Esquema da conquista da península do Sinai durante a Guerra dos Seis Dias
O crescimento das tensões entre os países árabes e Israel, em meados de
1967, levou ambos os lados a mobilizarem as suas tropas. A
Força Aérea Israelita lançou um ataque preventivo e arrasador à força aérea egípcia. Segundo
Menahem Begin,
"em junho de 1967, tivemos novamente uma alternativa. As concentrações do exército egípcio nas proximidades do Sinai não provam que Nasser estivesse realmente a ponto de atacar-nos. Temos que ser honestos. Nós decidimos atacá-lo." Yitzhak Rabin, chefe do Estado Maior de Israel em 1967, declarou:
"Não
penso que Nasser buscava uma guerra. As duas divisões que enviou ao
Sinai não seriam suficientes para lançar uma guerra ofensiva. Ele sabia e
nós o sabíamos."
O plano traçado pelo
Estado-Maior de Israel, chefiado pelo general
Moshe Dayan (1915-1981), começou a ser posto em prática às 07.45 horas da manhã do dia
5 de junho
de 1967, quando caças israelitas atacaram nove aeroportos militares,
aniquilando a força aérea egípcia antes que esta saísse do chão e
causando danos às pistas de aterragem, inclusive com bombas de efeito
retardado para dificultar as reparações. Ao mesmo tempo, forças
blindadas de Israel investiam contra a
Faixa de Gaza, o sul da Síria, os
Montes Golã e o norte do
Sinai. A Jordânia abriu fogo em
Jerusalém, e a Síria interveio no conflito depois de ser atacada.
No terceiro dia de luta, todo o
Sinai já estava sob o controle de Israel. Nas 72 horas seguintes, Israel impôs sua superioridade militar, ocupando também a
Cisjordânia, o sector oriental de Jerusalém e os Montes Golã, na Síria.
Como resultado da guerra, aumentou o número de
refugiados palestinos na Jordânia e no Egito. Síria e Egito estreitaram ainda mais as relações com a
URSS, aproveitando também para renovarem seu arsenal de blindados e aviões, além de conseguirem a instalação de novos
mísseis, mais perto do
Canal de Suez.
Situação geoestratégia prévia
Nos anos seguintes à
crise de Suez, a tensão entre árabes e israelitas havia aumentado perigosamente. Contribuíram para isso vários fatores, entre os quais:
1. A instalação de governos
nacionalistas em países árabes (Síria e
Iraque), em substituição à dominação
colonial europeia. Era uma época em que o
pan-arabismo (união de todos os países árabes) estava em ascensão. O Egito e a Síria uniram-se na
República Árabe Unida (R.A.U.), e o presidente egípcio
Gamal Abdel Nasser tentava usar a luta comum contra Israel como um fator de aglutinação dos povos árabes sob o seu comando.
2. A formação de movimentos de resistência palestinianos como a
Organização de Libertação da Palestina (OLP), chefiada por
Ahmed Shukairi e posteriormente por
Yasser Arafat,
que passaram a atuar de forma cada vez mais agressiva contra o estado
judeu. A contínua repetição de episódios de confronto, principalmente
ao longo da fronteira de Israel com seus vizinhos, criaram uma situação
de atrito constante.
3. A Faixa de Gaza era administrada pelo Egito (R.A.U.), e a Cisjordânia era parte do território do
Reino Hachemita da Jordânia,
cujos governos faziam vistas grossas às ações de guerrilha da OLP e
grupos menores. O Egito formalizou pactos militares de defesa mútua com
a Síria, a Jordânia e o Iraque.
Egito e Síria estabelecem, em
1966,
um Pacto de Defesa - uma aliança militar que os comprometia
reciprocamente em caso de guerra que implicasse um dos dois países.
4. Em 18 de maio de
1967, o presidente egípcio Nasser exigiu do secretário-geral das Nações Unidas, o birmanês
U Thant, a retirada das
Forças de Paz da ONU
que faziam a separação entre os israelitas e egípcios na fronteira. O
secretário-geral aceitou as exigências e determinou a retirada dos
"capacetes azuis", o que possibilitou a concentração de tropas egípcias
frente às tropas israelitas na fronteira.
5. Na sequência, em 22 de maio, Nasser ordenou o encerramento do
Estreito de Tiran
para os navios israelitas e para todos os que tivessem Israel como
destino ou origem, interrompendo o fluxo comercial de Israel pelo
Mar Vermelho em uma estratégia de asfixia económica.
O primeiro passo para o desencadear da guerra deu-se em
7 de abril de
1967, quando Israel lançou um ataque contra posições da artilharia árabe e bases de resistência nos
Montes Golã. Durante a operação seis aviões sírios
Mig foram abatidos pelos caças
Mirage de Israel, que voavam baixo sobre a capital da Síria,
Damasco. Esta provocação inflamou as tensões entre árabes e israelitas.
A
União Soviética
teria passado, através dos seus serviços secretos, informações ao
governo sírio, que alertariam para um ataque em massa do exército de
Israel. Embora não existam provas absolutas dessa colaboração russa,
tais informações teriam ajudado a empurrar tanto a Síria quanto o Egipto
para a guerra.
Contudo, o General e Presidente do Egito,
Gamal Abdel Nasser
não foi perspicaz sobre uma guerra com Israel e tomou decisões que
levavam a uma guerra fechada - um bloqueio para prevenir um provável
ataque israelita.
Em resposta a esta ação e ao apoio soviético, o exército israelita foi mobilizado. Egito, Síria e Jordânia declararam
estado de emergência. Em
22 de maio Nasser fechou o
estreito de Tiran aos barcos de Israel, isolando a cidade portuária de
Eilat. Três dias mais tarde o exército do Egito moveu-se para junto das fronteiras com Israel. Em
30 de maio, a
Jordânia
juntou-se ao Pacto Egito-Síria, formando o Pacto de Defesa Árabe.
Durante este período, a imprensa árabe teve um papel vital para a
abertura das hostilidades. Jornais e rádios passavam constantemente
propaganda contra Israel.
Em
4 de junho
de 1967, Israel estava cercado por forças árabes que eram muito mais
numerosas do que as suas e seu plano de invasão parecia condenado ao
fracasso, até o
Mossad pensar numa solução, a guerra era iminente.
Militares israelitas ao lado de uma aeronave árabe destruída, 1967
Os seis dias de guerra
Diante da ação árabe iminente, antes da invasão começar, o governo e os
líderes militares de Israel implementaram uma estratégia para furar o
bloqueio militar imposto pelos árabes. Logo depois das 08.45 horas do
dia
5 de junho
lançaram um ataque aéreo contra as forças árabes. Este ataque aéreo,
com o nome de código 'Moked', foi desenhado para destruir a Força Aérea
do Egito enquanto estava no solo. Em três horas, a maioria dos aviões e
bases estava destruída. Os caças israelitas operavam continuamente
apenas voltando para se reabastecer de combustível e armamento em apenas
sete minutos. Neste primeiro dia, os árabes perderam mais de 400
aviões; Israel perdeu 20. Esses ataques aéreos deram a Israel a hipótese
de destroçar de forma desigual as forças de defesa árabes. A ideia
inicial era somente deixar inoperante a base aérea egípcia,
inviabilizando qualquer descolagem de aviões militares, onde obtiveram
êxito.
A guerra não era longe da frente leste de Israel. O primeiro-ministro de Israel,
Levi Eshkol, enviou uma mensagem ao rei
Hussein da Jordânia:
"Não empreenderemos ações contra a Jordânia, a menos que seu país nos
ataque". Mas na manhã do 2º dia, Nasser telefonou a Hussein,
encorajando-o a lutar. Ele disse a Hussein que o Egito tinha saído
vitorioso no combate da manhã - um engano de Nasser que provocou uma
derrota esmagadora da Jordânia, mas que conseguiu impedir que Israel
tomasse
Amã.
No mesmo dia, às 11.00 horas, tropas da Jordânia atacaram Israel a partir de
Jerusalém,
com morteiros e artilharia. Com o controle total dos céus, as forças
israelitas em terra estavam livres para invadir o Egito e a Jordânia.
Por causa disto, os reforços árabes que foram enviados tiveram sérios
contratempos, o que permitiu que os israelitas tomassem grande parte da
cidade dos jordanos em apenas 24 horas.
No terceiro dia da guerra,
7 de junho, as forças jordanas foram empurradas para a Cisjordânia, atravessando o
rio Jordão. Israel tinha anexada toda a Cisjordânia e Jerusalém, entrando e reunificando a cidade.
A
ONU,
sob pressão americana, inicia apelo e negociações com os países árabes
envolvidos já prevendo um super re-armamento desses países pelos
soviéticos, face as perdas havidas, além da possível entrada de mais
países muçulmanos nessa guerra, podendo a situação ficar desproporcional
e incontrolável. Felizmente conseguiu-se de inicio um acordo de
cessar-fogo entre Israel e a Jordânia que entra em vigor nessa tarde.
Após o cessar-fogo, o grande contingente de tropas e tanques de Israel
foi dirigido contra as forças do Egito no
Deserto do Sinai e Faixa de Gaza. As
Forças de Defesa de Israel atacaram com três divisões de tanques,
páraquedistas e
infantaria.
Conscientes de que a guerra somente poderia durar poucos dias face aos
apelos da ONU, onde era essencial uma vitória rápida e domínio de
territórios limítrofes, apesar de poder haver uma reação, os israelitas
concentraram todo o seu poder através das linhas egípcias no Deserto do
Sinai.
Em
8 de junho, os israelitas começam o seu ataque no Deserto do Sinai e, sob a liderança do General
Ariel Sharon, empurraram os egípcios para o
Canal do Suez. No final do dia, as
Tzahal
alcançaram o canal e a sua artilharia continuou a batalha ao longo da
linha de frente, enquanto a força aérea atacava as forças egípcias,
que, em retirada, tentavam recuar utilizando as poucas estradas não
controladas. No final do dia os israelitas controlavam toda a Península
do Sinai e em seguida o Egito, por intervenção da ONU, aceitou um
cessar-fogo com Israel.
Às primeiras horas do mesmo dia 8 de junho, Israel bombardeou acidentalmente o navio de guerra americano USS Liberty,
ao largo da costa de Israel, que havia sido confundido com um barco de
tropas árabes. 34 americanos morreram. Isso obrigou Israel a anteceder
a sua aceitação dos acordos de cessar fogo pela ONU que resultaria em
poucos dias.
Com o Sinai sob controle, Israel começa o assalto às posições sírias nas
Colinas de Golã, no dia
9 de junho.
Foi uma ofensiva difícil devido às bem entrincheiradas forças sírias e
ao terreno acidentado. Israel envia uma brigada blindada para as
linhas da frente, enquanto a infantaria atacava as posições sírias, e
ganha o controle das colinas, hoje divididas com tropas sírias e da
ONU.
Às 18.30 horas do dia
10 de junho,
a Síria retirou-se da ofensiva face ao apelo da ONU e foi assinado o
armistício, apesar dos soviéticos iniciarem um re-armamento ao estado
sírio.
Era o fim da guerra nos campos de batalha e início da guerra
burocrática nas dependências da ONU, como tais países o assinaram. Mas
alguns resultados se estenderam por anos posteriores.
Os movimentos militares de Israel durante a guerra e, em azul claro, os territórios anexados como consequência do conflito
Consequências
A Guerra dos Seis Dias foi uma derrota para os Estados Árabes, que
perderam mais de metade do seu equipamento militar. A Força Aérea da
Jordânia foi completamente destruída. Os árabes sofreram 18.000 baixas,
enquanto do lado de Israel houve 766.
No dia seguinte à conquista da Península do Sinai, o Presidente Nasser
do Egipto resignou do cargo, por causa da derrota (embora depois
voltasse atrás na sua decisão). Contudo, esta derrota não mudou a
atitude dos Estados Árabes em relação a Israel. Em agosto de 1967,
líderes árabes reuniram-se em
Cartum
e anunciaram uma mensagem de compromisso para o mundo: não às
negociações diplomáticas e reconhecimento do Estado de Israel, que lhes
havia causado um grande prejuízo. Tal guerra amplificou muito a aversão
do mundo islâmico relativamente ao estado israelita, até em países que
nunca tiveram atrito com ele, que acabaram por cortar relações em
definitivo com este, como praticamente todos os países árabes (tal como
Irão e Iraque), além do uso da religião islâmica na luta contra
Israel.
Quanto a Israel, teve resultados consideráveis como consequência da
guerra. As fronteiras sob controle eram agora maiores e incluíam os
Montes Golã (com controle dividido com os sírios), a
Cisjordânia ("Margem Ocidental") e a Península do Sinai com controle dividido com os egípcios. O controle de
Jerusalém
foi de considerável importância para o povo judeu, por causa do valor
histórico e religioso, já que a cidade foi judaica até há quase 2000
anos atrás, quando os
romanos expulsaram os judeus. Depois, com o passar dos séculos, Jerusalém esteve quase sempre sob o controle de grandes Impérios, como o
Bizantino, o
Otomano e o
Britânico, sendo que, apenas após a guerra, voltaria totalmente ao controle de um estado judeu.
Por causa da guerra iniciou-se a fuga dos palestinianos das suas casas. Como resultado, aumentou o número de
refugiados na Jordânia,
EAU e demais países fronteiriços, principalmente o
Líbano.
O conflito criou 350.000 refugiados, que foram rejeitados por alguns
estados árabes vizinhos. Tais refugiados tem constantemente atacado
isoladamente e de forma localizada o estado de Israel, desde a
Cisjordânia, Faixa de Gaza e ate do sul do Líbano.