Biografia
Aluno promissor, embora não excecional na adolescência, destacou-se
mais na época por feitos atléticos, como quando bateu o recorde de
salto em altura do estado de
Illinois. Como o seu pai (o advogado e agente de seguros John Powell Hubble) queria, formou-se em
Direito em 1910, na
Universidade de Chicago,
e chegou a exercer a profissão de advogado, mas acabou por abandoná-la,
para seguir o seu interesse pela astronomia, pela matemática e pela
astrofísica.
Em 1914 foi aceite como pesquisador no Observatório Yerkes, em
Williams Bay,
Wisconsin, e dedicou-se ao estudo das
nebulosas, que começou a dividir como pertencentes ou não à
Via Láctea. Depois da
I Guerra Mundial, em 1919, voltou aos
Estados Unidos e começou a trabalhar no Observatório do Monte Wilson, perto de
Pasadena, na
Califórnia, onde trabalharia até à sua morte. Continuou a trabalhar com as nebulosas, utilizando um
telescópio refletor recém-construído.
A partir da relação conhecida entre período e luminosidade das
cefeidas, em geral, e do brilho aparente das
cefeidas de
Andrómeda, em 1923 Hubble pode calcular a distância entre esta e a
Via Láctea, obtendo um valor de quase 1 milhão de
anos-luz.
Mesmo obtendo um valor errado para a distância de Andrómeda, pois
atualmente o valor aceite é de um pouco mais de 2 milhões de
anos-luz,
Hubble mostrou que ela estava para além dos limites de nossa galáxia,
que tem cem mil anos-luz de diâmetro. Assim ficou provado que Andrómeda
era uma galáxia independente. A descoberta não foi explorada
pela
imprensa, mas, no ano seguinte, dividiu com um pesquisador de saúde
pública um prémio de mil dólares dado pela Academia Americana para o
Avanço da Ciência.
Hubble provou a existência de nebulosas extragalácticas constituídas de
sistemas estelares independentes. No ano seguinte descobriu diversas
galáxias e mostrou que várias delas são semelhantes à
Via Láctea. A mancha luminosa no céu era na verdade um sistema estelar tão grandioso quanto aquele em que o
Sol e a
Terra estão situados. Elas passaram a ser chamadas de galáxias, por analogia com a denominação de nossa
Via Láctea.
Depois dessas descobertas, passou a pesquisar a estrutura das
galáxias e a classificá-las pelo formato, como espiral ou elíptica.
Posteriormente começaria a estudar as distâncias que as galáxias se
encontram da
Via Láctea
e suas velocidades no espaço. Em 1929 demonstrou que as galáxias se
afastam em grande velocidade e que essa velocidade aumenta com a
distância. A relação entre a velocidade e a distância da Terra é conhecida como a
Lei de Hubble e a razão entre os dois valores é conhecida como
Constante de Hubble.
Este deslocamento das galáxias serviria como base, em 1946, para
George Gamow estabelecer a teoria do
Big Bang. Analisando o desvio para o vermelho nas suas observações, desenvolveu a teoria da
expansão do universo
e anunciou que a velocidade de uma nebulosa em relação a outra é
proporcional à distância entre elas (a chamada constante de Hubble). Ou
seja, Hubble estudou a luz emitida pelas galáxias distantes, observando
que o comprimento de onda em alguns casos era maior que aquele obtido no
laboratório. Esse fenómeno ocorre quando a fonte e o observador se
movem: quando se afastam um do outro, o comprimento de onda visto pelo
observador aumenta, diminuindo quando a fonte e o observador se
aproximam. Se uma galáxia estiver se aproximando, a luz desloca-se para a
cor azul e se estiver se afastando a luz desloca-se para a cor vermelha
(
Efeito Doppler). Em cada caso, a variação relativa do comprimento é proporcional à velocidade com que a fonte se move.
Depois ser condecorado com a medalha de ouro da Real Sociedade de
Astronomia de Londres, em 1940, e com a medalha presidencial do mérito
dos Estados Unidos, em 1946, Hubble passou a utilizar o telescópio Hale,
concluído em 1948, no Monte Palomar, em Pasadena, para estudar objetos
estelares fracos.
Faleceu em 1953, antes de completar 64 anos, vitima de um acidente vascular
cerebral, que o matou, instantaneamente e sem dor, como garantiu o antigo
médico da família à sua esposa, Grace Hubble. Ela recusou-se a fazer um
funeral e a dar satisfações com o que havia feito com o corpo do seu
marido (alguns acham simplesmente que Hubble voltou para
casa).
O astrónomo seria homenageado, em 1990, quando um telescópio espacial (o Telescópio Espacial Hubble - HST)
foi batizado com o seu apelido. Após apresentar problemas relativos à
qualidade das imagens, foi consertado por astronautas. Por situar-se
fora da atmosfera da Terra, que distorce e enfraquece as imagens do
Universo, tem sido utilizado na recolha de dados sobre objetos muito
distantes.