sexta-feira, outubro 25, 2013

Amadeo de Souza-Cardoso morreu há 95 anos

Pertencente à primeira geração de pintores modernistas portugueses, Amadeo de Souza-Cardoso destaca-se entre todos eles pela qualidade excecional da sua obra e pelo diálogo que estabeleceu com as vanguardas históricas do início do século XX. "O artista desenvolveu, entre Paris e Manhufe, a mais séria possibilidade de arte moderna em Portugal num diálogo internacional, intenso mas pouco conhecido, com os artistas do seu tempo". A sua pintura articula-se de modo aberto com movimentos como o cubismo o futurismo ou o expressionismo, atingindo em muitos momentos – e de modo sustentado na produção dos últimos anos –, um nível em tudo equiparável à produção de topo da arte internacional sua contemporânea.
A morte aos 30 anos de idade irá ditar o fim abrupto de uma obra pictórica em plena maturidade e de uma carreira internacional promissora mas ainda em fase de afirmação. Amadeo ficaria longamente esquecido, dentro e, sobretudo, fora de Portugal: "O silêncio que durante longos anos cobriu com um espesso manto a visibilidade interpretativa da sua obra […], e que foi também o silêncio de Portugal como país, não permitiu a atualização histórica internacional do artista"; e "só muito recentemente Amadeo de Souza-Cardoso começou o seu caminho de reconhecimento historiográfico".
Amadeo no seu ateliê, Rue Ernest Cresson, 20, Paris, 1912
Biografia
Filho de Emília Cândida Ferreira Cardoso e José Emygdio de Sousa Cardoso, Amadeo de Souza-Cardoso nasce em Manhufe, Amarante, "numa família de boa burguesia rural, poderosa e de muita religião, entre nove irmãos […]. Seu pai era uma espécie de «gentleman farmer», vinhateiro rico, de espírito prático, desejando educar eficientemente os filhos".
Estuda no Liceu Nacional de Amarante e mais tarde em Coimbra. Em 1905 ingressa no curso preparatório de desenho na Academia Real de Belas-Artes, em Lisboa; e em Novembro do ano seguinte (no dia em que celebra o seu 19º aniversário), parte para Paris, instalando-se no bairro de Montparnasse, famoso ponto de encontro de intelectuais e artistas, onde irá viver todos os anos de permanência nessa cidade (1907 – 1914). Ao longo desses 8 anos regressará, no entanto, diversas vezes a Portugal para estadias mais ou menos breves.
Estabelece contacto com outros artistas portugueses a residir em Paris, entre os quais Francisco Smith, Eduardo Viana e Emmerico Nunes. Frequenta os ateliês de Godefroy e Freynet com o intuito de preparar a admissão ao curso de arquitetura, projeto que abraça, em parte para responder às expectativas familiares, mas que acaba por abandonar. Publica caricaturas em periódicos portugueses como O Primeiro de Janeiro (1907) e a Ilustração Popular (1908 – 1909).
O início da sua atividade como pintor data provavelmente de 1907. No ano seguinte conhece Lucie Meynardi Pecetto, com quem viria a casar-se sete anos mais tarde. Em 1909 frequenta as aulas do pintor Anglada-Camarasa na Académie Vitti e mais tarde as Academias Livres.
Em 1910 estabelece uma forte e duradoura ralação de amizade com Amedeo Modigliani, Constantin Brancusi e Alexander Archipenko. Na correspondência para Portugal Amadeo refere-se à sua fascinação por aquilo que denomina por "pintores primitivos" (e pela escultura e arquitetura da cristandade); por outro lado, revela um sentimento artístico já amadurecido, manifestando a sua oposição ao naturalismo em favor de opções plásticas exigentes, distanciadas de pressupostos académicos.
No dia 5 de março de 1911 Modigliani e Amadeo inauguram uma exposição no ateliê do pintor português, perto do Quai d'Orsay, cujo livro de honra é assinado por Picasso, Apollinaire, Max Jacob e Derain; e no mês seguinte Amadeo participa pela primeira vez numa grande mostra internacional, o XXVII Salon des Independents, exposição determinante e que dá grande visibilidade ao cubismo. Nesse mesmo ano conhece Sonia e Robert Delaunay e, através deles, Apollinaire, Picabia, Chagall, Boccioni, Klee, Franz Marc e Auguste Macke.
Em 1912 publica o álbum XX Dessins, onde reúne desenhos desse ano e do anterior que terão grande divulgação na imprensa francesa e portuguesa; participa no X Salon d’Automne (Grand Palais), encerrando o seu curto ciclo expositivo em Paris. É um dos artistas representados no famoso Armory Show (International Exhibition of Modern Art), Nova Iorque, 1913, exposição que marca a grande viragem modernista no meio artístico norte-americano: atento ao panorama artístico alemão, expõe também em Berlim, no Erster Deutscher Herbstsalon (Primeiro Salão de Outono Alemão), organizado pela Galeria Der Sturm, em conjunto com artistas maioritariamente associados à "novíssima pintura", dos futuristas italianos ao grupo do Blaue Reiter e ao casal Delaunay. Em 1914 tem trabalhos expostos em Londres e nos Estados Unidos da América (Exhibition of Painting and Sculpture in the "Modern Spirit", Milwaukee Art Society). O seu espírito instável fá-lo passar por "momentos torturantes de ansiedade".
Durante uma viagem a Barcelona toma conhecimento do início da 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Regressa a Portugal e a 26 de setembro casa-se com Lucie Pecetto, fixando residência na Casa do Ribeiro, em Manhufe, que o seu pai mandara construir. No ano seguinte reencontra Sonia e Robert Delaunay, que entretanto haviam fixado residência em Vila do Conde. Amadeo ocupa o seu tempo entre a pintura, a caça, os passeios a cavalo, mas o seu isolamento começa a tornar-se difícil de suportar e faz planos para regressar a Paris. 1916 fica marcado por várias tentativas falhadas de participação em exposições internacionais; nesse mesmo ano publica o álbum 12 Reproductions e realiza exposições individuais no Porto (Salão de Festas do Jardim Passos Manuel) e em Lisboa (Liga Naval, Palácio do Calhariz). O acolhimento crítico, "num país pouco acostumado a exposições deste género, em que o modelo dos salons ainda vigorava, foi sobretudo marcado pela surpresa"; a articulação da montagem, "as obras exibidas e a internacionalização do artista português causaram espanto generalizado". Durante a estadia em Lisboa convive com Almada Negreiros e com membros do grupo Orpheu.
Em 1917 envolve-se em projetos editoriais com Almada Negreiros, publica dois trabalhos na revista Portugal Futurista (Farol; Cabeça Negra), mas acima de tudo trabalha intensamente, aprofundando o seu universo pictórico, que expande em novas direções. Anseia no entanto pelo regresso a Paris, o que não viria a acontecer. No ano seguinte contrai uma doença de pele que lhe afeta o rosto e as mãos e o impede de trabalhar. Abandona Manhufe e refugia-se em Espinho, na tentativa vã de escapar à epidemia de Gripe Espanhola que se espalha rapidamente e à qual viria a sucumbir em 25 de outubro desse mesmo ano.
De personalidade algo paradoxal, Amadeo era "convictamente monárquico" e poderá ter pertencido – este facto não é mencionado nas publicações mais importantes sobre Amadeo –, a um movimento conhecido por Grupo do Tavares, que incluiria, entre outros, Eduardo Viana, Almada Negreiros e Santa Rita.
Obra
O ano seguinte à sua partida para Paris "terá sido um ano de choque", um ano de revelação, marcando o início da sua atividade como pintor, embora as suas primeiras pinturas conhecidas datem dos anos imediatos; trata-se ainda de exercícios, de escala reduzida, "pequenas «pochades» de impressão, como toda a gente fazia", onde representa interiores de cafés ou paisagens de forma mais ou menos convencional. Se muitas destas obras revelam hesitação, a lição de Cézanne informa já algumas das paisagens mais bem-sucedidas.
Maturidade
Em 1910 Amadeo estuda com Anglada Camarasa, "pintor espanhol de colorido vibrante mas também de algum simbolismo estilizado", que impulsiona esse momento de crescimento; no ano seguinte a sua obra começa a revelar verdadeiros sinais de maturidade, num "estilo precioso e mundano […], algo decorativo no seu grafismo estilizado e no seu colorido espetacular, onde se revela a influência […] do orientalismo luxuoso dos Ballets Russes de Diaghilev", esse "verdadeiro fenómeno pluridisciplinar que, com as suas danças exóticas e exuberantes […] transfigurou a paisagem mental de todos os artistas".
Marcado por uma multiplicidade de referências – da longa tradição erudita da arte Europeia à intensidade hierática da arte primitiva Africana; da linearidade sofisticada das gravuras e aguarelas japonesas às ruturas formais e concetuais do cubismo e do futurismo –, para Amadeo, neste momento de consolidação de ideias é igualmente determinante a amizade e conivência de artistas como Modigliani ou Brancusi. É neste quadro de referências que surgem pinturas como Saut du Lapin (Salto do Coelho) ou Os galgos, 1911, e o álbum de 20 desenhos que irá publicar no ano seguinte, com o seu pendor marcadamente decorativo "em que assomam ainda ecos do Jugenstil muniquense", e onde procura afirmar a sua identidade, gráfica e pessoal, revendo-se em memórias ou fantasias e projetando a "construção de alguns cenários mais adequados à sua mitologia pessoal. […] Amadeo é um cavaleiro veloz, um caçador com galgos e falcões, que atravessa a galope as suas montanhas em Manhufe […] até chegar a sua casa, que se perspetiva como um castelo no cimo de uma hierarquia de colinas" (ver, por exemplo, Les Faucons, 1912).
Em 1912 participa no Salon de Independents e no Salon d’Automne com um "conjunto de obras, sedutoras no tempo pelo uso de uma moderada técnica cubista, temperada com os arabescos decorativos de um imaginário singular, visualmente muito apelativo" (e onde se sente uma vontade de representar o movimento que poderá talvez relacionar-se com os princípios do manifesto futurista). Em obras como Avant la Corrida, 1912 – exposto no Salon d’Automne e no Armory Show –, Amadeo procura um caminho singular através de aspetos temáticos menos comuns e de soluções formais algo híbridas que o associam a movimentos artísticos díspares, "aproximando-se deliberadamente das margens alternativas dos respetivos programas". A sua participação com trabalhos deste tipo no Armory Show, 1913, irá ser um sucesso do ponto de vista comercial. Das 8 pinturas expostas, são vendidas 7, três das quais – Saut du Lapin, 1911; Chateau Fort, c. 1912; Paysage, 1912 -, a Jerome Eddy, autor do primeiro livro em inglês sobre o cubismo. A opinião deste importante colecionador fixará, por muitos anos, a análise interpretativa da obra de Amadeo "nesse período, brilhante e sofisticado, mas ainda distante de futuros desenvolvimentos".
Paralelamente, vemo-lo trabalhar a paisagem em obras onde o sentido predominantemente linear cede o lugar a um outro tipo de plasticidade, numa reaproximação à sensibilidade impressionista que evolui rapidamente para obras totalmente abstratas: "Entre um jogo geométrico de relevos (de lembranças cézanianas) e um ritmo colorido de massas de arvoredo, Amadeo avança para soluções de progressiva indiferenciação, como se essas massas densas perdessem a sua referência à realidade, para se transformarem em exclusivas soluções formais". Irá radicalizar a sua abordagem, aproximando-se de forma mais explícita da decomposição cubista (como na famosa Cozinha da Casa de Manhufe, 1913), que noutras pinturas será tratada através de um cromatismo aberto mais próximo de Delaunay (veja-se, por exemplo, Título desconhecido – Les Cavaliers, c. 1913); e tematicamente oscila entre caminhos diversos, com as alusões figurativas – à figura humana, à natureza-morta ou à paisagem –, a alternar com obras estritamente abstratas como, por exemplo, Sem título, 1913.
Em 1914 expõe trabalhos em Londres e Berlim, o que indicia um desejo de encontrar novas vias de internacionalização. A participação no 1º Salão de Outono (Herbstsalon) organizado pela Galeria Der Sturm, é particularmente significativa da sua ligação ao polo de difusão berlinense. "O dramatismo e a intensa espiritualidade que forma a personalidade do artista, não podem ser excluídos do seu envolvimento com o movimento expressionista e com as sensibilidades estéticas que com ele se cruzaram […]. Coincidindo sensivelmente com a cronologia da sua passagem expositiva pela Alemanha, Amadeo desenvolveu várias séries de trabalhos […] de intenso diálogo com os conteúdos, formais e teóricos, dos expressionismos do seu tempo" (é o que acontece de forma explícita com um conjunto de cabeças, ou máscaras, datado de 1914, que remete, também, para as explorações pioneiras de Picasso em torno das máscaras africanas). E será esta, afinal, uma das principais linhas unificadoras da sua obra plurifacetada. Mesmo quando os caminhos formais apontam noutras direções, "a sua alma de expressionista, esquiva a classificações e a modelos rígidos, individualista, inquieta e dissonante […] sustenta o desenvolvimento do seu trabalho", atravessando todas as fases, desde as primeiras paisagens até ao seu modo final.
O diálogo com as vanguardas do início do Século XX será o grande motor por detrás da obra de Amadeo, mas há fatores determinantes de outra de outra ordem e que se prendem com um universo temático marcado por referentes pessoais. Numa carta dirigida à sua mãe em 1908, o pintor lamentava a ausência de "um forte meio da arte" na sua terra natal, mas queixava-se igualmente da "atmosfera parda" ou o "sol anémico" de Paris, que contrapunha ao seu "Portugal prodigioso, país supremo para artistas". Segundo Helena Freitas, "o alimento espiritual de Amadeo é também a iconografia da sua terra e das suas tipologias". Na sua pintura encontramos alusões a essa luz diferente; ao sol, às montanhas, às azenhas e moinhos; aos alvos das barracas de feira; às canções, bonecos e figuras populares… (veja-se, por exemplo, Canção Popular - a Russa e o Figaro, c. 1916).
Obras finais
Regressa a Portugal após tomar conhecimento da eclosão da 1ª Guerra Mundial (1914-1918): "este virar de página vai transtornar definitivamente os seus projetos e fechar para sempre o seu livro de viagens". Isolado no norte do país, remetido para uma zona periférica de um país já de si periférico, esse isolamento é apenas mitigado pelo intercâmbio com Eduardo Viana, com Sonia e Robert Delaunay (então a residir em Portugal), e por brevíssimos contactos com elementos do chamado grupo futurista português. Vive esses últimos anos – o seu período de "maior energia e criatividade individual" –, num frenesim criativo, sonhando com a participação em mostras internacionais (que nunca se concretizam) e com o regresso, sempre adiado, a Paris. "Neste trabalho, sabiamente manipulador de uma memória seletiva, estão presentes os sinais de maturidade do artista na escolha do seu caminho. Mas é um caminho solitário e desamparado". E essas obras notáveis, onde desenvolve pesquisas consonantes com a de autores máximos das vanguardas da época – dos cubistas aos membros da vanguarda russa –, ficarão praticamente esquecidas da historiografia internacional da arte.
Os últimos trabalhos de Amadeo, datáveis de 1917, "são o núcleo mais consistente e poderoso da sua afirmação como artista". Nestas obras reforçam-se as associações inesperadas, alógicas, "ao mesmo tempo que se adensam e complexificam os processos técnicos, na espessura e materialidade das tintas misturadas com areias e outros agregantes, nas colagens, nos trompe-l’oeils e suas simulações". Partindo de um princípio gerador baseado na fragmentação cubista, irá integrar na pintura elementos iconográficos típicos desse movimento (dos instrumentos musicais à palavra escrita), fragmentos apropriados da vida real (madeira, espelhos, ganchos de cabelo, etc.), representações de partes do corpo ou de produtos contemporâneos produzidos industrialmente (como uma máquina registadora), e formas totalmente abstratas… Essa diversidade aparentemente incongruente é gerida de forma magistral, "num jogo combinatório poderoso e de uma energia plástica rara" que coloca essas obras a par das pinturas mais notáveis suas contemporâneas.
Embora a "notoriedade do seu percurso expositivo e […] integração no contexto internacional dos diálogos de vanguarda" o coloquem no centro da revolução que atravessou o mundo das artes nas primeiras décadas do século XX, a origem de Amadeo num país pequeno e periférico, a sua morte prematura e inconstância estilística, "camaleónica", criaram sérias dificuldades ao seu reconhecimento. Mesmo em Portugal, depois da sua morte, ocorreu um longo hiato até que a sua obra merecesse a devida atenção; e apenas em 1983, com a inauguração do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, se tornou finalmente possível um acesso real e permanente a obras de referência como Título desconhecido (Entrada), ou Título desconhecido (Coty), 1917.

Título desconhecido (Entrada), circa 1917

O Príncipe Perfeito, El-Rei D. João II, morreu há 518 anos

D. João II de Portugal (Lisboa, 3 de maio de 1455Alvor, 25 de outubro de 1495) foi o décimo-terceiro Rei de Portugal, cognominado O Príncipe Perfeito pela forma como exerceu o poder. Filho do rei Afonso V de Portugal, acompanhou o seu pai nas campanhas em África e foi armado cavaleiro na tomada de Arzila. Enquanto D. Afonso V enfrentava os castelhanos, o príncipe assumiu a direcção da expansão marítima portuguesa iniciada pelo seu tio-avô Infante D. Henrique.
D. João II de Portugal sucedeu ao seu pai após a sua abdicação em 1477, mas só ascendeu ao trono após a sua morte, em 1481. Concentrou então o poder em si, retirando-o à aristocracia. Nas conspirações que se seguiram suprimiu o poder da casa de Bragança e apunhalou pelas suas próprias mãos o seu primo Diogo, Duque de Viseu. Governando desde então sem oposição, D. João II foi um grande defensor da política de exploração atlântica, dando prioridade à busca de um caminho marítimo para a Índia. Após ordenar as viagens de Bartolomeu Dias e de Pêro da Covilhã, foi D. João II que delineou o projecto da primeira viagem.
O seu único herdeiro, o príncipe Afonso de Portugal estava prometido desde a infância a Isabel de Aragão e Castela, ameaçando herdar os tronos de Castela e Aragão. Contudo o jovem príncipe morreu numa misteriosa queda em 1491 e durante o resto da sua vida D. João II tentou, sem sucesso, obter a legitimação do seu filho bastardo Jorge de Lancastre. Em 1494, na sequência da viagem de Cristóvão Colombo, que recusara, D. João II negociou o Tratado de Tordesilhas com os reis católicos. Morreu no ano seguinte sem herdeiros legítimos, tendo escolhido para sucessor o duque de Beja, seu primo direito e cunhado, que viria a ascender ao trono como D. Manuel I de Portugal.

Brasão Real de D. João II
(...)

João II morreu em 1495, sem herdeiros legítimos. Dado o ódio que a nobreza portuguesa sempre lhe teve, a hipótese de envenenamento por um copo de água que tomou não é de excluir. Antes de morrer, João II escolheu Manuel de Viseu, duque de Beja, seu primo direito e cunhado (era irmão da rainha Leonor) para sucessor.
A rainha Isabel, a Católica, de Castela, por ocasião da sua morte, terá afirmado «Murió el Hombre!», referindo-se ao monarca português como o Homem por antonomásia, devido às posições de força que assumira durante o seu reinado.
Foi-lhe atribuído o cognome o Príncipe Perfeito pois foi graças às medidas por ele implantadas que emergiu triunfante o valor da sua obra, ou seja, a época de ouro de Portugal.


quinta-feira, outubro 24, 2013

O astrónomo Tycho Brahe morreu há 412 anos

Tycho Brahe (Skåne, Dinamarca, 14 de dezembro de 1546 - Praga, 24 de outubro de 1601) nascido Tyge Ottesen Brahe, foi um astrónomo dinamarquês. Teve um observatório chamado Uranienborg na ilha de Ven, no Öresund, entre a Dinamarca e a Suécia.
Tycho esteve ao serviço de Frederico II da Dinamarca e, mais tarde, do imperador Rodolfo II da Germânia, tendo sido um dos representantes mais prestigiosos da ciência nova - a ciência renascentista, que abrira uma brecha no sólido edifício construído na Idade Média, baseado na síntese da tradição bíblica e da ciência de Aristóteles. Continuando o trabalho iniciado por Copérnico, foi acolhido pelos sábios ocidentais com alguma relutância. Estudou detalhadamente as fases da lua e compilou muitos dados que serviriam, mais tarde, para Johannes Kepler descobrir uma harmonia celestial existente no movimento dos planetas, padrão esse conhecido como leis de Kepler.
A adesão de Tycho à ciência nova levou-o a abandonar a tradição ptolomaica, a fim de chegar a novas conclusões pela observação directa. Baseando-se nesta, construiu um sistema no qual, sem pretender descobrir os mistérios do cosmos, chega a uma síntese eclética entre os sistemas que poderíamos chamar de tradicionais e o de Copérnico.
Tycho foi um astrónomo observacional da era que precedeu a invenção do telescópio, e as suas observações da posição das estrelas e dos planetas alcançaram uma precisão sem paralelo para a sua época. Após a sua morte, os seus registos dos movimentos de Marte permitiram a Johannes Kepler descobrir as leis dos movimentos dos planetas, que deram suporte à teoria heliocêntrica de Copérnico. Tycho não defendia o sistema de Copérnico mas propôs um sistema em que os planetas giram à volta do Sol e este orbitava em torno da Terra.
Em 1599, por discordar do novo rei do seu país, mudou-se para Praga e construiu um novo observatório, onde trabalhou, até morrer, em 1601.

O músico Charles Lecocq morreu há 95 anos

Nascido numa família pobre, sofreu de uma enfermidade que o obrigou a usar muletas em toda a vida. Estudou no Conservatório de Paris, ao mesmo tempo que Georges Bizet. Começa a compor operetas graças a um concurso organizado, em 1856, por Offenbach, onde divide o primeiro prémio com Bizet. Isso determinará a sua carreira, sendo este o seu principal nicho de composições.
Obteve o seu grande sucesso em 1872 com La Fille de Madame Angot (A Filha da Senhora Angot) que é considerada, hoje em dia, como umas das melhoras obras que representam o reportório lírico.


The Big Bopper nasceu há 83 anos

Jiles Perry "J. P." Richardson, Jr. (Sabine Pass, Texas, October 24, 1930 – Grant Township, Cerro Gordo County, Iowa, February 3, 1959), also commonly known as The Big Bopper, was an American disc jockey, singer, and songwriter whose big voice and exuberant personality made him an early rock and roll star. He is best known for his recording of "Chantilly Lace".
On February 3, 1959, a day that has become known as The Day the Music Died (from Don McLean's song "American Pie"), Richardson was killed in a plane crash in Iowa, along with Buddy Holly and Ritchie Valens and the pilot Roger Peterson.


Counting Stars - música atual para geopedrados...


Bill Wyman - 77 anos

William George Perks (Londres, 24 de outubro de 1936), conhecido pelo nome artístico de Bill Wyman, é um músico britânico. Ele é conhecido por ter sido baixista na banda britânica de rock and roll The Rolling Stones, desde a sua fundação, em 1962, até 1993.



Start me up - The Rolling Stones
Letra de Jagger e Richards, produzida por Glimmer Twins e com Mick Jagger na voz, Keith Richards e Ronnie Wood nas guitarras, Charlie Watts na bateria e Bill Wyman no baixo.

If you start me up
If you start me up I'll never stop
If you start me up
If you start me up I'll never stop
I've been running hot
You got me ticking gonna blow my top
If you start me up
If you start me up I'll never stop
Never stop, never stop, never stop

You make a grown man cry
You make a grown man cry
You make a grown man cry
Spread out the oil, the gasoline
I walk smooth, ride in a mean, mean machine
Start it up

If you start it up
Kick on the starter give it all you got, you got, you got
I can't compete with the riders in the other heats
If you rough it up

O dia 24 de outubro é um estranho dia na História..

  • Há duzentos e cinquenta anos (1763) - Um edital manda demolir todas as barracas de madeira e de pano, levantadas em Lisboa após o terramoto de 1 de novembro de 1755;
  • Há oitenta e quatro anos (1929) - "5ª-feira negra": início da Grande Depressão, Herbert Hoover assume a presidência dos EUA e dá-se a fundação do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque;
  • Há cinquenta e três anos (1960) - Uma explosão na plataforma de lançamento matou dezenas de cientistas e técnicos da URSS
  • Há quarenta e três anos (1970) - Salvador Allende é confirmado como Presidente pelo Congresso do Chile, tornando-se o primeiro Presidente marxista democraticamente eleito;
  • Há quinze anos (1998) - Lançamento da sonda Deep Space 1 (cujo objetivo era o de avaliar doze novas tecnologias, com bastante sucesso, e que se encontrou com o cometa Borrelly);
  • Há cinco anos (2008) - "Sexta-feira negra", início da Crise do Crédito, a maior crise económica mundial desde a Grande Depressão.

Ramalho Ortigão nasceu há 177 anos

Estátua de Ramalho Ortigão no Porto

José Duarte Ramalho Ortigão (Porto, 24 de outubro de 1836 - Lisboa, 27 de setembro de 1915) foi um escritor português.

José Duarte Ramalho Ortigão nasceu no Porto, na Casa de Germalde, freguesia de Santo Ildefonso. Era o mais velho de nove irmãos, filhos do primeiro-tenente de artilharia Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de D. Antónia Alves Duarte Silva Ramalho Ortigão.
Viveu a sua infância numa quinta do Porto com a avó materna, com a educação a cargo de um tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Em Coimbra, frequentou brevemente o curso de Direito, começando a trabalhar como professor de francês no colégio da Lapa, no Porto, de que seu pai era director, e onde ensinou, entre outros, Eça de Queirós e Ricardo Jorge. Por essa altura, iniciou-se no jornalismo colaborando no Jornal do Porto . Foi colaborador em diversas publicações periódicas, nomeadamente: Acção realista (1924-1926); O António Maria (1879-1899); Branco e Negro: semanario illustrado (1896-1898); Brasil-Portugal: revista quinzenal illustrada(1899-1914); Contemporânea (1915-1926); Galeria republicana (1882-1883); A imprensa: revista científica, literária e artística (1885-1891); O occidente: revista illustrada de Portugal e do estrangeiro (1877-1915); A semana de Lisboa: supplemento do Jornal do Commercio (1893-1895); Serões: revista semanal ilustrada (1901-1911); O Thalassa: semanario humoristico e de caricaturas (1913-1915).
Em 24 de outubro de 1859 casou com D. Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira, de quem veio a ter três filhos: Vasco, Berta e Maria Feliciana.
Ainda no Porto, envolveu-se na Questão Coimbrã com o folheto "Literatura de hoje", acabando por enfrentar Antero de Quental num duelo de espadas, a quem apodou de cobarde por ter insultado o cego e velhinho António Feliciano de Castilho. Ramalho ficou fisicamente ferido no duelo travado, em 6 de fevereiro de 1866, no Jardim de Arca d'Água.
No ano seguinte, em 1867, visita a Exposição Universal em Paris, de que resulta o livro Em Paris, primeiro de uma série de livros de viagens. Insatisfeito com a sua situação no Porto, muda-se para Lisboa com a família, obtendo uma vaga para oficial da Academia das Ciências de Lisboa.
Reencontra em Lisboa o seu ex-aluno Eça de Queirós e com ele escreve um "romance execrável" (classificação dos autores no prefácio de 1884): O Mistério da Estrada de Sintra (1870), que marca o aparecimento do romance policial em Portugal. No mesmo ano, Ramalho Ortigão publica ainda Histórias cor-de-rosa e inicia a publicação de Correio de Hoje (1870-71). Em parceria com Eça de Queirós, surgem em 1871 os primeiros folhetos de As Farpas, de que vem a resultar a compilação em dois volumes sob o título Uma Campanha Alegre. Em finais de 1872, o seu amigo Eça de Queirós parte para Havana exercer o seu primeiro cargo consular no estrangeiro, continuando Ramalho Ortigão a redigir sozinho As Farpas.
Entretanto, Ramalho Ortigão tornara-se uma das principais figuras da chamada Geração de 70. Vai acontecer com ele o que aconteceu com quase todos os membros dessa geração. Numa primeira fase, pretendiam aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, cosmopolitas e anticlericais. Desiludidos com as luzes europeias do progresso material, porém, numa segunda fase voltaram-se para as raízes de Portugal e para o programa de um "reaportuguesamento de Portugal". É dessa segunda fase a constituição do grupo "Os Vencidos da Vida", do qual fizeram parte, além de Ramalho Ortigão, o Conde de Sabugosa, o Conde de Ficalho, o Marquês de Soveral, o Conde de Arnoso, Antero de Quental, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Carlos Lobo de Ávila, Carlos de Lima Mayer e António Cândido. À intelectualidade proeminente da época juntava-se agora a nobreza, num último esforço para restaurar o prestígio da Monarquia, tendo o Rei D. Carlos I sido, significativamente, eleito por unanimidade "confrade suplente do grupo".
Na sequência do assassínio do Rei, em 1908, escreve D. Carlos o Martirizado. Com a implantação da República, em 1910, pede imediatamente a Teófilo Braga a demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, escrevendo-lhe que se recusava a aderir à República "engrossando assim o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação". Saiu em seguida para um exílio voluntário em Paris, onde vai começar a escrever as Últimas Farpas (1911-1914), contra o regime republicano. O conjunto de As Farpas, mais tarde reunidas em quinze volumes, a que há que acrescentar os dois volumes das Farpas Esquecidas, e o referido volume das Últimas Farpas, foi a obra que mais o notabilizou por estar escrita num português muito rico, com intuitos pedagógicos, sempre muito crítico e revelando fina capacidade de observação. Eça de Queirós escreveu que Ramalho Ortigão, em As Farpas, "estudou e pintou o seu país na alma e no corpo".
Regressa a Portugal em 1912 e, em 1914 dirige a célebre Carta de um velho a um novo, a João do Amaral, onde saúda o lançamento do movimento de ideias políticas denominado Integralismo Lusitano:
"A orientação mental da mocidade contemporânea comparada à orientação dos rapazes do meu tempo estabelece entre as nossas respectivas cerebrações uma diferença de nível que desloca o eixo do respeito na sociedade em que vivemos obrigando a elite dos velhos a inclinar-se rendidamente à elite dos novos."
Vítima de cancro, recolheu-se na casa de saúde do Dr. Henrique de Barros, na então Praça do Rio de Janeiro, em Lisboa, vindo a falecer, a 27 de setembro de 1915, na sua casa da Calçada dos Caetanos, na Freguesia da Lapa.
Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Ordem da Rosa, no Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi Secretário e Oficial da Academia Nacional de Ciências, Vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, Membro da Sociedade Portuguesa de Geografia, da Academia das Belas-Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi-lhe atribuída a Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica e foi membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, da Unión Iberoamericana e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.

Há dez anos um Concorde fez o último voo comercial...

O Concorde era um avião comercial supersónico de passageiros, construído pelo consórcio formado pela britânica British Aircraft Corporation (BAC) e a francesa Aérospatiale. Foi operado apenas pelas companhias British Airways e Air France. A sua velocidade de cruzeiro era de Mach 2,04 (entre 2.346 e 2.652 km/h), e um teto operacional de 17.700 metros de altura (aproximadamente 58.070 pés). Voos comerciais começaram a 21 de janeiro de 1976 e terminaram a 24 de outubro de 2003.

(...)

Em 21 de janeiro de 1976 o Concorde iniciou voos comerciais, ligando Paris ao Rio de Janeiro, com uma escala em Dakar. Voar no Concorde era uma experiência única. Tendo uma velocidade de cruzeiro em torno de 2,5 vezes a de qualquer aeronave de passageiros - 1.150 nós contra 450 nós, sendo 1.292 nós o recorde em 19 de Dezembro de 1985 - ele foi capaz de um feito memorável: um Concorde e um Boeing 747 da Air France descolaram ao mesmo tempo, o Concorde de Boston e o Boeing 747 de Paris. O Concorde chegou em Paris, ficou uma hora no solo e retornou a Boston, pousando 11 minutos antes do Boeing 747.
Turbulência era uma coisa que raramente o Concorde enfrentava, devido à sua grande altitude de voo. Olhando pela janela podia-se ver claramente a curvatura do globo terrestre. O avião era mais rápida que a velocidade de rotação da Terra, e isso se fazia notar quando ele descolava após o pôr do sol de Londres e chegava a Nova Iorque ainda de dia. Porém, por se tratar de um avião supersónico, o Concorde emitia muito ruído e poluição, e assim, durante muito tempo, restrições ambientais impediram a sua operação nos Estados Unidos
O serviço de passageiros no Concorde permaneceu sem acidentes por cerca de 24 anos, atendendo regularmente, além de Nova Iorque e Washington, as cidades de Miami, Bridgetown (Barbados), Caracas, Ilha de Santa Maria, Dakar, Bahrain, Singapura, Cidade do México e Rio de Janeiro. Ao longo destes anos, o avião rodou o mundo nas duas direções, visitando todos os continentes, exceto a Antártica. Porém, a 25 de julho de 2000, uma das unidades da Air France (Voo Air France 4590) teve um acidente fatal, causado por uma peça de um DC-10 da Continental Airlines, que se soltara na pista minutos antes, o que causou a paralisação de toda a frota francesa e britânica. Este acidente foi o começo do fim para o os voos do Concorde.

A Grande Depressão começou há 84 anos

Migrant Mother, de Dorothea Lange (1936), um ícone da Grande Depressão

A Grande Depressão, também chamada por vezes de Crise de 1929, foi uma grande depressão económica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de 30, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão económica do século XX. Este período de depressão económica causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países, bem como quedas drásticas na produção industrial, preços de ações, e em praticamente todo medidor de atividade económica, em diversos países no mundo.
O dia 24 de outubro de 1929 é considerado popularmente o início da Grande Depressão, mas a produção industrial americana já havia começado a cair a partir de julho do mesmo ano, causando um período de leve recessão económica que se estendeu até 24 de outubro, quando valores de ações na bolsa de valores de Nova Iorque, a New York Stock Exchange, caíram drasticamente, desencadeando a Quinta-Feira Negra. Assim, milhares de acionistas perderam, literalmente da noite para o dia, grandes somas em dinheiro. Muitos perderam tudo o que tinham. Essa quebra na bolsa de valores de Nova Iorque piorou drasticamente os efeitos da recessão já existente, causando grande deflação e queda nas taxas de venda de produtos, que por sua vez obrigaram o fechamento de inúmeras empresas comerciais e industriais, elevando assim drasticamente as taxas de desemprego. O colapso continuou na segunda-feira negra (o dia 28 de outubro) e terça-feira negra (o dia 29).
Os efeitos da Grande Depressão foram sentidos no mundo inteiro. Estes efeitos, bem como sua intensidade, variaram de país a país. Outros países, além dos Estados Unidos, que foram duramente atingidos pela Grande Depressão foram a Alemanha, Países Baixos, Austrália, França, Itália, o Reino Unido e, especialmente, o Canadá. Porém, em certos países pouco industrializados naquela época, como a Argentina e o Brasil (que não conseguiu vender o café que tinha para outros países), a Grande Depressão acelerou o processo de industrialização. Praticamente não houve nenhum abalo na União Soviética, que tratando-se de uma economia socialista, estava económica e politicamente fechada para o mundo capitalista.
Os efeitos negativos da Grande Depressão atingiram seu ápice nos Estados Unidos em 1933. Neste ano, o Presidente americano Franklin Delano Roosevelt aprovou uma série de medidas conhecidas como New Deal.
Essas políticas económicas, adotadas quase simultaneamente por Roosevelt nos Estados Unidos e por Hjalmar Schacht na Alemanha foram, três anos mais tarde, racionalizadas por Keynes em sua obra clássica.
O New Deal, juntamente com programas de ajuda social realizados por todos os estados americanos, ajudou a minimizar os efeitos da Depressão a partir de 1933. A maioria dos países atingidos pela Grande Depressão passaram a recuperar-se economicamente a partir de então. Em alguns países, a Grande Depressão foi um dos fatores primários que ajudaram a ascensão de regimes ditatoriais, como os nazis comandados por Adolf Hitler na Alemanha. O início da Segunda Guerra Mundial terminou com qualquer efeito remanescente da Grande Depressão nos principais países atingidos.

Ziraldo - 81 anos!

Ziraldo Alves Pinto (Caratinga, 24 de outubro de 1932) é um cartunista, pintor, dramaturgo, caricaturista, escritor, cronista, desenhista, humorista, colunista e jornalista brasileiro. É o criador de personagens famosos, como o Menino Maluquinho, e é, atualmente, um dos mais conhecidos e aclamados escritores infantis do Brasil.


Madalena Iglésias - 74 anos

Madalena Iglésias, de nome completo Madalena Lucília Iglésias do Vale é uma cantora portuguesa que venceu o Festival RTP da Canção de 1966 com "Ele e Ela". A par de Simone de Oliveira tornou-se numa das vozes mais importantes do chamado nacional-cançonetismo que dominou na década de 1960.

Madalena Iglésias nasceu em Lisboa, no bairro de Santa Catarina, em 24 de outubro de 1939.
Estudou no Conservatório e na Escola do Canto e, com apenas 15 anos, entrou para o Centro de Preparação de Artistas da Rádio da Emissora Nacional, sob a direcção de Motta Pereira.
No ano de 1954 estreia-se em simultâneo na televisão e na Emissora Nacional.
A sua carreira internacional começa em 1959, com uma actuação na televisão espanhola.
Em 1960 recebe os títulos de Rainha da Rádio e da Televisão.
Por intermédio da Emissora Nacional representou Portugal, em 1962, no Festival de Benidorm.
Em 1964 participa no I Grande Prémio TV da Canção Portuguesa com "Balada das Palavras Perdidas" (5º) e "Na Tua Carta" (10º). Nesse ano vence o Festival Hispano-Português de Aranda del Duero.
Nesse ano estreia-se no cinema, ao lado de António Calvário, em "Uma Hora de Amor", de Augusto Fraga. Participa também no filme "Canção da Saudade", de Henrique Campos.
Com "Silêncio Entre Nós" fica em 3º lugar no Grande Prémio da TV da Canção. Grava também uma versão de "Sol de Inverno". 1965 é também o ano de "Poema de Nós Dois", tema do filme "Passagem de Nível" de Américo Leite Rosa. A banda sonora deste filme é de Manuel Paião e Eduardo Damas.
Vence o Festival RTP da Canção de 1966 com Ele e Ela, um tema da autoria de Carlos Canelhas em estilo "surf". "Rebeldia" fica em 3º e "Caminhos Perdidos" obtém o 6º lugar. Em todos os temas foi acompanhada pela Orquestra de Jorge Costa Pinto. No Festival Eurovisão da Canção (1966) obtém grande sucesso e "Él Y Ella", a versão em espanhol, é editada em Espanha, França e Holanda.
Ainda em 1966 obtém o segundo lugar no Festival do Mediterrâneo, com a canção "Setembro". Vence também o Prémio da Hispanidade com "Vuelo 502". O filme "Sarilho de Fraldas", de Constantino Esteves, onde volta a contracenar com Calvário, é um enorme sucesso e são editados dois EP com temas desse filme.
Em 1967 vence o prémio da Casa da Imprensa respeitante ao ano de 1966.
São editados vários EP da cantora na editora Tecla de Jorge Costa Pinto. O primeiro inclui os temas "Eu Vou Cantando", "Não Sou de Ninguém", "Maus Caminhos" e "Romance da Solidão". O segundo disco tem os temas "Fado da Madragoa", "Gostei de Ti", "Adeus Mouraria" e "Noite Acordada". "Que Mal Te Fiz", "Gente Que Passa Na Rua", "Cuando Salí De Cuba" e "Miguel e Isabel" são os temas do disco seguinte.
Edita ainda outro EP com os temas "Amor Vê Lá" (de Manuel Paião e Eduardo Damas), "Saudade Vai-te Embora" (de Júlio de Sousa) e dois temas de Jerónimo Bragança e Nóbrega e Sousa: "Mãos Vazias" e "De Degrau Em Degrau".
São editados vários temas, orquestrados por Adolfo Ventas, em 1968, através da editora Belter, para promoção internacional da cantora. Nesse ano fica em 4º lugar nas Olimpíadas da Canção com "Tu Vais Voltar" e vai ao Festival do Rio de Janeiro onde interpreta "Poema da Vida".
É editado um EP com os temas "Poema da Vida", "Tu Vais Voltar", "Amar É Vencer" e "Tu És Quem És".
Participa no Festival RTP da Canção de 1969 com "Canção Para um Poeta". A Belter edita um EP com os temas "Canção Que Alguém Me Cantou", "É Você, "Oração Na Neve" e "De Longe, Longe, Longe…".
Casou-se em 1972, abandonou a carreira artística e foi viver para a Venezuela. Grávida de oito meses ainda fez um programa no Canal 4 da televisão venezuelana mas deixou de actuar até os seus filhos terem cinco anos de idade. Depois voltou a actuar esporadicamente, na televisão venezuelana, para fazer ocasionalmente um programa.
Em 1987 mudou-se para Barcelona, onde vive actualmente. As comemorações do centenário do Coliseu de Lisboa abriram em 8 de junho de 1990 e terminaram em 9 de junho de 1991 com a Grande Noite do Fado de Lisboa. Nessa noite, Madalena Iglésias recebeu o prémio prestígio e com a amiga Simone de Oliveira improvisou "Ele e Ela". Mais ainda, entre o muito que houve: Rita Ribeiro e António Cruz numa cena de "What Happened to Madalena Iglésias?", um grande êxito da época, criado por Filipe La Féria.
Em 1994 a editora Movieplay editou uma compilação da cantora na série "O Melhor dos Melhores". A Strauss editou "Saudades de Lisboa", em 1996, e "É Já Sol Pôr", em 1997, com temas gravados para a editora espanhola Belter.
Em 2008 foi lançada uma fotobiografia sua.


Ferdinand Hiller nasceu há 202 anos

Ferdinand (von) Hiller (Frankfurt am Main, 24 October 1811 – Cologne, 11 May 1885) was a German composer, conductor, writer and music-director.

Ferdinand Hiller was born to a wealthy Jewish family in Frankfurt am Main, where his father Justus (originally Isaac Hildesheim, a name that he changed late in the 18th century to conceal his Jewish origins) was a merchant in English textiles – a business eventually continued by Ferdinand’s brother Joseph. Hiller’s talent was discovered early and he was taught piano by the leading Frankfurt musician Alois Schmitt, violin by Hofmann, and harmony and counterpoint by Vollweiler; at 10 he performed a Mozart concerto in public; and two years later, he produced his first composition.
In 1822 the 13-year old Felix Mendelssohn entered his life. The Mendelssohn family was at that time staying briefly in Frankfurt and the young Hiller visited them where he was immensely impressed by the playing of Felix (and even more so by that of his sister Fanny Mendelssohn). When their acquaintance was renewed in 1825 the two boys found an immediate close friendship, which was to last until 1843. Hiller tactfully describes their falling out as arising from "social, and not from personal susceptibilities." But in fact it seems to have been more to do with Hiller’s succession to Mendelssohn as director of the Leipzig Gewandhaus Orchestra in 1843.
From 1825 to 1827 Hiller was a pupil of Johann Nepomuk Hummel in Weimar; while he was with Hummel at Beethoven’s deathbed, Hiller secured a lock of Beethoven's hair. This lock is now at the San Jose State University, after having been sold at Sotheby’s in 1994. While in Vienna for Beethoven's obsequies, Hiller and Hummel heard Johann Michael Vogl and Franz Schubert perform Schubert's Winterreise. Hiller wrote that his master was so moved that tears fell from his eyes. [Ref: Otto Erich Deutsch: Schubert, a Documentary Biography]
From 1828 to 1835 Hiller based himself in Paris, where he was engaged as teacher of composition at Choron's School of Music. He eventually gave up his position so that he might better equip himself as a pianist and composer. He spent time in Italy, hoping that this would assist him to write a successful opera (a hope which was never fulfilled). In 1836, he was in Frankfurt devoting himself to composition. His abilities were recognized, and although but 25, he was asked to act as conductor of the Cäcilienverein during the illness of its conductor Schelble.
In addition to Mendelssohn, he attracted the attention of Rossini who assisted him to launch his first opera, Romilda (which was a failure), at Milan. Mendelssohn obtained for Hiller an entrée to the Gewandhaus, and afforded an opportunity for the public presentation of Hiller's oratorio Die Zerstörung Jerusalems (The destruction of Jerusalem, 1840). After a year of study in Church music at Rome, Hiller returned to Leipzig, and during the season of 1843-44 conducted the Gewandhaus concerts. By this time his position in the musical world was established, and honors and appointments were showered upon him. In 1845 Robert Schumann dedicated to Hiller his piano concerto. Hiller became municipal kapellmeister of Düsseldorf in 1847, and in 1850 received a similar appointment at Cologne, where he founded Cologne Conservatoire that year and remained as Kapellmeister until 1884. During this time, he was twelve times festival director of the Lower Rhenish Music Festival, and conducted the Gürzenich concerts. He worked in Dresden as well. Thus he played a leading part in Germany's musical life. And he was conductor at the Italian Opera in Paris during the season of 1852-53.
During Hiller’s long reign in Cologne, which earned him a ‘von’ to precede his surname, his star pupil was Max Bruch, the composer of the cello elegy Kol Nidrei, based on the synagogue hymn sung at Yom Kippur. Bruch was not Jewish; his knowledge of the theme of Kol Nidrei came through Hiller, who introduced him to the Berlin chazan, Lichtenstein. Hiller’s regime at Cologne was strongly marked by his conservative tastes, which he attempted to prolong by recommending, as his successor in 1884, either Brahms or Bruch. The appointment went however to a "modernist", Franz Wüllner, who, according to Grove "initiated his term [...] with concerts of works by Wagner, Liszt and Richard Strauss, all of whom Hiller had avoided."
Hiller was elected a member of the Royal Academy of Fine Arts, Berlin, in 1849, and in 1868 received the title of doctor from the University of Bonn. He died in Cologne.


quarta-feira, outubro 23, 2013

Música para os nossos leitores apreciadores do cante alentejano, de canto coral e de António Zambujo...


Fui colher uma romã - António Zambujo (com Grupo Coral de Vila Nova de São Bento)
Composição: Popular alentejana

Eu quero ir p'ra cidade
Já que o campo me aborrece
Que eu lá na cidade tenho
Que eu lá na cidade tenho
Quem penas por mim padece

Fui colher uma romã
Estava madura no ramo
Fui encontrar no jardim
Fui encontrar no jardim
Aquela mulher que eu amo

Aquela mulher que eu amo
Dei-lhe um aperto de mão
Estava madura no ramo
Estava madura no ramo
E o ramo caiu ao chão

As pombas quando namoram
Pousam as asas no chão
Que é para os pombos não verem
Que é para os pombos não verem
O partir do coração

Fui colher uma romã
Estava madura no ramo
Fui encontrar no jardim
Fui encontrar no jardim
Aquela mulher que eu amo

Aquela mulher que eu amo
Dei-lhe um aperto de mão
Estava madura no ramo
Estava madura no ramo
E o ramo caiu ao chão

Estava madura no ramo
Estava madura no ramo
E o ramo caiu ao chão


Dá-me uma gotinha de água - António Zambujo (com Grupo Coral de Vila Nova de São Bento)
Composição: Popular alentejana

Fui à fonte beber água
Achei um raminho verde
Quem o perdeu tinha amores
Quem o perdeu tinha amores
Quem o achou tinha sede

Dá-me uma gotinha d'água
Dessa que eu oiço correr
Entre pedras e pedrinhas
Entre pedras e pedrinhas
Alguma gota há-de haver

Alguma gota há-de haver
Quero molhar a garganta
Quero cantar como a rola
Quero cantar como a rola
Como a rola ninguém canta

A água pela fonte corre
Limpa, clara, fresca e pura
Assim correm os meus olhos
Assim correm os meus olhos
Para a tua formosura

Dá-me uma gotinha d'água
Dessa que eu oiço correr
Entre pedras e pedrinhas
Entre pedras e pedrinhas
Alguma gota há-de haver

Alguma gota há-de haver
Quero molhar a garganta
Quero cantar como a rola
Quero cantar como a rola
Como a rola ninguém canta

Quero cantar como a rola
Quero cantar como a rola
Como a rola ninguém canta


Chamateia - António Zambujo (com as Vozes Búlgaras Angelite)
Composição: António Melo Sousa / Luís Alberto Bettencourt

No berço que a ilha encerra
Bebo as rimas deste canto
No mar alto desta terra
Nada a razão do meu pranto

Mas no terreiro da vida
O jantar serve de ceia
E mesmo a dor mais sentida
Dá lugar à chamateia

Oh meu bem
Oh chamarrita
Meu alento, vai e vem
Vou embarcar nesta dança
Sapateia, oh meu bem

Se a sapateia não der
Pra acalmar minh´alma inquieta
Estou pro que der e vier
Nas voltas da chamarrita

Chamarrita, sapateia
Eu quero é contradizer
O aperto desta bruma
Que às vezes me quer vencer

Pequeno sismo sentido no Algarve

Recebido via e-mail do IPMA:
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) informa que no dia 23.10.2013 pelas 14.57 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Continente, um sismo de magnitude 4.5 (Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 190 km a Sul-Sudoeste do Cabo S.Vicente.

Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima III (escala de Mercalli modificada) em diversos locais da costa Sul do Algarve, nomeadamente em Lagos, Albufeira e Faro.

Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.

Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IPMA na Internet (www.ipma.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto da Autoridade Nacional de Proteção Civil (www.prociv.pt).
NOTA: dados publicados pelo site do IPMA e o sismograma feito pelo geofone de Évora:

Data(TU)Lat.Lon.Prof.Mag.ReferênciaGrauLocal
2013-10-23 13:57 35,32 -9,33 31 4,5 Mar de Marrocos IIILagos

O músico belga Jean Absil nasceu há 120 anos

Buste de Jean Absil à Bon-Secours (Péruwelz, Belgique)

Jean Absil est un compositeur et pédagogue belge, né à Bon-Secours en Belgique le 23 octobre 1893 et décédé à Uccle (Bruxelles) le 2 février 1974.
  
Biographie
Après avoir abordé l’étude de l’orgue, du piano et de l’harmonie avec Alphonse Oeyen (organiste à la basilique de Bon-Secours), Jean Absil entre en 1913 au Conservatoire royal de Bruxelles où il suit les cours d’orgue (classe d'Alphonse Desmet), de piano et d’écriture (contrepoint et fugue avec Léon Du Bois) avant d’étudier l’orchestration et la composition avec Paul Gilson. En 1922, il gagne le second Prix de Rome belge avec sa cantate La Guerre op. 2, et enseigne l'harmonie pratique au Conservatoire de Bruxelles où il sera nommé professeur en 1936. Très vite, il s'écarte des conceptions de son maître quant à l'orchestration et s'oriente vers la production contemporaine.
Il séjourne quelque temps à Paris, où il gagne le Prix Rubens en 1934, et fonde la Revue internationale de musique (1938). Chef du groupe La Sirène, il fait connaître la musique contemporaine. Son concerto imposé pour piano lors du premier concours Eugène-Ysaÿe de 1938 (ancêtre du Concours Reine Élisabeth) lui confère une renommée internationale.
Directeur, pendant 40 ans, de l'Académie de musique d'Etterbeek à laquelle il donna son nom en 1963, ce pédagogue incontesté a formé des générations de compositeurs ; il fut en effet également nommé professeur de fugue au Conservatoire royal de Bruxelles et à la Chapelle musicale Reine Élisabeth. Il fut élu à l'Académie royale de Belgique en 1955, et reçut le Prix Quinquennal du Gouvernement belge en 1964.
Musicien formé à l'ancienne, ses professeurs ne lui firent étudier aucun compositeur plus tardif que César Franck ; avec Gilson, il n'aborda que l'orchestration de Wagner, Richard Strauss et des Nationalistes russes… Or, à l'époque où il entra au Conservatoire, Stravinski se distinguait déjà à Paris ! C'est donc en assistant aux concerts donnés à Bruxelles par le Quatuor Pro Arte qu'il prit connaissance des œuvres de Milhaud, Hindemith et Schönberg ; il assista même souvent aux répétitions de ce quatuor pour mieux s'imprégner de ces musiques nouvelles pour lui. C'est donc par lui-même qu'Absil forgea son propre langage très personnel et cohérent qu'il appliqua à des formes diverses, son unité esthétique définissant sa personnalité en défiant le temps.
Compositeur rigoureux, curieux de toutes les tendances nouvelles dans l'art du son, Absil réunit en une synthèse l'École française, Stravinski, Bartók - qu'il admirait beaucoup, et dont il suivit l'exemple en étudiant la musique traditionnelle de Roumanie et d'autres pays -, ainsi que les musiques polytonale, atonale et sérielle. Le compositeur inventa des modes inédits qu'il renouvela d'une œuvre à l'autre. De ces modes naissent des accords qui, pour être différents des accords classiques, n'en sont pas moins pourvus comme ceux-ci de significations expressives de tension et de repos.
Il faut enfin souligner que si à partir de 1938, Absil s'efforça de rendre ses partitions plus accessibles, il cessa de faire toute concession en 1963, année à partir de laquelle il se consacra presque exclusivement à la musique instrumentale.
Une école secondaire bruxelloise, l'Athénée royal d'Etterbeek porte son nom, l'Athénée royal Jean Absil.