quarta-feira, fevereiro 01, 2012

O gélogo, geógrafo, metalurgista, naturalista e arquiteto Barão de Eschwege morreu há 157 anos

(imagem daqui)

Wilhelm Ludwig von Eschwege (Auer Wasserburg, Hesse, 10 de novembro de 1777 - Kassel, 1 de fevereiro de 1855), também conhecido por barão de Eschwege, Guilherme von Eschwege ou por Wilhelm Ludwig Freiherr von Eschwege, foi um geólogo, geógrafo e metalurgista de nomeada, contratado pela coroa portuguesa para proceder ao estudo do potencial mineiro do país. Encontrava-se em Portugal quando em 1808 a corte se transferiu para o Rio de Janeiro devido à invasão francesa comandada por Junot, tendo seguido posteriormente para o Brasil, onde se viria a notabilizar pela realização da primeira exploração geológica de carácter científico feita naquele país.

Wilhelm Ludwig von Eschwege nasceu a 10 de Novembro de 1777 em Aue bei Eschwege, Hessen, Alemanha, filho de família aristocrática. Destinado à carreira militar, estudou na Universidade de Göttingen (1796-1799), tendo sido contemporâneo de Langsdorff. Em Marburg tomou contato com a engenharia de minas, e tornou-se consultor em Clausthal e Richelsdorf, em 1801.
Apesar de alguns afirmarem que foi aluno de Abraham Gottlob Werner (1749-1817), o fundador da moderna mineralogia, não há nos anais de Freiberg referência a sua passagem por lá. Assim, faltam informações sobre como José Bonifácio de Andrada e Silva o convidou para Portugal.
Apesar de destinado à vida militar a sua curiosidade intelectual levou-o a adquirir a formação académica ecléctica, característica da intelectualidade europeia do século XIX. Estudou Direito, Ciências Naturais, Arquitectura, Ciência e Economia Política, Economia Florestal, Mineralogia e Paisagismo.

Em 1802, Eschwege parte para Portugal, país onde permanece até 1810, ocupando o cargo de director de minas. Da sua experiência em Portugal, e das viagens de prospecção que empreendeu por todo o país, recolheu informação geológica e paleontológica, além de informação sobre técnicas de mineração e de administração das minas em Portugal e nas colónias, que lhe permitiram iniciar a publicação de diversas obras de carácter científico e integrar uma rede intelectual abrangente, que incluía, entre outros, sumidades como Goethe, Karl Marx e Alexander von Humboldt.
Durante a sua estada em Portugal catalogou inúmeros aspectos da mineralogia portuguesa, nomeadamente na Serra do Espinhaço e publicou um estudo sobre as conchas fossilizadas da região de Lisboa.
De 1803 a 1809 o barão de Eschwege esteve à testa da fábrica de artilharia e aprestos de ferro na Arega, Figueiró dos Vinhos, onde se fabricavam, entre muitas outras obras em ferro, os canhões para as forças armadas portuguesas.


Depois de ter trabalhado em Portugal, o barão de Eschwege seguiu em 1810 para o Brasil, a convite do príncipe regente D. João, para reanimar a decadente mineração de ouro e para trabalhar na nascente indústria siderúrgica. Foi ainda encarregue do ensino das ciências da engenharia aos futuros oficiais do exército e de continuar, agora naquele território, os seus trabalhos de exploração mineira e de metalurgia.
Em 1810 foi criado pelo príncipe regente D. João o Real Gabinete de Mineralogia do Rio de Janeiro, sendo ele chamado para o dirigir e ensinar aos mineiros técnicas avançadas de extracção mineral. Permaneceu até 1821 no Brasil, com a patente de tenente-coronel engenheiro, nomeado "Intendente das Minas de Ouro" e curador do Gabinete de Mineralogia.
Nesse mesmo ano Eschwege iniciou em Congonhas do Campo, Minas Gerais, os trabalhos de construção de uma fábrica de ferro, denominada de "Patriótica", empreendimento privado, sob a forma de sociedade por acções. Em 1811 sua siderurgia já produzia em escala industrial.
No ano de 1812, em Itabira do Mato Dentro (actual Itabira, Minas Gerais), foi pela primeira vez extraído ferro por malho hidráulico, com a ajuda de Eschwege, que ali inovou a mineração de ouro introduzindo os pilões hidráulicos na lavra do coronel Romualdo José Monteiro de Barros, futuro Barão de Paraopeba, em Congonhas do Campo.
Em 1817 foram aprovados pelo Governo os estatutos das sociedades de mineração, que estabeleciam as bases para a fundação da primeira companhia mineira do Brasil, sugeridas por Eschwege.
Nos campos da geologia e da mineralogia, empreendeu viagens de exploração das quais resultou uma vasta obra escrita de pesquisas geológicas e mineralógicas. Foram importantes suas expedições de exploração científica aos Estados de São Paulo e Minas Gerais, o primeiro a assinalar a presença de manganês.
Da obra escrita, publicada na Europa, sobressaem Pluto Brasiliensis (Berlim, 1833) a primeira obra científica sobre a geologia brasileira, e Contribuições para a Orografia Brasileira.
Com Francisco de Borja Garção Stockler, teve papel importante na estruturação do ensino nas áreas da matemática e da física na Academia Militar do Rio de Janeiro, escola militar criada por carta régia de 4 de Dezembro de 1810, que iniciou actividades a 23 de Abril de 1811, e é uma das instituições antecessoras da actual Academia Militar das Agulhas Negras e a primeira escola de engenharia no Brasil.

Era amante da arquitectura e colaborou, a convite de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, casado com a rainha D. Maria II, na elaboração dos planos para o Palácio Nacional da Pena. Tal colaboração deu-se entre 1836 e 1840, muito depois do seu regresso do Brasil.
Regressou à Alemanha, onde faleceu em Kassel-Wolfsanger, Hessen, a 1 de fevereiro de 1855.

Diz dele a obra Enciclopédia dos Lugares Mágicos de Portugal (2006) que, enigmático, dele ficou escassa memória.
Em honra dele seria mais tarde instituída no Brasil a Medalha Barão de Eschwege para galardoar a excelência em matéria de siderurgia. «Naturalista, estudioso de mineralogia, geologia e botânica, engenheiro militar de profissão, trabalhou desde 1803 em Portugal nas minas da foz do Alge em projecto abortado. Entra no Exército português com o posto de capitão de artilharia desde 1807, tendo combatido as tropas francesas, passando desde 1810 ao Brasil, onde produzirá significativo trabalho no campo da geologia e mineração. Assumindo o cargo de director de minas virá, mais tarde, a ser demitido pelos miguelistas. Reintegrado pelos liberais em 1835, fora promovido a brigadeiro do Exército. Conhecedor dos hábitos portugueses, publicara em Hamburgo em 1833 a obra «Portugal eis Stat-und Sittengemalde» (Portugal, Quadro estatístico - Moral Cenas e Bosquejos) que D. Fernando II certamente leu, apesar de apreendida pelas autoridades alemães até sua reedição em 1837; e o mais certo é que tenha fortemente influído as escolhas políticas do então jovem príncipe. Quanto à sua relação com D. Fernando II, presume-se ter sido de grande confiança, ao ponto de o rei lhe ter concedido carta branca para traçar as reformas da Pena e de o ter preferido a Possidónio da Silva, então arquitecto da Casa Real, logo que, durante a execução do projecto, surgiram as primeiras desavenças entre ambos.» E, adiante: «D. Fernando certamente viu em Eschwege, para além de uma experiência vivida e uma proximidade linguística que muito ajudava a resolver os problemas do projecto, a flexibilidade e a adaptabilidade necessárias para ceder às idiossincrasias do príncipe, que queria ali fazer o «seu» palácio, quase que partilhando a autoria. Por outro lado, a cultura do barão de Eschwege, que privara com von Humboldt e Goethe aquando de uma das suas viagens pela Europa e que conhecia certamente as dissertações de Schlegel quanto à sublimidade do gótico e da sua suposta relação com a natureza, dir-lhe-iam mais do que a de um prático (embora competente) arquitecto português.»

O Rei D. Carlos I e o Príncipe das Beiras e Duque de Bragança D. Luís Filipe foram assassinados há 104 anos

O Regicídio de 1 de fevereiro de 1908, ocorrido na Praça do Comércio, na época (mais conhecida por Terreiro do Paço), em Lisboa, marcou profundamente a História de Portugal, uma vez que dele resultou a morte do Rei D. Carlos e do seu filho e herdeiro, o Príncipe Real D. Luís Filipe, marcando o fim da ultima tentativa séria de reforma da Monarquia Constitucional, e consequentemente, uma nova escalada de violência na vida pública do País.

Rick James nasceu há 64 anos

Rick James (1 de fevereiro de 1948 - 6 de agosto de 2004) foi um cantor, compositor e produtor norte-americano de funk e soul. Seu nome real era James Ambrose Johnson, Jr. e nasceu na cidade de Buffalo, estado de Nova York.

James era o terceiro de oito filhos de um ex-dançarino que trabalhava na indústria automobilística. Era sobrinho de Melvin Franklin, vocalista do grupo The Temptations. Com 15 anos, James ingressou na Reserva Naval. Quando isto passou a interferir em sua carreira musical, ele começou a faltar nos treinos no quartel aos finais de semana. Ele foi considerado "desertor" e fugiu para Toronto, no Canadá. Lá, ele continuou sua carreira musical e formou uma banda chamada The Mynah Birds, a qual tinha também Neil Young e Bruce Palmer como integrantes. Os processos voltaram a rondá-lo quando seu sucesso o levou de volta aos Estados Unidos, onde foi preso e cumpriu pena por deserção. Depois de solto, James passou algum tempo no Reino Unido, onde integrou um grupo chamado Main Line. Em 1977 ele retornou aos EUA e foi trabalhar com a gravadora Motown, no início como compositor, depois como cantor e produtor. James foi mais produtivo no fim dos anos 70 e início dos 80. Foi cantor, teclista, baixista, produtor, arranjador e compositor. Tocava principalmente com a sua banda, a Stone City Band.
O primeiro sucesso de James foi You And I, uma gravação de 8 minutos em seu primeiro álbum, de 1978, Come Get It, do qual fazia sua parte sua ode à marijuana chamada simplesmente Mary Jane.
Em 1979 James lançou dois álbuns: Bustin' Out Of L Seven, em janeiro e Fire It Up na segunda metade do ano. Depois do pouco brilhante álbum Garden Of Love de 1980, gravou um álbum conceitual chamado Street Songs. Este incluiu seu grande sucesso Super Freak (o qual serviu posteriormente como melodia de fundo para a música "U can't touch this" de MC Hammer, em 1990). Outros sucessos do disco incluíam Give it to Me Baby e Ghetto Life (no mesmo álbum), e ainda Teardrops, Cold Blooded, 17 (Seventeen), You Turn Me On e Glow, seu último sucesso de Rhytm'n'Blues (R&B), em 1985. Além disso, ele ajudou a lançar a cantora branca de R&B Teena Marie e também o grupo Mary Jane Girls.
Mas era o lado obscuro da vida de James que ofuscava sua carreira. Era um consumidor ocasional de drogas, viciado principalmente em cocaína. Em 1993, James foi acusado de assaltar duas mulheres para comprar droga. Passou dois anos na prisão, porém isto não o impediu de continuar compondo. Foi libertado em 1995.
James tentou retornar em 1997, porém sofreu um pequeno derrame durante um concerto em Denver, que pôs um fim em sua carreira musical, apesar de sua última performance ter sido em 2004 no BET Music Awards.
Desconhecido de muitos, James tinha inúmeros fãs. Ele procurava conhecê-los e agradecer o seu apoio a ele. Bandas que se beneficiaram disso incluem, dentre outras, The University of Waterloo Funk Kings, Hell's Funk e J Funk and Funkalicious Five.
Antes do derrame, James foi entrevistado para uma série de TV chamada Behind The Music (Por detrás da música), e pela primeira vez falou abertamente sobre o vício e sua batalha contra as drogas.
James foi encontrado morto por um empregado em 6 de agosto de 2004, em sua casa em Los Angeles. James morreu de falência cardíaca e pulmonar, tendo como complicadores o diabetes e o derrame cerebral e estando dependente de um pacemaker. Na época de sua morte, estava a trabalhar em sua autobiografia, Confessions Of A Superfreak, assim como em um novo álbum. Tendo sido casado e posteriormente divorciado, deixou três filhos, Tazman James, Ty James, e Rick James Jr., e duas netas.
Agendado para lançamento entre setembro e outubro de 2004 o DVD Rick James: Rockpalast Live, que apresenta um concerto de 1982 gravado em Essen, Alemanha.

Mondrian morreu há 68 anos

Pieter Cornelis Mondrian, geralmente conhecido por Piet Mondrian (Amersfoort, 7 de março de 1872 - Nova Iorque, 1 de fevereiro de 1944) foi um pintor Holandês modernista. Participou do movimento artístico Neoplasticismo e colaborou com a revista De Stijl.
 
 Gray Tree, 1912, an early experimentation with cubism
 
View from the Dunes with Beach and Piers, Domburg, oil and pencil on cardboard, 1909, Museum of Modern Art, New York City

Composition II in Red, Blue, and Yellow, 1930
 

terça-feira, janeiro 31, 2012

O poeta Luis de Montalvor nasceu há 121 anos

(imagem daqui)

Poeta, ensaísta e editor português, de nome verdadeiro Luís Filipe de Saldanha da Gama da Silva Ramos, nascido a 31 de janeiro de 1891, em S. Vicente, Cabo Verde, e falecido a 2 de março de 1947, em Lisboa. Como editor e colaborador de Orpheu, em 1915 - onde publica, no número 1, Introdução, editorial que sublinha o carácter elitista do projeto estético que une o grupo de Orpheu, e, no número 2, o poema "Narciso" -, o seu nome inscreve-se no primeiro modernismo, no que esse movimento representou de continuidade e redescoberta do simbolismo-decadentismo. É nesse sentido que, ao fundar, no ano seguinte, Centauro, publica, a título programático relativamente à publicação, a "Tentativa de um ensaio sobre a Decadência", onde apela para uma recuperação do simbolismo, cuja breve explicação baseia numa teoria dos símbolos, bebida em Maeterlinck, movimento literário enaltecido por conter uma "teoria de libertação", "um fundo espiritual poético e misterioso, mais adiante identificado como "flor da arte decadente": ser-se decadente "É ser-se, enfim, andrógino e equívoco de qualquer maneira. É ser-se, enfim, todos, sem ser o que todos são, [...] Só são decadentes os que receberam o mandato de Deus e da Beleza [...]". É, aliás, nas páginas de Centauro, e na sequência desta reflexão, que publica os poemas inéditos de Camilo Pessanha (posteriormente recolhidos em Clepsidra, 1920), como expressão mais pura do simbolismo português. Vindo ainda a colaborar em Presença, Exílio, Athena, Contemporânea, Sudoeste, Cadernos de Poesia e Seara Nova, Luís de Montalvor desenvolveu simultaneamente uma atividade editorial de especial relevância cultural, se considerarmos o impacto que a leitura dos modernistas teve para as gerações poéticas dos anos 40 e 50, ao encetar, na editorial e livraria Ática, fundada pelo próprio em 1942, a publicação e divulgação das obras completas de Fernando Pessoa e de Mário de Sá-Carneiro. A sua poesia, esparsamente publicada, foi coligida postumamente, em 1960, e revela, sobretudo a partir da sua aproximação ao grupo de "Orpheu", uma íntima conexão com uma estética decadentista-simbolista. Numa abordagem mais modernista, publicou Noite de Satan e A Caminho, e, em colaboração com Diogo de Macedo, A Arte Indígena Portuguesa (1935).
TARDE

Ardente, morna, a tarde que calcina,
como em quadrante a sombra que descora,
morre − baixo relevo que domina −
como um sol que sobre saibros se demora.

Inunda a terra a vaga de ouro: fina
chuva de sonho. Paira, ao longe, e chora
o olhar errado ao sol que já declina
sobre as palmeiras que o deserto implora.

A um zodíaco de fogo a tarde abrasa,
em terra de varão que o olhar esmalta.
− Estagnante plaino de ouro e rosas − vaza

nele a sombra, sem dor, que em nós começa
e galga, sobe, monta e vive e exalta.
E a noite, a grande noite, recomeça!


Luís de Montalvor

Mais música de Schubert


Recordando Fernando Namora

(imagem daqui)

EPIGRAMA


Este poeta não tem unhas: tem garras
e não diz raiva: diz rage
não diz amor: diz merde
e di-lo-á até pagar a renda da casa.
Depois...talvez lhe reste
deixar de ser poeta.


in Marketing (1969) - Fernando Namora

¿De dónde es, Atahualpa Yupanqui?


Christina Aguilera cantando no funeral de Etta James


Se...

(imagem daqui)


SE

Se eu pudesse
escrever só
para ti
(que é
um modo de dizer:
como a brisa passa
porque é brisa
como as águas
correm porque
são água
como a planta respira
e a fera mata)
se eu pudesse
escrever
sem endereços
sem sobrescritos
sem o medo
de ser lido
de ter escrito
seria a verdade
dos rios
seria a praia nocturna
a sós com o mar
seria o hálito
da boca desnuda
seria montanha
seria o rio
seria o mar
seria a asa.
Seria
eu.

in Marketing
- Fernando Namora

O cantor Atahualpa Yupanqui nasceu há 104 anos

Atahualpa Yupanqui, pseudónimo de Héctor Roberto Chavero (Pergamino, Buenos Aires, 31 de janeiro de 1908 - Nimes, 23 de maio de 1992), foi um compositor, cantor, violonista e escritor argentino. É considerado um dos mais importantes divulgadores de música folclórica daquele país. Suas composições foram cantadas por reconhecidos intérpretes, como Mercedes Sosa, Alfredo Zitarrosa, Víctor Jara, Ángel Parra, Marie Laforêt e Elis Regina entre outros, continuando a fazer parte do reportório de vários artistas na Argentina e de diferentes partes do mundo.
Filho de pai quéchua e mãe basca, mudou-se ainda criança com a família para Agustín Roca, em cuja linha de caminho de ferro o seu pai trabalhava.
Na adolescência, começa a tomar aulas de viola com o concertista Bautista Almirón, viajando diariamente os 15 quilómetros que o separavam da casa do mestre. Foi nessa época que adotou o pseudónimo de Atahualpa Yupanqui, em homenagem a Atahualpa e Tupac Yupanqui, os últimos imperadores incas.



Hoje é dia de Poesia

Auto Retrato - retirado daqui

Poema para Iludir a Vida

Tudo na vida está em esquecer o dia que passa.
Não importa que hoje seja qualquer coisa triste,
um cedro, areias, raízes,
ou asa de anjo
caída num paul.
O navio que passou além da barra
já não lembra a barra.
Tu o olhas nas estranhas águas que ele há-de sulcar
e nas estranhas gentes que o esperam em estranhos portos.
Hoje corre-te um rio dos olhos
e dos olhos arrancas limos e morcegos.
Ah, mas a tua vitória está em saber que não é hoje o fim
e que há certezas, firmes e belas,
que nem os olhos vesgos
podem negar.
Hoje é o dia de amanhã.

in
"Mar de Sargaços - Fernando Namora

Parte de Sinfonia de Schubert para celebrar a data do seu nascimento


Schubert nasceu há 215 anos

Franz Peter Schubert (Himmelpfortgrund, 31 de janeiro de 1797 - Viena, 19 de novembro de 1828) foi um compositor austríaco do fim da era clássica, com um estilo marcante, inovador e poético do romanticismo. Escreveu cerca de seiscentas canções (o "lied" alemão), bem como óperas, sinfonias, incluindo a "Sinfonia Incompleta", sonatas entre outros trabalhos. Não houve grande reconhecimento público da sua obra durante sua curta vida; teve sempre dificuldade em assegurar um emprego permanente, vivendo muitas vezes à custa de amigos e do trabalho que o pai lhe dava. Morreu sem quaisquer recursos financeiros com a idade de 31 anos. Hoje, o seu estilo considerado por muitos como imaginativo, lírico e melódico, fá-lo ser considerado um dos maiores compositores do século XIX, marcando a passagem do estilo clássico para o romântico. Podemos defini-lo como "mais um artista incompreendido pelos seus contemporâneos".

Guy Fawkes foi executado há 406 anos

Guy Fawkes num desenho de George Cruikshank para a novela Guy Fawkes, de William Harrison Ainsworth (1840)

Guy Fawkes (Iorque, 13 de abril de 1570 - Londres, 31 de janeiro de 1606), também conhecido como Guido Fawkes, foi um soldado inglês católico que teve participação na "Conspiração da pólvora" (Gunpowder Plot) na qual se pretendia assassinar o rei protestante Jaime I da Inglaterra e todos os membros do parlamento durante uma sessão em 1605, tentando o início de um levantamento católico. Guy Fawkes era o responsável por guardar os barris de pólvora que seriam utilizados para explodir o Parlamento do Reino Unido durante a sessão.
Porém a conspiração foi desarmada e após o seu interrogatório e tortura, São Guy Fawkes foi executado na forca por traição e tentativa de assassinato. Outros participantes da conspiração acabaram tendo o mesmo destino. Sua captura é celebrada até os dias atuais no dia 5 de novembro, na "Noite das Fogueiras" (Bonfire Night).
Guy Fawkes nasceu na cidade de Iorque, e converteu-se ao Catolicismo aos dezasseis anos. Como soldado era especialista em explosivos. Por ser simpatizante dos espanhóis católicos, adotou também a versão espanhola de seu nome francês: Guido.

Conspiração da pólvora
A Conspiração da Pólvora foi um levante liderado por Robert Catesby, que foi executado, assim como outros católicos insatisfeitos, pela repressão empreendida pelo rei protestante Jaime I aos direitos politicos dos católicos por causa de suas atividades subversivas contra a coroa, e para restaurar o poder temporal da igreja católica.
O objetivo deles era explodir o parlamento inglês utilizando trinta e seis barris de pólvora estocados sob o prédio durante uma sessão na qual estaria presente o rei e todos os parlamentares. Guy Fawkes, como especialista em explosivos, seria responsável pela detonação da pólvora.
Porém os conspiradores notaram que o ato poderia levar à morte de diversos inocentes e defensores da causa católica, portanto enviaram avisos para que alguns deles mantivessem distância do parlamento no dia do ataque. Para infelicidade dos conspiradores, um dos avisos chegou aos ouvidos do rei, o qual ordenou uma revista no prédio do parlamento. Assim acabaram encontrando Guy Fawkes guardando a pólvora.
Ele foi preso e torturado, revelando o nome dos outros conspiradores. No final foi condenado a morrer na forca por traição e tentativa de assassinato. Os outros participantes revelados por Fawkes acabaram também sendo executados.
Ainda nos dias de hoje o rei ou rainha vai até o parlamento apenas uma vez ao ano para uma sessão especial, sendo mantida a tradição de se revistar os subterrâneos do prédio, antes da sessão.
Do mesmo modo foi mantida a tradição de celebrar no dia 5 de novembro a Noite das Fogueiras. Nesta noite é tradição malhar e queimar em fogueiras, bonecos que representam Fawkes, e soltar fogos de artifício.


Manifestantes do grupo Anonymous utilizando máscaras de Guy Fawkes baseadas no modelo apresentado no filme V de Vingança

Influências atuais
O livro V de Vingança (uma graphic novel), com roteiro de Alan Moore e desenho de David Lloyd, possui fortes influências da "Conspiração da Pólvora". Um dos personagens, que utiliza o nome de código V, acaba por concretizar os planos da conspiração, explodindo o parlamento inglês num futuro dia 5 de novembro. Este personagem esconde o rosto atrás de uma máscara de Guy Fawkes (usada na Noite das Fogueiras), e o seu objetivo é iniciar uma revolta contra o regime fascista que se instalou na Inglaterra após uma guerra biológica.
Outra influência é encontrada em pelo menos dois dos livros da saga Harry Potter: em Harry Potter e a Pedra Filosofal, no primeiro capítulo, a história é explicitamente citada quando dois locutores de televisão, ao anunciarem uma chuva de estrelas observada anormalmente no céu, atribuem a sua origem a uma provável comemoração antecipada da Noite das Fogueiras; e em Harry Potter e a Câmara Secreta, no capitulo doze, uma fénix é chamada de Fawkes, tentando traçar um paralelo entre o mito da fénix que, após morrer renasce das suas próprias cinzas, e a necessidade do renascimento social, cultural e político em Inglaterra, concretizável caso a revolução fosse adiante.
No vídeo-jogo Fallout 3, um dos personagens utiliza o nome Fawkes. Quando questionado sobre o porquê da escolha do nome, responde que era o nome de alguém "...que lutou e morreu por aquilo em que acreditava."

Há 121 ocorreu uma tentativa de revolução republicana no Porto

(imagem daqui)

A Revolta de 31 de janeiro de 1891 foi o primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta teve lugar na cidade do Porto.

As causas
No dia 31 de janeiro de 1891, na cidade do Porto, registou-se um levantamento militar contra as cedências do Governo (e da Coroa) ao ultimato britânico de 1890 por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique.
A 1 de Janeiro de 1891 reuniu-se o Partido Republicano em congresso, de onde saiu um directório eleito constituído por: Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Homem Cristo, Jacinto Nunes, Azevedo e Silva, Bernardino Pinheiro e Magalhães Lima. Estes homens apresentaram um plano de acção política a longo prazo, que não incluía a revolta que veio a acontecer, no entanto, a sua supremacia não era reconhecida por todos os republicanos, principalmente por aqueles que defendiam uma acção imediata. Estes, além de revoltados pelo desfecho do episódio do Ultimato, entusiasmaram-se com a recente proclamação da República no Brasil , a 15 de Novembro de 1889.
As figuras cimeiras da "Revolta do Porto", que sendo um movimento de descontentes grassando sobretudo entre sargentos e praças careceu do apoio de qualquer oficial de alta patente, foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, além dos civis, o dr. Alves da Veiga, o actor Miguel Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura como João Chagas, Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, entre outros.

O acontecimento
A revolta tem início na madrugada do dia 31 de janeiro, quando o Batalhão de Caçadores nº9, liderados por sargentos, se dirigem para o Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, onde se encontra o Regimento de Infantaria 18 (R.I.18). Ainda antes de chegarem, junta-se ao grupo, o alferes Malheiro, perto da Cadeia da Relação; o Regimento de Infantaria 10, liderado pelo tenente Coelho; e uma companhia da Guarda Fiscal. Embora revoltado, o R.I.18, fica retido pelo coronel Meneses de Lencastre, que assim, quis demonstrar a sua neutralidade no movimento revolucionário.
Os revoltosos descem a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, (hoje Praça da Liberdade), onde, em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, ouviram Alves da Veiga proclamar da varanda a Implantação da República. Acompanhavam-no Felizardo Lima, o advogado António Claro, o Dr. Pais Pinto, Abade de São Nicolau, o Actor Verdial, o chapeleiro Santos Silva, e outras figuras. Verdial leu a lista de nomes que comporiam o governo provisório da República e que incluíam: Rodrigues de Freitas, professor; Joaquim Bernardo Soares, desembargador; José Maria Correia da Silva, general de divisão; Joaquim d'Azevedo e Albuquerque, lente da Academia; Morais e Caldas, professor; Pinto Leite, banqueiro; e José Ventura Santos Reis, médico.
Foi hasteada uma bandeira vermelha e verde, pertencente a um Centro Democrático Federal. Com fanfarra, foguetes e vivas à República, a multidão decide subir a Rua de Santo António, em direcção à Praça da Batalha, com o objectivo de tomar a estação de Correios e Telégrafos.
No entanto, o festivo cortejo foi barrado por um forte destacamento da Guarda Municipal, posicionada na escadaria da igreja de Santo Ildefonso, no topo da rua. O capitão Leitão, que acompanhava os revoltosos e esperava convencer a guarda a juntar-se-lhes, viu-se ultrapassado pelos acontecimentos. Em resposta a dois tiros que se crê terem partido da multidão, a Guarda solta uma cerrada descarga de fuzilaria vitimando indistintamente militares revoltosos e simpatizantes civis. A multidão civil entrou em debandada, e com ela alguns soldados.
Os mais bravos tentaram ainda resistir. Cerca de trezentos barricaram-se na Câmara Municipal, mas por fim, a Guarda, ajudada por artilharia da serra do Pilar, por Cavalaria e pelo Regimento de Infantaria 18, força-os à rendição, às dez da manhã. Terão sido mortos 12 revoltosos e feridos 40.

O desfecho
Alguns dos implicados conseguiram fugir para o estrangeiro: Alves da Veiga iludiu a vigilância e foi viver para Paris: o jornalista Sampaio Bruno e o Advogado António Claro alcançaram a Espanha, assim como o Alferes Augusto Malheiro, que daí emigrou para o Brasil.
Os nomeados para o "Governo Provisório" trataram de esclarecer não terem dado autorização para o uso dos seus nomes. Dizia o prestigiado professor Rodrigues de Freitas, enquanto admitia ser democrata-republicano: "mas não autorizei ninguém a incluir o meu nome na lista do governo provisório, lida nos Paços do Concelho, no dia 31 de Janeiro, e deploro que um errado modo de encarar os negócios da nossa infeliz pátria levasse tantas pessoas a tal movimento revolucionário."
A reacção oficial seria como de esperar, implacável, tendo os revoltosos sido julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios, ao largo de Leixões: o paquete Moçambique, o transporte Índia e a corveta Bartolomeu Dias . Para além de civis, foram julgados 505 militares. Seriam condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de degredo em África cerca de duzentas e cinquenta pessoas. Em 1893 alguns seriam libertados em virtude da amnistia decretada para os então criminosos políticos da classe civil.
Em memória desta revolta, logo que a República foi implantada em Portugal, a então designada Rua de Santo António foi rebaptizada para Rua de 31 de janeiro, passando a data a ser celebrada dado que se tratava da primeira de três revoltas de cariz republicano efectuadas contra a monarquia constitucional (as outras seriam o Golpe do Elevador da Biblioteca, e o 5 de Outubro de 1910.

in Wikipédia

NOTA: como de costume, este artigo esquece o verdadeiro momento da imposição da república: o assassinato de El-Rei D. Carlos e do Príncipe das Beiras, D. Luís Filipe, que amanhã, recordaremos. Quanto ao resto, os republicanos foram iguais ao que sempre foram: uns fugiram, outros esconderam-se atrás de uma bandeira maçónica e outros aceitaram arcar com as culpas dos cabecilhas, sendo rapidamente perdoados pelo regime democrático então em vigor.

Mario Lanza nasceu há 91 anos

Mario Lanza (Filadélfia, 31 de janeiro de 1921Roma, 7 de outubro de 1959) foi um tenor norte-americano de ascendência italiana.

Fez grande sucesso na década de 1940 e 50, principalmente por suas participações no cinema. Interpretou Enrico Caruso no cinema e fez apenas sete filmes, mas ganhou notoriedade mundial.
Foi considerado o mais famoso tenor dos EUA, mas durante toda a carreira enfrentou problemas com o excesso de peso, o consumo de álcool e de barbitúricos. Influenciou vários cantores, tanto clássicos como populares, e o próprio Elvis Presley declarou em uma entrevista na década de 1970 que foi um dos seus maiores fãs.

Fernando Namora morreu há 23 anos

Fernando Namora (Condeixa-a-Nova, 15 de abril de 1919 - Lisboa, 31 de janeiro de 1989) de nome completo Fernando Gonçalves Namora, médico e escritor português, autor de uma extensa obra que, durante os anos 70 e 80, foi das mais divulgadas e traduzidas.
Licenciado em Medicina (1942) pela Universidade de Coimbra, pertenceu à geração de 40, grupo literário que reuniu personalidades marcantes como Carlos de Oliveira, Mário Dionísio, Joaquim Namorado ou João José Cochofel, moldando-o, certamente, como homem, à semelhança do exercício da profissão médica, primeiro na sua terra natal depois nas regiões da Beira Baixa e Alentejo, em locais como Tinalhas, Monsanto e Pavia, até que, em 1951, acabaria por se instalar em Lisboa - onde, curiosamente, muito jovem estudara no Liceu Camões - como médico assistente do Instituto Português de Oncologia.
O seu volume de estreia foi Relevos (1937), livro de poesia, porventura sob a influência de Afonso Duarte e do grupo da Presença. Mas já publicara em conjunto com Carlos de Oliveira e Artur Varela, um pequeno livro de contos Cabeças de Barro. Em (1938) surge o seu primeiro romance As Sete Partidas do Mundo que viria a ser galardoado com o Prémio Almeida Garrett no mesmo ano em que recebe o Prémio Mestre António Augusto Gonçalves, de artes plásticas - na categoria de pintura. Ainda estudante e com outros companheiros de geração funda a revista Altitude e envolve-se activamente no projecto do Novo Cancioneiro (1941), colecção poética de 10 volumes que se inicia com o seu livro-poema Terra, assinalando o advento do neo-realismo, tendo esta iniciativa colectiva, nascida nas tertúlias de Coimbra, de João José Cochofel, demarcado esse ponto de viragem na literatura portuguesa. Na mesma linha estética, embora em ficção, é lançada a colecção dos Novos Prosadores (1943), pela Coimbra Editora, reunindo os romances Fogo na Noite Escura, do biografado, Casa na Duna, de Carlos de Oliveira, Onde Tudo Foi Morrendo, de Vergílio Ferreira, Nevoeiro, de Mário Braga ou O Dia Cinzento, de Mário Dionísio, entre outros e nesta sequência.
Com uma obra literária que se desenvolve ao longo de cinco décadas é de salientar a sua precoce vocação artística, de feição naturalista e poética, tal como a importância do período de formação em Coimbra, mais as suas tertúlias e movimentos estudantis. Ao dar-se o amadurecimento estético do neo-realismo e coincidente com as vivências dos anos 50, enveredaria por novos caminhos, através de uma interpretação pessoal da narrativa, que o levaria a situar-se entre a ficção e a análise social. Os muitos textos que escreveu, nos diferentes momentos ou fases da vida literária, apresentam retratos com aspectos de picaresco, observações naturalistas e algum existencialismo. Independentemente do enquadramento, Namora foi um escritor dotado de uma profunda capacidade de análise psicológica, inseparável de uma grande sensibilidade e linguagem poética. Escreveu, para além de obras de poesia e romances, contos, memórias e impressões de viagem, com destaque para os cadernos de um escritor, que proporcionam um diálogo vivo com o leitor, e a abertura a outras culturas, terras e gentes, tal como a visão de um mundo em transformação, de uma realidade emergente, expressa em Estamos no Vento (Fevereiro de 1974).
Entre os muitos títulos que publica em prosa contam-se Fogo na Noite Escura (1943), Casa da Malta (1945), As Minas de S. Francisco (1946), Retalhos da Vida de um Médico (1949 e 1963), A Noite e a Madrugada (1950), O Trigo e o Joio (1954), O Homem Disfarçado (1957), Cidade Solitária (1959), Domingo à Tarde (1961, Prémio José Lins do Rego), Os Clandestinos (1972), Resposta a Matilde (1980) e O Rio Triste (1982, Prémio Fernando Chinaglia, Prémio Fialho de Almeida e Prémio D. Dinis). Ou, as biografias romanceadas de Deuses e Demónios da Medicina (1952). Além dos títulos já referidos, publicou em poesia Mar de Sargaços (1940), Marketing (1969) e Nome para uma Casa (1984) . Toda a sua produção poética seminal foi reunida numa antologia(1959) denominada As Frias Madrugadas. Escreveu ainda sobre o mundo e a sociedade em geral, na forma de narrativas romanceadas ou de anotações de viagem e reflexões críticas, sendo disso exemplo Diálogo em Setembro (1966), Um Sino na Montanha (1968), Os Adoradores do Sol (1971), Estamos no Vento (1974), A Nave de Pedra (1975), Cavalgada Cinzenta (1977), URSS, Mal Amada, Bem Amada e Sentados na Relva, ambos de (1986). Porém, foram romances como os Retalhos da Vida de um Médico, O Trigo e o Joio, Domingo à Tarde, O Homem Disfarçado ou O Rio Triste, que vieram a ser traduzidos em diversas línguas, tendo inclusive, em 1981, sido proposto para o Prémio Nobel da Literatura, pela Academia das Ciências de Lisboa e pelo PEN Clube.
Se quisermos contextualizar, sistematizar a sua obra em fases distintas de criação literária, podemos identificar: (1) o ciclo de juventude, principalmente enquanto estudante em Coimbra, coincidente com o livro-poema Terra e o romance Fogo na Noite Escura; (2) o ciclo rural, entre 1943 e 1950, representado pelas novelas Casa da Malta (escrita em 8 dias) e Minas de San Francisco, ou pelos romances A Noite e a Madrugada, O Trigo e o Joio sem esquecer os Retalhos da Vida de um Médico, cuja edição espanhola (1ª tradução) apresenta o prefácio de (Gregório Marañón); (3) o ciclo urbano, coincidente com a sua vinda para Lisboa, marcado pela solidão e vivências do quotidiano, e que se terá reflectido no romance O Homem Disfarçado, em Cidade Solitária ou no Domingo à Tarde; (4) o ciclo cosmopolita, ou seja, dos cadernos de um escritor, balizado no final dos anos 60 e década de 70, explicado pelas muitas viagens que fez, nomeadamente à Escandinávia, e pela sua participação nos encontros de Genebra; (5) o ciclo final, entre a ficção contemporânea, onde se insere o romance O Rio Triste ou Resposta a Matilde, intitulado pelo próprio divertimento, e as reflexões íntimas de Jornal sem Data (1988).
Sendo talvez uma das suas obras mais conhecidas, Retalhos da Vida de um Médico, foi a primeira a ser adaptada ao cinema, por intermédio do realizador Jorge Brum do Canto (em 1962, filme seleccionado para o Festival de Berlim), seguindo-se a série televisiva, da responsabilidade de Artur Ramos e Jaime Silva (1979-1980).
O Trigo e o Joio foi adaptado para o cinema em 1965, por Manuel Guimarães, com Manuel da Fonseca. Do mesmo realizador, para televisão e em 1969, tem-se Fernando Namora.
Domingo à Tarde (seleccionado para o Festival de Veneza), foi realizado por António de Macedo em 1965 e contou com actores como Isabel de Castro, Ruy de Carvalho e Isabel Ruth.
Em 1975, surge Fernando Namora – Vida e Obra, realizado por Sérgio Ferreira.
A Noite e a Madrugada, de 1985, deve a sua realização a Artur Ramos. Resposta a Matilde, de 1986, foi adaptado a televisão por Dinis Machado e Artur Ramos', com a participação de Raúl Solnado e Rogério Paulo. Em 1990, regista-se O Rapaz do Tambor, curta metragem de Vítor Silva.