sexta-feira, outubro 18, 2024
O terrorista Andreas Bar foi assassinado há quarenta e sete anos
Postado por Fernando Martins às 00:47 0 bocas
Marcadores: Alemanha, Andreas Baader, Fração do Exército Vermelho, Grupo Baader-Meinhof, RAF, RFA, terrorismo
domingo, junho 02, 2024
Benno Ohnesorg foi assassinado há 57 anos...
A Moment in June
She gave me a red tomato
I ate it instead of throwing it
I said now they’re shooting
But she laughed because she didn’t know
How soft pistol shots are
In a yard
I went along and set a
Newspaper on fire threatened
The people at their windows
Because they were throwing flower pots
Now something has changed
The apartment I thought and
The music in the radio
Later when I saw the picture with
The girl who was holding the head
Of the dead student
I thought you know her
You’ve seen
Her before.
Waking
It is night the stars are coming into the room
The city becoming calm. Taken back
The words
The gestures
The touching
Softly the transitions are accompanied by silent lightning
Ever earlier anaesthesia
Ever more forgetting
Ever closer the dead
River
Never do you escape me. Never do you turn
Away. Magical force of attraction wherever
I go. The dyke the flooded meadows
The fog, the warning calls the hand
That scoops the water as if to finally
See its ground. Always the same
Hanging trees. Cries of the birds, stones
The rotting wood of the ship, corpses
Also the view over to other countries
Church towers burning farms, fields
Restless motor-bike riders. River that through
Me flows syphonable anytime
Drinking water blood-red. Watch out for those
Who seek you
Throw them back onto a soft place
Where there’s sand, grass
River, I come out of you
No one will be able to distinguish us
On our way to the oceans
What is happiness exactly anyway
Yes what exactly
You think about it and can’t work it out
The water is boiling on the stove and the garbage
Is collected every Friday at seven
Yesterday
There was an argument with a woman (of course about nothing). She
Packed her bags, took the pictures from the wall
Even those that didn’t belong to her, for instance
That of Max that evenings
Smells of water.
You’ve got to think in colours
Everyone hears him saying and already there’s a problem
One you can grab and even go
To the woods with
To doze and wander.
Veg out, that’s it!
No longer think of the toxic taste in the
Soup of the stiff gestures
Of your neighbour who’d really love
To put on the uniform again.
Two three stops
Till Café Nitschmann where you can sink
Your thoughts and where you’re allowed to discreetly
Despair a little
And yet continue breathing
Audibly.
Rolf Haufs
Postado por Fernando Martins às 00:57 0 bocas
Marcadores: Alemanha, Benno Ohnesorg, Grupo Baader-Meinhof, poesia, protesto, RDA, RFA, Rolf Haufs
quinta-feira, maio 09, 2024
Ulrike Meinhof morreu há 48 anos...
Nascida em Oldemburgo em 1934, Ulrike mudou-se para Jena com dois anos de idade com a família, após o seu pai, um historiador de arte, se ter tornado diretor do museu da cidade. O Dr. Werner Meinhof morreu de cancro em 1940, quanto ela tinha cinco anos, fazendo com que a sua mãe alugasse um dos quartos da casa para uma inquilina, Renate Riemeck, para obter uma renda. Em 1946, após a II Guerra Mundial, as Meinhof, juntamente com Renate - que além de inquilina acabou com parte da família -, mudaram-se novamente para a cidade natal de Ulrike, Oldemburgo, depois que Jena passou para o domínio soviético após a Conferência de Yalta. Oito anos depois, sua mãe, Ingeborg, que trabalhou como professora após a guerra, também morreu de cancro e Renate assumiu a adolescente e a sua irmã mais velha sob sua guarda. Renate, uma historiadora e fervorosa anti-nazi, ativa militante socialista, viria a ter grande influência na formação política de Meinhof.
Ulrike completou os estudos secundários em 1955 e foi estudar filosofia, sociologia, pedagogia, literatura e língua alemã em Marburg, onde se envolveu em movimentos reformistas universitários. Em 1957, ela entrou para a Universidade de Münster, onde conheceu o marxista espanhol Manuel Sacristán - que mais tarde traduziria e publicaria alguns de seus escritos - entrou para a União Socialista Alemã de Estudantes (Sozialistischer Deutscher Studentenbund), participando de protestos contra o rearmamento do Bundeswehr e seu envolvimento com armamento nuclear proposto pelo governo de Konrad Adenauer. Lia Jean-Paul Sartre, Herman Hesse, Thomas Mann, Marcel Proust e aprendeu a tocar violino.
Em 1958 ela filiou-se no Partido Comunista da Alemanha - então fora da legalidade - e começou pouco depois a trabalhar na revista Konkret, de linha política esquerdista e independente, da qual seria editora-chefe de 1962 a 1964. Casou-se em 1961 com o co-fundador e editor da revista, Klaus Rainer Röhl, e com ele teve duas filhas gémeas, Regina e Bettina, no ano seguinte. O seu casamento durou até o divórcio, em 1968.
Em 1962, durante a gravidez, foi-lhe diagnosticada um tumor cerebral, depois de sofrer de dores de cabeça contínuas. Temerosa, pois os seus pais morreram de cancro e acreditando ter uma predisposição genética para a doença, mesmo assim Ulrike decidiu esperar até o parto para realizar a operação, em que seu crânio teria que ser aberto, temendo que ela pudesse afetar o desenvolvimento e nascimento das gémeas. Depois de o tumor ser retirado foi diagnosticado como sendo benigno.
Protesto é quando eu digo que algo me incomoda. Resistência é quando eu me asseguro que aquilo que me incomoda nunca mais acontecerá.
No dia seguinte, cartazes da polícia começaram a aparecer com a fotografia dos dois e os jornais sensacionalistas e de grande tiragem de Axel Springer traziam a notícia em grandes parangonas, chamando o grupo de Gang Baader-Meinhof, pelo qual ficaram popularmente conhecidos. O filme Bambule, com roteiro de Meinhof, sobre a vida de jovens mulheres num reformatório e programado anteriormente para estrear na televisão alemã dez dias depois, foi retirado da grade de programação. Em 2 de julho, o jornal anarquista 833 publica um manifesto da organização, que assina com o nome oficial de Rote Armee Fraktion (Fração do Exército Vermelho) pela primeira vez. Uma recompensa de 10.000 de marcos é oferecida por sua captura e anunciada em cartazes pelo país.
Em 22 de outubro de 1971, ela foi participou de um tiroteio com a polícia em Hamburgo durante uma tentativa de prisão. Ulrike e um companheiro conseguiram fugir, depois que um polícia foi baleado e morto. Novamente desaparecida, mais de seis meses se passaram até que se tivesse alguma notícia sua.
Em novembro de 1971, Renate Riemeck tentou argumentar com sua filha adotiva. Ela publicou uma carta em Konkret intitulada 'Desista, Ulrike!', numa mistura de crítica às ações da RAF e elogios a seu passado político e caráter benevolente. Riemeck tentou mudar o ponto de vista de Meinhof, elogiando-a e argumentando com ela. Na carta, ela escrevia que acreditava que a filha era muito inteligente e racional para confundir uma rebeldia antiautoritarismo com o início de uma revolução geral. Também colocou que "a Alemanha não é um lugar para uma guerrilha urbana ao estilo latino-americano" e perguntou.. "Quem ainda entende o impulso moral e político por trás das suas ações?". Renate concluía a carta com um apelo: "Eu não sei até que ponto a sua influência dentro do próprio grupo se estende até onde seus amigos sejam passíveis de considerações racionais. Mas você deve tentar medir as possibilidades reais de um movimento de guerrilha urbana na República Federal Alemã contra a realidade social do país. Você pode fazer isso, Ulrike."
A resposta de Meinhof foi encontrada três semanas depois, dentro de uma lata de lixo. O seu título: "Uma mãe escrava roga à sua filha". Ulrike reescreveu a carta do ponto de vista de uma mãe escrava, Renate Riemeck, pedindo à sua filha que negasse o direito de lutar pela liberdade, voltar atrás e se contentar em ser uma obediente e exemplar escrava, que poderia tornar-se uma supervisora algum dia, se aceitasse as autoridades e a sua vida de escrava. Com esta resposta, Ulricke Meinhof cortou os últimos elos com seu passado e conscientemente decidiu dedicar a sua vida a causa política na qual acreditava.
Em 1 de junho de 1972, Andreas Baader foi preso em Frankfurt, juntamente com Holger Meins e Jan-Carl Raspe, membros da liderança da RAF. Uma semana depois, foi a vez de Ensslin, presa dentro de uma boutique em Hamburgo. Em 14 de junho, a polícia montou uma emboscada num endereço de Hannover, depois da denúncia de que um casal de modos suspeitos estava hospedado num apartamento. O homem do casal, ao descer para telefonar, foi detido armado numa cabine telefónica. Era Gerhard Müller, que havia participado do tiroteio com Meinhof meses antes. Ao baterem na porta do apartamento, Ulrike Meinhof, a última líder da primeira geração do Baader-Meinhof em liberdade, foi presa.
Em dezembro de 1972, ela foi retirada do isolamento da prisão de Köln-Ossendorf, em Colónia, convocada como testemunha no julgamento de Horst Mahler, onde ele a questionou sobre as declarações que ambos teriam dado sobre a invasão, sequestro e morte de atletas de Israel na Vila Olímpica, durante os Jogos Olímpicos de Munique, por terroristas do Setembro Negro. Meinhof, que na época publicou um manifesto intitulado A ação do Setembro Negro em Munique: por dentro da estratégia da luta anti-imperialista, em que fazia reflexões sobre o relacionamento entre alemães, palestinianos e judeus como um resultado da II Guerra Mundial. A pergunta de Mahler a fez responder:
Como Auschwitz foi possível? O que era o anti-semitismo na Alemanha? Usou-se o ódio do povo à sua dependência pessoal do dinheiro, como uma maneira de troca, sua busca pelo comunismo. Auschwitz significa que seis milhões de judeus foram assassinados e jogados em aterros sanitários pela Europa, por serem aquilo que lhes foi apontado ser - Dinheiro-Judeus. O que aconteceu foi que o capital financeiro, a elite e os bancos, o núcleo do sistema do capitalismo e do imperialismo, desviou a atenção e o ódio do povo de si mesmo para os judeus.
Morte
Em 9 de maio de 1976, ainda durante o período de julgamento e quando se festejava o Dia da Mãe na Alemanha, Ulrike Meinhof foi encontrada morta na sua cela, enforcada com uma corda improvisada com uma toalha rasgada, sem deixar nenhuma carta de despedida às suas filhas ou aos seus companheiros de prisão, os militantes da Fração do Exército Vermelho (RAF) Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Jan-Carl Raspe e Irmgard Möller. A investigação oficial concluiu que se tratara de suicídio, tese contestada por acusações públicas de que a jornalista havia sido assassinada. Massivas demonstrações de protesto de esquerdistas ocorreram por todo o país e bombas explodem em Nice e Paris, na França e na base da Força Aérea dos Estados Unidos em Frankfurt. Nos últimos tempos em que esteve presa, entretanto, Ulrike estava deprimida por conflitos internos com os outros integrantes da organização, que a relegaram ao ostracismo no grupo. Apesar disso, Jan-Carl Raspe declarou que eles acreditavam que ela havia sido assassinada e que as difíceis relações entre ela e Baader-Ensslin na prisão, não eram qualquer evidência de que ela quisesse se suicidar.
Ulrike foi enterrada em Berlim, entre milhares de simpatizantes e discursos de intelectuais de esquerda. No enterro, em 16 de maio de 1976 no bairro de Mariendorf (então Berlim Ocidental), o editor Klaus Wagenbach disse que ela "sucumbiu às circunstâncias alemãs". O poeta Erich Fried enviou para as cerimónias do funeral um telegrama chamando-a de "a maior mulher da Alemanha desde Rosa Luxemburgo". Algumas décadas após sua morte veio à tona a notícia de que o seu cérebro fora retirado pelos patologistas antes do enterro, sem conhecimento da família, e conservado durante 26 anos em formol para estudos num hospital de Magdeburg. A sua filha, a jornalista Bettina Röhl, moveu uma ação contra o Estado e o cérebro foi enterrado na sepultura, juntamente com os restos mortais de Ulrike em 2002.
Postado por Fernando Martins às 00:48 0 bocas
Marcadores: Alemanha, Fração do Exército Vermelho, Grupo Baader-Meinhof, guerrilha, RFA, Ulrike Meinhof
segunda-feira, maio 06, 2024
O terrorista Andreas Baader nasceu há 81 anos...
Postado por Fernando Martins às 08:10 0 bocas
Marcadores: Alemanha, Andreas Baader, Fração do Exército Vermelho, Grupo Baader-Meinhof, RFA, terrorismo
quarta-feira, outubro 18, 2023
O terrorista Andreas Baader foi assassinado há quarenta e seis anos
Postado por Fernando Martins às 00:46 0 bocas
Marcadores: Alemanha, Andreas Baader, Fração do Exército Vermelho, Grupo Baader-Meinhof, RAF, RFA, terrorismo
sexta-feira, junho 02, 2023
Benno Ohnesorg foi assassinado há 56 anos...
A Moment in June
She gave me a red tomato
I ate it instead of throwing it
I said now they’re shooting
But she laughed because she didn’t know
How soft pistol shots are
In a yard
I went along and set a
Newspaper on fire threatened
The people at their windows
Because they were throwing flower pots
Now something has changed
The apartment I thought and
The music in the radio
Later when I saw the picture with
The girl who was holding the head
Of the dead student
I thought you know her
You’ve seen
Her before.
Waking
It is night the stars are coming into the room
The city becoming calm. Taken back
The words
The gestures
The touching
Softly the transitions are accompanied by silent lightning
Ever earlier anaesthesia
Ever more forgetting
Ever closer the dead
River
Never do you escape me. Never do you turn
Away. Magical force of attraction wherever
I go. The dyke the flooded meadows
The fog, the warning calls the hand
That scoops the water as if to finally
See its ground. Always the same
Hanging trees. Cries of the birds, stones
The rotting wood of the ship, corpses
Also the view over to other countries
Church towers burning farms, fields
Restless motor-bike riders. River that through
Me flows syphonable anytime
Drinking water blood-red. Watch out for those
Who seek you
Throw them back onto a soft place
Where there’s sand, grass
River, I come out of you
No one will be able to distinguish us
On our way to the oceans
What is happiness exactly anyway
Yes what exactly
You think about it and can’t work it out
The water is boiling on the stove and the garbage
Is collected every Friday at seven
Yesterday
There was an argument with a woman (of course about nothing). She
Packed her bags, took the pictures from the wall
Even those that didn’t belong to her, for instance
That of Max that evenings
Smells of water.
You’ve got to think in colours
Everyone hears him saying and already there’s a problem
One you can grab and even go
To the woods with
To doze and wander.
Veg out, that’s it!
No longer think of the toxic taste in the
Soup of the stiff gestures
Of your neighbour who’d really love
To put on the uniform again.
Two three stops
Till Café Nitschmann where you can sink
Your thoughts and where you’re allowed to discreetly
Despair a little
And yet continue breathing
Audibly.
Rolf Haufs
Postado por Fernando Martins às 00:56 0 bocas
Marcadores: Benno Ohnesorg, Grupo Baader-Meinhof, poesia, protesto, Rolf Haufs
terça-feira, maio 09, 2023
Ulrike Meinhof morreu há 47 anos...
Nascida em Oldemburgo em 1934, Ulrike mudou-se para Jena com dois anos de idade com a família, após o seu pai, um historiador de arte, se ter tornado diretor do museu da cidade. O Dr. Werner Meinhof morreu de cancro em 1940, quanto ela tinha cinco anos, fazendo com que a sua mãe alugasse um dos quartos da casa para uma inquilina, Renate Riemeck, para obter uma renda. Em 1946, após a II Guerra Mundial, as Meinhof, juntamente com Renate - que além de inquilina acabou com parte da família -, mudaram-se novamente para a cidade natal de Ulrike, Oldemburgo, depois que Jena passou para o domínio soviético após a Conferência de Yalta. Oito anos depois, sua mãe, Ingeborg, que trabalhou como professora após a guerra, também morreu de cancro e Renate assumiu a adolescente e a sua irmã mais velha sob sua guarda. Renate, uma historiadora e fervorosa anti-nazi, ativa militante socialista, viria a ter grande influência na formação política de Meinhof.
Ulrike completou os estudos secundários em 1955 e foi estudar filosofia, sociologia, pedagogia, literatura e língua alemã em Marburg, onde se envolveu em movimentos reformistas universitários. Em 1957, ela entrou para a Universidade de Münster, onde conheceu o marxista espanhol Manuel Sacristán - que mais tarde traduziria e publicaria alguns de seus escritos - entrou para a União Socialista Alemã de Estudantes (Sozialistischer Deutscher Studentenbund), participando de protestos contra o rearmamento do Bundeswehr e seu envolvimento com armamento nuclear proposto pelo governo de Konrad Adenauer. Lia Jean-Paul Sartre, Herman Hesse, Thomas Mann, Marcel Proust e aprendeu a tocar violino.
Em 1958 ela filiou-se no Partido Comunista da Alemanha - então fora da legalidade - e começou pouco depois a trabalhar na revista Konkret, de linha política esquerdista e independente, da qual seria editora-chefe de 1962 a 1964. Casou-se em 1961 com o co-fundador e editor da revista, Klaus Rainer Röhl, e com ele teve duas filhas gémeas, Regina e Bettina, no ano seguinte. O seu casamento durou até o divórcio, em 1968.
Em 1962, durante a gravidez, foi-lhe diagnosticada um tumor cerebral, depois de sofrer de dores de cabeça contínuas. Temerosa, pois os seus pais morreram de cancro e acreditando ter uma predisposição genética para a doença, mesmo assim Ulrike decidiu esperar até o parto para realizar a operação, em que seu crânio teria que ser aberto, temendo que ela pudesse afetar o desenvolvimento e nascimento das gémeas. Depois de o tumor ser retirado foi diagnosticado como sendo benigno.
Protesto é quando eu digo que algo me incomoda. Resistência é quando eu me asseguro que aquilo que me incomoda nunca mais acontecerá.
No dia seguinte, cartazes da polícia começaram a aparecer com a fotografia dos dois e os jornais sensacionalistas e de grande tiragem de Axel Springer traziam a notícia em grandes parangonas, chamando o grupo de Gang Baader-Meinhof, pelo qual ficaram popularmente conhecidos. O filme Bambule, com roteiro de Meinhof, sobre a vida de jovens mulheres num reformatório e programado anteriormente para estrear na televisão alemã dez dias depois, foi retirado da grade de programação. Em 2 de julho, o jornal anarquista 833 publica um manifesto da organização, que assina com o nome oficial de Rote Armee Fraktion (Fração do Exército Vermelho) pela primeira vez. Uma recompensa de 10.000 de marcos é oferecida por sua captura e anunciada em cartazes pelo país.
Em 22 de outubro de 1971, ela foi participou de um tiroteio com a polícia em Hamburgo durante uma tentativa de prisão. Ulrike e um companheiro conseguiram fugir, depois que um polícia foi baleado e morto. Novamente desaparecida, mais de seis meses se passaram até que se tivesse alguma notícia sua.
Em novembro de 1971, Renate Riemeck tentou argumentar com sua filha adotiva. Ela publicou uma carta em Konkret intitulada 'Desista, Ulrike!', numa mistura de crítica às ações da RAF e elogios a seu passado político e caráter benevolente. Riemeck tentou mudar o ponto de vista de Meinhof, elogiando-a e argumentando com ela. Na carta, ela escrevia que acreditava que a filha era muito inteligente e racional para confundir uma rebeldia antiautoritarismo com o início de uma revolução geral. Também colocou que "a Alemanha não é um lugar para uma guerrilha urbana ao estilo latino-americano" e perguntou.. "Quem ainda entende o impulso moral e político por trás das suas ações?". Renate concluía a carta com um apelo: "Eu não sei até que ponto a sua influência dentro do próprio grupo se estende até onde seus amigos sejam passíveis de considerações racionais. Mas você deve tentar medir as possibilidades reais de um movimento de guerrilha urbana na República Federal Alemã contra a realidade social do país. Você pode fazer isso, Ulrike."
A resposta de Meinhof foi encontrada três semanas depois, dentro de uma lata de lixo. O seu título: "Uma mãe escrava roga à sua filha". Ulrike reescreveu a carta do ponto de vista de uma mãe escrava, Renate Riemeck, pedindo à sua filha que negasse o direito de lutar pela liberdade, voltar atrás e se contentar em ser uma obediente e exemplar escrava, que poderia tornar-se uma supervisora algum dia, se aceitasse as autoridades e a sua vida de escrava. Com esta resposta, Ulricke Meinhof cortou os últimos elos com seu passado e conscientemente decidiu dedicar a sua vida a causa política na qual acreditava.
Em 1 de junho de 1972, Andreas Baader foi preso em Frankfurt, juntamente com Holger Meins e Jan-Carl Raspe, membros da liderança da RAF. Uma semana depois, foi a vez de Ensslin, presa dentro de uma boutique em Hamburgo. Em 14 de junho, a polícia montou uma emboscada num endereço de Hannover, depois da denúncia de que um casal de modos suspeitos estava hospedado num apartamento. O homem do casal, ao descer para telefonar, foi detido armado numa cabine telefónica. Era Gerhard Müller, que havia participado do tiroteio com Meinhof meses antes. Ao baterem na porta do apartamento, Ulrike Meinhof, a última líder da primeira geração do Baader-Meinhof em liberdade, foi presa.
Em dezembro de 1972, ela foi retirada do isolamento da prisão de Köln-Ossendorf, em Colónia, convocada como testemunha no julgamento de Horst Mahler, onde ele a questionou sobre as declarações que ambos teriam dado sobre a invasão, sequestro e morte de atletas de Israel na Vila Olímpica, durante os Jogos Olímpicos de Munique, por terroristas do Setembro Negro. Meinhof, que na época publicou um manifesto intitulado A ação do Setembro Negro em Munique: por dentro da estratégia da luta anti-imperialista, em que fazia reflexões sobre o relacionamento entre alemães, palestinianos e judeus como um resultado da II Guerra Mundial. A pergunta de Mahler a fez responder:
Como Auschwitz foi possível? O que era o anti-semitismo na Alemanha? Usou-se o ódio do povo à sua dependência pessoal do dinheiro, como uma maneira de troca, sua busca pelo comunismo. Auschwitz significa que seis milhões de judeus foram assassinados e jogados em aterros sanitários pela Europa, por serem aquilo que lhes foi apontado ser - Dinheiro-Judeus. O que aconteceu foi que o capital financeiro, a elite e os bancos, o núcleo do sistema do capitalismo e do imperialismo, desviou a atenção e o ódio do povo de si mesmo para os judeus.
Morte
Em 9 de maio de 1976, ainda durante o período de julgamento e quando se festejava o Dia da Mãe na Alemanha, Ulrike Meinhof foi encontrada morta na sua cela, enforcada com uma corda improvisada com uma toalha rasgada, sem deixar nenhuma carta de despedida às suas filhas ou aos seus companheiros de prisão, os militantes da Fração do Exército Vermelho (RAF) Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Jan-Carl Raspe e Irmgard Möller. A investigação oficial concluiu que se tratara de suicídio, tese contestada por acusações públicas de que a jornalista havia sido assassinada. Massivas demonstrações de protesto de esquerdistas ocorreram por todo o país e bombas explodem em Nice e Paris, na França e na base da Força Aérea dos Estados Unidos em Frankfurt. Nos últimos tempos em que esteve presa, entretanto, Ulrike estava deprimida por conflitos internos com os outros integrantes da organização, que a relegaram ao ostracismo no grupo. Apesar disso, Jan-Carl Raspe declarou que eles acreditavam que ela havia sido assassinada e que as difíceis relações entre ela e Baader-Ensslin na prisão, não eram qualquer evidência de que ela quisesse se suicidar.
Ulrike foi enterrada em Berlim, entre milhares de simpatizantes e discursos de intelectuais de esquerda. No enterro, em 16 de maio de 1976 no bairro de Mariendorf (então Berlim Ocidental), o editor Klaus Wagenbach disse que ela "sucumbiu às circunstâncias alemãs". O poeta Erich Fried enviou para as cerimónias do funeral um telegrama chamando-a de "a maior mulher da Alemanha desde Rosa Luxemburgo". Algumas décadas após sua morte veio à tona a notícia de que o seu cérebro fora retirado pelos patologistas antes do enterro, sem conhecimento da família, e conservado durante 26 anos em formol para estudos num hospital de Magdeburg. A sua filha, a jornalista Bettina Röhl, moveu uma ação contra o Estado e o cérebro foi enterrado na sepultura, juntamente com os restos mortais de Ulrike em 2002.
Postado por Fernando Martins às 00:47 0 bocas
Marcadores: Alemanha, Fração do Exército Vermelho, Grupo Baader-Meinhof, guerrilha, RFA, Ulrike Meinhof
sábado, maio 06, 2023
O terrorista Andreas Baader nasceu há oitenta anos...
Postado por Fernando Martins às 00:08 0 bocas
Marcadores: Alemanha, Andreas Baader, Fração do Exército Vermelho, Grupo Baader-Meinhof, RFA, terrorismo