terça-feira, agosto 19, 2014
John Deacon - 63 anos
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Marcadores: Freddie Mercury, Friends will be friends, hard rock, heavy metal, John Deacon, música, Ópera rock, Queen, Rock Progressivo
O poeta brasileiro Haroldo de Campos nasceu há 85 anos
Foi o vencedor do Prémio Octavio Paz de Poesía y Ensayo, no México, em 1999.
Nesse mesmo ano, as Universidades de Yale e de Oxford organizaram conferências sobre a sua obra na comemoração dos seus setenta anos.
Foi vencedor do Prémio Jabuti em 1991, 1993, 1994, 1999 e 2002.
(pur troppo non allegro)
sobre o neoliberalismo
terceiro-mundista
laisser faire laisser passer
1.
o neoliberal
neolibera:
de tanto neoliberar
o neoliberal
neolibera-se de neoliberar
tudo aquilo que não seja neo (leo)
libérrimo:
o livre quinhão do leão
neolibera a corvéia da ovelha
2.
o neoliberal
neolibera
o que neoliberar
para os não-neoliberados:
o labéu?
o libelo?
a libré do lacaio?
a argola do galé?
o ventre-livre?
a bóia-rala?
o prato raso?
a comunhão do atraso?
a ex-comunhão dos ex-clusos?
o amanhã sem fé?
o café requentado?
a queda em parafuso?
o pé de chinelo?
o pé no chão?
o bicho de pé?
a ração da ralé?
3.
no céu neon
do neoliberal
anjos-yuppies
bochechas cor-de-bife
privatizam
a rosácea do paraíso
de dante
enquanto lancham
fast-food
e super
(visionários) visam
com olho magnânimo
as bandas
(flutuantes)
do câmbio:
enquanto o não
- neoliberado
come pão
com salame
(quando come)
ele dorme
sonhando
com torneiras de ouro
e a hidrobanheira cor
de âmbar
de sua neo-
mansão em miami
4.
o centro e a direita
(des)conversam
sobre o social
(questão de polícia):
o desemprego um mal
conjuntural
(conjetural)
pois no céu da estatís-
tica o futuro
se decide pela lei
dos grandes números
5.
o neoliberal
sonha um mundo higiênico:
um ecúmeno de ecônomos
de economistas e atuários
de jogadores na bolsa
de gerentes
de supermercado
de capitães de indústria
e latifundários de
banqueiros
- banquiplenos ou
banquirrotos
(que importa?
dede que circule
autoregulante
o necessário
plusvalioso
numerário)
um mundo executivo
de mega-empresários
duros e puros
mós sem dó
mais atento ao lucro
que ao salário
solitários (no câncer)
antes que solidários:
um mundo onde deus
não jogue dados
e onde tudo dure para sempre
e sempremente nada mude
um confortável
estável
confiável
mundo contábil.
6.
(a
contramundo
o mundo-não
-mundo cão-
dos deserdados:
o anti-higiênico
gueto dos
sem-saída
dos excluídos pelo
deus-sistema
cana esmagada
pela moenda
pela roda dentada
dos enjeitados:
um mundo-pêsames
de pequenos
cidadãos-menos
de gente-gado
de civis
sub-servis
de povo-ônus
que não tem lugar marcado
no campo do possível
da economia de mercado
(onde mercúrio serve ao deus mamonas)
7.
o neoliberal
sonha um admirável
mundo fixo
de argentários e multinacionais
terratenentes terrapotentes coronéis políticos
milenaristas (cooptados) do perpétuo
status quo:
um mundo privé
palácio de cristal
à prova de balas:
bunker blau
durando para sempre - festa estática
(ainda que sustente sobre fictas
palafitas
e estas sobre uma lata
de lixo)
Haroldo de Campos
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Marcadores: Brasil, Concretismo, Haroldo de Campos, poesia
Homenagem a Federico...
EL CRIMEN FUE EN GRANADA: A FEDERICO GARCÍA LORCA
1. El crimen
Se le vio, caminando entre fusiles,
por una calle larga,
salir al campo frío,
aún con estrellas de la madrugada.
Mataron a Federico
cuando la luz asomaba.
El pelotón de verdugos
no osó mirarle la cara.
Todos cerraron los ojos;
rezaron: ¡ni Dios te salva!
Muerto cayó Federico
—sangre en la frente y plomo en las entrañas—
... Que fue en Granada el crimen
sabed —¡pobre Granada!—, en su Granada.
2. El poeta y la muerte
Se le vio caminar solo con Ella,
sin miedo a su guadaña.
—Ya el sol en torre y torre, los martillos
en yunque— yunque y yunque de las fraguas.
Hablaba Federico,
requebrando a la muerte. Ella escuchaba.
«Porque ayer en mi verso, compañera,
sonaba el golpe de tus secas palmas,
y diste el hielo a mi cantar, y el filo
a mi tragedia de tu hoz de plata,
te cantaré la carne que no tienes,
los ojos que te faltan,
tus cabellos que el viento sacudía,
los rojos labios donde te besaban...
Hoy como ayer, gitana, muerte mía,
qué bien contigo a solas,
por estos aires de Granada, ¡mi Granada!»
3.
Se le vio caminar...
...................Labrad, amigos,
de piedra y sueño en el Alhambra,
un túmulo al poeta,
sobre una fuente donde llore el agua,
y eternamente diga:
el crimen fue en Granada, ¡en su Granada!
António Machado
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Marcadores: António Machado, assassinato, Federico Garcia Lorca, Guerra Civil Espanhola, poesia
Ian Gillan - 69 anos...
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Marcadores: Black Sabbath, Child in Time, Deep Purple, hard rock, heavy metal, Ian Gillan, jazz, música, Rock, rock psicadélico
segunda-feira, agosto 18, 2014
Kim Dae-jung, ex-Presidente da Coreia do Sul e Prémio Nobel da Paz, morreu há 5 anos
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Marcadores: Coreia, Coreia do Norte, Guerra da Coreia, Kim Dae-jung, paz, Prémio Nobel, Presidente da República
O Doutor Sousa Martins morreu há 117 anos
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Marcadores: Medicina, Sousa Martins, suicídio, tuberculose
domingo, agosto 17, 2014
O Rei da Polónia e Lituânia, João III Sobieski, nasceu há 385 anos
- After World War II, a statue of John III Sobieski was "repatriated" to Gdańsk from Lwów (a city now found in Ukraine, Lviv. The statue overlooks a little park at the old Gdańsk City Hall museum.
- After the battle of Vienna, the newly delineated constellation of Scutum (Latin for shield) was originally named Scutum Sobiescianum by the astronomer Johannes Hevelius, in honor of John III Sobieski. While there are a few stars named after non-astronomers, this is the only constellation named after a real non-astronomer, moreover, one who was still alive when the constellation was named.
- A legend of the origins of the bagel refers to John III Sobieski as the king to whom a Jewish baker gave the very first bagel in commemoration of his victory at Vienna in 1683. The round shape of the bagel was said to resemble the stirrups of Sobieski and his mounted warriors.
- The EuroCity rail lines running between Vienna and Warsaw (lines 104/105) are named after Sobieski.
- There is a modern proposition from non-Polish European newspapers to name the A2 highway in Poland after Sobieski.
- Sobieski, a vodka brand named after His Majesty John III.
- A cigarette brand owned by British American Tobacco is called Jan III Sobieski.
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Marcadores: Batalha de Viena, constelações, Escudo, Império Otomano, João III Sobieski, Lituânia, Polónia, Viena
Belinda Carlisle - 56 anos
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Marcadores: Belinda Carlisle, Mad About You, música, pop, pop rock
Carlos Drummond de Andrade morreu há 27 anos
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
in Corpo (1984) - Carlos Drummond de Andrade
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Marcadores: Brasil, Carlos Drummond de Andrade, literatura, modernismo, poesia
João Donato - 80 anos!
João Donato nasceu numa família musical, o seu pai, que era piloto de avião, nas horas vagas tocava bandolim. A mãe cantava e a irmã mais velha, Eneyda, pretendia ser concertista de piano. O mais novo, Lysias, pendeu para as letras e tornar-se-ia no principal parceiro nas composições com Donato.
O primeiro instrumento de João foi o acordeão, no qual, aos oito anos, compôs a sua primeira música, a valsa "Nini". Antes de completar 12 anos, o pai presenteou-lhe com acordeões de 24 e 120 baixos. Em 1945, Donato pai é transferido, e a família tem de deixar Rio Branco rumo ao Rio de Janeiro.
Em pouco tempo, passou a frequentar o circuito musical das festas de colégios da Tijuca e adjacências. Tentou a sorte no programa de Ary Barroso. Intransigente, Ary rodou o tabuleiro da baiana e nem sequer quis escutá-lo, sob a alegação de que "não gostava de meninos-prodígio".
Ao profissionalizar-se, em 1949, aos 15 anos, Donato já havia participado das jam sessions realizadas na casa do cantor Dick Farney e no Sinatra-Farney Fã Club, do qual era membro. Johnny Alf, Nora Ney, Dóris Monteiro, Paulo Moura e até Jô Soares, no bongô, estavam entre os componentes destas jams.
Na primeira gravação em que participa, como integrante da banda do flautista Altamiro Carrilho, Donato toca acordeão nas duas faixas do 78 RPM: "Brejeiro", de Ernesto Nazareth, e "Feliz aniversário", do próprio Altamiro. Pouco depois, migra para o grupo do violinista Fafá Lemos, como suplente de Chiquinho do Acordeão.
Década de 50
Durante este período frequentou o Sinatra-Farney Fan Clube, na Tijuca, zona norte carioca, que durou apenas 17 meses, considerado por muitos estudiosos como uma escola para toda a geração que mais tarde criaria a Bossa Nova.
Em 1951, com apenas 17 anos, namorou Dolores Duran, que tinha 21. O romance gerou polémicas e preconceitos a época, por ela ser mais velha que ele. Após um tempo, João resolveu se separar dela por causa das brigas da família do casal. Assim, ele a deixou e foi morar no México.
A partir de 1953, agora como pianista, Donato passa a comandar suas próprias formações instrumentais,– Donato e seu Conjunto, Donato Trio, o grupo Os Namorados – com quem lança, em 78 RPM, versões instrumentais para standards da música americana (como "Tenderly", sucesso de Nat King Cole) e brasileira (como "Se acaso você chegasse, do sambista gaúcho Lupicinio Rodrigues).
Três anos depois, a Odeon escala um iniciante para fazer a direção musical de "Chá Dançante" (1956), primeiro LP de Donato e seu conjunto. Antônio Carlos Jobim fez a seleção musical do disco de João Donato. O repertório escolhido por Tom Jobim foi: "No rancho fundo" (Lamartine Babo – Ary Barroso), "Carinhoso" (Pixinguinha – João de Barro), "Baião" (Luiz Gonzaga – Humberto), "Peguei um ita no norte" (Dorival Caymmi).
Em seguida, Donato passa uma temporada de dois anos em São Paulo. Quando volta ao Rio, a Bossa Nova estava no ar. Ainda em 1958, grava "Minha saudade" e "Mambinho", em parceria com João Gilberto.
A convite de Nanai (ex-integrante do grupo Os Namorados) parte para uma temporada de seis semanas no Casino Lake Tahoe (Nevada), onde Donato adaptou as influências do jazz com a música do Caribe, como integrante das orquestras de Mongo Santamaría, Johnny Martinez, Cal Tjader e Tito Puente, e ainda excursionou com João Gilberto pela Europa.
Em 1962 regressa ao Brasil e concebe dois clássicos da música instrumental brasileira – "Muito à vontade" (1962) e "A Bossa muito moderna de João Donato" (1963), ambos pela Polydor. As canções foram relançadas no começo dos anos 2000 em CD pela Dubas. com Donato ao piano, Milton Banana na bateria, Tião Neto no baixo e Amaury Rodrigues, na percussão.
Sobre "Muito à vontade", o jornalista Ruy Castro escreveu, por ocasião de seu relançamento em CD: "foi o seu primeiro disco ao piano e o primeiro mesmo para valer, com nove de suas composições entre as 12 faixas (...). Donato, que estava morando nos Estados Unidos durante a explosão da Bossa Nova, era uma lenda entre os músicos mais novos - para alguns, pelas histórias que ouviam, ele devia ser algo assim como o curupira ou a cobra d'água. Este disco abriu-lhes novos horizontes e devolveu Donato a um movimento que ele, sem saber, ajudara a construir". Estão lá "Muito à vontade", "Minha saudade", "Sambou, sambou", "Jodel".
"A Bossa muito moderna" introduz mais alguns temas originalmente instrumentais que, muitos anos depois, se tornariam obrigatórios em qualquer cancioneiro da MPB. Entre elas "Índio perdido", que viraria "Lugar comum", ao receber letra de Gilberto Gil. Gil também é parceiro nos versos que transformariam "Villa Grazia" em "Bananeira". Já "Silk Stop" é o tema original sobre o qual Martinho da Vila escreveria "Gaiolas Abertas". A influência da música cubana é evidente em "Bluchanga", dos tempos em que Donato tocava com Mongo Santamaría.
Donato muda-se mais uma vez para os Estados Unidos e lá permaneceria durante quase uma década. Trabalhou com Nelson Riddle, Herbie Mann, Chet Baker, Cal Tjader, Bud Shank, Armando Peraza, etc. Formou, ao lado de João Gilberto, Jobim, Moacir Santos, Eumir Deodato, Sergio Mendes e Astrud Gilberto, o grupo dos que tornaram o Brasil de facto reconhecido internacionalmente pela sua música.
"Piano of João Donato: The new sound of Brazil" (1965) e "Donato/Deodato" (1973) saíram respectivamente pela RCA e Muse Records, mas permanecem fora do catálogo no Brasil. Mas o disco que melhor representa a segunda temporada americana é "A Bad Donato" (1970), feito para o selo Blue Thumb, da California, e relançado em CD pela Dubas. Gravado em Los Angeles, "A Bad Donato" condensa funk, psicodelia, soul music, sons afro-cubanos, jazz fusion. Um Donato dançante, repleto de groove e veneno sonoro – antenadíssimo com o experimentalismo do sonho californiano - , considerado um dos 100 maiores discos da música brasileira pela Revista Rolling Stone.
Década de 70
No Natal de 1972, Donato foi ao Rio e à casa do compositor Marcos Valle, onde encontrou o cantor Agostinho dos Santos, que sugeriu a Donato dar letras a suas criações instrumentais. Sendo assim, alguns temas de Donato ganharam letras e ganharam contornos de canção popular. Valle convidou-o a gravar um novo disco no Brasil, com o reportório formado a partir deste novo cancioneiro. O episódio é contado por Donato: "Eu ia gravar instrumental dentro de alguns dias e o Agostinho dos Santos falou: ‘Vai gravar tocando piano de novo? Todo mundo já ouviu isso. Se fosse você, eu gravaria cantando". A partir deste momento Donato deixa de ser integrante exclusivo da seara instrumental e entra para a MPB. Além de Gil, Martinho e Lysias, Chico Buarque, Caetano Veloso, Cazuza, Arnaldo Antunes, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Ronaldo Bastos, Abel Silva, Geraldo Carneiro e até o poeta Haroldo de Campos e o fonoaudiólogo e escritor Pedro Bloch tornaram-se parceiros de João.
O disco "Quem é quem", lançado pela Odeon, em 1973 traz as músicas "Terremoto", "Chorou, chorou" (ambas com letra de Paulo César Pinheiro"), "Até quem sabe" (com Lysias), "Cadê Jodel?" (com Marcos Valle). Até Dorival Caymmi manda uma música inédita, "Cala a boca, Menino". Em carta enviada a João Gilberto, em 13 de setembro de 1973, Donato não esconde o entusiasmo: "É o meu melhor trabalho em discos até o momento, tendo-se em conta o tempo que demorou, o que demonstra o máximo cuidado com que tudo aconteceu. E o resultado é um disco que eu simplesmente acho adorável". Também foi considerado um dos 100 melhores discos de todos os tempos pela Revista Rolling Stone. Em 2008 "Quem é Quem" foi tema de programa inteiramente dedicado a ele, pelo Canal Brasil, apresentado por Charles Gavin; e de livro escrito pelo produtor e músico Kassim.
O álbum seguinte, "Lugar comum" (1975), pela Philips, dá sequência ao Donato vocalista, com a maior parte do repertório formado por ex-temas instrumentais. Há parcerias com Caetano Veloso ("Naturalmente"), Gutemberg Guarabyra ("Ê menina"), Rubens Confete ("Xangô é de Baê"). Só com Gilberto Gil são oito, entre elas "Tudo tem", "A bruxa de mentira", "Deixei recado", "Que besteira", "Emoriô" e pelo menos dois standards para qualquer antologia da canção popular: a faixa-título e "Bananeira".
No texto que preparou para o lançamento em CD de "Lugar comum", pela Dubas, Donato revisita um certo dia de verão nos anos 1970, na casa de Caetano. Ele se aproximara dos baianos a ponto de fazer a direção musical do show "Cantar", de Gal Costa, registado em disco no ano anterior: "Estava todo mundo: Maria Bethânia, Gal, Caetano com Dedé e Moreno (...). Eles tinham meus dois discos "Muito à vontade" e "A bossa muito moderna" e eu sempre provocava, desafiando eles a fazer as letras. Quando surgiu essa melodia, o Gil inventou que era "bananeira não sei / bananeira sei lá (...)". Daí eu disse: "quintal do seu olhar". E ele: "olhar do coração. Como se fosse um ping-pong na segunda parte".
Lembram daquela excursão que Donato fez à Europa com João Gilberto, logo depois da primeira temporada americana? Pois foi num vilarejo italiano que a bananeira foi plantada. Donato explica: "As minhas primeiras letras surgiram a partir desses temas instrumentais já gravados, que eu pensava que não iam ter letra nunca. "Bananeira" era "Villa Grazia", o nome da pousadinha onde a gente ficou em Lucca, na Itália, acompanhando o João Gilberto numa temporada (...). Noventa e nove por cento das minhas músicas instrumentais trocaram de nome, por causa da letra".
Depois desse período, Donato ficou quase vinte anos sem gravar. O mainstream da época parecia não absorver o que a turma pop começou a enxergar a partir dos anos 1990. A volta de João ao mundo do disco acontece em 1996 (ele lançara apenas o instrumental e ao vivo "Leilíadas", pela WEA, em 1986), com o álbum "Coisas tão simples", produzido por João Augusto, para a EMI. O disco traz "Doralinda", parceria com Cazuza, além de novas colaborações com Lysias ("Fonte da saudade"), Norman Gimbel ("Everyday"), Toshiro Ono ("Summer of tentation").
De lá para cá, Donato tem lançado seus álbuns sobretudo por três gravadoras independentes: Pela Lumiar, de Almir Chediak: "Café com pão" (com o baterista Eloir de Moraes, 1997); "Só danço samba" (1999); os três volumes da coleção Songbook (1999), além de "Remando na raia" (2001), encontro com Emilio Santiago (2003) e o reencontro com Maria Tita (2006). Na Deckdisc, faz "Ê Lalá Lay-Ê" (2001), "Managarroba" (2002) e o instrumental "O piano de João Donato", produzidos pelo roqueiro Rafael Ramos, além do disco gravado com Wanda Sá (2003).
Pela Biscoito Fino, saíram os encontros instrumentais com Paulo Moura ("Dois panos pra manga", 2006) e Bud Shank ("Uma tarde com", este também em DVD). Pela Biscoito, Donato fez ainda o DVD "Donatural" (2005), onde recebe – em gravação ao vivo no Espaço Sérgio Porto, no Rio – diversas gerações de parceiros: de Gilberto Gil ao DJ Marcelinho da Lua; de Emilio Santiago a Marcelo D2; de Leila Pinheiro a Joyce, com direito a Ângela Rô Rô e o filho Donatinho, fera nos teclados e dos samplers.
João Donato vive no bairro da Urca, no Rio. Ele é casado com a jornalista Ivone Belem, desde 2001. É pai de Jodel, Joana e Donatinho.
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Elba Ramalho - 63 anos
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sábado, agosto 16, 2014
Madonna - 56 anos
Anto nasceu há 147 anos
Georges! anda ver meu país de romarias
E procissões!
Olha estas mocas, olha estas Marias!
Caramba! dá-lhes beliscões!
Os corpos delas, vê! são ourivesarias,
Gula e luxúria dos Manéis!
Têm orelhas grossas arrecadas,
Nas mãos (com luvas) trinta moedas, em anéis,
Ao pescoço serpentes de cordões,
E sobre os seios entre cruzes, como espadas,
Além dos seus, mais trinta corações!
Vá! Georges, faz-te Manel! viola ao peito,
Toca a bailar!
Dá-lhes beijos, aperta-as contra o peito.
Que hão-de gostar!
Tira o chapéu, silêncio!
Passa a procissão
Estralejam foguetes e morteiros.
Lá vem o Pálio e pegam ao cordão
Honestos e morenos cavalheiros.
Altos, tão altos e enfeitados, os andores,
Parecem Torres de David, na amplidão!
Que linda e asseada vem a Senhora das Dores!
Olha o Mordomo. à frente, o Sr. Conde.
Contempla! Que tristes os Nossos Senhores,
Olhos leais fitos no vago... não sei onde!
Os anjinhos!
Vêm a suar:
Infantes de três anos, coitadinhos!
Mãos invisíveis levam-nos de rastros
Que eles mal sabem andar.
Esta que passa é a Noite cheia de astros!
(Assim estava, em certo dia, na Judeia!
Aquele é o Sol! (Que bom o Sol de olhos pintados!)
E aquela é a Lua-Cheia!
Seus doces olhos fazem luar...
Essa, acolá, leva na mão os Dados,
Mas perde tudo se vai jogar.
E esta que passa, toda de arminhos,
(Vê! dentre o povo em êxtase, olha-a a Mãe)
Leva, sorrindo, a Coroa dos Espinhos,
Criança em flor que ainda não os tem.
E que bonita vai a Esponja de Fel!
Mas ela sabe, a inocentinha,
Nas suas mãos, a Esponja deita mel:
Abelhas de oiro tomam-lhe a dianteira.
Lá vem a Lança! A bainha
Traz ainda o sangue da Sexta-Feira...
Passa o último, o Sudário!
O Corpo de Jesus, Nosso Senhor...
Oh que vermelho extraordinário!
Parece o sol-pôr...
Que pena faz vê-lo passar em Portugal!
Ai que feridas! e não cheiram mal...
E a procissão passa. Preia-mar de povo!
Maré-cheia do Oceano Atlântico!
O bom povinho de fato novo,
Nas violas de arame soluça, romântico,
Fadinhos chorosos da su'alma beata.
Trazem imagens da Função nos seus chapéus.
Poeira opaca. Abafa-se. E, no céu, ferro e oiro,
O Sol em glória brilha olímpico, e de prata,
Como a velha cabeça aureolada de Deus!
Trombetas clamam. Vai correr-se o toiro.
Passam as chocas, boas mães I passam capinhas.
Pregões. Laranjas! Ricas cavaquinhas!
Pão-de-ló de Margaride!
Aguinha fresca de Moirama!
Vinho verde a escorrer da vide!
À porta dum casal. um tísico na cama,
Olha tudo isto com seus olhos de Outro-Mundo,
E uma netinha com um ramo de loireiro
Enxota as moscas do moribundo.
Dança de roda moças o coveiro.
Clama um ceguinho:
«Não há maior desgraça nesta vida,
que ser ceguinho!»
Outro moreno, mostra uma perna partida!
Mas fede tanto, coitadinho...
Este, sem braços, diz «que os deixou na pedreira...»
E esse, acolá, todo o corpinho numa chaga,
Labareda de cancros em fogueira,
Que o sol atiça e que a gangrena apaga,
Ó Georges, vê! que excepcional cravina...
Que lindos cravos para pôr na botoeira!
Tísicos! Doidos! Nus! Velhos a ler a sina!
Etnas de carne! Jobes! Flores! Lázaros! Cristos!
Mártires! Cães! Dálias de pus! Olhos-fechados!
Reumáticos! Anões! Delíriums-trémens! Quistos!
Monstros, fenómenos, aflitos, aleijados,
Talvez lá dentro com perfeitos corações:
Todos, à uma, mugem roucas ladainhas,
Trágicos, à uma, mugem roucas ladainhas,
Trágicos, uivam «uma esmolinha plas alminhas
Das suas obrigações!»
Pelo nariz corre-lhes pus, gangrena, ranho!
E, coitadinhos! fedem tanto – é de arrasar...
Qu'é dos Pintores do meu país estranho,
Onde estão eles que não me vêm pintar?
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Eça de Queirós morreu há 114 anos
Postado por Fernando Martins às 11:40 0 bocas
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Francisco José, o irmão cantor do geólogo Professor Doutor Galopim de Carvalho, nasceu há 90 anos!
Francisco José Galopim de Carvalho (Évora, 16 de agosto de 1924 - Lisboa, 31 de julho de 1988), mais conhecido como Francisco José, foi um cantor português.
- Olhos Castanhos / Maria Severa (78 R.P.M., 1951, Estoril)
- Quatro Palavras / Como é Bom Gostar de Alguém (78 R.P.M., 1951, Estoril)
- Serenata da Saudade / O Telefone Não Tocou (78 R.P.M., 1951, Estoril)
- Desprendimento / Canção do Relógio (78 R.P.M., 1951, Estoril)
- Ana Paula / Princesa dos Meus Desejos (78 R.P.M., 1951, Estoril)
- Desde que Eu Fiquei Sem Ti / Olhos Tristes (78 R.P.M, 1951, Estoril)
- Deixa Falar o Mundo / És Tu (78 R.P.M., 1951, Estoril)
- Doido Sim mas Não Louco / Você (78 R.P.M., 1951, Estoril)
- Tu Somente Tu / Gosto dos Teus Olhos Negros (78 R.P.M., 1951, Estoril)
- Olhos Castanhos / Canção do Mar (78 R.P.M., 1961, Phillips)
- Sucessos de Portugal (LP, 33 R.P.M., 1961, Phillips)
- Francisco José e as canções que ninguém esquece (LP, 1960, Phillips)
- "Recordações de Uma Vida" (compilação póstuma, editada em 2007 pela Farol Música).
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