segunda-feira, dezembro 26, 2011

Mao Tsé-Tung nasceu há 118 anos

Selo chinês de 1950 onde aparecem Mao Tse-tung e Josef Stalin

Mao Tsé-Tung (Shaoshan, 26 de dezembro de 1893 - Pequim, 9 de setembro de 1976) foi um político, teórico, líder comunista e revolucionário chinês. Liderou a República Popular da China desde a sua criação em 1949 até sua morte em 1976. Sua contribuição teórica para o marxismo-leninismo, estratégias militares, e suas políticas comunistas são conhecidas coletivamente como maoísmo.
Mao continua sendo uma figura controversa na atualidade, com um legado importante e igualmente controverso e constante. Na China é visto oficialmente como um grande revolucionário, estrategista, mentor político, militar e salvador da nação. Muitos chineses acreditam também que, através de suas políticas, ele lançou os fundamentos económicos, tecnológicos e culturais da China moderna, transformando o país de uma ultrapassada sociedade agrária em uma grande potência mundial. Além disso, Mao é visto por muitos como um poeta, filósofo e visionário. Como consequência, seu retrato continua a ser caracterizado na Praça Tiananmen e em todos as notas Renminbi.
Inversamente, no Ocidente, Mao é acusado de com seus programas sociais e políticos, como o Grande Salto Adiante e a Revolução Cultural, causar grave fome e danos a cultura, sociedade e economia da China. Políticas de Mao e as purgas políticos de 1949-1975, provocaram a morte de 50 a 70 milhões de pessoas. Desde que Deng Xiaoping assumiu o poder em 1978, muitas políticas maoístas foram abandonadas em favor de reformas económicas.
Mao é visto como uma das figuras mais influentes na história do mundo moderno, e foi nomeado pela revista Time como uma dos cem personalidades mais influentes do século XX.
Mao Tsé-Tung nasceu na aldeia de Shaoshan, província de Hunan, China, filho de camponeses, frequentou a escola até os 13 anos de idade, quando foi trabalhar como lavrador. Por conflitos com seu pai, saiu de casa para estudar em Changsha, capital da província.
Conheceu as ideias políticas ocidentais e especialmente as do líder nacionalista Sun Yat Sen.
Em 1911, no mês de outubro iniciou-se a revolução contra a dinastia Manchu que dominava o país. As lutas estenderam-se até Hunan. Mao Tsé-Tung alistou-se como soldado no exército revolucionário até o início da república chinesa, em 1912.
De 1913 a 1918 estudou na Escola Normal de Hunan, aprendeu filosofia; história e literatura chinesa. Continuou estudando e assimilando o pensamento ocidental e política. Tornou-se líder estudantil com participação em várias associações, mudou-se para Pequim em 1919, onde iniciou seus estudos universitários em Filosofia e Pedagogia, trabalhou na Biblioteca Universitária, conheceu Chen Tu Hsiu e Li Ta Chao fundadores do Partido Comunista Chinês.
Participou do Movimento Quatro de Maio contra a entrega ao Japão de regiões chinesas que haviam estado em poder da Alemanha; em função deste aderiu ao marxismo-leninismo, 1921, Mao Tsé-Tung participou da fundação do Partido Comunista Chinês. Nos primeiros anos à frente do partido, insistiu, contra a linha pró-soviética de seus aliados, no potencial revolucionário doa camponeses (Inquérito sobre o Movimento Camponês em Hunan, 1927).
Em 1927, Chiang Kai Shek assumiu o poder e se voltou contra os comunistas. Após a ruptura com o Kuomintang, Mao Tsé-Tung organizou um movimento revolucionário em Hunan e Jiangxi, fundando, em 1931, um soviete que se defendeu dos ataques dos aliados, adotando táticas de guerrilha.
Em Outubro de 1934, Mao Tsé-Tung e seu exército rompem o cerco das tropas do Kuomintang e seguem para o noroeste do país, iniciando a Grande Marcha (1934-1935) até Yanan, na província de Saanxi, transformada em nova região sob controle comunista. Essa ação espetacular reafirmou sua independência do Kuomintang e tornou Mao uma personalidade dominante do Partido Comunista Chinês.
Em 7 de julho de 1937, os japoneses invadem a China após o Incidente Lugouqiao (Incidente da Ponte de Marco Polo), o que demarca o início da II Guerra Mundial na Ásia. De 1936 e 1940 Mao Tsé-Tung fez oposição à tese dos comunistas pró-soviéticos, e conseguiu impor o seu ponto de vista, afastando do partido os seus oponentes.
Em 1945, Mao Tsé-Tung foi confirmado oficialmente como chefe do partido, sendo nomeado presidente do Comitê Central. Após a invasão japonesa, e no término da guerra o exército revolucionário tinha em torno de um milhão de soldados; os comunistas controlavam politicamente noventa milhões de chineses.
Após o ataque japonês à China (1937), o Partido Comunista Chinês e o Kuomintang se aliam novamente, mas com o fim da guerra, estourou, em 1946, uma guerra civil entre comunistas e nacionalistas que durou até 1949 quando o Kuomintang é finalmente derrotado. Em 1 de Outubro desse ano proclama na Praça Tiananmen, em Pequim, a República Popular da China; em Dezembro foi proclamado presidente da república.
Em 1954, após a promulgação da nova Constituição, Mao Tsé-Tung é reconduzido à presidência da República.
Após a consolidação do poder comunista, contrariando a linha soviética, Mao Tsé-Tung manteve-se fiel à ideia do desenvolvimento da luta de classes, tentando em vão, entre 1956 e 1957, na chamada Campanha das Cem Flores, dar-lhe novo impulso, através da liberdade de expressão.
Entre 1957 e 1958, iniciou uma política de desenvolvimento chamada de Grande Salto, baseado na industrialização associada à coletivização agrária. O "Grande Salto" traduziu-se num desastre económico que mergulhou a China numa epidemia de fome que vitimou milhões de chineses. Em virtude disso Mao Tsé-Tung foi destituído de alguns cargos e, em 1959, Liu Shaoqi assumiu a chefia do Estado. Apesar disso, Mao Tsé-Tung continuou influente, como ficou claro na ruptura com a União Soviética, devido a profundas diferenças nas políticas interna e externa. O prestígio internacional de Mao Tsé-Tung não foi afetado, tornando-se, após a morte de Stalin, em 1953, a personalidade mais influente do comunismo internacional.
Muitos dos programas sociais de Mao são indicados por críticos, tanto internos quanto externos à China, como causadores de danos severos à cultura, sociedade, economia e relações exteriores da China, como também pela morte de 42 a 70 milhões de pessoas.
A polêmica Revolução Cultural (1966-1969), empreendida por Mao Tsé-Tung com o apoio de sua esposa, Jiang Qing, destituiu os quadros do Partido Comunista Chinês, que queriam uma linha política e econômica mais moderada. Em 1968, Mao Tsé-tung destituiu Liu Shaoqi e, em 1971, tirou do poder seu sucessor, Lin Biao. Foram criados os guardas vermelhos, que se fundamentavam no chamado Livro Vermelho, que continha citações de Mao.
Mais tarde, apoiou a política de Zhou Enlai, consolidando o crescimento econômico e ultrapassando o isolamento da China. Em 1972, recebeu o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, em Pequim. Nos últimos anos de vida, com a saúde seriamente afetada, caiu sob a influência da facção radical do partido (Bando dos Quatro), organizada em torno de Jiang Qing. Apesar da desmaoização iniciada após sua morte, Mao Tsé-Tung teve especial aceitação nos países do Terceiro Mundo como teórico da guerra popular revolucionária.
Mao casou-se pela primeira vez em 1908, aos 15 anos de idade, com uma mulher seis anos mais velha. Ela morreu em 1910, de causas desconhecidas.
Em 1921 Mao casou-se pela segunda vez, com Yang Kai-hui, que lhe deu dois filhos. Nenhum deles teve um final feliz: em 1930, Yang foi executada por partidários de Chaiand Kai-shek. Os dois meninos escaparam para Xangai, onde tiveram que cuidar da própria sobrevivência pelas ruas. O mais novo, Anqing, desenvolveu uma doença mental que foi atribuída às pancadas que levou da policia de Xangai, quando o prenderam por vadiagem. O mais velho, Anying, foi morto num ataque aéreo norte-americano durante a Guerra da Coreia.
Mao casou-se com Ho Tzu-chen logo após a morte de Yang, que lhe deu ao todo seis filhos. Apenas uma menina, Lin Min, sobreviveu. Mao divorciou-se de Ho em 1939, para casar-se com Chiang Ch'ing.
Em 1953, quando Mao completou 60 anos, ficou estéril. À medida que envelhecia, preferia mulheres cada vez mais jovens. Frequentemente dormia com três, quatro ou cinco jovens e incentivava as amantes a apresentá-lo a outras mulheres. Como resultado dessa intensa promiscuidade, em 1967 contraiu herpes genital.
A intensa actividade sexual de Mao fez-lhe contrair também tricomoníase, doença assintomática no homem mas desconfortável para a mulher. Muitas de suas concubinas se orgulhavam de ter a doença como prova de intimidade com o líder da revolução, contudo, com certeza, sofriam com a situação. Calculam-se em centenas as infectadas com a tricomoníase entre as cerca de 3 mil mulheres com as quais ele se relacionou.
Segundo o livro A Vida Privada do Camarada Mao (tradução de Gabriel Zide Neto; Civilização Brasileira; 842 páginas), escrito por Li Zhisui, médico pessoal de Mao de 1954 até sua morte, em 1976, ele teve várias concubinas. Mao acreditava que fazer sexo prolongava a vida e não escovava os dentes, alegando que o tigre não precisa escová-los. Também não gostava de tomar banho e devido à sua falta de higiene com os dentes, acabou por perdê-los todos na velhice.
Encontra-se sepultado no Mausoléu de Mao Tsé-Tung, em Pequim, na China.
Uma das características do regime implantado por Mao Tsé-Tung foi o culto às suas ideias e personalidade.
Além do Livro Vermelho, de leitura obrigatória nos tempos do poder, Mao Tsé-Tung produziu outras peças ideológicas, antes e depois de assumir o governo chinês (além dos excertos de seus discursos):
  • Sobre a prática - 1937
  • Sobre a contradição - 1937
  • Uma Nova democracia - 1940
  • Literatura e arte - 1942
  • Guerra de guerrilhas
  • O homem tolo que removeu as montanhas
  • Servir ao povo

Há sete anos, um sismo e tsunami do Oceano Índico matou mais de 230.000 pessoas

Animação mostrando a evolução do tsunami

O sismo (que provocou um tsunami) do Oceano Índico de 2004 foi um terramoto submarino que ocorreu às 00.58.53 horas UTC de 26 de dezembro de 2004, com epicentro na costa oeste de Sumatra, na Indonésia. O terremoto é conhecido pela comunidade científica como o terramoto de Sumatra-Andaman. O tsunami resultante é chamado por diversos nomes, incluindo tsunami do Oceano Índico em 2004, tsunami do sul da Ásia e tsunami da Indonésia.
O terremoto foi causado por uma subducção e desencadeou uma série de tsunamis devastadores ao longo das costas da maioria dos continentes banhados pelo Oceano Índico, matando mais de 230 000 pessoas em catorze países diferentes e inundando comunidades costeiras com ondas de até 30 metros de altura. Foi um dos mais mortais desastres naturais da história. A Indonésia foi o Estado mais atingido, seguido pelo Sri Lanka, Índia e Tailândia.
Com uma magnitude de entre 9,1 e 9,3, foi o terceiro maior terremoto já registado em um sismógrafo. Este sismo teve a maior duração de falha já observada, entre 8,3 e 10 minutos. Isso fez com que o planeta inteiro vibrasse em um centímetro e deu origem a outros terremotos em pontos muito distantes do epicentro, como o Alasca, nos Estados Unidos. Seu hipocentro foi entre Simeulue e a Indonésia continental.
A situação de muitos povos e países afetados em todo o mundo provocou uma resposta humanitária. Ao todo, a comunidade mundial doou mais de US$ 14 mil milhões em ajuda humanitária.

O sismo ocorreu a 26 de dezembro daquele ano, por volta das oito da manhã na hora local da região de seu epicentro, em pleno oceano, a oeste da ilha de Sumatra, nas coordenadas 3,298°N (latitude) e 95,779°O (longitude). O abalo teve magnitude sísmica estimada primeiramente em 8,9 na Escala de Richter, posteriormente elevada para 9,0, sendo o sismo mais violento registado desde 1960 e um dos cinco maiores dos últimos cem anos. Ao tremor de terra seguiu-se um tsunami de cerca de dez metros de altura que devastou as zonas costeiras. O tsunami atravessou o Oceano Índico e provocou destruição nas zonas costeiras da África oriental, nomeadamente na Tanzânia, Somália e Quénia.
O terremoto foi causado por ruptura na zona de subducção onde a placa tectónica da Índia mergulha por baixo da placa da Birmânia. A área de ruptura está calculada em cerca de 1200 km de comprimento e a deslocação relativa das placas em cerca de 15 metros. Este deslocamento pode parecer pouco, mas em condições normais as placas oceânicas movimentam-se com velocidade da ordem do milímetro por ano. A energia libertada provocou o terramoto de magnitude elevada, enquanto que a deslocação do fundo do oceano, quer das placas tectónicas quer de sedimentos remobilizados pelo abalo, deram origem ao tsunami e alteração na rotação da Terra.
O número de vítimas, que era de aproximadamente 150.000, elevou-se para 220.000 quando o governo da Indonésia suspendeu as buscas a 70.000 desaparecidos e os incluiu no saldo de mortos no desastre.
O sismo de 26 de dezembro alterou em 2,5 cm a posição do Pólo Norte. Este movimento sugere uma tendência sísmica já verificada em terramotos anteriores. O sismo também afectou a forma da Terra. A forma da Terra (aplanada nos pólos e com maior diâmetro sobre o equador), variou uma parte em 10 milhões, tornando a Terra mais redonda. No entanto, todas as mudanças são muito pequenas para serem percebidas sem instrumentos.
O sismo diminuiu ainda o comprimento dos dias, em 6,8 microssegundos, pelo que se depreende que a Terra gira um pouco mais rápido do que o fazia antes.
Sempre que acontecem variações da posição das massas sobre a Terra, como acontece num sismo, estas têm de ser compensadas por variações da velocidade de rotação do planeta. É isto que em Física se designa por conservação do momento angular. Apesar da oscilação do eixo terrestre ter sido muito pequena — abaixo de três microssegundos — o planeta sofreu tal efeito, graças a um tempo superior a três minutos de vibração contínua, na zona do epicentro. Como a Terra não é perfeitamente esférica, mas sim um elipsóide achatado nos pólos, as diferentes posições do planeta em relação ao Sol e à Lua, bem como as referidas movimentações de massas, dão origem ao tal movimento. 

Os países mais afetados foram:

domingo, dezembro 25, 2011

Irene Lisboa nasceu há 119 anos

 Irene Lisboa na Quinta dos Lacerdas (Outubro de 1933 - retirado daqui)

Irene do Céu Vieira Lisboa nasceu na Quinta da Murzinheira, freguesia de Arranho, concelho de Arruda dos Vinhos no dia 25 de dezembro de 1892. Foi escritora, professora e pedagoga portuguesa. Formou-se pela Escola Normal Primária de Lisboa, depois continuou os estudos na Suíça, França e Bélgica onde se especializou em Ciências de Educação, o que a habilitou a escrever várias obras sobre assuntos pedagógicos. Durante a estadia em Genebra, mercê de uma bolsa do Instituto de Alta Cultura, teve a oportunidade de conhecer Jean Piaget e Édouard Claparède, com quem estudou no Instituto Jean-Jacques Rousseau.
Começou a vida profissional como professora da educação infantil. Em 1932 recebeu o cargo de Inspectora Orientadora do ensino primário e infantil. Como destaca Rogério Fernandes: «o programa de tal departamento desenhado por Irene Lisboa, reformulava de alto a baixo as funções de um órgão estatal até aí consagrado exclusivamente ao controlo ideológico, administrativo e disciplinar dos docentes.». Eis a razão porque Irene Lisboa foi afastada do cargo, primeiro para funções burocráticas – foi nomeada para o Instituto de Alta Cultura – e depois, em 1940, definitivamente afastada do Ministério da Educação e de todos os cargos oficiais, por recusar um lugar em Braga. Na verdade, foi uma forma de exílio para uma pedagoga incómoda pelas suas ideias avançadas.
Irene Lisboa dedicou-se por completo à produção literária e às publicações pedagógicas. No entanto não foi livre na expressão dos seus pensamentos. «Restavam-lhe a imprensa, o livro, a conferência. Grande parte das suas intervenções tem, precisamente, esses suportes, mas convém não esquecer que o controlo censório exercido pela ditadura salazarista sobre a expressão pública do pensamento não lhe permitiu certamente a transmissão das suas opiniões com toda a claridade.»
Faleceu a 25 de novembro de 1958, a um mês de cumprir 66 anos de idade.
A escrita dominou toda a sua vida. A obra literária que produziu foi elogiada por alguns dos seus pares como José Rodrigues Miguéis, José Gomes Ferreira e João Gaspar Simões, embora nunca tenha tido grande aceitação por parte do público.


PEQUENOS POEMAS MENTAIS

Mental: nada, ou quase nada sentimental.


I

Quem não sai de sua casa,
não atravessa montes nem vales,
não vê eiras
nem mulheres de infusa,
nem homens de mangual em riste, suados,
quem vive como a aranha no seu redondel
cria mil olhos para nada.
Mil olhos!
Implacáveis.
E hoje diz: odeio.
Ontem diria: amo.
Mas odeia, odeia com indómitos ódios.
E se se aplaca, como acha o tempo pobre!
E a liberdade inútil,
inútil e vã,
riqueza de miseráveis.


II

Como sempres, há-de-chegar, desde os tempos!
Vozes, cumprimentos, ofegantes entradas.
Mas que vos reunirá, pensamentos?
Chegais a existir, pensamentos?
É provável, mas desconfiados e inválidos,
Rosnando estúpidos, com cães.

Ó inúteis, aquietai-vos!
Voltai como os cães das quintas
ao ponto da partida, decepcionados.
E enrolai-vos tristonhos, rabugentos, desinteressados.


III

Esse gesto...
Esse desânimo e essa vaidade...
A vaidade ferida comove-me,
comove-me o ser ferido!

A vaidade não é generosa, é egoísta,
Mas chega a ser bela, e curiosa!
E então assim acabrunhada...
Com franqueza, enternece-me.

Subtil
A minha mão que, julgo, ridiicularizas,
de que desconheces a suavidade,
cerra-te pacificamente os olhos
e aquieta benignamente o ar.
Paira sobre a tua cabeça, móbil, branda,
na prática de um velho rito,
feminil, piedoso, desconhecido e inconfesso.


IV

Ó luxúria brutal, perversa e felina,
dos outros, alheia,
sem pensamentos nem repouso!
retira-me da frente o venenoso cálice,
a tua peçonha adocicada.
Que a morte, o nirvana, a indiferença
dos longuíssimos anos sem sobressaltos, me retome.

Abro os braços e meço: cá, lá... cá, lá...
solidão, infinita solidão!
E neste movimento, neste balouço, adormeço,
Cá, lá... morte, vida... morte, vida...
Todas as ausências, todas as negações.


V

Os poetas cumprimentam-se, delicados.
Cada um como seu metro, o seu espírito, a sua forma;
as suas credenciais...
Mas são simpáticos os poetas!
Sensíveis, femininos, curiosos.
Envolve-os um mistério.
Não! Esta é a linguagem de toda gente: o mistério...
Que mistério?
Os poetas são apenas reservados, são apenas...
perturbados e capciosos.


VI

Cai um pássaro do ar, devagar, muito devagar.
E as árvores soturnas não se mexem.
Estio!
Não se vêem bulir as árvores, em bloco, ou aos arcos,, estampadas...
Elegante Lapa! Sol fosco, paisagem de manhã.
A gente do sítio, pobreza e riqueza, ainda recolhida.
Aqui, uma janela discreta que se abre, preta, cega.
Ali outra fechada.
E esta alternância, bastante irregular, vai-se repetindo, repete-se...

E eu, ai eu! Prisioneira, sempre prisioneira; tão enfadada!


in Revista de Portugal, n. 3, 1938

Música adequada à quadra

Embora este ano não nos apeteça muito recordar o Natal (por motivos que a gente cá sabe...) aqui fica uma belíssima canção, dos Deolinda, para recordar a data:


Quando chega o Natal - Deolinda

Diz-me lá porque é que tu só te lembras de mim quando chega o Natal
Porque é que só nesta quadra é que tu reparas se eu estou bem ou mal
Diz-me lá onde é que páras o resto do ano
Eu preciso mais de ti do que te vais lembrando

Diz-me lá porque é que tu não me envias postais durante o ano inteiro
Diz-me lá porque razão é que não me dás prendas sem ter um pretexto
Diz-me lá o que te move uma vez por ano
Eu preciso mais de ti do que te vais lembrando

Diz-me que gratidão é que esperas de mim apenas por um dia
Eu que espero o ano inteiro e que tanto anseio a tua companhia
Hoje reformulo os votos e o meu desejo:
Eu preciso de ti do que te vais lembrando

Um Feliz Natal, não hoje, mas o ano inteiro!!!

Nós agola ser emplesa amalela...

(imagem daqui)

ICNB perguntou à EDP porque pintou barragem da Bemposta de amarelo choque mas não obteve resposta

O presidente do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade afirmou nesta sexta-feira que tentou apurar junto da EDP os motivos que levaram a eléctrica a pintar a barragem de Bemposta de “amarelo choque” que mas não obteve resposta.


“Quando o ICNB teve conhecimento da intervenção nos paredões da barragem enviou uma missiva à EDP, no sentindo de conhecer melhor o sentido da intervenção e os seus objectivos e poder analisar em conjunto o assunto com a empresa”, disse Tito Rosa.

O responsável pelo ICNB admitiu que ao abrigo do plano de ordenamento do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) o instituto não tem de dar pareceres à intervenção numa barragem do ponto de vista estético.

Recentemente a associação ambientalista Quercus alertou para o facto de a EDP estar a pintar partes do paredão da barragem de Bemposta de “amarelo choque” sem que para o efeito haja autorização do ICNB.

“Como gestores do PNDI, enviámos a carta à EDP informando que gostaríamos, em conjunto, de coordenar e encontrar as melhores soluções para a intervenção. No entanto, formalmente não temos de dar nenhum parecer e apenas perguntámos no início de Dezembro o que se iria fazer na barragem”, frisou o Tito Rosa.

Porém, a Quecus garante que há no processo um “claro abuso” no ato de pintar parte dos paredões da barragem de amarelo choque, tanto mais que, diz, se trata de uma paisagem internacional protegida.

“A Barragem da Bemposta, em Mogadouro, está neste momento a ser pintada de amarelo choque, numa intervenção artística de 150 mil euros, com elevadíssimo impacto em termos paisagísticos e que acentua ainda mais o descontínuo no Parque Natural do Douro Internacional, já afectado pela existência da referida Barragem”, acrescentam outras associações ambientalistas como a LPN e o GEOTA.

Para o presidente da freguesia de Bemposta, António Martins, toda a intervenção nos paredões da barragem “é uma autêntica aberração”.

“As pessoas estão habituadas a ver a barragem pintada com a sua cor natural há mais de 40 anos e não aceitam atitude de bom grado”, frisou o autarca de freguesia, frisou o autarca.

A junta de Freguesia de Bemposta em conjunto com a população de região pondera, agora, tomar medidas reivindicativas para “anular” a pintura que foi efectuada, apenas do lado português.

A central hidroeléctrica de Bemposta está na fase final de obras de reforço, cujo investimento total ronda os 130 milhões de euros para aumentar em 80% a sua potência. 

sábado, dezembro 24, 2011

Silent Night, Holy Night


Música para uma noite especial

O nosso Poema de Natal de 2011

Como desde há muito tempo, os meus pais mandam, com postal de Boas Festas, um Poema de Natal aos seus amigos.
Ora, como os amigos dos filhos também são seu amigos, aqui fica o poema deste ano, com os nossos votos de Festas Felizes:


O Nosso Menino Jesus voltou!...



.....................................- Truz-truz..
.....................................- Quem é??
.....................................- Aqui não entram desconhecidos;
.   ....................................só Amigos.
.....................................- Mas… tem piedade,
..................................... abre, por caridade!!

.....................................…e fui espreitar…
.................................{{adivinhem quem lá havia de estar!...}}
.....................................o Jesus Pequenino,
.....................................a sorrir, em carne e osso,
.....................................Menino e Moço.
  
- Ah! Desculpa! Perdão!
[[até se me deu 1 nó, no coração!!]]
   
.....................................- Sabes, fui obrigado
.....................................a vir buscar-te
.....................................e a levar-te.
.....................................- Não me digas
.....................................que foi outra vez a minha mãe!?
.....................................- Sim, sim, a tua e a Minha:
.....................................que já ‘stás a ficar esquecida,
.....................................deprimida, cansada,
.....................................velha e curvada…
..................................................… e
.....................................ficavas mais descansada.
- Nem penses!...
E, ao meu Agostinho
quem lhe fazia o caldinho??
- Faz ele, ou então,
vai à pensão.
.....................................- Ah! Sim
.....................................E quem lhe dava abraços e beijinhos?
.....................................- Ora…os netinhos.
.....................................Só a Inês
..................................... vale por 3.
- E a camisa?!...
- Lava-a na máquina
E, nem ferro precisa.
.....................................- Ai é?!... E as meias,
.....................................como é que as cose?!
- As peúgas rotas
metem-se no lixo;
cosidas e recosidas
até magoam os pés…
- Mas que rico que és!...
.....................................Tu nem sabes o que dizes
.....................................custam contos de reis,
.....................................caras como os anéis!...
E olha, não me levas,
nem a bem, nem a mal…
… E mais: eu é que Te prendo a Ti,
No meu abraço fechado;
meu e do Agostinho
e vamos os 3, mão na mão,
......bater à porta do coração
............do Irmão,
..................do Amigo,
a deixar-lhe a Tua Estrela
neste Natal sentido!

.....................................Natal de 2011
.....................................MariaAlice
.....................................Agostinho João

Ora aqui está uma boa prenda de Natal para muita gente

Independente: Licenciatura do ex-primeiro-ministro domina julgamento
José Sócrates já foi notificado

A licenciatura em Engenharia Civil de José Sócrates continua a gerar polémica

José Sócrates já foi notificado para comparecer no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, no dia 9 de Janeiro, onde decorre o julgamento da Universidade Independente (UnI).

O ex-primeiro ministro foi arrolado como testemunha do arguido Luiz Arouca, ex-reitor da UnI, que entretanto prescindiu do seu testemunho. Apesar de notificado, Sócrates poderá ainda ser desconvocado, caso a juíza Ana Peres entenda não ser necessário o seu testemunho.

Na sessão de ontem, a licenciatura de Sócrates em Engenharia Civil voltou a concentrar as atenções. Carvalho Rodrigues, director da Faculdade de Engenharia da UnI de 1995 a 2005 (e responsável pelo primeiro satélite português), garantiu nunca ter visto qualquer documento relacionado com o curso. "Os pedidos de equivalência passavam todos por mim. Esse [de Sócrates] não passou." "Só soube mais tarde que ele tinha sido lá aluno. Foi o reitor que o disse, como um elogio à universidade." José Sócrates esteve ontem em Alijó e não quis falar sobre o julgamento.

in CM - ler notícia
NOTA: não podem prendê-lo logo pelo estado a que chegámos? É que de outra maneira volta para Paris e nunca será possível julgá-lo pela roubalheira de seis anos de (des)governo...

O fundador dos Jesuítas nasceu há 520 anos

Santo Inácio de Loyola ou Loiola, nascido Íñigo López (Azpeitia, 31 de maio de 1491 - Roma, 31 de julho de 1556) foi o fundador da Companhia de Jesus, cujos membros são conhecidos como os jesuítas, uma ordem religiosa católica romana, que teve grande importância na Reforma Católica. Atualmente a Companhia de Jesus é a maior ordem religiosa católica no mundo.

A Academia das Ciências de Lisboa faz hoje 232 anos

A Academia das Ciências de Lisboa é uma instituição portuguesa científica de utilidade pública, cujo objectivo principal é o incentivo à actividade de investigação científica e de divulgação da cultura portuguesa.
A Academia foi fundada no reinado de Dona Maria I em 24 de Dezembro de 1779 - em pleno Iluminismo - como Academia Real das Ciências (segundo a grafia da época: Academia Real das Sciências). O seu primeiro presidente e grande mentor foi o Duque de Lafões e o primeiro secretário foi Domingos Vandelli, sendo procedido do Abade Correia da Serra. Depois da implantação da república, passou designar-se "Academia das Ciências de Lisboa". Ao longo da sua história conheceu seis moradas oficiais, encontrando-se actualmente no antigo Convento de Jesus de Lisboa, na parte baixa do Bairro Alto.

A ópera Aida de Verdi foi estreada há 140 anos

 Poster para uma apresentação no ano de 1908 em Cleveland

Aida é uma ópera em quatro atos com música de Giuseppe Verdi e libreto de Antonio Ghislazoni, com estreia mundial na Casa da Ópera, Cairo, em 24 de dezembro de 1871. Esta obra foi composta por encomenda do governo egípcio para a inauguração e comemoração da abertura do canal de Suez. A obra, porém não foi acabada a tempo para a inauguração do Canal, tendo sido substituída à última hora por outra ópera de Verdi, e tendo sido "criada" no Cairo um ano mais tarde




Vasco da Gama morreu há 487 anos

Vasco da Gama (Sines, c. 1460 ou 1468 ou 1469 - Cochim, Índia, 24 de Dezembro de 1524) foi um navegador e explorador português. Na Era dos Descobrimentos, destacou-se por ter sido o comandante dos primeiros navios a navegar da Europa para a Índia, na mais longa viagem oceânica até então realizada, superior a uma volta completa ao mundo pelo Equador. No fim da vida foi, por um breve período, Vice-Rei da Índia portuguesa título que era usado em algumas monarquias da Europa, para designar os governadores e representantes do rei numa província afastada ou num território ultramarino.
Nasceu provavelmente em 1460 ou 1468 ou ainda 1469, em Sines, na costa sudoeste de Portugal, possivelmente numa casa perto da Igreja de Nossa Senhora das Salvas de Sines. Sines, um dos poucos portos da costa alentejana, era então uma pequena povoação habitada por pescadores.
Era filho ilegítimo de Estêvão da Gama, que em 1460 era cavaleiro da casa de D. Fernando de Portugal, Duque de Viseu. D. Fernando nomeara-o alcaide-mor de Sines e permitira-lhe receber uma pequena receita de impostos sobre a fabricação de sabão em Estremoz. Estêvão da Gama era casado com Dona Isabel Sodré, filha de João Sodré (também conhecido como João de Resende). Sodré, que era de ascendência Inglesa, tinha ligações à casa do príncipe Diogo, Duque de Viseu, filho de Duarte I de Portugal e governador da Ordem Militar de Cristo.
Pouco se sabe do início da vida deste navegador. Foi sugerido pelo médico e historiador português Augusto Carlos Teixeira de Aragão, que terá estudado em Évora, onde poderá ter aprendido matemática e navegação. É evidente que conhecia bem a astronomia, e é possível que tenha estudado com o astrónomo Abraão Zacuto.
Em 1492 João II de Portugal enviou-o ao porto de Setúbal, a sul de Lisboa, e ao Algarve para capturar navios franceses em retaliação por depredações feitas em tempo de paz contra a navegação portuguesa - uma tarefa que Vasco da Gama executou rápida e eficazmente.
Desde o início do século XV, impulsionados pelo Infante D. Henrique, os portugueses vinham aprofundando o conhecimento sobre o litoral Africano. A partir da década de 1460, a meta tornara-se conseguir contornar a extremidade sul do continente africano para assim aceder às riquezas da Índia - pimenta preta e outras especiarias - estabelecendo uma rota marítima de confiança. A República de Veneza dominava grande parte das rotas comerciais entre a Europa e a Ásia, e desde 1453 a tomada de Constantinopla pelos otomanos limitara o comércio e aumentara os custos. Portugal pretendia usar a rota iniciada por Bartolomeu Dias para quebrar o monopólio do comércio mediterrânico.
Quando Vasco da Gama tinha cerca de dez anos, esses planos de longo prazo estavam perto de ser concretizados: Bartolomeu Dias tinha retornado de dobrar o Cabo da Boa Esperança, depois de explorar o "Rio do Infante" (Great Fish River, na actual África do Sul) e após ter verificado que a costa desconhecida se estendia para o nordeste.
Em simultâneo foram feitas explorações por terra durante o reinado de D. João II de Portugal, suportando a teoria de que a Índia era acessível por mar a partir do Oceano Atlântico. Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva foram enviados via Barcelona, Nápoles e Rodes até Alexandria, porta para Aden, Ormuz e Índia.
Faltava apenas um navegador comprovar a ligação entre os achados de Bartolomeu Dias e os de Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva, para inaugurar uma rota de comércio potencialmente lucrativa para o Oceano Índico. A tarefa fora inicialmente atribuída por D. João II a Estevão da Gama, pai de Vasco da Gama. Contudo, dada a morte de ambos, em Julho de 1497 o comando da expedição foi delegado pelo novo rei D. Manuel I de Portugal a Vasco da Gama, possivelmente tendo em conta o seu desempenho ao proteger os interesses comerciais portugueses de depredações pelos franceses ao longo da Costa do Ouro Africana.
Manuel I de Portugal confiou a Vasco da Gama o cargo de capitão-mor da frota que, num sábado 8 de Julho de 1497, zarpou de Belém em demanda da Índia.
Era uma expedição essencialmente exploratória que levava cartas do rei D. Manuel I para os reinos a visitar, padrões para colocar, e que fora equipada por Bartolomeu Dias com alguns produtos que haviam provado ser úteis nas suas viagens, para as trocas com o comércio local. O único testemunho presencial da viagem é consta num diário de bordo anónimo, atribuído a Álvaro Velho.
Contava com cerca de cento e setenta homens, entre marinheiros, soldados e religiosos, distribuídos por quatro embarcações:
  • São Gabriel, uma carraca de 27 metros de comprimento e 178 toneladas, construída especialmente para esta viagem, comandada pelo próprio Vasco da Gama;
  • São Rafael, de dimensões semelhantes à São Gabriel, também construída especialmente para esta viagem, comandada por Paulo da Gama, seu irmão; no regresso, com a tripulação diminuída, foi abatida em Melinde, prosseguindo na Bérrio e São Gabriel.
  • Bérrio, uma caravela ligeiramente menor que as anteriores, oferecida por D. Manuel de Bérrio, seu proprietário, sob o comando de Nicolau Coelho;
  • São Miguel, uma carraca para transporte de mantimentos, sob o comando de Gonçalo Nunes, que viria a ser queimada na ida, perto da baía de São Brás, na costa oriental africana.
A expedição partiu de Lisboa, acompanhada por Bartolomeu Dias que seguia numa caravela rumo à Mina, seguindo a rota já experimentada pelos anteriores exploradores ao longo da costa de África, através de Tenerife e do Arquipélago de Cabo Verde. Após atingir a costa da atual Serra Leoa, Vasco da Gama desviou-se para o sul em mar aberto, cruzando a linha do Equador, em demanda dos ventos vindos do oeste do Atlântico Sul, que Bartolomeu Dias já havia identificado desde 1487. Esta manobra de "volta do mar" foi bem sucedida e, a 4 de Novembro de 1497, a expedição atingiu novamente o litoral Africano. Após mais de três meses, os navios tinham navegado mais de 6.000 quilómetros de mar aberto, a viagem mais longa até então realizada em alto mar.
A 16 de Dezembro, a frota já tinha ultrapassado o chamado "rio do Infante" ("Great Fish River", na atual África do Sul) - de onde Bartolomeu Dias havia retornado anteriormente - e navegou em águas até então desconhecidas para os europeus. No dia de Natal, Gama e sua tripulação batizaram a costa em que navegavam o nome de Natal (actual província KwaZulu-Natal da África do Sul).
A 2 de Março de 1498, completando o contorno da costa africana, a armada chegou à costa de Moçambique, após haver sofrido fortes temporais e de Vasco da Gama ter sufocado com mão de ferro uma revolta da marinhagem. Na costa Leste Africana, os territórios controlados por muçulmanos integravam a rede de comércio no Oceano Índico. Em Moçambique encontram os primeiros mercadores indianos. Inicialmente são bem recebidos pelo sultão, que os confunde com muçulmanos e disponibiliza dois pilotos. Temendo que a população fosse hostil aos cristãos, tentam manter o equívoco mas, após uma série de mal entendidos, foram forçados por uma multidão hostil a fugir de Moçambique, e zarparam do porto disparando os seus canhões contra a cidade.
O piloto que o sultão da ilha de Moçambique ofereceu para os conduzir à Índia havia sido secretamente incumbido de entregar os navios portugueses aos mouros em Mombaça. Um acaso fez descobrir a cilada e Vasco da Gama pôde continuar.
Na costa do actual Quénia a expedição saqueou navios mercantes árabes desarmados. Os portugueses tornaram-se conhecidos como os primeiros europeus a visitar o porto de Mombaça, mas foram recebidos com hostilidade e logo partiram.
Em Fevereiro de 1498, Vasco da Gama seguiu para norte, desembarcando no amistoso porto de Melinde - rival de Mombaça - onde foi bem recebido pelo sultão que lhe forneceu um piloto árabe, conhecedor do Oceano Índico, cujo conhecimento dos ventos de monções permitiu guiar a expedição até Calecute, na costa sudoeste da Índia. As fontes divergem quanto à identidade do piloto, identificando-o por vezes como um cristão, um muçulmano e um guzerate. Uma história tradicional descreve o piloto como o famoso navegador árabe Ibn Majid, mas relatos contemporâneos posicionam Majid lugar noutro local naquele momento.
Em 20 de Maio de 1498, a frota alcançou Kappakadavu, próxima a Calecute, no actual estado indiano de Kerala, ficando estabelecida a Rota do Cabo e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a Índia.
No dia seguinte à chegada, entre a multidão reunida na praia, foram saudados por dois mouros de Tunes (Tunísia), um dos quais dirigiu-se em castelhano «Ao diabo que te dou; quem te trouxe cá?». E perguntaram-lhe o que vínhamos buscar tão longe; e ele respondeu: «Vimos buscar cristãos e especiaria.», conforme relatado por Álvaro Velho. Ao ver as imagens de deuses Hindus Gama e os seus homens pensaram tratar-se de santos cristãos, por contraste com os muçulmanos que não tinham imagens. A crença nos "cristãos da Índia", como então lhes chamaram, perdurou algum tempo mesmo depois do regresso.
Contudo as negociações com o governador local, Samutiri Manavikraman Rajá, Samorim de Calecute, foram difíceis. Os esforços de Vasco da Gama para obter condições comerciais favoráveis foram dificultados pela diferença de culturas e pelo baixo valor de suas mercadorias, com os representantes do samorim a escarnecerem das suas ofertas, e os mercadores árabes aí estabelecidos a resistir à possibilidade de concorrência indesejada. As mercadorias apresentadas pelos portugueses mostraram-se insuficientes para impressionar o samorim, em comparação com os bens de alto valor ali comerciados, o que gerou alguma desconfiança. Os portugueses acabariam por vender as suas mercadorias por baixo preço para poderem comprar pequenas quantidades de especiarias e jóias para levar para o reino.
Por fim o Samorim mostrou-se agradado com as cartas de D. Manuel I e Vasco da Gama conseguiu obter uma carta ambígua de concessão de direitos para comerciar, mas acabou por partir sem aviso após o Samorim e o seu chefe da Marinha Kunjali Marakkar insistirem para que deixasse todos os seus bens como garantia. Vasco da Gama manteve os seus bens, mas deixou alguns portugueses com ordens para iniciar uma feitoria.
Vasco da Gama iniciou a viagem de regresso a 29 de agosto de 1498. Na ânsia de partir, ignorou o conhecimento local sobre os padrões da monção que lhe permitiria velejar. Na Ilha de Angediva foram abordados por um homem que se afirmava cristão mas que se fingia de muçulmano ao serviço de Hidalcão, o sultão de Bijapur. Suspeitando que era um espião, açoitaram-no até que ele confessou ser um aventureiro judeu polaco no Oriente. Vasco da Gama apadrinhou-o, nomeando-o Gaspar da Gama.
Na viagem de ida, cruzar o Índico até à Índia com o auxílio dos ventos de monção demorara apenas 23 dias. A de regresso, navegando contra o vento, consumiu 132 dias, tendo as embarcações aportado em Melinde a 7 de Janeiro de 1499. Nesta viagem cerca de metade da tripulação sobrevivente pereceu, e muitos dos restantes foram severamente atingidos pelo escorbuto, por isso dos 148 homens que integravam a armada, só 55 regressaram a Portugal. Apenas duas das embarcações que partiram do Tejo conseguiram voltar a Portugal, chegando, respectivamente em Julho e Agosto de 1499. A caravela Bérrio, sendo a mais leve e rápida da frota, foi a primeira a regressar a Lisboa, onde aportou a 10 de Julho de 1499, sob o comando de Nicolau Coelho e tendo como piloto Pêro Escobar, que mais tarde acompanhariam a frota de Pedro Álvares Cabral na viagem em que se registou o descobrimento do Brasil em Abril de 1500.
Vasco da Gama regressou a Portugal em Setembro de 1499, um mês depois de seus companheiros, pois teve de sepultar o irmão mais velho Paulo da Gama, que adoecera e acabara por falecer na ilha Terceira, nos Açores. Em seu regresso, foi recompensado como o homem que finalizara um plano que levara oitenta anos a cumprir. Recebeu o título de "almirante-mor dos Mares das Índia", sendo lhe concedida uma renda de trezentos mil réis anuais, que passaria para os filhos que tivesse. Recebeu ainda, conjuntamente com os irmãos, o título perpétuo de Dom e duas vilas, Sines e Vila Nova de Milfontes.
A 12 de Fevereiro de 1502, Vasco da Gama comandou nova expedição com uma frota de vinte navios de guerra, com o objetivo de fazer cumprir os interesses portugueses no oriente. Fora convidado após a recusa de Pedro Álvares Cabral, que se desentendera com o monarca acerca do comando da expedição. Esta viagem ocorreu depois da segunda armada à Índia, comandada por Pedro Álvares Cabral em 1500, que ao desviar-se da rota descobrira o Brasil. Quando chegou à Índia, Cabral soube que os portugueses que haviam sido aí deixados por Vasco da Gama na primeira viagem para estabelecer um posto comercial haviam sido mortos. Após bombardear Calecute, rumou para o sul até Cochim, um pequeno reino rival, onde foi calorosamente recebido pelo Rajá, regressando à Europa com seda e ouro.
Gama tomou e exigiu um tributo à ilha de Quíloa na África Oriental, um dos portos de domínio árabe que haviam combatido os portugueses, tornando-a tributária de Portugal. Com ouro proveniente de 500 moedas trazidas por Vasco da Gama do régulo de Quíloa (actual Kilwa Kisiwani, na Tanzânia), como tributo de vassalagem ao rei de Portugal, foi mandada criar, pelo rei D. Manuel I para o Mosteiro dos Jerónimos, a Custódia de Belém.
Nesta viagem ocorreu o primeiro registo europeu conhecido do avistamento das ilhas Seychelles, que Vasco da Gama nomeou Ilhas Amirante (ilhas do Almirante) em sua própria honra.
Vasco da Gama partira com o objectivo de instalar o centro português e uma feitoria em Cochim, após esforços consecutivos de Pedro Álvares Cabral e João da Nova. Bombardeou Calecute e destruiu postos de comércio árabes.
Depois de chegar ao norte do Oceano Índico, Vasco da Gama aguardou até capturar um navio que retornava de Meca, o Mîrî, com importantes mercadores muçulmanos, apreendendo todas as mercadorias e incendiando-o. Ao chegar a Calecute a 30 de Outubro 1502 o samorim estava disposto a assinar um tratado, num acto de ferocidade que chocou até os cronistas contemporâneos, que o consideraram um acto e vingança pelos portugueses mortos em Calecute da sua primeira viagem.
Em 1 de março de 1503 inicia-se a guerra entre o samorim de Calecute e o rajá de Cochim. Os seus navios assaltaram navios mercantes árabes, destruindo também uma frota de 29 navios de Calecute. Após essa batalha, obteve então concessões comerciais favoráveis do Samorim. Vasco da Gama fundou a colónia portuguesa de Cochim, na Índia, regressando a Portugal em Setembro de 1503. Vasco da Gama voltou a pátria em 1513 e levou vida retirada, em Évora, apesar de consideração de que gozava junto do rei.
Em 1519 foi feito primeiro Conde da Vidigueira pelo rei D. Manuel I, com sede num terreno comprado a D. Jaime I, Duque de Bragança, que a 4 de Novembro cedera as vilas da Vidigueira e Vila de Frades a Vasco da Gama, seus herdeiros e sucessores, bem como todos os rendimentos e privilégios relacionados, sendo o primeiro Conde português sem sangue real.
Tendo adquirido uma reputação de temível "solucionador" de problemas na Índia, Vasco da Gama foi enviado de novo para o subcontinente indiano em 1524. O objectivo era o de que ele substituísse o vice-rei Duarte de Meneses, cujo governo se revelava desastroso, mas Vasco da Gama contraiu malária pouco depois de chegar a Goa. Como governador e segundo vice-rei actuou com rigidez e conseguiu impor a ordem, mas veio a falecer na cidade de Cochim, na véspera de Natal em 1524
Foi sepultado na Igreja de São Francisco (Cochim). Em 1539 os seus restos mortais foram transladados para Portugal, mais concretamente para a Igreja de um convento carmelita, conhecido actualmente como Quinta do Carmo (hoje propriedade privada), próximo da vila alentejana da Vidigueira, como conde da Vidigueira de juro e herdade (ou seja a si e aos seus descendentes) desde 1519.
Aqui estiveram até 1880, data em que ocorreu a trasladação para o Mosteiro dos Jerónimos, que foram construídos logo após a sua viagem, com os primeiros lucros do comércio de especiarias, ficando ao lado do túmulo de Luís Vaz de Camões. Há quem defenda, porém, que os ossos de Vasco da Gama ainda se encontram na vila alentejana. Como testemunho da trasladação das ossadas, em frente à estátua do navegador na Vidigueira, existe a antiga Escola Primária Vasco da Gama (cuja construção serviu de moeda de troca para obter permissão para efectuar a trasladação à época), onde se encontra instalado o Museu Municipal de Vidigueira.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Almost blue


Almost Blue - Chet Baker

Almost doing things we used to do
There's a girl here and she's almost you
Almost all the things that your eyes once promised
I see in hers too
Now your eyes are red from crying
Almost blue
Flirting with this disaster became me
It named me as the fool who only aimed to be
Almost blue
It's almost touching it will almost do
There's a part of me that's always true...always
Not all good things come to an end now it is only a chosen few
I've seen such an unhappy couple
ALMOST Me/You/Blue

O melhor filme de Natal deste ano...!


NOTA: esta História do Natal (2010), dita por crianças da Igreja Anglicana de São Paulo, de Auckland, Nova Zelândia, é um pouco (histórico e teologicamente...) incorreta mas é impossível resistir-lhe!

Humor vermelho - parte III

(imagem daqui)

Parlamento
PCP contra voto de pesar por Havel
por Hugo Filipe Coelho - 22.12.2011

O PCP ficou isolado na oposição a um voto de pesar pela morte de Vaclav Havel, herói da revolução de Veludo na antiga Checoslováquia. Os deputados comunistas levantaram-se quando a presidente da mesa perguntou quem vota contra e foram vaiados pelas bancada à direita.

A mensagem de pesar foi apresentada em conjunto por BE, CDS, PS e PSD. Os deputados dos quatro partidos - com excepção de alguns bloquistas - levantaram-se e bateram palmas quando o voto foi aprovado. Os Verdes, partido que corre coligado com o PCP, abstiveram-se.

Depois do aplauso o socialista José Lello lançou uma farpa aos comunistas perguntando à mesa se não teria dado entrada "nenhum voto de pesar para o Querido Líder", o líder da Coreia Norte Kim-Jong Il, que morreu esta semana.

Enquanto dramaturgo, Havel destacou-se pelas peças que satirizavam o antigo regime comunista da Checoslováquia, que integrava o Pacto de Varsóvia. Reconhecido como líder da resistência pacífica, Havel tornou-se presidente em 1989 e liderou a transição para a democracia que antecedeu a cisão do país na República Checa e Eslováquia.

in DN - ler notícia

NOTA: que o voto de pesar pela morte de Vaclav Havel seja recusado PCP, é natural. Afinal antes os checos e os eslovacos é que estavam bem - isto de poderem decidir tudo sem que o Comité Central de um partido comunista decida primeiro é que está errado. E Vaclav Havel era execrável - escrevia peças de teatro a falar mal do paraíso na terra que era a Checoslováquia e a cortina de ferro que a apertava. Agora parece-me mal que Os Verdes se abstivessem - se é para isso que o PCP os lá pôs, melhor teria sido colocar mais bernardinos, agostinhos, brunos, lopes, honórios e afins. E ouvir o lello mandar aquela piada foi de matar um homem do coração...