Teodoro Obiang Nguema Mbasogo (
Acoacán,
5 de junho de
1942) é um político e militar
guinéu-equatoriano, atual
presidente da
Guiné Equatorial desde
1979, após depor seu tio, Francisco Macías, num golpe de estado militar. Obiang foi apontado pela
revista Forbes
como o oitavo governante mais rico do mundo, apesar da população do seu
país ser considerada uma das mais pobres da Terra, sendo que 70 por
cento vivem abaixo da linha de pobreza.
Nascido no seio do clã Esangui em
Acoacán,
Obiang juntou-se aos militares durante o período colonial, tendo
frequentado a Academia Militar de Saragoça, em Espanha. Alcançou o posto
de tenente após a eleição de
Francisco Macías Nguema. Sob a liderança de Macías, Obiang ocupou vários cargos, incluindo os de governador de
Bioko, chefe da prisão da Praia Negra e líder da Guarda Nacional.
Depôs Francisco Macías, de quem era sobrinho, a 3 de
agosto de 1979, num
golpe de estado
sangrento (Macías foi levado a julgamento pelas suas atividades ao
longo da década anterior e condenado à morte - as suas atividades
incluíram o genocídio dos bubis) e foi executado a 29 de setembro de 1979,
por fuzilamento. Obiang declarou que o novo governo iria trazer um novo
começo, em contraste com as medidas repressivas tomadas pela
administração de Macías. Obiang herdou um país com um tesouro vazio e
uma população que tinha decaído para um terço do seu total em 1968,
tendo 50% dos seus anteriores 1,2 milhões de habitantes emigrado para
Espanha, para os seus vizinhos africanos ou sido mortos durante a
ditadura
do predecessor de Obiang. A presidência foi assumida oficialmente em
outubro de 1979. Uma nova constituição foi adotada em 1982. Ao mesmo
tempo, Obiang era eleito para um mandato de 7 anos como presidente. Foi
reeleito em 1989, sendo candidato único. Após a legalização de outros
partidos, foi eleito em 1996 e 2002, em
eleições consideradas fraudulentas pelos observadores internacionais.
O regime de Obiang reteve características claramente autoritárias,
mesmo após a legalização dos outros partidos em 1991. Muitos
observadores nacionais e internacionais consideram o seu regime um dos
mais corruptos, etnocêntricos, opressivos e não democráticos do mundo. A
Guiné Equatorial é hoje essencialmente um estado de partido único,
dominado pelo Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE) de Obiang.
Em 2008, o jornalista americano Peter Maas chamou a Obiang "o pior
ditator de África", pior mesmo que
Robert Mugabe do
Zimbabué.
A constituição garante a Obiang o poder de governar por decreto.
Contudo, Obiang tem muito menos poder que Macías, e grande parte da sua
governação tem sido mais suave que a do seu antecessor. Notavelmente,
não têm existido as atrocidades que caracterizaram o período de Macías.
Todos os membros, com exceção de um dos 100 assentos parlamentares,
pertencem ao PDGE ou estão alinhados com o partido. A oposição está
severamente desamparada pela falta de imprensa livre como veículo para a
propagação das suas ideias. Cerca de 90% de todos os políticos da
oposição vivem no exílio, 550 ativistas anti-Obiang estão presos
injustamente e vários foram mortos desde 1979. Em julho de 2003, a
estação de rádio estatal declarou que Obiang era um deus "em permanente
contacto com o Todo Poderoso" e que "pode decidir matar sem ninguém o
chamar a prestar contas e sem ir para o inferno". Ele próprio fez
comentários semelhantes em 1993. Apesar desses comentários, continua a
alegar ser um devoto católico, tendo sido convidado para ir ao
Vaticano pelos papas
João Paulo II e
Bento XVI. Macías proclamava igualmente ser um deus.
Obiang tem encorajado o culto da sua personalidade assegurando-se que
os discursos públicos terminam em votos de prosperidade para si e não
para a república. Vários edifícios importantes têm um pavilhão
presidencial, várias vilas e cidades têm ruas comemorando o golpe de
estado de Obiang contra Macías, tal como é comum entre a população
utilizar roupas com a sua cara estampada. Tal como o seu predecessor e
outros ditadores africanos, tais como
Idi Amin ou
Mobutu Sese Seko, Obiang atribuiu a si mesmo vários títulos criativos. Entre eles estão "cavalheiro da grande ilha de
Bioko,
Annobón e Río Muni". Também se refere a si próprio como
El Jefe (O Chefe).
De forma semelhante a
Idi Amin, Obiang permitiu propositadamente que se espalhassem rumores sobre se seria ou não canibal. Rumores fictícios sobre o
canibalismo
têm sido utilizados durante séculos entre o povo
fang do centro e oeste
africano de forma a criar medo entre os oponentes, dos quais Obiang
descende. Vários testemunhos de antigos residentes no país, antes e
durante as perseguições, indicam que o canibalismo tem sido utilizado
como arma psicológica de guerra. A revista
Forbes
considera Obiang um dos chefes de estado mais ricos do mundo, com uma
riqueza avaliada em cerca de 600 milhões de dólares. Fontes oficiais
têm-se queixado de que a Forbes está a contar erradamente propriedades
estaduais como pessoais do presidente.
Em 2003, Obiang informou o país de que se sentia obrigado a tomar
controlo total sobre o tesouro nacional, de forma a
prevenir que
funcionários públicos fossem tentados a participar em práticas
corruptas. Para evitar esta forma de
corrupção, Obiang depositou mais de metade de mil milhões de
dólares, em contas controladas por si mesmo e pela sua família, no Banco Riggs, em
Washington, D.C., levando um tribunal federal americano a multar o banco em 16 milhões de dólares.