João Cabral de Melo Neto (Recife, 9 de janeiro de 1920 - Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1999) foi um poeta e diplomata brasileiro. A sua obra poética, que vai de uma tendência surrealista até a poesia popular, porém caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil.
   
  
  
Tecendo a Manhã
  1.
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
   
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
  
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
 
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

terça-feira, outubro 08, 2019

Bruno Mars - 34 anos

Peter Gene Hernandez (Honolulu, 8 de outubro de 1985), mais conhecido pelo nome artístico de Bruno Mars é um cantor, compositor, produtor musical, dançarino e multi-instrumentista americano, nascido e criado no Havaí.
   
 

José Saramago ganhou o Nobel da Literatura há 21 anos

Foi galardoado com o Nobel de Literatura em 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. A 24 de agosto de 1985 foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 3 de dezembro de 1998 foi elevado a Grande-Colar da mesma Ordem.
O seu livro Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O Fiel Jardineiro e Cidade de Deus). Em 2010 o realizador português António Ferreira adapta um conto retirado do livro Objecto Quase, conto esse que viria dar nome ao filme Embargo, uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e Espanha.
Nasceu no distrito de Santarém, na província geográfica do Ribatejo, no dia 16 de novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Português e foi director-adjunto do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Casado, em segundas núpcias, com a espanhola Pilar del Río, Saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias.
   
(...)
   
Em setembro de 1997, a agência publicitária sueca, Jerry Bergström AB, de Estocolmo, contratada pelo ICEP (órgão estatal português para a promoção do comércio e turismo nacional), organizou uma visita de José Saramago a Estocolmo, incluindo um seminário na Hedengrens, a principal cadeia de livrarias sueca, um discurso na Universidade de Estocolmo e várias entrevistas a jornais, revistas e rádios suecas. Nesses mesmos dias, a televisão estatal sueca produziu um programa especial dedicado ao escritor.
Em outubro do mesmo ano, a Feira Internacional do Livro de Frankfurt tem neste ano Portugal como país em destaque, estando José Saramago neste local, em 8 de outubro de 1998, quando recebe a informação de ter ganho o prémio, que, em 7 de dezembro de 1998, Saramago recebe em Estocolmo.
Segundo o Diário de Notícias, o director da empresa sueca Jerry Bergström AB afirmou: "Portugal nunca tinha tido um Prémio Nobel da literatura e uma parte da nossa missão consistia em mudar essa situação".
Comentando esta atribuição, Sture Allén, então secretário da Academia Sueca, negou que a decisão tenha sido afectada por "campanhas publicitárias, comentários de académicos ou escritores, ou qualquer outro tipo de pressão".
Contradizendo Allén, Knut Ahnlund e Lars Gyllensten, membros da academia afirmaram que seria ridículo afirmar que os membros da academia sejam "imunes a agências publicitárias". Ahnlund foi crítico da atribuição do prémio Nobel a Saramago, que segundo ele foi o culminar de uma campanha profissional de relações públicas.
  
  in Wikipédia
    
  
Química

Sublimemos, amor. Assim as flores
No jardim não morreram se o perfume
No cristal da essência se defende.
Passemos nós as provas, os ardores:
Não caldeiam instintos sem o lume
Nem o secreto aroma que rescende.

 
  

in Os Poemas Possíveis (1982 - 2ª edição) - José Saramago
  
  

(imagem daqui)

Hoje é o dia de aniversário de dois membros da banda Ramones..

John William Cummings (Long Island, Nova Iorque, 8 de outubro de 1948 - Los Angeles, Califórnia, 15 de setembro de 2004), mais conhecido como Johnny Ramone, foi o guitarrista da banda de punk rock Ramones. Como o vocalista Joey Ramone, permaneceu membro da banda até ao fim.
Quando criança tocava em uma banda chamada Tangerine Puppets. Depois ficou conhecido como "o gordo". Johnny era conhecido pela sua personalidade volúvel e controladora, postura anti-social, e extrema rigidez na gerência interna dos Ramones. O documentário End of the Century: The Story of the Ramones traz relatos de antigos amigos, e do próprio Johnny sobre a sua postura nada amigável durante a juventude. Era o empresário interno dos Ramones, criando e impondo regras a serem seguidas com o intuito do bom funcionamento e manutenção da banda.
Em 15 de setembro de 2004, ele morreu em Los Angeles, depois de 5 anos a lutar contra um cancro da próstata, com apenas 55 anos. Encontra-se sepultado no Hollywood Forever Cemetery, Hollywood, Condado de Los Angeles, Califórnia nos Estados Unidos.
Em 2003, a revista Time colocou-o na lista dos "10 Melhores Tocadores de Guitarra Elétrica". No mesmo ano, a 27 de agosto de 2003, a revista Rolling Stone colocou-o em 16º lugar na lista dos "100 melhores guitarristas de todos os tempos", mas, em 2011, a Rolling Stone modificou a lista dos 100 melhores guitarristas de todos os tempos, tendo passado para o 28º lugar de melhor guitarrista de sempre.
  
  
 
C. J. Ramone é o pseudónimo de Christopher Joseph Ward (Queens, New York, 8 de outubro de 1965), é um músico norte-americano, conhecido como baixista da banda de punk rock Ramones, na qual entrou em substituição de Dee Dee Ramone após a gravação de Brain Drain (1989) e onde ficou até o fim da banda, em 1996. Assim como o seu antecessor Dee Dee, CJ também atuou como vocalista em algumas músicas, vindo a gravar Strengh to Endure, Cretin Family e Main Man dentre outras, além de bradar One, two, three, four! em shows da banda para introduzir as músicas. Além disso, ficou responsável por cantar todas as músicas que o seu antecessor fazia.
Mesmo em projetos posteriores, como as bandas Los Gusaños e Bad Chopper (tocando guitarra e cantando), Cristopher ainda continuou sendo chamado por fãs e crítica de CJ Ramone. Cristopher era guitarrista antes e depois de entrar nos Ramones e foi escolhido para entrar no quarteto nova-iorquino pela sua autenticidade, não imitando Dee Dee Ramone nas roupas e no corte de cabelo.
CJ Ramone foi casado com a sobrinha de Marky Ramone, Chelsea, de quem teve dois filhos, Liam (1998) e Liliana (2001). Em 1999, foi diagnosticado autismo ao seu filho Liam, o que levou Chistopher a participar da campanha a favor da luta contra o autismo, em 2009. Ele chegou a receber um convite para tocar com os Metallica mas teve que recusar, devido à doença do filho.
Hoje, Christopher é casado com Denise Barton Ward.
  
  

segunda-feira, outubro 07, 2019

Edgar Allan Poe morreu há 170 anos

Edgar Allan Poe (nascido Edgar Poe; Boston, 19 de janeiro de 1809 - Baltimore, 7 de outubro de 1849) foi um autor, poeta, editor e crítico literário americano que fez parte do movimento romântico americano. Conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro, Poe foi um dos primeiros escritores americanos de contos sendo considerado o inventor do género ficção policial, também recebendo crédito por contribuição ao emergente género de ficção científica. Ele foi o primeiro escritor americano conhecido a tentar ganhar a vida através da escrita por si só, resultando em uma vida e carreira financeiramente difícil.
Ele nasceu como Edgar Poe, em Boston, Massachusetts; quando jovem, ficou órfão de mãe, que morreu pouco depois de seu pai abandonar a família. Poe foi acolhido por Francis Allan e o seu marido John Allan, de Richmond, Virginia, mas nunca foi formalmente adotado. Ele frequentou a Universidade da Virgínia durante um semestre, passando a maior parte do tempo entre bebidas e mulheres. Nesse período, teve uma séria discussão com o seu pai adotivo e fugiu de casa para se alistar nas forças armadas, onde serviu durante dois anos antes de ser dispensado, depois de falhar como cadete em West Point, deixou a sua família adotiva. A sua carreira começou humildemente com a publicação de uma coleção anónima de poemas, Tamerlane and Other Poems (1827).
Poe mudou o seu foco para a prosa e passou os próximos anos trabalhando para revistas e jornais, tornando-se conhecido por seu próprio estilo de crítica literária. Seu trabalho o obrigou a mudar para diversas cidades, incluindo Baltimore, Filadélfia e Nova York. Em Baltimore, em 1835, casou-se com Virginia Clemm, sua prima de 13 anos de idade. Em janeiro de 1845, Poe publicou seu poema The Raven, que foi um sucesso instantâneo. a sua esposa morreu de tuberculose dois anos após a publicação. Ele começou a planear a criação de seu próprio jornal, The Penn (posteriormente renomeado para The Stylus), porém morreu antes que pudesse ser produzido. Em 7 de outubro de 1849, aos 40 anos, Poe morreu em Baltimore; a causa de sua morte é desconhecida e foi por diversas vezes atribuída ao álcool, congestão cerebral, cólera, drogas, doenças do coração, raiva, suicídio, tuberculose entre outros agentes.
Poe e suas obras influenciaram a literatura nos Estados Unidos e ao redor do mundo, bem como em campos especializados, tais como a cosmologia e a criptografia. Poe e seu trabalho aparecem ao longo da cultura popular na literatura, música, filmes e televisão. Várias de suas casas são dedicadas como museus atualmente.
  
   in Wiikipédia
   
Song
  
I saw thee on thy bridal day -
      When a burning blush came o'er thee,
Though happiness around thee lay,
      The world all love before thee:
And in thine eye a kindling light
      (Whatever it might be)
Was all on Earth my aching sight
      Of Loveliness could see.

That blush, perhaps, was maiden shame -
      As such it well may pass -
Though its glow hath raised a fiercer flame
      In the breast of him, alas!

Who saw thee on that bridal day,
      When that deep blush would come o'er thee,
Though happiness around thee lay;
      The world all love before thee.

Ulrike Meinhof nasceu há 85 anos

Ulrike Meinhof em 1964, antes da RAF e da clandestinidade, com cerca de 30 anos
  
Ulrike Marie Meinhof (Oldemburgo, 7 de outubro de 1934 - Estugarda, 9 de maio de 1976) foi uma jornalista, escritora, ativista e guerrilheira alemã, mais conhecida como fundadora e integrante da organização armada de extrema-esquerda Fração do Exército Vermelho (RAF) ou Grupo Baader-Meinhof, atuante na Alemanha Ocidental por três décadas.
Presa em junho de 1972 e acusada de diversos crimes, depois de dois anos de participação nas atividades da RAF (entre eles assaltos, atentados à bomba, assassinatos e formação de organização terrorista), morreu na sua cela, na prisão de Stammheim, em Estugarda, por enforcamento, em maio de 1976. A sua morte, se por suicídio ou assassinato, é alvo de controvérsias até hoje.
  
   

Cristovam Pavia nasceu há 86 anos

(imagem daqui)
     
Cristovam Pavia é pseudónimo de Francisco António Lahmeyer Flores Bugalho, que nasceu em Lisboa em 7 de outubro de 1933. O período determinante da infância passou-o, no entanto, numa casa que a família possuía nos arredores de Castelo de Vide, e a paisagem do Nordeste alentejano irá marcar profundamente a sua poesia. O pai, o “presencista” Francisco Bugalho, iniciara pouco antes o seu itinerário poético, que terá na ligação à terra e às actividades que nela se centram e nas gentes que a trabalham um dos vectores principais. O percurso escolar, desde o ensino primário, realiza-o Cristovam Pavia em Lisboa, mas as férias passa-as em Castelo de Vide, em contacto com o mundo rural, que o atrai e convida a um enraizamento. Decisivos na sua escolaridade foram os últimos anos do ensino secundário, no Liceu D. João de Castro, onde conheceu alguns dos seus maiores amigos, vários deles, como, por exemplo, Pedro Tamen, António Osório, Luís de Sousa Costa e Rogério Fernandes, dando já então sinais de uma nascente vocação literária. Em Janeiro do ano em que começa a frequentar o 6.° Ano no referido liceu, sofrera Cristovam Pavia um duro abalo, com a morte do pai. Para o adolescente sensível, estará aí, segundo alguns, a origem dos problemas psicológicos que o iriam atormentar ao longo da sua breve vida.
A frequência, a partir de 1951, de um curso, o de Direito, com o qual não se sentia minimamente sintonizado, agravará nele o sentimento de desajustamento com a realidade. Entretanto uma precoce maturidade poética antes de atingir os vinte anos fará com que, logo nos começos dos anos 50, o seu nome figure entre os dos colaboradores de duas das mais importantes revistas desse período, a Távola Redonda e a Árvore. Em meados da década, depois de desistir de Direito, acaba por matricular-se na Faculdade de Letras, em Filologia Germânica, curso de que completará o currículo da licenciatura, sem ter, todavia, apresentado a tese final. Por essa altura, mais concretamente, em 1956, começa a publicar-se o jornal dos universitários católicos 'Encontro’, e, pouco depois, é criado o Centro Cultural de Cinema, o que contribuirá para definir um seu enquadramento geracional entre os que estão, então, empenhados numa renovação da Igreja em Portugal e que, mais tarde, terão na revista de inspiração personalista O Tempo e o Modo um dos seus privilegiados veículos de intervenção. Também de 1956 é a entrada nos Dominicanos de Nuno Cardoso Peres, seu amigo desde os tempos do Liceu D. João de Castro e colega em Direito, a quem dedicará um dos textos mais emblemáticos de «35 Poemas», «Não fugir. Suster o peso da hora». Do núcleo central da «revista de pensamento e acção» O Tempo e o Modo, cuja publicação se inicia em janeiro de 1963, farão parte diversos membros da que João Bénard da Costa chamou «a geração do Encontro», ele próprio, Pedro Tamen, Nuno de Bragança, Alberto Vaz da Silva, e António Alçada Baptista, o principal animador do projecto, de uma geração anterior mas com ela plenamente identificado. Não por acaso, os subscritores dos textos de homenagem a Cristovam Pavia que a revista publica após a sua morte, em 1968, pertencem todos eles, Alberto Vaz da Silva, João Bénard da Costa, M.S. Lourenço, Nuno de Bragança e Pedro Tamen, a essa geração.
Em 1959, na colecção Círculo de Poesia, dirigida por Pedro Tamen, um dos amigos mais presentes, com Luís de Sousa Costa, na vida de Cristovam desde os anos da juventude, e inaugurada por Jorge de Sena no ano anterior, dá Cristovam Pavia, finalmente, a público «35 Poemas», depois de já se ter afirmado, através das revistas da época, como uma das vozes mais originais da poesia dos anos 50. Não voltará a publicar em livro. O consolo que a publicação do volume e a sua recepção crítica lhe trazem não o impede, todavia, de se dar conta do agravamento da sua condição psíquica. Procura, então, saída para os males que o afligem num programa de psicoterapia na Alemanha, em Heidelberg. Com interrupções mais ou menos longas em Portugal, aí seguirá, irregularmente, apesar da forte empatia com o médico, o programa entre Agosto de 1960 e o mesmo mês de 1962. Grande revelação constitui, para ele, o extenuante trabalho braçal que, episodicamente, conhece na cidade alemã como ajudante de pedreiro, o que, entre outras coisas, lhe vai permitir um contacto de igual para igual com gente fora dos meios intelectuais e académicos. Fará, aliás, amizade com alguns dos seus companheiros de trabalho, e na correspondência aos amigos portugueses falará mesmo com orgulho da sua condição de «Dachdecker» (telhador, digamos). Por outro lado, o admirador que há nele do eterno feminino deixa-se deslumbrar pelas raparigas alemãs, réplicas do tipo físico de algumas das mulheres que, em Portugal, lhe motivaram paixões infelizes.
O mal que o persegue e que, sem cura, traz de volta ao país, é bem real, e nada tem a ver com o «mal du siècle» de que, em diferentes tempos, se queixaram tantos poetas, afinal longevamente saudáveis. Só ele pode estar por detrás da morte que procura em 13 de outubro de 1968, por dolorosa coincidência no dia em que morreu Manuel Bandeira, um dos poetas que mais admirava.
in SNPC
 
Ao meu cão
   
   
Deixei-te só, à hora de morrer.
Não percebi o desabrigado apelo dos teus olhos
Humaníssimos, suaves, sábios, cheios de aceitação
De tudo... e apesar disso, sem o pedir, tentando
Insinuar que eu ficasse perto,
Que, se me fosse, a mesma era a tua gratidão.
   
Não percebi a evidência de que ias morrer
E gostavas da minha companhia por uma noite,
Que te seria tão doce a minha simples presença
Só umas horas, poucas.
Não percebi, por minha grosseira incompreensão,
Não percebi, por tua mansidão e humildade,
Que já tinhas perdoado tudo à vida
E começavas a debater-te na maior angústia, a debater-te com a morte.
E deixei-te só, à beira da agonia, tão aflito, tão só e sossegado.

Mario Lanza morreu há sessenta anos

Mario Lanza, pseudónimo de Alfred Arnold Cocozza (Filadélfia, 31 de janeiro de 1921 - Roma, 7 de outubro de 1959) foi um tenor norte-americano de ascendência italiana e astro de Hollywood.
Fez grande sucesso na década de 40 e 50, principalmente pelas suas participações no cinema. Interpretou Enrico Caruso no cinema e fez apenas sete filmes, mas ganhou notoriedade mundial.
Foi considerado o mais famoso tenor dos EUA, mas durante toda a sua breve carreira enfrentou problemas, com o excesso de peso, o consumo de álcool e de barbitúricos. Influenciou vários cantores, tanto clássicos como populares, e o próprio Elvis Presley declarou, numa entrevista na década de 70, que foi um dos seus maiores fãs.

  
 

Thom Yorke, o vocalista dos Radiohead, faz hoje 53 anos

Thomas Edward "Thom" Yorke (Wellingborough, 7 de outubro de 1968) é o vocalista e compositor da banda britânica de rock alternativo Radiohead. Geralmente, toca guitarra e piano. Viveu até 2015 em Oxford com a sua ex-companheira de longa data, a artista plástica, com um doutoramento em História da Arte, Rachel Owen, que faleceu em dezembro de 2016 de cancro. O casal teve dois filhos: Noah e Agnes.

 
Nascido com o olho esquerdo paralisado, Thom Yorke submeteu-se a um total de cinco operações de correção nos seus primeiros cinco anos, a última cirurgia foi mal-sucedida e quase tirou toda a visão do seu olho esquerdo e devido a isto resultou no seu característico "olho-caído". Os seus colegas de turma costumavam insultá-lo com o cognome de "Salamandra".
Thom Yorke ganhou sua primeira guitarra aos sete anos de idade, ao ver a performance do guitarrista do Queen, Brian May na televisão. A primeira canção que ele escreveu chamava-se Mushroom Cloud sobre a formação de uma nuvem seguindo uma explosão nuclear. Ele formou a primeira banda aos onze anos de idade, quando frequentava a escola privada para rapazes Abingdon School, onde conheceu seus futuros companheiros de banda, Ed O'Brien, Colin Greenwood, o baterista Phil Selway e o irmão mais novo de Colin, Jonny Greenwood.
Inicialmente eles chamavam-se On a Friday ("Numa Sexta", em português), pois sexta-feira era o único dia em que eles podiam ensaiar. O irmão mais novo de Thom Yorke, Andy, formou vários grupos na mesma época de On a Friday, incluindo "The Illiterate Hands", da qual Jonny Greenwood era um membro antes de se juntar ao seu irmão em On a Friday. Os integrantes de On a Friday continuaram a praticar e escrever novos materiais, mesmo estudando em universidades diferentes. Quando estudava na Universidade de Exeter, Thom Yorke foi um membro dos Headless Chickens, e trabalhou num hospital psiquiátrico como assistente hospitalar.
A pedido da EMI, a banda mudou seu nome de On a Friday para Radiohead, e foi inspirado em uma música do álbum True Stories da banda americana Talking Heads.