O seu percurso político iniciou-se quando foi Ministro das Finanças durante um curto período de duas semanas, na sequência da
Revolução Nacional de
28 de maio de 1926, sendo substituído pelo Comandante
Filomeno da Câmara, após o golpe do General
Gomes da Costa no mês seguinte. Depois disso, foi também Ministro das Finanças entre
1928 e
1932, procedendo ao saneamento das finanças públicas portuguesas.
Instituidor do
Estado Novo (1933-1974) e da sua organização política de suporte, a
União Nacional, Salazar dirigiu os destinos de Portugal, como
presidente do Ministério, entre
1932 e
1933, e como
Presidente do Conselho de Ministros, entre 1933 e
1968.
Os autoritarismos que surgiam na Europa foram amplamente experienciados
por Salazar em duas frentes complementares: a propaganda e a repressão.
Com a criação da
Censura, da organização de tempos livres dos trabalhadores
FNAT, da
Mocidade Portuguesa,
masculina e feminina, o Estado Novo procurava assegurar a doutrinação
de largas massas da população portuguesa, enquanto que a polícia
política (
PVDE, posteriormente
PIDE, a partir de 1945), em conjunto com a
Legião Portuguesa, combatiam os opositores, que, quando objecto de julgamento, eram-no em tribunais especiais (
Tribunais Militares Especiais e, posteriormente,
Tribunais Plenários).
(...)
O princípio do fim de Salazar começou a
3 de agosto de
1968, no
Forte de Santo António, no Estoril. A queda de uma cadeira de lona, deixada em segredo primeiro, acabou por ditar o seu afastamento do Governo.
António de Oliveira Salazar preparava-se para ser tratado pelo
calista Hilário, quando se deixou cair para uma cadeira de lona. Com o
peso, a cadeira cedeu e o chefe do Governo caiu com violência, sofrendo
uma pancada na cabeça, nas lajes do terraço do forte onde anualmente
passava as férias, acompanhado pela governanta D. Maria de Jesus.
Levantou-se atordoado, queixou-se de dores no corpo, mas pediu segredo
sobre a queda e não quis que fossem chamados médicos, segundo conta
Franco Nogueira.
Outra testemunha, o barbeiro Manuel Marques, contraria esta tese.
Segundo ele, Salazar não caiu na cadeira, que estava fora do lugar, mas
tombou no chão desamparado. Segundo Marques, Salazar costumava ser
distraído e tinha o hábito de «saltar para as cadeiras». Nesse dia,
preparando-se para ler o jornal, caiu onde habitualmente estava uma
cadeira, mas que nesse dia tinha sido movida. Ainda outra testemunha diz que Salazar não caiu de uma cadeira, e sim
de uma banheira, testemunha essa que acompanhou Salazar da casa de
banho até ao quarto no dia do sucedido.
A vida de António de Oliveira Salazar prosseguiu normalmente e só
três dias depois é que o médico do Presidente do Conselho, Eduardo
Coelho, soube do sucedido.
Só 16 dias depois, a 4 de setembro, Salazar admite que se sente doente:
«Não sei o que tenho». A 6 de setembro, à noite, sai um carro de São
Bento. Com o médico, Salazar e, no lugar da frente, o director da PIDE,
Silva Pais. Salazar é internado no
Hospital de São José
e os médicos não se entendem quanto ao diagnóstico - hematoma
intracraniano ou trombose cerebral -, mas concordam que é preciso
operar, o que acontece a 7 de setembro.
Salazar foi afastado do governo em 27 de setembro de 1968, quando o então Presidente da República,
Américo Tomás, chamou Marcello Caetano para substitui-lo. A 4 de outubro desse ano (pelo 58.º aniversário da Implantação da República) recebeu o Grande-Colar da
Ordem do Infante D. Henrique. Até morrer, em
1970,
continuou a receber visitas como se fosse ainda Presidente do Conselho,
nunca manifestando sequer a suspeita de que já o não era - no que não
era contrariado pelos que o rodeavam.