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A Revolta da Madeira, também referida como Revolta das Ilhas ou Revolta dos Deportados, foi um levantamento militar contra o governo da Ditadura Nacional (1926-1933) que ocorreu na ilha da Madeira, iniciando-se na madrugada de 4 de abril de 1931. A 8 de abril, o levantamento alastrou a algumas ilhas dos Açores e, a 17 de abril, alastrou, também, à Guiné Portuguesa. Existiram também tentativas de levantamento militar em Moçambique e na ilha de São Tomé, que falharam logo no início. Os levantamentos militares, planeados para o continente, nunca ocorreram.
Os militares revoltosos nos Açores, sem apoio popular, rendem-se logo sem luta, entre 17 e 20 de abril de 1931.
Já na Madeira, onde os revoltosos conseguiram apoio popular,
aproveitando-se do descontentamento gerado pela política económica
restritiva do Governo para minorar os efeitos da crise internacional de 1929, o levantamento só foi neutralizado a 2 de maio,
com a chegada de uma expedição militar que enfrentou as forças
revoltosas durante sete dias de combate. Depois da neutralização do
levantamento na Madeira, a 6 de maio de 1931, os militares revoltosos na Guiné Portuguesa também se rendem.
Dois meses antes da Revolta da Madeira tinha ocorrido um movimento popular, a chamada Revolta da Farinha, contra o governo da Ditadura Nacional. Para fazer face à Grande Depressão, iniciada em 1929, Salazar, então ministro das Finanças,
tinha tomado algumas medidas que pretendiam atenuar os seus efeitos
negativos sobre a economia portuguesa. A crise monetária europeia de
1931 e a interrupção das remessas de imigrantes decretada pelo Brasil,
agravaram mais a situação, obrigando o governo a tomar medidas
económicas e financeiras muito restritivas. Essas medidas tiveram um
êxito global, mas geraram descontentamentos em setores específicos. Uma
dessas medidas, decretada a 26 de janeiro
de 1931, foi a centralização no Estado, da importação de cereais, como
meio de controlar o seu comércio. Essa centralização levou à suspensão
da importação da farinha e ao consequente aumento do preço do pão. A
situação, agravada pela crise económica e pelo desemprego que afetava a
Madeira, levou a várias greves e tumultos populares na ilha. Foram
assaltadas várias moagens, sendo a situação explorada por várias
organizações políticas. A situação volta, no entanto, à normalidade,
alguns dias depois.
No entanto, o governo, enviou para a ilha um Delegado Especial do Governo da República, o coronel Feliciano António da Silva Leal,
apoiado por um pequeno contingente militar. Foi naquele contingente
militar que chegou à ilha o núcleo de oficiais que iria organizar,
alguns meses depois, a Revolta da Madeira.
Ao chegar o contingente militar vindo de Lisboa, já se encontravam
deportados na Madeira alguns militares e políticos civis opositores ao
regime, nomeadamente o general Sousa Dias, os coronéis Fernando Freiria e José Mendes dos Reis e o antigo ministro Manuel Gregório Pestana Júnior. O levantamento foi liderado pelos oficiais do contingente recém-chegado, chefiados pelo tenente médico Manuel Ferreira Camões, contando com a oposição inicial dos exilados.
O levantamento começou às 07.00 horas de 4 de abril de 1931.
A operação militar chefiada por Ferreira Camões leva à prisão das
autoridades e à ocupação das repartições públicas. Perante o sucesso do
levantamento os militares e políticos exilados aderem ao mesmo, sendo
nomeada uma Junta Revolucionária presidida por Sousa Dias. Os
revolucionários defendem a restauração da normalidade constitucional
suspensa desde a Revolução de 28 de maio de 1926.
Os revolucionários aproveitam-se do descontentamento dos Madeirenses
face à situação económica, para obterem apoio popular para
fortalecimento da sua posição.