segunda-feira, novembro 04, 2013

Yitzhak Rabin foi assassinado há 18 anos

Quinto primeiro-ministro de Israel, no cargo entre 1974 e 1977, regressou ao cargo em 1992, exercendo funções até 1995, ano em que foi assassinado. Foi também o primeiro chefe de governo a ter nascido no território que se tornaria Israel e o segundo a morrer durante o exercício do cargo, além de ser o único a ser assassinado.
Em 1994, Rabin recebeu o Prémio Nobel da Paz, juntamente com Shimon Peres e Yasser Arafat. Ele foi assassinado pelo radical de direita israelita Yigal Amir, que se opunha à assinatura de Rabin do Acordos de Oslo.

Yitzhak Rabin ao lado de Bill Clinton e Yasser Arafat, num aperto de mãos que selaria o Acordo de paz de Oslo, em 13 de setembro de 1993

Biografia
Yitzhak Rabin nasceu em Jerusalém, a 1 de março de 1922, judeu, filho de pai nascido nos Estados Unidos e mãe nascida na Rússia, ambos imigrados para a então Palestina Britânica. Quando tinha um ano de idade a sua família mudou-se para Tel-Aviv, onde cresceu e frequentou a escola. O seu pai morreu quando ele era um menino, e ele trabalhou a partir de uma idade precoce para sustentar a sua família.
Em 1941, já formado pela Escola de Agricultura Kadoorie, ingressa na Haganá, uma organização paramilitar judaica, e dentro desta no seu corpo de elite, o Palmach, onde foi oficial de operações. Durante a Guerra de Independência (1948-1949) comandou a brigada Harel que conquistou a parte Ocidental de Jerusalém. Com o cessar fogo de 1949, foi membro da delegação israelita nas negociações de paz com o Egipto.
Em 1948, durante a Guerra árabe-israelita de 1948 contraiu matrimónio com Lea Schlossberg, a sua esposa durante os seguintes 47 anos. O casal teve dois filhos, Dalia (Pelossof-Rabin) e Yuval.
Entre 1964 e 1968 exerceu as funções de Chefe do Estado-Maior do Exército israelita, tendo sido um dos responsáveis pela vitória de Israel na guerra de 1967, que o opôs o país aos seus vizinhos árabes.
Após se aposentar das Forças de Defesa de Israel, tornou-se embaixador nos Estados Unidos, entre 1968 e 1973. Nesse ano regressa a Israel, onde é eleito deputado no Knesset (Parlamento), pelo Partido Trabalhista.
Foi Ministro do Trabalho no governo de Golda Meir. Com a queda do governo de Meir, em 1974, Rabin é eleito primeiro-ministro, mas demite-se em 1977.
Entre 1985 e 1990 é membro dos governos de unidade nacional, onde desempenhou as funções de Ministro da Defesa, tendo implementado a retirada das forças israelitas do sul do Líbano. Apanhado desprevenido pela Intifada de dezembro de 1987, tenta, sem sucesso, reprimir o levantamento dos palestinianos, ordenando que os soldados partissem os ossos dos manifestantes. Na ocasião, recebeu a alcunha pejorativa de "quebra-ossos".
Em 1992 foi eleito líder do Partido Trabalhista, que conduz à vitória nas eleições legislativas de julho desse ano, tornando-se primeiro-ministro pela segunda vez. Desempenhou um importante papel no Acordo de Paz de Oslo, que criou uma Autoridade Nacional Palestiniana com algumas funções de controle sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Em outubro de 1994 assinou o tratado de paz com a Jordânia.
Foi galardoado com o Nobel da Paz em 1994 pelos seus esforços a favor da paz no Oriente Médio, honra que partilhou com o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, Shimon Peres, e com o então líder da OLP, Yasser Arafat.
No dia 4 de novembro de 1995 foi assassinado pelo estudante judeu ortodoxo Yigal Amir, militante de extrema-direita que se opunha às negociações com os palestinianos, quando participava num comício pela paz na Praça dos Reis (hoje Praça Yitzhak Rabin) em Tel Aviv. Yigal foi condenado a prisão perpétua. A sua viúva faleceu em 2000, de cancro do pulmão. O túmulo do casal encontra-se no cemitério do Monte Herzl, Jerusalém em Israel.

Felix Mendelssohn Bartholdy morreu há 166 anos

Jakob Ludwig Felix Mendelssohn Bartholdy conhecido como Felix Mendelssohn (Hamburgo, 3 de fevereiro de 1809 - Leipzig, 4 de novembro de 1847) foi um compositor, pianista e maestro alemão do início do período romântico. Algumas das suas mais conhecidas obras são a suíte Sonho de uma Noite de Verão (que inclui a famosa marcha nupcial), dois concertos para piano, o concerto para violino, cerca de 100 lieder, e os oratórios São Paulo e Elijah entre outros.


O Rei Guilherme III de Inglaterra nasceu há 363 anos

Guilherme III & II (Haia, 4 de novembro de 1650Londres, 8 de março de 1702) foi um soberano Príncipe de Orange da Casa de Orange-Nassau por nascimento. A partir de 1672 ele governou como estatuder Guilherme III de Orange na Holanda, Zelândia, Utrecht, Guéldria e Overissel da República dos Países Baixos. Começando em 1689 ele reinou a Inglaterra e a Irlanda como Guilherme III; foi uma coincidência que seu número régio era o mesmo tanto em Orange quanto na Inglaterra. Como Rei da Escócia, ele era conhecido como Guilherme II. Guilherme é conhecido em algumas partes da Irlanda do Norte e Escócia como "Rei Billy". Em 5 de novembro de 1688, naquilo que ficou conhecida como a "Revolução Gloriosa", ele invadiu a Inglaterra, numa ação que acabou por depor o rei Jaime II & VII e conquistar as coroas dos países das Ilhas Britânicas. Ele governou junto com Maria II, a sua esposa, até à morte dela, a 28 de dezembro de 1694.
Guilherme, um protestante, participou de várias guerras contra o poderoso rei católico Luís XIV de França em coligação com potências europeias protestantes e católicas. Vários protestantes consideravam-no um defensor da sua fé. Principalmente por causa da sua reputação, ele conseguiu tomar as coroas britânicas quando muitos temiam um regresso ao catolicismo durante o reinado de Jaime. A sua vitória contra as forças do rei, em 1690, na Batalha do Boyne ainda é comemorada pela Ordem de Orange. O seu reinado marcou um momento de transição entre os governos absolutistas dos Stuarts e os governos parlamentares da Casa de Hanôver.

Brasão de Armas do Rei Guilherme III e da Rainha Maria II
 

domingo, novembro 03, 2013

O poeta Gonçalves Dias morreu, afogado e abandonado, há 150 anos

Antônio Gonçalves Dias (Caxias, 10 de agosto de 1823 - Guimarães, 3 de novembro de 1864) foi um poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogobrasileiro. Um grande expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como "indianismo", ele é famoso por ter escrito o poema "Canção do Exílio" - sem dúvida, um dos poemas mais conhecidos da literatura brasileira -, o curto poema épicoI-Juca-Pirama e de muitos outros poemas nacionalistas e patrióticos que viria a dar-lhe o título de poeta nacional do Brasil. Ele também foi um ávido pesquisador das línguas indígenas brasileiras e do folclore.
Ele é o patrono da cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras.

Biografia
Antônio Gonçalves Dias nasceu a 10 de agosto de 1823, no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá (a 14 léguas de Caxias). Morreu aos 41 anos em um naufrágio do navio Ville Bologna, próximo à região do baixo de Atins, na baía de Cumã, município de Guimarães. Advogado de formação, é mais conhecido como poeta e etnógrafo, sendo relevante também para o teatro brasileiro, tendo escrito quatro peças. Teve também atuação importante como jornalista.
Era filho de uma união não oficializada entre um comerciante português com uma mestiça, e estudou inicialmente durante um ano com o professor José Joaquim de Abreu, quando começou a trabalhar como caixeiro e a tratar da escrita e contas da loja do seu pai, que veio a falecer em 1837.
Iniciou os seus estudos de latim, francês e filosofia em 1835, quando foi matriculado numa escola particular.
Foi estudar na Europa, a Portugal, onde em 1838 terminou os estudos secundários e ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1840), regressando em 1845, após fazer o bacharelato. Mas antes de regressar, ainda em Coimbra, participou nas atividades e escritas dos grupos medievalistas da Gazeta Literária e de O Trovador, compartilhando das ideias românticas de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e António Feliciano de Castilho. Por se achar tanto tempo fora da sua pátria, inspira-se para escrever a Canção do Exílio e parte dos poemas de "Primeiros cantos" e "Segundos cantos"; o drama Patkull; e "Beatriz de Cenci", depois rejeitado, por sua condição de texto "imoral", pelo Conservatório Dramático do Brasil. Foi ainda neste período que escreveu fragmentos do romance biográfico "Memórias de Agapito Goiaba", destruído depois pelo próprio poeta, por conter alusões a pessoas ainda vivas.
No ano seguinte ao seu retorno conheceu aquela que seria a sua grande musa inspiradora: Ana Amélia Ferreira Vale. Várias de suas peças românticas, inclusive “Ainda uma vez — Adeus” foram escritas para ela. Nesse mesmo ano ele viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, onde trabalhou como professor de história e latim do Colégio Pedro II, além de ter atuado como jornalista, contribuindo para diversos periódicos: Jornal do Commercio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da Monarquia, publicando crónicas, folhetins teatrais e crítica literária.
Em 1849 fundou com Manuel de Araújo Porto-Alegre e Joaquim Manuel de Macedo a revista Guanabara, que divulgava o movimento romântico da época. Em 1851 voltou a São Luís do Maranhão, a pedido do governo, para estudar o problema da instrução pública naquele estado.
Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em 1852, mas a família dela, em virtude da ascendência mestiça do escritor, refutou veementemente o pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde se casou com Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros e passou os quatro anos seguintes na Europa, realizando pesquisas em prol da educação nacional. Voltando ao Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de Exploração, pela qual viajou por quase todo o norte do país.
Voltou à Europa em 1862, para um tratamento de saúde. Não obtendo resultados, regressou ao Brasil em 1864 no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o poeta, que foi esquecido, agonizando, no seu leito, e se afogou. O acidente ocorreu nos Baixos de Atins, perto de Tutóia, no Maranhão.
A sua obra enquadra-se no Romantismo, pois, a semelhança do que fizeram os seus correlegionários europeus, procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o indianismo. Pela sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que Gonçalves Dias incorporou uma ideia de Brasil à literatura nacional.

A Musa: Ana Amélia
Por ocasião da elaboração da antologia poética da fase romântica, elaborada por Manuel Bandeira, Onestaldo de Pennafort gentilmente escreveu a nota que segue, retirada daquela obra e aqui transcrita:

A poesia 'Ainda uma vez - adeus!', bem como as poesias 'Palinódia' e 'Retratação', foram inspiradas por Ana Amélia Ferreira do Vale, cunhada do Dr. Teófilo Leal, ex-condiscípulo do poeta em Portugal e seu grande amigo.
Gonçalves Dias viu-a pela primeira vez em 1846 no Maranhão. Era uma menina quase, e o poeta, fascinado pela sua beleza e graça juvenil, escreveu para ela as poesias 'Seus olhos' e 'Leviana'. Vindo para o Rio, é possível que essa primeira impressão tenha desaparecido do seu espírito. Mais tarde, porém, em 1851, voltando a S. Luís, viu-a de novo, e já então a menina e moça de 46 se fizera mulher, no pleno esplendor da sua beleza desabrochada. O encantamento de outrora se transformou em paixão ardente, e, correspondido com a mesma intensidade de sentimento, o poeta, vencendo a timidez, pediu-a em casamento à família.
A família da linda Don'Ana - como lhe chamavam - tinha o poeta em grande estima e admiração. Mais forte, porém, do que tudo, era naquele tempo no Maranhão o preconceito de raça e casta. E foi em nome desse preconceito que a família recusou o seu consentimento.
Por seu lado, o poeta, colocado diante das duas alternativas: renunciar ao amor ou à amizade, preferiu sacrificar aquela a esta, levado por um excessivo escrúpulo de honradez e lealdade, que revela nos mínimos atos de sua vida. Partiu para Portugal. Renúncia tanto mais dolorosa e difícil por que a moça que estava resolvida a abandonar a casa paterna para fugir com ele, o exprobrou em carta, dura e amargamente, por não ter tido a coragem de passar por cima de tudo e de romper com todos para desposá-la!
E foi em Portugal, tempos depois, que recebeu outro rude golpe: Don'Ana, por capricho e acinte à família, casara-se com um comerciante, homem também de cor como o poeta e nas mesmas condições inferiores de nascimento. A família, que se opusera tenazmente ao casamento, mas desta vez o pretendente, sem medir considerações para com os parentes da noiva, recorreu à justiça, que lhe deu ganho de causa, por ser maior a mulher. Um mês depois falia, partindo com a esposa para Lisboa, onde o casal chegou a passar até privações.
Foi aí, em Lisboa, num jardim público, que certa vez se defrontaram o poeta e a sua amada, ambos abatidos pela dor e pela desilusão de suas vidas, ele cruelmente arrependido de não ter ousado tudo, de ter renunciado àquela que com uma só palavra sua se lhe entregaria para sempre. Desvairado pelo encontro, que lhe reabrira as feridas e agora de modo irreparável, compôs de um jato as estrofes de 'Ainda uma vez - adeus!', as quais, uma vez conhecidas da sua inspiradora, foram por esta copiadas com o seu próprio sangue.
Julgamento crítico
De Alexandre Herculano
"Os primeiros cantos são um belo livro; são inspirações de um grande poeta. A terra de Santa Cruz, que já conta outros no seu seio, pode abençoar mais um ilustre filho. O autor, não o conhecemos; mas deve ser muito jovem. Tem os defeitos do escritos ainda pouco amestrado pela experiência: imperfeições de língua, de metrificação, de estilo. Que importa? O tempo apagará essas máculas, e ficarão as nobres inspirações estampadas nas páginas deste formoso livro.
Abstenho-me de outras citações, que ocupariam demasiado espaço, não posso resistir à tentação de transcrever das Poesias Diversas uma das mais mimosas composições líricas que tenho lido na minha vida. (Aqui vinha transcrita a poesia Seus Olhos.) Se estas poucas linhas, escritas de abundância de coração, passarem, os mares, receba o autor dos Primeiros Cantos testemunho sincero de simpatia, que não costuma nem dirigir aos outros elogios encomendados nem pedi-los para si."
De José de Alencar
"Gonçalves Dias é o poeta nacional por excelência: ninguém lhe disputa na opulência da imaginação, no fino lavor do verso, no conhecimento da natureza brasileira e dos seus costumes selvagens"
De Machado de Assis
"Depois de escrita a revista, chegou a notícia da morte de Gonçalves Dias, o grande poeta dos Cantos e dos Timbiras. A poesia nacional cobre-se, portanto, de luto. Era Gonçalves Dias o seu mais prezado filho, aquele que de mais louçania a cobriu. Morreu no mar-túmulo imenso para talento. Só me resta espaço para aplaudir a ideia que se vai realizar na capital do ilustre poeta. Não é um monumento para Maranhão, é um monumento para o Brasil. A nação inteira deve concorrer para ele."
(Crónicas em Diário do Rio de Janeiro, de 9 de novembro de 1894.)

Ainda uma vez - adeus!

I
Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti!

II
Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!

III
Louco, aflito, a saciar-me
D'agravar minha ferida,
Tomou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;
Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esperança,
Tu me vieste à lembrança:
Quis viver mais e vivi!

IV
Vivi; pois Deus me guardava
Para este lugar e hora!
Depois de tanto, senhora,
Ver-te e falar-te outra vez;
Rever-me em teu rosto amigo,
Pensar em quanto hei perdido,
E este pranto dolorido
Deixar correr a teus pés.

V
Mas que tens? Não me conheces?
De mim afastas teu rosto?
Pois tanto pôde o desgosto
Transformar o rosto meu?
Sei a aflição quanto pode,
Sei quanto ela desfigura,
E eu não vivi na ventura...
Olha-me bem, que sou eu!

VI
Nenhuma voz me diriges!...
Julgas-te acaso ofendida?
Deste-me amor, e a vida
Que me darias - bem sei;
Mas lembrem-te aqueles feros
Corações, que se meteram
Entre nós; e se venceram,
Mal sabes quanto lutei!

VII
Oh! se lutei!... mas devera
Expor-te em pública praça,
Como um alvo à populaça,
Um alvo aos dictérios seus!
Devera, podia acaso
Tal sacrifício aceitar-te
Para no cabo pagar-te,
Meus dias unindo aos teus?

VIII
Devera, sim; mas pensava,
Que de mim t'esquecerias,
Que, sem mim, alegres dias
T'esperavam; e em favor
De minhas preces, contava
Que o bom Deus me aceitaria
O meu quinhão de alegria
Pelo teu, quinhão de dor!

IX
Que me enganei, ora o vejo;
Nadam-te os olhos em pranto,
Arfa-te o peito, e no entanto
Nem me podes encarar;
Erro foi, mas não foi crime,
Não te esqueci, eu to juro:
Sacrifiquei meu futuro,
Vida e glória por te amar!

X
Tudo, tudo; e na miséria
Dum martírio prolongado,
Lento, cruel, disfarçado,
Que eu nem a ti confiei;
"Ela é feliz (me dizia)
"Seu descanso é obra minha."
Negou-me a sorte mesquinha...
Perdoa, que me enganei!

XI
Tantos encantos me tinham,
Tanta ilusão me afagava
De noite, quando acordava,
De dia em sonhos talvez!
Tudo isso agora onde pára?
Onde a ilusão dos meus sonhos?
Tantos projetos risonhos,
Tudo esse engano desfez!

XII
Enganei-me!... - Horrendo caos
Nessas palavras se encerra,
Quando do engano, quem erra.
Não pode voltar atrás!
Amarga irrisão! reflete:
Quando eu gozar-te pudera,
Mártir quis ser, cuidei qu'era...
E um louco fui, nada mais!

XIII
Louco, julguei adornar-me
Com palmas d'alta virtude!
Que tinha eu bronco e rude
C'o que se chama ideal?
O meu eras tu, não outro;
Stava em deixar minha vida
Correr por ti conduzida,
Pura, na ausência do mal.

XIV
Pensar eu que o teu destino
Ligado ao meu, outro fora,
Pensar que te vejo agora,
Por culpa minha, infeliz;
Pensar que a tua ventura
Deus ab eterno a fizera,
No meu caminho a pusera...
E eu! eu fui que a não quis!

XV
És doutro agora, e pr'a sempre!
Eu a mísero desterro
Volto, chorando o meu erro,
Quase descrendo dos céus!
Dói-te de mim, pois me encontras
Em tanta miséria posto,
Que a expressão deste desgosto
Será um crime ante Deus!

XVI
Dói-te de mim, que t'imploro
Perdão, a teus pés curvado;
Perdão!... de não ter ousado
Viver contente e feliz!
Perdão da minha miséria,
Da dor que me rala o peito,
E se do mal que te hei feito,
Também do mal que me fiz!

XVII
Adeus qu'eu parto, senhora;
Negou-me o fado inimigo
Passar a vida contigo,
Ter sepultura entre os meus;
Negou-me nesta hora extrema,
Por extrema despedida,
Ouvir-te a voz comovida
Soluçar um breve Adeus!

XVIII
Lerás porém algum dia
Meus versos d'alma arrancados,
D'amargo pranto banhados,
Com sangue escritos; - e então
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiade
Que chores, não de saudade,
Nem de amor, - de compaixão.

 

in Ainda uma vez - Adeus! - Poemas escolhidos (1974) - Gonçalves Dias

Matisse morreu há 59 anos

Henri-Émile-Benoît Matisse (Le Cateau-Cambrésis, 31 de dezembro de 1869 - Nice, 3 de novembro de 1954) foi um artista francês, conhecido por seu uso da cor e sua arte de desenhar fluída e original. Foi um desenhista, gravurista e escultor, mas é principalmente conhecido como um pintor. Matisse é considerado, juntamente com Picasso e Marcel Duchamp, como um dos três artistas seminais do século XX, responsável por uma evolução significativa na pintura e na escultura. Embora fosse inicialmente rotulado de fauvista (besta selvagem), na década de 1920, ele foi cada vez mais aclamado como um defensor da tradição clássica na pintura francesa. O seu domínio da linguagem expressiva da cor e do desenho, exibido em um conjunto de obras ao longo de mais de meio século, valeram-lhe o reconhecimento como uma figura de liderança na arte moderna.



O cantor João Só nasceu há 70 anos

(imagem daqui)

João Só ou João Evangelista de Melo Fortes (Teresina, 3 de novembro de 1943 - Salvador, 20 de junho de 1992) foi um cantor e compositor brasileiro.
Benjamim (ou caçula, como se diz no Brasil) entre os 12 filhos de Tito Fortes e de Irene Couto de Mello, aprendeu a tocar os primeiros acordes de cavaquinho quando ainda era criança, tendo começado a estudar vários instrumentos aos 15 anos, na época em que veio com a família de Teresina para Salvador.
Em 1971 defendeu o seu primeiro sucesso, Canção para Janaína, no sexto Festival Internacional da Canção. Em seguida gravou aquele que seria seu maior sucesso, Menina da Ladeira.
Ainda do começo da década de 1970 datam seus outros êxitos: Ando na Velocidade e Copacabana.
A partir de 1978, João Só passou a se dedicar somente a shows, tendo-se apresentado centenas de vezes por todo o Brasil, deixando gravados 15 discos e algumas fitas, contendo mais de 40 músicas da sua autoria, nos 20 anos de sua carreira. Entre elas, curiosamente, também compôs o primeiro hino oficial da equipa de futebol Londrina Esporte Clube, "Bandeira do Meu Coração", na sua campanha de 1977.
Faleceu por causa de um enfarte do miocárdio, aos 48 anos, quando já se encontrava esquecido pelo grande público.



Menina da Ladeira - João Só

Menina que mora na ladeira
E desce a ladeira sem parar
Debaixo do pé da laranjeira
Se senta p'ra poder descansar

Menina que mora na ladeira
E desce a ladeira sem parar
Debaixo do pé da laranjeira
Se senta p'ra poder descansar

Silêncio profundo, a menina dormiu
Alguém que esperava tão logo partiu, partiu
Partiu para sempre, para o infinito
Um grito ouviu

Chorando, levanta a menina
Correndo ligeiro, sem parar
Debaixo do pé da laranjeira
Há sempre alguém a esperar


Violeiro tocando, estrela a brilhar
Violeiro em prece
Em prece ao luar, luar
Tal noite vazia espere a menina
Tão linda não, não vá

Chorando, levanta a menina
Correndo ligeiro, sem parar

Debaixo do pé da laranjeira
Há sempre alguém a esperar
Debaixo do pé da laranjeira

A Associação Académica de Coimbra faz hoje 126 anos (e nem teve de falsificar a data de nascimento...)

A Associação Académica de Coimbra (sigla: AAC), fundada a 3 de novembro de 1887, é a mais antiga associação de estudantes de Portugal. Representa os cerca de 20.000 estudantes da Universidade de Coimbra, que são automaticamente considerados seus sócios, quando se encontrem inscritos nesta Universidade.
A AAC alberga uma série de secções culturais e desportivas. Entre as secções culturais pontificam, o Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) que realiza anualmente o Festival "Caminhos do Cinema Português", a Rádio Universidade de Coimbra (RUC), a Secção de Jornalismo (que edita o jornal universitário "A Cabra"), a Televisão da Associação Académica de Coimbra, a secção de fado, o Grupo de folclore e etnografia (GEFAC) e os grupos de teatro (TEUC e CITAC). As secções desportivas abrangem um vasto leque de desportos, tais como o hóquei em patins, futebol, andebol, basquetebol, rugby, canoagem, natação, voleibol, ténis, artes marciais e xadrez, entre muitos outros. A "Académica" é assim o "clube" mais eclético do pais, uma vez que "pratica" o maior número de modalidades.
Também referido como "Académica", o clube de futebol profissional mais conhecido de Coimbra, de seu verdadeiro nome Associação Académica de Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol (AAC–OAF), é considerado o herdeiro da secção de futebol da AAC (que se mantém na pratica amadora), mas é hoje um clube independente, cuja ligação com a AAC é cada vez mais ténue.
A AAC é dirigida pela Direcção Geral (DG), composta por estudantes, e eleita anualmente entre Novembro e Dezembro em eleições abertas a todos os sócios, tanto estudantes como os sócios seccionistas. À DG compete a administração da AAC bem como a representação política dos estudantes. Em termos políticos, é ainda de referir a importância das Assembleias Magnas, assembleias sobretudo de discussão da política da Academia, abertas a todos os sócios, cujas decisões têm de ser obrigatoriamente cumpridas, independentemente da opinião da DG. Este poder decisório da Assembleia Magna torna-a no palco de discussões acesas, sobretudo entre os estudantes politizados. No passado recente, tem havido no mínimo 5-6 Assembleias Magnas por ano, com participação oscilante, mas um mínimo de cerca de 200 sócios. Infelizmente, a falta de interesse generalizado por estas questões na nossa sociedade, particularmente nas faixas etárias mais jovens, faz-se reflectir na fraca participação das Assembleias Magnas. No entanto, a AAC continua a lutar para pautar a política educativa do Ensino Superior em Portugal. O actual edifício da AAC foi inaugurado em 1961 e alberga praticamente todas as secções da AAC, estando integrado num quarteirão que inclui ainda uma sala de espectáculos (Teatro Académico de Gil Vicente) e um complexo de cantinas. Rivalidades: A Associação Académica de Coimbra mantém uma rivalidade histórica com Sporting Clube de Portugal, Sport Lisboa e Benfica, Clube de Futebol Os Belenenses, Futebol Clube do Porto e Vitória Sport Club (de Guimarães). A rivalidade com os grandes de Lisboa remonta ao início do campeonato nacional, visto existir uma grande rivalidade estudantil entre Lisboa e Coimbra, como a equipa da AAC era composta por alunos da Universidade de Coimbra e os clubes lisboetas tinham nos seus jogadores mais jovens muitos estudantes universitários, esta rivalidade foi cada vez mais fomentada. Actualmente, o Presidente da DG/AAC é Ricardo Morgado.
  
Culturais
Condecorações

Benvenuto Cellini nasceu há 513 anos

Benvenuto Cellini (Florença, 3 de novembro de 1500Florença, 13 de fevereiro de 1571), foi um artista da Renascença, escultor, ourives e escritor italiano.

Benvenuto nasceu em Florença, onde a sua família teve propriedades rurais durante três gerações. O seu pai, Giovanni Cellini, construía e tocava instrumentos musicais, a sua mãe era Maria Lisabetta Granacci e era o segundo filho. O seu pai desejava que ele o ajudasse a fabricar instrumentos musicais, embora tivesse uma inclinação para trabalhar metais. Mas concordou que, aos quinze anos, ele fosse aprender a profissão de ourives com Antonio di Sandro, chamado Marcone. Durante sua juventude, teve problemas com brincadeiras juvenis, sendo banido durante seis meses para Siena, onde trabalhou com Francesco Castoro, chamado Fracastoro, ourives. Então mudou-se para Bolonha, onde fez progressos como ourives e começou a tocar flauta. Depois de visitar Pisa e voltar duas vezes a Florença, foi para Roma, com dezanove anos. Atraiu a atenção para si com alguns trabalhos para o bispo de Salamanca, que o introduziu perante o Papa Clemente VII. É dessa época um de seus mais celebrados trabalhos, o medalhão Leda e o Cisne (hoje em Viena), com o torso e a cabeça de Leda executados em pedra. O papa contratou-o como flautista.
No ataque a Roma de Constable de Bourbon, que ocorreu logo a seguir, Cellini pegou em armas para defender os estados papais. Nas suas próprias palavras, ele foi a mão que feriu o inimigo do Papa. A sua fama facilitou a sua reconciliação com os magistrados de Florença e ele pode voltar a visitar a sua cidade natal, onde trabalhou em várias medalhas, as mais famosas Hércules e o leão de Neméia, e Atlas suportando o globo, que mais tarde acabaram na posse de Francisco I da França. Depois de uma passagem por Mântua, volta a Roma, trabalhando em jóias e medalhas. Retomando seu lado belicoso, mata o assassino do seu irmão, em 1529, tendo fugido para Nápoles. Pela influência de vários notáveis, obteve o perdão e, com a ajuda do Papa Paulo III, é recolocado no seu cargo, não obstante o homicídio de um ourives, mais por acidente do que por malícia, que comete nesse intervalo de tempo. Amigo de Pierluigi Farnese, filho natural do papa, consegue escapar aos seus captores, no entanto acaba algum tempo preso no Castelo de Sant’Angelo, sob a acusação de trocar as gemas da Tiara Papal. A convite de Francisco I trabalha em Fontainebleau e Paris, mas vê-se envolvido em intrigas da corte e acaba regressando em 1545 a Florença, onde se ocupa de diversas obras e da rivalidade com o também escultor Baccio Bandinelli, que acaba por acusá-lo publicamente de sodomia. Envolve-se nas obras de fortificação de sua cidade durante a guerra com Siena e também nas suas belas obras de arte, acaba vendo o seu valor reconhecido pelos duques e ganha a admiração de seus compatriotas. Cellini morre em Florença, em 1571, e foi enterrado na Igreja de Nossa Senhora da Anunciação, com grande pompa.

Perseu com a cabeça de Medusa, em Florença

Mick Thomson, um dos guitarristas dos Slipknot, faz hoje 40 anos!

Mickael Gordon Thomson (Des Moines, Iowa, 3 de novembro de 1973) é um guitarrista dos Estados Unidos conhecido como Mick ou como Log, ou ainda pelo seu número (#7), é um dos guitarristas dos Slipknot.

Thomson nasceu em Des Moines, Iowa, e na sua juventude, tocou em bandas como Body Pit. Ele entrou nos Slipknot em 1996, substituindo o guitarrista da banda, Craig Jones, que depois se tornou sampler da banda. Thomson usa o pseudónimo de #7 mais do que a maioria dos membros do Slipknot. Por exemplo, além do número da camisa dele, ele também tem a palavra Seven (sete) tatuado no seu braço esquerdo, e inclui o número "7" sobre o desenho da guitarra de, pelo menos, três modelos que usou. Fora dos Slipknot, Thomson tem dado aulas de guitarra na Ye Olde Guitar Shoppe, uma loja local de música de Des Moines. Ele também fez uma aparição como convidado na música do vídeo de Lupara, "No Pity on the Ants". Segundo o vocalista Corey Taylor dos Slipknot, Thomson é um ávido escritor de poesia, adora gatos, e tem um fascínio por serial killers. Sobre o último tema, Thomson afirmou, "Se eu fosse um famoso assassino, eu teria alguns dos melhores pontos de muito poucos deles, como Albert Fish e Ed Gein. Mas eu não sou uma pessoa violenta pela natureza. Não se meta comigo, e você vai ficar bem." Mick tem um elevado número de tatuagens em seu corpo: ele tem um ideograma chinês tatuado no seu braço direito (que significa "odiar" e "desgosto" em mandarim e é "ÓDIO", a palavra "sete" em seu antebraço esquerdo, e uma tatuagem no seu braço, com o diabo violando um anjo, imagem que foi tirada do álbum Dawn of Possession, da banda de death metal immolation, tem também uma cruz invertida na sua parte superior das costas, "Slipknot" nos músculos chamados de gémeos da perna direita, e o símbolo do signo Escorpião em nos gémeos esquerdos).

Máscara(s)
Durante gravação da demo dos Slipknot e de Self-Titled, Thomson usava uma máscara de hóquei no gelo que tinha seis orifícios circulares na área da boca, que foi manchado com uma cor verde. A máscara representava ódio. No Iowa, Thomson usava uma máscara de couro que parecia metal e tinha rachas na área da boca. No vol. 3, ele usava uma máscara de prata que tinham as mesmas rachas, mas mais longas, e os olhos foram alterados, tornando-se o olhar mais agressivo e apresentando um sorriso maligno. A máscara recente de Thomson no All Hope Is Gone tem a mesma aparência mas dessa vez é verdadeiramente metálica.


Olympe de Gouges, percursora dos direitos das mulheres, foi executada pelos revolucionários franceses há 220 anos

Marie Gouze, dite Marie-Olympe de Gouges, née à Montauban le 7 mai 1748 et morte guillotinée à Paris le 3 novembre 1793, est une femme de lettres française, devenue femme politique et polémiste. Elle est considérée comme une des pionnières du féminisme.
Auteure de la Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne, elle a laissé de nombreux écrits en faveur des droits civils et politiques des femmes et de l’abolition de l’esclavage des Noirs.
Elle est devenue emblématique des mouvements pour la libération des femmes, pour l’humanisme en général, et l’importance du rôle qu’elle a joué dans l’histoire des idées a été considérablement estimé et pris en compte dans les milieux universitaires.

Montauban
Née le 7 mai 1748 à Montauban, Marie Gouzes a été déclarée fille de Pierre Gouze, bourgeois de Montauban qui était boucher – qui n’a pas signé au baptême – et d’Anne Mouisset, fille de drapier, mariés en 1737. Cette dernière, née en 1712, était la filleule de Jean-Jacques Lefranc de Pompignan, avec qui elle aurait entretenu une relation amoureuse. Selon le député Jean-Baptiste Poncet-Delpech et d’autres, «tout Montauban» savait que Lefranc de Pompignan était le père adultérin de la future Marie-Olympe de Gouges.
En 1765, à l’âge de seize ans, Marie Gouze fut mariée à un traiteur parisien, Louis-Yves Aubry, officier de bouche de l’Intendant, et probablement un important client de la boucherie familiale des Gouze. Quelques mois plus tard, la jeune femme donna naissance à un fils, Pierre. Son mari expira peu de temps après. Déçue par une expérience conjugale qui ne lui avait guère apporté de bonheur, elle ne se remaria pas, qualifiant le mariage religieux de «tombeau de la confiance et de l’amour». Elle portait couramment les prénoms de «Marie-Olympe» (signant plusieurs textes ainsi) ou plus simplement d’«Olympe», ajoutant une particule à son patronyme officiel «Gouze» que l’on trouve parfois écrit «Gouges», graphie adoptée par certains membres de sa famille dont sa sœur aînée Mme Reynard, née «Jeanne Gouges», épouse d’un médecin.
Rien ne la rattachant à Montauban, sinon sa mère qu’elle aida financièrement par la suite, elle rejoignit sa sœur aînée à Paris. Au début des années 1770, elle était à Paris avec son fils à qui elle fit donner une éducation soignée. Pendant ce séjour à la Cour, elle changera de nom: elle ne sera plus Marie Gouze mais Olympe de Gouges.

Paris et le théâtre
Elle avait rencontré un haut fonctionnaire de la marine, Jacques Biétrix de Rozières, alors directeur d’une puissante compagnie de transports militaires en contrat avec l’État. Lorsqu’il lui proposa de l’épouser, elle refusa et leur liaison dura jusqu’à la Révolution. Grâce au soutien financier de son compagnon, elle put mener un train de vie bourgeoise, figurant dès 1774 dans l’Almanach de Paris ou annuaire des personnes de condition. Elle demeura rue des Fossoyeurs, aujourd’hui rue Servandoni, au no 18-22. Issue par sa mère de la bourgeoisie aisée de Montauban, Olympe de Gouges avait reçu une éducation qui lui permit de s'adapter aux usages de l'élite parisienne. Dans les salons qu’elle fréquentait, elle fit la rencontre de plusieurs hommes de lettres, et elle s'essaya également à l'écriture. Sa filiation supposée avec Lefranc de Pompignan, dramaturge dont la pièce Didon avait été un grand succès, est également un mobile probable à son entrée dans la carrière littéraire. Elle revendiquait l’héritage de son talent dramatique.
Support privilégié des idées nouvelles, le théâtre demeurait à cette époque sous le contrôle étroit du pouvoir. Olympe de Gouges monta sa propre troupe, avec décors et costumes. C'était un théâtre itinérant qui se produisait à Paris et sa région. Le marquis de La Maisonfort raconte dans ses Mémoires comment, en 1787, il racheta le « petit théâtre » de Mme de Gouges, conservant d'ailleurs une partie de la troupe dont faisait partie le jeune Pierre Aubry, son fils.
Indépendamment de son théâtre politique qui fut joué à Paris et en province pendant la Révolution, la pièce qui rendit célèbre Olympe de Gouges est l’Esclavage des Noirs, publié sous ce titre en 1792 mais inscrite au répertoire de la Comédie-Française le 30 juin 1785 sous le titre de Zamore et Mirza, ou l’heureux naufrage. Cette pièce audacieuse dans le contexte de l'Ancien régime, avait été acceptée avec une certaine réticence par les comédiens du Théâtre français qui étaient dépendants financièrement des protections que leur accordaient les gentilshommes de la chambre du roi.
La pièce de Mme de Gouges, dont le but avoué était d’attirer l’attention publique sur le sort des Noirs esclaves des colonies, mêlait modération et subversion dans le contexte de la monarchie absolue. Le Code Noir édicté sous Louis XIV était alors en vigueur et de nombreuses familles présentes à la cour tiraient une grande partie de leurs revenus des denrées coloniales, qui représentaient la moitié du commerce extérieur français à la veille de la Révolution. En septembre 1785, Olympe de Gouges qui s’était plainte de passe-droits et craignait de voir sa pièce reléguée aux oubliettes, se plaignit des comédiens. L’un d’eux, Florence, se sentit insulté et s’en plaignit à son entourage. Le baron de Breteuil et le maréchal de Duras, gentilshommes de la Chambre et ministres, se saisirent de l'occasion pour s'accorder à envoyer Mme de Gouges à la Bastille et retirer la pièce anti-esclavagiste du répertoire du Français. Grâce à diverses protections, notamment le chevalier Michel de Cubières dont le marquis son frère était un favori de Louis XVI, la lettre de cachet fut révoquée.
Avec la Révolution française, la Comédie-Française devint plus autonome grâce notamment à Talma et Mme Vestris, et la pièce sur l’esclavage, inscrite quatre ans plus tôt au répertoire, fut enfin représentée. Malgré les changements politiques, le lobby colonial restait très actif, et Olympe de Gouges, soutenue par ses amis du Club des Amis des Noirs, continua à faire face aux harcèlements, aux pressions et même aux menaces. En 1790, elle composa une autre pièce sur le même thème, intitulée le Marché des Noirs (1790).
Elle avait par ailleurs publié en 1788 des Réflexions sur les hommes nègres (1788), qui lui avaient ouvert la porte de la Société des amis des Noirs dont elle fut membre. Au titre d’abolitionniste, elle est également citée par l’abbé Grégoire, dans la « Liste des Hommes courageux qui ont plaidé la cause des malheureux Noirs » (1808). « L’espèce d’hommes nègres, écrivait-elle avant la Révolution, m’a toujours intéressée à son déplorable sort. Ceux que je pus interroger ne satisfirent jamais ma curiosité et mon raisonnement. Ils traitaient ces gens-là de brutes, d’êtres que le Ciel avait maudits ; mais en avançant en âge, je vis clairement que c’était la force et le préjugé qui les avaient condamnés à cet horrible esclavage, que la Nature n’y avait aucune part et que l’injuste et puissant intérêt des Blancs avait tout fait».

La Revolution
En 1788, le Journal général de France publia deux brochures politiques de Mme de Gouges, dont son projet d’impôt patriotique développé dans sa célèbre Lettre au Peuple. Dans sa seconde brochure, les Remarques patriotiques, par l’auteur de la Lettre au Peuple , elle développait un vaste programme de réformes sociales et sociétales. Ces écrits furent suivis de nouvelles brochures qu’elle adressait épisodiquement aux représentants des trois premières législatures de la Révolution, aux Clubs patriotiques et à diverses personnalités dont Mirabeau, La Fayette et Necker qu’elle admirait particulièrement.
Ses propositions étaient proches de celles des hôtes d'Anne-Catherine Helvétius, qui tenait un salon littéraire à Auteuil, et où l’on défendait le principe d’une monarchie constitutionnelle. En 1790, elle s'installa elle-même à Auteuil, rue du Buis et y demeura jusqu'en 1793. En relation avec le marquis de Condorcet et son épouse née Sophie de Grouchy, elle rejoignit les Girondins en 1792. Elle fréquentait les Talma, le marquis de Villette et son épouse, également Louis-Sébastien Mercier et Michel de Cubières, secrétaire général de la Commune après le 10 août, qui vivait avec la comtesse de Beauharnais, auteur dramatique et femme d’esprit qui tenait un salon très intéressant rue de Tournon. Avec eux, elle devint républicaine comme beaucoup de membres de la société d’Auteuil qui pratiquement tous s’opposèrent à la mort de Louis XVI. Le 16 décembre 1792, Mme de Gouges se proposa d'assister Malesherbes dans la défense du Roi devant la Convention, mais sa demande fut rejetée avec mépris.
Elle considérait que les femmes étaient capables d’assumer des tâches traditionnellement confiées aux hommes et, dans pratiquement tous ses écrits, elle demandait qu’elles fussent associées aux débats politiques et aux débats de société. S’étant adressée à Marie-Antoinette pour protéger «son sexe» qu’elle dit malheureux, elle rédigea une Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne, calquée sur la Déclaration des droits de l'homme et du citoyen de 1789, dans laquelle elle affirmait l’égalité des droits civils et politiques des deux sexes, insistant pour qu’on rendît à la femme des droits naturels que la force du préjugé lui avait retirés. Ainsi, elle écrivait : «La femme a le droit de monter sur l’échafaud; elle doit avoir également celui de monter à la Tribune.» La première, elle obtint que les femmes fussent admises dans une cérémonie à caractère national, «la fête de la loi» du 3 juin 1792 puis à la commémoration de la prise de la Bastille le 14 juillet 1792.
Parmi les premiers, elle demanda l’instauration du divorce – le premier et seul droit conféré aux femmes par la Révolution – qui fut adopté à l’instigation des Girondins quelques mois plus tard. Elle demanda également la suppression du mariage religieux, et son remplacement par une sorte de contrat civil signé entre concubins et qui prenait en compte les enfants issus de liaisons nées d’une «inclination particulière». C’était, à l’époque, véritablement révolutionnaire, de même lorsqu’elle militait pour la libre recherche de la paternité et la reconnaissance d’enfants nés hors mariage. Elle fut aussi une des premières à théoriser, dans ses grandes lignes, le système de protection maternelle et infantile que nous connaissons aujourd’hui et, s’indignant de voir les femmes accoucher dans des hôpitaux ordinaires, elle demandait la création de maternités. Sensible à la pauvreté endémique, elle recommandait enfin la création d’ateliers nationaux pour les chômeurs et de foyers pour mendiants. Toutes ces mesures préconisées «à l’entrée du grand hive » 1788-1789 étaient considérées par Olympe de Gouges comme essentielles, ainsi qu’elle le développe dans Une patriote persécutée, son dernier écrit avant sa mort.

La fin
En 1793, elle s’en était vivement prise à ceux qu’elle tenait pour responsables des atrocités des 2 et 3 septembre 1792: «le sang, même des coupables, versé avec cruauté et profusion, souille éternellement les Révolutions». Elle désignait particulièrement Marat, l’un des signataires de la circulaire du 3 septembre 1792, proposant d’étendre les massacres de prisonniers dans toute la France. Soupçonnant Robespierre d’aspirer à la dictature, elle l’interpella dans plusieurs écrits, ce qui lui valut une dénonciation de Bourdon de l'Oise au club des Jacobins.
Dans ses écrits du printemps 1793, elle dénonça la montée en puissance de la dictature montagnarde, partageant l’analyse de Vergniaud sur les dangers de dictature qui se profilait, avec la mise en place d’un Comité de salut public, le 6 avril 1793, qui s’arrogeait le pouvoir d’envoyer les députés en prison. Après la mise en accusation du parti girondin tout entier à la Convention, le 2 juin 1793, elle adressa au président de la Convention une lettre où elle s’indignait de cette mesure attentatoire aux principes démocratiques (9 juin 1793), mais ce courrier fut censuré en cours de lecture. S’étant mise en contravention avec la loi de mars 1793 sur la répression des écrits remettant en cause le principe républicain – elle avait composé une affiche à caractère fédéraliste ou girondin sous le titre de Les Trois urnes ou le Salut de la patrie, par un voyageur aérien –, elle fut arrêtée par les Montagnards et déférée le 6 août 1793 devant le tribunal révolutionnaire qui l’inculpa.
Malade des suites d’une blessure infectée à la prison de l’abbaye de Saint-Germain-des-Prés, réclamant des soins, elle fut envoyée à l’infirmerie de la Petite-Force, rue Pavée dans le Marais, et partagea la cellule d’une condamnée à mort en sursis, Mme de Kolly, qui se prétendait enceinte. En octobre suivant, elle mit ses bijoux en gage au Mont-de-Piété et obtint son transfert dans la maison de santé de Marie-Catherine Mahay, sorte de prison pour riches où le régime était plus libéral et où elle eut, semble-t-il, une liaison avec un des prisonniers. Désirant se justifier des accusations pesant contre elle, elle réclama sa mise en jugement dans deux affiches qu’elle avait réussi à faire sortir clandestinement de prison et à faire imprimer. Ces affiches – «Olympe de Gouges au Tribunal révolutionnaire» et «Une patriote persécutée», son dernier texte – furent largement diffusées et remarquées par les inspecteurs de police en civil qui les signalent dans leurs rapports.
Traduite au Tribunal au matin du 2 novembre, soit quarante-huit heures après l’exécution de ses amis Girondins, elle fut interrogée sommairement. Privée d’avocat elle se défendit avec adresse et intelligence. Condamnée à la peine de mort pour avoir tenté de rétablir un gouvernement autre que « un et indivisible », elle se déclara enceinte. Les médecins consultés se montrèrent dans l’incapacité de se prononcer, mais Fouquier-Tinville décida qu’il n’y avait pas grossesse. Le jugement était exécutoire, et la condamnée profita des quelques instants qui lui restaient pour écrire une ultime lettre à son fils, laquelle fut interceptée. D’après un inspecteur de police en civil, le citoyen Prévost, présent à l’exécution, et d’après le Journal de Perlet ainsi que d’autres témoignages, elle monta sur l’échafaud avec courage et dignité, contrairement à ce qu’en disent au XIXe siècle l’auteur des mémoires apocryphes de Sanson et quelques historiens dont Jules Michelet. Elle s'écriera, avant que la lame ne tombe : «Enfants de la Patrie vous vengerez ma mort». Elle avait alors 45 ans.
Son fils, l’adjudant général Aubry de Gouges, par crainte d’être inquiété, la renia publiquement dans une «profession de foi civique». Le procureur de la Commune de Paris, Pierre-Gaspard Chaumette, applaudissant à l’exécution de plusieurs femmes et fustigeant leur mémoire, évoque cette «virago, la femme-homme, l’impudente Olympe de Gouges qui la première institua des sociétés de femmes, abandonna les soins de son ménage, voulut politiquer et commit des crimes [...] Tous ces êtres immoraux ont été anéantis sous le fer vengeur des lois. Et vous voudriez les imiter? Non! Vous sentirez que vous ne serez vraiment intéressantes et dignes d’estime que lorsque vous serez ce que la nature a voulu que vous fussiez. Nous voulons que les femmes soient respectées, c’est pourquoi nous les forcerons à se respecter elles-mêmes».

Olympe de Gouges à l’échafaud