O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Biografia
Natural de Pinhel, próximo da Guarda, foi o quinto de nove irmãos e irmãs.
Foi aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa onde entrou em 1942. Frequentou primeiro o curso de Arquitetura, que abandonou, para frequentar o de Escultura.
Ainda muito jovem aderiu à Frente Académica Antifascista e, mais tarde (em 1946), ao MUD Juvenil. Participante em várias lutas estudantis em 1947, aderiu de seguida ao Partido Comunista Português e, em 1949, foi detido pela PIDE depois de participar na campanha presidencial de Norton de Matos. Em 1952, foi expulso da Escola Superior de Belas Artes e impedido de ingressar em qualquer faculdade do país; seria também demitido do lugar de professor do Ensino Técnico.
José Dias Coelho vai trabalhar, em 1952, como desenhador com os arquitetos Keil do Amaral, Hernâni Gandra e Alberto José Pessoa num atelier na Rua Fernão Álvares do Oriente, no Bairro de São Miguel em Lisboa.
Em 1955 entra para a clandestinidade, ao mesmo tempo que exercia funções no PCP,
com o objetivo de criar uma oficina de falsificação de documentos para
dar cobertura às atividades dos militantes clandestinos. Exercia esta
atividade na altura do seu assassinato pela PIDE, em 19 de dezembro de 1961, na Rua da Creche, que hoje tem o seu nome, junto ao Largo do Calvário, em Lisboa.
O assassinato levou o cantor Zeca Afonso a escrever e dedicar-lhe a música A Morte Saiu à Rua. O mesmo fez o grupo Trovante com a música Flor da Vida. Da vida pessoal de José Dias Coelho há ainda a salientar a sua relação com Margarida Tengarinha, também artista plástica. O casal teve três filhas.
Ao optar pela clandestinidade em 1955, põe de parte a sua carreira artística como escultor, que nesse mesmo ano vê os primeiros sinais de reconhecimento público, com duas esculturas para a Escola Primária de Campolide (seões feminina e masculina) e uma grande escultura para a Escola Primária de Vale Escuro, em Lisboa, e dois baixos relevos, um para o Café Central das Caldas da Rainha, e outro para a fábrica Secil.
Já estava na clandestinidade quando, em junho de 1956, se realizou a 10.ª e última das Exposições Gerais de Artes Plásticas;
José Dias Coelho foi um dos organizadores dessas exposições, desde a
primeira edição em 1946, e é um dos artistas que expõe a partir da
segunda. Por não poder participar abertamente na 10ª edição devido ao
facto de estar na clandestinidade, um grupo de amigos expõe a escultura
da cabeça da irmã Maria Emília, que já havia sido exposta, para
garantir que o seu nome consta do catálogo.
Com uma intensa atividade social e intelectual a par da política,
travou e manteve amizade com várias figuras destacadas da sociedade
portuguesa de então, tais como os arquitetosKeil do Amaral e João Abel Manta, com Fernando Namora, Carlos de Oliveira, José Gomes Ferreira, Eugénio de Andrade, José Cardoso Pires, Abel Manta, Rogério Ribeiro, João Hogan, bem como aqueles que viriam dentro em breve a liderar os movimentos de independência em África, na altura estudantes em Lisboa: Agostinho Neto, Vasco Cabral, Marcelino dos Santos, Amílcar Cabral e Orlando Costa.
Em março de 1975, quase um ano depois do 25 de Abril, foi finalmente organizada uma exposição em sua homenagem, na Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.
A Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) foi uma polícia existente em Portugal entre 1945 e 1969. Apesar de ser, hoje em dia, sobretudo conhecida como polícia política,
as funções da PIDE eram bastante mais abrangentes, sendo especialmente
importantes as suas funções nos setores dos serviços de estrangeiros, fronteiras e segurança do Estado.
No âmbito das suas funções administrativas, competia-lhe encarregar-se dos serviços de emigração e passaportes, dos serviços de passagem de fronteiras e dos serviços de permanência e trânsito de estrangeiros em Portugal.
No âmbito das funções de repressão e de prevenção criminal, competia à PIDE a instrução preparatória dos processos
respeitantes aos crimes de estrangeiros relacionados com a sua entrada
ou com o regime legal da sua permanência em território nacional, às
infrações relativas ao regime da passagem nas fronteiras, aos crimes de emigração clandestina e aliciamento ilícito de emigrantes e aos crimes contra a segurança exterior e interior do Estado.
Atividade
No contexto das suas funções no setor da segurança do Estado, destaca-se a importância da atividade da PIDE na neutralização da oposição ao Estado Novo.
A PIDE utilizava a tortura para obter informações e foi
responsável por alguns crimes sangrentos, como o assassinato de José Dias Coelho (militante do Partido Comunista Português - PCP) e do general Humberto Delgado.
Este último foi atraído para uma emboscada, só possível pela introdução
de informadores nas organizações que o general liderava ou na sua teia
mais íntima de relações pessoais, ultrapassando mesmo as fronteiras
nacionais (não só o crime foi cometido em território espanhol como os
informadores se encontravam instalados no Brasil, na França e em Itália).
Durante a Guerra do Ultramar,
a PIDE, até aí virtualmente ausente dos territórios africanos, assumiu
nos três teatros de operações a função de serviço de informações e -
constituindo, enquadrando e dirigindo milícias próprias, os Flechas,
compostas por africanos, por vezes desertores das guerrilhas -
colaborou com as forças militares no terreno. Neste âmbito, poderá a sua
ação ter também ultrapassado as fronteiras; com efeito, são-lhe
atribuídas responsabilidades, quer no atentado que vitimou o dirigente
da FRELIMOEduardo Mondlane, quer na manipulação dos descontentes do PAIGC que, num "golpe de Estado" dentro do partido, assassinaram o dirigente independentista Amílcar Cabral.
Militante
ativo na Resistência contra o fascismo, sofreu a repressão do regime
sem nunca vacilar na determinação com que o enfrentou. Em democracia
tem-se mantido um cidadão ativo e interveniente no campo autárquico,
sindical e político.
Alfredo Rodrigues de Matos nasceu em S. Pedro do Sul, a 22 de julho de
1934, mas foi para o Barreiro em 1939 e aí fez o curso industrial, o
curso de guarda-livros e completou o 3º ciclo do liceu. Aderiu então ao
MUD Juvenil e, em 1952, começou a trabalhar na CUF, primeiro como
operário, depois como empregado de escritório. Em janeiro de 1957, foi
preso pela PIDE e julgado no Tribunal Plenário, tendo sido condenado a
18 meses de prisão correcional a que se juntaram 3 anos de medidas de
segurança, pelo que cumpriu 4 anos e seis meses de prisão (no Aljube, no
Forte de Caxias e na cadeia da PIDE no Porto).
Em 1961, na cadeia, aderiu ao Partido Comunista Português. Libertado em
janeiro de 1962, passou a desenvolver atividades políticas na margem
sul, com funções específicas na CUF, aonde regressara. Colaborava então
na redação do Boletim dos Trabalhadores.
Em 1969 fez parte da Comissão Distrital de Setúbal da CDE, integrando a
comissão de recenseamento eleitoral e participando nas ações da campanha
eleitoral, com vista às legislativas desse ano. Depois, participou na
criação do Movimento MDP/CDE, de cujo secretariado nacional fez parte.
Voltou a ser preso após as comemorações do 1º de Maio de 1970 e, após um
mês na cadeia da PIDE no Porto a ser interrogado e torturado, foi
transferido para Caxias, onde esteve até ser julgado, em dezembro, no
Tribunal Plenário de Lisboa. Foi absolvido, mas nesse mesmo mês foi
despedido do Hospital da CUF, no qual era chefe do economato.
A 22 de julho de 1970, José Afonso dedicou-lhe «Por Trás Daquela
Janela», um poema que posteriormente seria editado em disco sob o título
Eu Vou Ser Como a Toupeira.
Trabalhou depois noutras empresas e, em 1973, entrou no Sindicato dos
Bancários do Sul e Ilhas, como adjunto do secretário-geral. Nesse mesmo
ano, esteve na preparação do III Congresso da Oposição Democrática,
realizado em Aveiro, fazendo parte das comissões nacional e
coordenadora. Nesse congresso apresentou a tese «Situação e Perspetivas
dos Trabalhadores do Distrito de Setúbal». Ainda em 1973 desenvolveu
intensa atividade política em todo o distrito de Setúbal, pelo qual foi
candidato a deputado nas eleições para a Assembleia Nacional, na lista
da Oposição Democrática.
Em março de 1974, participou em reuniões das secções sindicais da CGTP
Intersindical e nas sedes dos principais bancos, em Paris, deu a
conhecer a situação política e social de Portugal.
Em 27 de abril de 1974, foi designado para discursar no Barreiro, em
nome do MDP/CDE, e logo em maio passou a fazer parte da comissão
administrativa que dirigiu a Câmara Municipal do Barreiro até às
eleições de 1976, ano em que foi eleito para a Assembleia Municipal
dessa autarquia. Em 1975, fora escolhido para adjunto do secretariado da
Intersindical, funções que desempenhou até 1979, quando foi eleito
vereador (iria substituir o presidente da CMB). Foi presidente dos
Serviços Municipalizados da Câmara Municipal do Barreiro, cargo este que
desempenhou em sucessivos mandatos, até dezembro de 1985. Em 1986
voltou à CGTP.
De fevereiro a setembro de 2002, foi colunista do semanário Voz do
Barreiro (de que viria a ser director entre setembro de 2006 e junho de
2007) e, entre outubro de 2002 e junho de 2004, foi diretor do jornal
Concelho de Palmela. Como dirigente associativo, fez parte dos corpos
gerentes do Cineclube do Barreiro, nos anos de 1971 e 1972.
Em 1993, Alfredo Matos recebeu a Medalha de Ouro da Cidade «Barreiro Reconhecido».
A 22 de julho de 1970, José Afonso dedicou-lhe Por Trás Daquela Janela,
um poema que posteriormente lhe entregou manuscrito. Pelo Natal de
1972, este poema, também com música de Zeca Afonso, foi editado em
disco, sob o título, Eu Vou Ser Como a Toupeira, que incluiu igualmente a canção A Morte Saiu à Rua, dedicada ao escultor José Dias Coelho, dirigente do PCP, assassinado pela PIDE em 19 de dezembro de 1961.
Por trás daquela janela
Por trás daquela janela
Faz anos o meu amigo
E irmão
Não pôs cravos na lapela
Por trás daquela janela
Nem se ouve nenhuma estrela
Por trás daquele portão
Se aquela parede andasse
Se aquela parede andasse
Eu não sei o que faria
Não sei
Se o mundo agora acordasse
Se aquela parede andasse
Se um grito enorme se ouvisse
Duma criança ao nascer
Talvez o tempo corresse
Talvez o tempo corresse
E a tua voz me ajudasse
A cantar
Mais dura a pedra moleira
E a fé, tua companheira
Mais pode a flecha certeira
E os rios que vão pró mar
Por trás daquela janela
Por trás daquela janela
Faz anos o meu amigo
E irmão
Na noite que segue ao dia
Na noite que segue ao dia
O meu amigo lá dorme
De pé
E o seu perfil anuncia
Naquela parede fria
Uma canção de alegria
No vai e vem da maré
Biografia
Natural de Pinhel, cidade próxima da Guarda, foi o quinto de nove irmãos e irmãs.
Foi aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa onde entrou em 1942. Frequentou primeiro o curso de Arquitetura, que abandonou, para frequentar o de Escultura.
Ainda muito jovem aderiu à Frente Académica Antifascista e, mais tarde (em 1946), ao MUD Juvenil. Participante em várias lutas estudantis em 1947, aderiu de seguida ao Partido Comunista Português e, em 1949, foi detido pela PIDE depois de participar na campanha presidencial de Norton de Matos. Em 1952, foi expulso da Escola Superior de Belas Artes e impedido de ingressar em qualquer faculdade do país; seria também demitido do lugar de professor do Ensino Técnico.
José Dias Coelho vai trabalhar, em 1952, como desenhador com os arquitetos Keil do Amaral, Hernâni Gandra e Alberto José Pessoa num atelier na Rua Fernão Álvares do Oriente, no Bairro de São Miguel em Lisboa.
Em 1955 entra para a clandestinidade, ao mesmo tempo que exercia funções no PCP,
com o objetivo de criar uma oficina de falsificação de documentos para
dar cobertura às atividades dos militantes clandestinos. Exercia esta
atividade na altura do seu assassinato pela PIDE, em 19 de dezembro de 1961, na Rua da Creche, que hoje tem o seu nome, junto ao Largo do Calvário, em Lisboa.
O assassinato levou o cantor Zeca Afonso a escrever e dedicar-lhe a música A Morte Saiu à Rua. O mesmo fez o grupo Trovante com a música Flor da Vida. Da vida pessoal de José Dias Coelho há ainda a salientar a sua relação com Margarida Tengarinha, também artista plástica. O casal teve três filhas.
Ao optar pela clandestinidade em 1955, põe de parte a sua carreira artística como escultor, que nesse mesmo ano vê os primeiros sinais de reconhecimento público, com duas esculturas para a Escola Primária de Campolide (secções feminina e masculina) e uma grande escultura para a Escola Primária de Vale Escuro, em Lisboa, e dois baixos relevos, um para o Café Central das Caldas da Rainha, e outro para a fábrica Secil.
Já estava na clandestinidade quando, em junho de 1956, se realizou a 10.ª e última das Exposições Gerais de Artes Plásticas;
José Dias Coelho foi um dos organizadores dessas exposições, desde a
primeira edição em 1946, e é um dos artistas que expõe a partir da
segunda. Por não poder participar abertamente na 10ª edição devido ao
facto de estar na clandestinidade, um grupo de amigos expõe a escultura
da cabeça da irmã Maria Emília, que já havia sido exposta, para
garantir que o seu nome consta do catálogo.
Com uma intensa atividade social e intelectual a par da política,
travou e manteve amizade com várias figuras destacadas da sociedade
portuguesa de então, tais como os arquitetosKeil do Amaral e João Abel Manta, com Fernando Namora, Carlos de Oliveira, José Gomes Ferreira, Eugénio de Andrade, José Cardoso Pires, Abel Manta, Rogério Ribeiro, João Hogan, bem como aqueles que viriam dentro em breve a liderar os movimentos de independência em África, na altura estudantes em Lisboa: Agostinho Neto, Vasco Cabral, Marcelino dos Santos, Amílcar Cabral e Orlando Costa.
Em março de 1975, quase um ano depois do 25 de Abril, foi finalmente organizada uma exposição em sua homenagem, na Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.
Naquele lugar sem nome p'ra qualquer fim Uma gota rubra sobre a calçada cai E um rio de sangue dum peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial E a foice duma ceifeira de Portugal E o som da bigorna como um clarim do céu Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual Só olho por olho e dente por dente vale À lei assassina à morte que te matou Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim Que um dia rirá melhor quem rirá por fim Na curva da estrada há covas feitas no chão E em todas florirão rosas duma nação.
Zeca Afonso (Letra e Música), Eu Vou Ser Como a Toupeira, 1972
Em 1959, na sequência da derrota eleitoral, vítima de represálias por parte do regime salazarista e alvo de ameaças por parte da polícia política, pede asilo político na Embaixada do Brasil, seguindo depois para o exílio neste país.
Convencido de que o regime não poderia ser derrubado por meios
pacíficos promove a realização de um golpe de estado militar, que vem a
ser concretizado em 1962 e que visava tomar o quartel de Beja e outras posições estratégicas importantes de Portugal. O golpe, porém, fracassou.
Pensando vir reunir-se com opositores ao regime do Estado Novo, Humberto Delgado dirigiu-se à fronteira espanhola em Los Almerines, perto de Olivença, em 13 de fevereiro de 1965. Ao seu encontro vai um grupo de agentes da PIDE, liderados por Rosa Casaco. O agente Casimiro Monteiro
assassina-o, bem como à sua secretária, Arajaryr Campos. Os corpos
foram ocultados perto de Villanueva del Fresno, cerca de 30 km a sul do
local do crime.
A Assembleia da República Portuguesa decidiu, a 19 de julho de 1988, que fosse feita a transladação dos restos mortais de Humberto Delgado, do Cemitério dos Prazeres para o Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa. A cerimónia aconteceu a 5 de outubro de 1990, dia que se assinalava os oitenta anos da imposição da República Portuguesa. Nesta mesma altura, o General foi elevado, a título póstumo, a Marechal da Força Aérea. Em fevereiro de 2015, por ocasião do 50º aniversário do seu assassinato, a Câmara Municipal de Lisboa propôs ao governo Português a alteração do nome do Aeroporto de Lisboa para Aeroporto Humberto Delgado. O governo aceitou a proposta e desde 15 de maio de 2016 que o Aeroporto da Portela se designa por Aeroporto Humberto Delgado.
O seu percurso no Estado português
iniciou-se quando foi escolhido pelos militares para Ministro das
Finanças durante um curto período de duas semanas, na sequência da Revolução de 28 de maio de 1926. Foi substituído pelo comandante Filomeno da Câmara de Melo Cabral após o golpe do general Gomes da Costa.
Posteriormente, foi também Ministro das Finanças entre 1928 e 1932,
procedendo ao saneamento das finanças públicas portuguesas.
Figura de destaque e promotor do Estado Novo (1933–1974) e da sua organização política, a União Nacional, o ditador Salazar dirigiu os destinos de Portugal como presidente do Ministério entre 1932 e 1933 e, como Presidente do Conselho de Ministros
entre 1933 e 1968. Os autoritarismos e nacionalismos que surgiam na
Europa foram uma fonte de inspiração para Salazar em duas frentes
complementares: a da propaganda e a da repressão. Com a criação da Censura, da organização de tempos livres dos trabalhadores FNAT e da Mocidade Portuguesa, o Estado Novo procurava assegurar a doutrinação de largas massas da população portuguesa ao estilo do fascismo, enquanto que a sua polícia política (PVDE, posteriormente PIDE e, depois da sua morte, DGS), em conjunto com a Legião Portuguesa, combatiam os opositores do regime que, eram julgados em tribunais especiais (Tribunais Militares Especiais e, posteriormente, Tribunais Plenários).
Inspirado no fascismo e apoiando-se na doutrina social da Igreja Católica, Salazar orientou-se para um corporativismo de Estado, com uma linha de ação económica nacionalista assente no ideal da autarcia. Esse seu nacionalismo económico levou-o a tomar medidas de protecionismo e isolacionismo de natureza fiscal, tarifária, alfandegária, para Portugal e as suas colónias, que tiveram impacto negativo, sobretudo até aos anos 60.
Humberto da Silva Delgado (Boquilobo, 15 de maio de 1906 - Los Almerines, São Rafael de Olivença, Olivença, 13 de fevereiro de 1965) foi um militarportuguês da Força Aérea que corporizou o principal movimento de tentativa de derrube do regime salazarista
através de eleições, tendo contudo sido derrotado nas urnas, num
processo eleitoral fraudulento que deu a vitória ao candidato do regime
vigente, Américo Tomás.
Primeiros anos
Humberto da Silva Delgado nasceu a 15 de maio de 1906 em Boquilobo, freguesia de Brogueira, concelho de Torres Novas, distrito de Santarém.
Durante muitos anos apoiou as posições oficiais do regime salazarista, particularmente o seu anticomunismo.
Carreira militar e pública
Em 1941 assumiu publicamente as suas simpatias para com a Alemanha
Nazi, publicando dois artigos, na Revistas Ar, onde afirmou: “O ex-cabo,
ex-pintor, o homem que não nasceu em leito de renda amolecedor,
passará à História como uma revelação genial das possibilidades humanas
no campo político, diplomático, social, civil e militar, quando à
vontade de um ideal se junta a audácia, a valentia, a virilidade numa
palavra.”
Em 1952 foi nomeado adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e membro do comité dos Representantes Militares da NATO.
Promovido a general na sequência da realização do curso de altos
comandos, onde obteve a classificação máxima, passa a Chefe da Missão
Militar junto da NATO.
Regressado a Portugal foi nomeado Diretor-Geral da Aeronáutica Civil.
Oposição ao regime
Os cinco anos que viveu nos Estados Unidos
modificam a sua forma de encarar a política portuguesa. Convidado por
opositores ao regime de Salazar para se candidatar à Presidência da
República, em 1958, contra o candidato do regime, Américo Tomás, aceita, reunindo em torno de si toda a oposição ao Estado Novo.
Numa conferência de imprensa da campanha eleitoral, realizada em 10 de maio de 1958 no café Chave de Ouro, em Lisboa, quando lhe foi perguntado por um jornalista que postura tomaria em relação ao Presidente do ConselhoOliveira Salazar, respondeu com a frase "Obviamente, demito-o!".
Esta frase incendiou os espíritos das pessoas oprimidas pelo regime
salazarista que o apoiaram e o aclamaram durante a campanha com
particular destaque para a entusiástica receção popular na Praça Carlos Alberto no Porto a 14 de maio de 1958.
Devido à coragem que manifestou ao longo da campanha perante a repressão policial foi cognominado «General sem Medo».
O resultado eleitoral não lhe foi favorável graças à fraude eleitoral montada pelo regime.
Exílio e morte
Em 1959, na sequência da derrota eleitoral, vítima de represálias por parte do regime salazarista e alvo de ameaças por parte da polícia política, pede asilo político na Embaixada do Brasil, seguindo depois para o exílio neste país.
Convencido de que o regime não poderia ser derrubado por meios
pacíficos promove a realização de um golpe de estado militar, que vem a
ser concretizado em 1962 e que visava tomar o quartel de Beja e outras posições estratégicas importantes de Portugal. O golpe, porém, fracassou.
Pensando vir reunir-se com opositores ao regime do Estado Novo, Humberto Delgado dirigiu-se à fronteira espanhola em Los Almerines, perto de Olivença, em 13 de fevereiro de 1965. Ao seu encontro vai um grupo de agentes da PIDE, liderados por Rosa Casaco. O agente Casimiro Monteiro
assassina-o, bem como à sua secretária, Arajaryr Campos. Os corpos
foram ocultados perto de Villanueva del Fresno, cerca de 30 km a sul do
local do crime.
Homenagens
A Assembleia da República Portuguesa decidiu, a 19 de julho de 1988, que fosse feita a transladação dos restos mortais de Humberto Delgado, do Cemitério dos Prazeres para o Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa. A cerimónia aconteceu a 5 de outubro de 1990, dia que se assinalava os oitenta anos da imposição da República Portuguesa. Nesta mesma altura, o General foi elevado, a título póstumo, a Marechal da Força Aérea. Em fevereiro de 2015, por ocasião do 50º aniversário do seu assassinato, a Câmara Municipal de Lisboa propôs ao governo Português a alteração do nome do Aeroporto de Lisboa para Aeroporto Humberto Delgado. O governo aceitou a proposta e desde 15 de maio de 2016 que o Aeroporto da Portela se designa por Aeroporto Humberto Delgado.
Eduardo Chivambo Mondlane (Manjacaze, Gaza, 20 de junho de 1920 - Dar es Salaam, 3 de fevereiro de 1969) foi um dos fundadores e primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), a organização que lutou pela independência de Moçambique do domínio colonialportuguês. O dia da sua morte, assassinado por uma encomenda-bomba, é celebrado em Moçambique como o Dia dos Heróis Moçambicanos.
Vida e obra
Filho de um chefe tradicional, Mondlane estudou inicialmente numa missão presbiterianasuíça próxima de Manjacaze, mas viria a terminar os seus estudos secundários numa escola da mesma igreja na África do Sul.
Após ter sido expulso, na sequência da subida ao poder do Partido Nacional, da Universidade de
Witwatersrand, onde cursava Antropologia e Sociologia, seguiu estudos,
usufruindo de uma bolsa, na Universidade de Lisboa.
Aí conheceu outros estudantes que viriam a ser os líderes dos
movimentos nacionalistas e anticoloniais de vários países africanos,
como Amílcar Cabral e Agostinho Neto. Terminaria os estudos nos Estados Unidos, frequentando o Oberlin College (Ohio) e a Northwestem University (Evaston, Illinois) e vindo a obter o doutoramento em Sociologia.
Trabalhou para as Nações Unidas,
no Departamento de Curadoria, como investigador dos acontecimentos que
levavam à independência dos países africanos e foi também professor de história e sociologia na Universidade de Syracuse, em Nova Iorque. Nessa altura (década de 50), Mondlane teve contactos com Adriano Moreira,
um ministro português que queria recrutá-lo para trabalhar na
administração colonial; Mondlane, por seu turno, tentou convencê-lo da
necessidade de Portugal seguir o caminho dos restantes países, que
estavam a dar independência às suas colónias africanas.
Em 1961,
visitou Moçambique, a convite da Missão Suíça, e teve contactos com
vários nacionalistas, onde se convenceu de que as condições estavam
criadas para o estabelecimento de um movimento de libertação. Por essa
altura e independentemente, formaram-se três organizações com o mesmo
objetivo: a UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique), a MANU (Mozambique African National Union, à maneira da KANU do Quénia e de tantas outras) e a UNAMI
(União Nacional Africana para Moçambique Independente). Estas
organizações tinham sede em países diferentes e uma base social e étnica
também diferentes, mas Mondlane tentou uni-las, o que conseguiu, com o
apoio do presidente da Tanzânia, Julius Nyerere – a FRELIMO foi de facto criada na Tanzânia, com base naqueles três movimentos, em 25 de junho de 1962, e Mondlane foi eleito seu primeiro presidente, com Uria Simango como vice-presidente.
Nessa altura, Mondlane já tinha chegado à conclusão de que não seria
possível conseguir a independência de Moçambique sem uma guerra de
libertação, mas era necessário desenhar uma estratégia e obter apoios
para a levar a cabo, o que Mondlane começou a fazer. Os primeiros
guerrilheiros foram treinados na Argélia e, entre eles, contava-se Samora Machel
que o viria a substituir após a sua morte. Os seguintes foram já treinados na
Tanzânia, onde a FRELIMO organizou ainda uma escola secundária, o
Instituto de Moçambique.
A luta armada foi desencadeada em 25 de setembro de 1964, com o ataque de um pequeno número de guerrilheiros ao posto administrativo de Chai, na província de Cabo Delgado,
a cerca de 100 km da fronteira com a Tanzânia. Para além das ações
militares, a FRELIMO organizou um sistema de comércio para apoiar as
ações de guerrilha e Lázaro Nkavandame,
que tinha sido nomeado Secretário Provincial do movimento para aquela
província, foi quem organizou esse sistema; mais tarde, verificou-se que
ele guardava os lucros para si e seus colaboradores e acabou por
desertar, em 1969, pouco depois da morte de Mondlane.
Este não foi o único incidente que ensombrou os primeiros anos da FRELIMO: Mateus Gwengere, um padre católico que tinha aliciado muitos jovens da sua província (Tete)
e era professor do Instituto de Moçambique, insurgiu-se contra a
política do movimento de enviar a maior parte dos jovens para a luta
armada, em vez de os incentivar a continuar os estudos. Em março de
1968, verificou-se um motim, seguido pelo abandono quase maciço dos
estudantes que, mais tarde, se descobriu ter sido despoletado por
Gwengere. Em maio, uma multidão de macondes invadiu os escritórios do movimento e assassinou um dos membros do Comité Central, Mateus Sansão Muthemba - exigiam a independência imediata de Cabo Delgado.
Entretanto, Nkavandame tentou forçar a realização de um congresso do
movimento na Tanzânia, mas o Comité Central decidiu realizá-lo em Matchedje, nas zonas libertadas do Niassa, em julho de 1968.
Nesse congresso - o II Congresso da FRELIMO -, Mondlane foi reeleito
como presidente e Uria Simango como vice-presidente, mas foi ainda
criado um conselho executivo, que incluía a presidência e os chefes dos
departamentos. O mais importante foi que o congresso reafirmou a
política definida de lutar pela “independência total e completa” de Moçambique e não apenas de parte dela.
Eduardo Mondlane morreu a 3 de fevereiro de 1969, ao abrir uma encomenda que continha uma bomba, na casa de uma
ex-secretária sua, Betty King. Suspeita-se que a encomenda teria sido
preparada em Lourenço Marques, pela PIDE/DGS, a polícia secreta portuguesa, mas como chegou às suas mãos e porque foi ele a abri-la nunca ficou esclarecido.
Mondlane deixou viúva, Janet Mondlane, que foi a primeira Diretora
Nacional de Ação Social de Moçambique independente e a primeira
presidente do Conselho Nacional contra a SIDA, já nos anos 2000-2004, e
três filhos. Mais importante, deixou um livro, "Lutar por Moçambique",
que só foi publicado alguns meses depois da sua morte, onde detalhava
como funcionava o sistema colonial em Moçambique e o que seria
necessário para desenvolver o país.
Biografia
Natural de Pinhel, próximo da Guarda, foi o quinto de nove irmãos e irmãs.
Foi aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa onde entrou em 1942. Frequentou primeiro o curso de Arquitetura, que abandonou, para frequentar o de Escultura.
Ainda muito jovem aderiu à Frente Académica Antifascista e, mais tarde (em 1946), ao MUD Juvenil. Participante em várias lutas estudantis em 1947, aderiu de seguida ao Partido Comunista Português e, em 1949, foi detido pela PIDE depois de participar na campanha presidencial de Norton de Matos. Em 1952, foi expulso da Escola Superior de Belas Artes e impedido de ingressar em qualquer faculdade do país; seria também demitido do lugar de professor do Ensino Técnico.
José Dias Coelho vai trabalhar, em 1952, como desenhador com os arquitetos Keil do Amaral, Hernâni Gandra e Alberto José Pessoa num atelier na Rua Fernão Álvares do Oriente, no Bairro de São Miguel em Lisboa.
Em 1955 entra para a clandestinidade, ao mesmo tempo que exercia funções no PCP,
com o objetivo de criar uma oficina de falsificação de documentos para
dar cobertura às atividades dos militantes clandestinos. Exercia esta
atividade na altura do seu assassinato pela PIDE, em 19 de dezembro de 1961, na Rua da Creche, que hoje tem o seu nome, junto ao Largo do Calvário, em Lisboa.
O assassinato levou o cantor Zeca Afonso a escrever e dedicar-lhe a música A Morte Saiu à Rua. O mesmo fez o grupo Trovante com a música Flor da Vida. Da vida pessoal de José Dias Coelho há ainda a salientar a sua relação com Margarida Tengarinha, também artista plástica. O casal teve três filhas.
Ao optar pela clandestinidade em 1955, põe de parte a sua carreira artística como escultor, que nesse mesmo ano vê os primeiros sinais de reconhecimento público, com duas esculturas para a Escola Primária de Campolide (seões feminina e masculina) e uma grande escultura para a Escola Primária de Vale Escuro, em Lisboa, e dois baixos relevos, um para o Café Central das Caldas da Rainha, e outro para a fábrica Secil.
Já estava na clandestinidade quando, em junho de 1956, se realizou a 10.ª e última das Exposições Gerais de Artes Plásticas;
José Dias Coelho foi um dos organizadores dessas exposições, desde a
primeira edição em 1946, e é um dos artistas que expõe a partir da
segunda. Por não poder participar abertamente na 10ª edição devido ao
facto de estar na clandestinidade, um grupo de amigos expõe a escultura
da cabeça da irmã Maria Emília, que já havia sido exposta, para
garantir que o seu nome consta do catálogo.
Com uma intensa atividade social e intelectual a par da política,
travou e manteve amizade com várias figuras destacadas da sociedade
portuguesa de então, tais como os arquitetosKeil do Amaral e João Abel Manta, com Fernando Namora, Carlos de Oliveira, José Gomes Ferreira, Eugénio de Andrade, José Cardoso Pires, Abel Manta, Rogério Ribeiro, João Hogan, bem como aqueles que viriam dentro em breve a liderar os movimentos de independência em África, na altura estudantes em Lisboa: Agostinho Neto, Vasco Cabral, Marcelino dos Santos, Amílcar Cabral e Orlando Costa.
Em março de 1975, quase um ano depois do 25 de Abril, foi finalmente organizada uma exposição em sua homenagem, na Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.
A Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) foi uma polícia existente em Portugal entre 1945 e 1969. Apesar de ser, hoje em dia, sobretudo conhecida como polícia política,
as funções da PIDE eram bastante mais abrangentes, sendo especialmente
importantes as suas funções nos setores dos serviços de estrangeiros, fronteiras e segurança do Estado.
No âmbito das suas funções administrativas, competia-lhe encarregar-se dos serviços de emigração e passaportes, dos serviços de passagem de fronteiras e dos serviços de permanência e trânsito de estrangeiros em Portugal.
No âmbito das funções de repressão e de prevenção criminal, competia à PIDE a instrução preparatória dos processos
respeitantes aos crimes de estrangeiros relacionados com a sua entrada
ou com o regime legal da sua permanência em território nacional, às
infrações relativas ao regime da passagem nas fronteiras, aos crimes de emigração clandestina e aliciamento ilícito de emigrantes e aos crimes contra a segurança exterior e interior do Estado.
Atividade
No contexto das suas funções no setor da segurança do Estado, destaca-se a importância da atividade da PIDE na neutralização da oposição ao Estado Novo.
A PIDE utilizava a tortura para obter informações e foi
responsável por alguns crimes sangrentos, como o assassinato do
militante do Partido Comunista Português (PCP) José Dias Coelho e do general Humberto Delgado.
Este último foi atraído para uma emboscada, só possível pela introdução
de informadores nas organizações que o general liderava ou na sua teia
mais íntima de relações pessoais, ultrapassando mesmo as fronteiras
nacionais (não só o crime foi cometido em território espanhol como os
informadores se encontravam instalados no Brasil, na França e na Itália).
Durante a Guerra do Ultramar,
a PIDE, até aí virtualmente ausente dos territórios africanos, assumiu
nos três teatros de operações a função de serviço de informações e -
constituindo, enquadrando e dirigindo milícias próprias, os Flechas,
compostas por africanos, por vezes desertores das guerrilhas -
colaborou com as forças militares no terreno. Neste âmbito, poderá a sua
ação ter também ultrapassado as fronteiras; com efeito, são-lhe
atribuídas responsabilidades, quer no atentado que vitimou o dirigente
da FRELIMOEduardo Mondlane, quer na manipulação dos descontentes do PAIGC que, num "golpe de Estado" dentro do partido, assassinaram o dirigente independentista Amílcar Cabral.