. A sua obra poética, que vai de uma tendência
até à poesia popular, porém caracterizada pelo rigor estético, com
poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes,
inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil.
Foi casado com Stella Maria Barbosa de Oliveira, com quem teve os filhos
Rodrigo, Inez, Luiz, Isabel e João. Casou-se, em segundas núpcias, em
1986, com a poetisa
Marly de Oliveira.
Obra Na
poesia de Cabral percebem-se algumas dualidades antitéticas, trabalhadas com um certo barroquismo e até à exaustão. Entre
espaço e
tempo, entre o dentro e o fora, entre o maciço e o não-maciço, entre o
masculino e o
feminino, entre o
Nordeste desértico e a
Andaluzia fértil, ou entre a
Caatinga desértica e o húmido
Pernambuco.
É uma poesia que causa algum estranhamento a quem espera uma poesia
emotiva, pois seu trabalho é basicamente cerebral e "sensacionista",
buscando uma poesia
construtivista e
comunicativa, objetiva.
Embora exista uma tendência surrealista em seus poemas, principalmente nos iniciais, como em
Pedra do Sono, buscando uma poesia que fosse também expressiva, Melo Neto não precisa recorrer ao
pathos ("
paixão") para criar uma
atmosfera poética, fugindo de qualquer tendência
romântica, mas busca uma construção elaborada e pensada da
linguagem
e do dizer da sua poesia, transformando toda a perceção em imagem de
algo concreto e relacionado aos sentidos, principalmente ao do tato,
como se pode perceber bem em
Uma faca só lâmina.
Neste poema, Cabral apresenta a imagem da faca através da sensação de
vazio que a facada deixa na carne, contrastando com a própria faca
sólida, que a corta.
Algumas palavras são usadas sistematicamente na
poesia deste autor: cana, pedra, osso, esqueleto, dente, gume, navalha,
faca, foice, lâmina, cortar, esfolado, baía, relógio, seco, mineral,
deserto, asséptico, vazio, fome. Coisas sólidas e sensações táteis: uma
poesia do concreto.